A IMPORTANCIA DA LITERATURA INFANTILElaine Fernandes de Jesus1
RESUMO
O trabalho aborda a temática da importância dos livros de Literatura Infantil nas series iniciais como fundamento principal as historias através das brincadeiras. São discutidas as interações no ambiente escolar e relação professor/ criança. Faz uma análise de como acontecem às interações das crianças no ambiente escolar, especialmente na alfabetização e em como a Literatura Infantil influencia no aprendizado das crianças. Isto é, o objetivo é analisar quais os comportamentos que as crianças têm umas com as outras dentro do ambiente escolar e os reflexos pelo aprendizado de forma da leitura. A leitura é fundamental no desenvolvimento infantil, pois a criança aprende através das fantasias com prazer e de uma forma descontraída. A literatura na educação infantil é uma importante estratégia de inclusão e socialização, é uma ferramenta que desenvolve o lado afetivo, cognitivo, motor, linguístico e moral.
Através dessa pesquisa o artigo busca identificar que a literatura infantil também pode ser utilizada na escola como objeto de analise sob vários pontos de vista, possibilitando sua integração e favorecendo a aprendizagem.
O trabalho mostra a importância que se tem em ler historias nas séries iniciais onde a criança descobrira explorações possíveis para se obter melhor aproveitamento do lúdico para melhor compreensão de novos conteúdos atestado por muitos teóricos.
Literatura Infantil segundo Coelho (2000, p.27), a literatura infantil é um gênero literário que fiCa à mercê da imagem que o autor tem do público que o consome. Ela
Depende, pois, do conhecimento que o adulto possui da criança em suas diferentes fases e do projeto que ele traça para a criança em formação.
“Literatura é uma linguagem espenica que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e docilmente poderá ser definida com exatidão”, continua a autora (p.27).
Segundo Edgar Morin. Compreende a Literatura como um espaço de convergência do mundo exterior e do mundo interior:
A Literatura é um mundo aberto ao mesmo tempo às múltiplas reflexões sobre a história do mundo, sobre as ciências naturais, sobre as ciências sociológicas, sobre a antropologia cultural, sobre os princípios éticos, sobre política, economia, ecologia [...] Tudo depende de uma seleção inteligente das obras.” (apud COELHO, 2000, p. 24-25).
Segundo Borges (1994), é inegável a importância da literatura, quando se pensa na formação completa do ser humano, num processo que busque o equilíbrio entre o desenvolvimento da inteligência e da afetividade, entre a razão e a emoção, entre o utilitário e o estético.
Foram utilizados vários teóricos como Bruno Bettelheim, que com o seu livro A Psicanálise dos Contos de Fadas, elucida como através dos contos de fadas, a criança pode trabalhar conteúdos inconscientes que muitas vezes não encontram vazão por meio da linguagem. Segundo BETTELHEIM (1980: 14):
Aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de fadas transmitem importantes mensagens à mente consciente, a pré-consciente, e à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento. Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré-conscientes e inconscientes. À medida que as estórias se desenrolam, dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las, que estão de acordo com as requisições do ego e do superego.
Segundo Gutfreind a historia também ajuda a criança a pensar, a verbalizar, através da habilidade de contar, de contar-se e perguntar. GUTFREIND (2004) fala dessa característica do conto, apontando-o como importante instrumento na clínica, servindo de mediador que irá substituir a agitação da criança por perguntas, reflexões e pensamento (junto ao sentimento).
Ainda Bettelheim “Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança”. (BETTELHEIM, 2004, p-20).
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH,1997,p.17)
Segundo Vygotsky (1992, p.128) "A imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.". Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: "afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129)”.
Sandroni & Machado (2000, p.12) "a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer". As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
De acordo com Coelho (ibid., p.40) a literatura é considerada a arte da linguagem e como qualquer arte exige uma iniciação. Assim, há certos conhecimentos a respeito da literatura que não podem ser ignorados pelo leitor. Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessam pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. São poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler.
Desta forma, são relevantes as afirmativas das autoras Flúvia Rosenberg e Nelly Coelho, citados abaixo: O livro infanto-juvenil ensina e ensina muito. A sua postura aberta e declaradamente didática se faz sentir na temática escolhida, na estrutura narrativa, na própria transmissão de princípios morais e de outras.
Informações, ou ainda na eleição de personagens modelares. (ROSEMBERG, 1985, p.59). A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno.
De criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização. (COELHO, 2000, p. 9)
A literatura infantil desenvolve a criatividade, o senso crítico, a perceber através de determinadas situações princípios moralizantes, além de remeter a reafirmação de determinados valores culturais tidos como referência.
A criança no processo de ensino- aprendizagem dos anos iniciais necessita de professores que trabalhem com uma literatura capaz de despertar a criatividade, o conhecimento e o cognitivo.
A escola é, hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser lançadas as bases para a formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outros, eles estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus vários níveis e, principalmente, dinamizam o estudo e conhecimento da língua da expressão verbal significativa e consciente condição sine qua non para a plena realidade do ser. (COELHO, 2000, p.16)
“A literatura infantil torna-se, deste modo, imprescindível. Os professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a criatividade infantil e desperta as veias artísticas da criança. Nessa faixa etária, os livros de literatura devem ser oferecidos às crianças, através de uma espécie de caleidoscópio de sentimentos e emoções que favoreçam a proliferação do gosto pela literatura, enquanto forma de lazer e diversão.” (PIRES, 2000, p.14).
A literatura infantil contribui para o aperfeiçoando a concentração e a sua capacidade de interpretar um texto, possibilitando a relativização dos problemas e soluções.
Para Coelho (2000), o ser humano é um “aprendiz dialético de cultura” e a “leitura proporciona um diálogo que abre possibilidades: no campo emocional, intelectual e da imaginação estimulando o leitor em sua totalidade” (COELHO, 2000, p.18). Segundo a estudiosa, a leitura é “como um diálogo entre leitor e texto, atividade fundamental que estimula o ser em sua globalidade (emoções, intelecto, imaginário, etc.), e pode levá-lo da informação imediata (através da “história”, “situação” ou “conflito”...) à formação interior, a curto, médio ou longo prazo, pela fruição de emoções e gradativa conscientização dos valores ou desvalores que se defrontam no convívio social” (COELHO, 2000, p. 18).
Lajolo e Zilberman (1988) argumenta que a criança é um ser que necessita de cuidados dentro e fora da escola para poder constituir um bom leitor, pois a formação intelectual é de extrema importância para esta faixa etária.
À medida que precisamos formar leitores competentes, o PCN (1997), nos recomenda.
Que necessitamos tomar alguns pontos de partida para que esta formação seja satisfatória.
Um leitor competente deve possuir iniciativa própria, ler textos que interessem a ele, relacionar um texto com diversos textos, ser autônomo e saber trabalhar com diversos gêneros literários.
É Necessário que a escola disponha de uma biblioteca bem aparelhada, Para fazer do ensino da leitura eficaz e formar bons que promovam o livro literário, professores leitores com boa fundamentação teórica e metodológica, programas de ensino que valorizem a literatura, e, sobretudo, uma interação democrática e simétrica entre alunado e professor. (BORDINI, 1988, p. 17).
De acordo com o PCN (1997), formar leitores é uma atividade que necessita da prática de leitura para que desenvolva no aluno o gosto, o prazer e a satisfação em ler.
Ruth Rocha diz [...] a leitura não deveria ser encarada como uma obrigação escolar, nem deveria ser selecionada, vamos dizer, na base do que ela tem de ensinamento, do que ela tem de ‘mensagem’. A leitura deveria ser posta na escola como educação artística, ela devia posta na escola como uma atividade e não como uma lição, como uma aula, como uma tarefa. O texto não devia ser usado, por exemplo, para a aula de gramática, a não ser que fosse de uma maneira muito criativa, muito viva, muito engraçada, muito interessante, porque se assim não for faz com que a leitura fique parecendo uma obrigação, fique parecendo uma tarefa e aquela velha frase de Monteiro Lobato – ‘É capaz de vacinar a criança contra a leitura para sempre’.
(RUTH ROCHA, 1983, p.4)
Portanto a literatura infantil torna-se imprescindível os professores dos primeiros anos da escola fundamental devem trabalhar diariamente com a literatura, pois esta se constitui em material indispensável, que aflora a criatividade infantil e desperta a veia artística da criança.
Em relação à literatura infantil à medida que o pensamento evolui o ler que antes era solitário passa a ser compartilhado e a linguagem mais socializada, a criança passa a compreender informações que contribuem para o desenvolvimento, pois nesse processo é necessário desenvolver o prazer de observar, reconhecer e nomear o que vê. Por isso é tão importante que se tenha livros com bastantes gravuras, assim como os primeiros livros devem estar entre os brinquedos, e entre as coisas que a criança tem prazer em explorar.
Escutar um historia é uma atividade prazerosa, e o motivo da leitura determina o modo como o professor utiliza as metodologias de motivação para as crianças. Ter ambientes de leitura em espaços agradáveis, a hora do conto, o cantinho da leitura com os mais diversos tipos de linguagens e textos são recursos que podem ser utilizados dentro e fora de sala, com o objetivo principal das crianças estarem se relacionando com os livros literários.
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