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[#LeiaNacional] Entrevista com Mauro A. Souza, autor de ❝Vila dos murmúrios❞

Mauro A. Souza nasceu em Cataguases, região da Zona da Mata Mineira, em 27/10/1976. É autor dos livros “O Diabo Pede Carona”, “Possessão Demoníaca - a história de Maycon e Paula”, “Vila dos Murmúrios”, “Sombrio Coração”, “Limiar” e “Fantasmas no Porão”. Teve contos publicados nas antologias “Pesadelos Mórbidos”, “Velórios Mortais”, “Vampírica” e “Boteco Maldito”. É também coautor e editor da obra, “Setenário Sombrio – estranhos contos transeuntes”, na qual dividiu o trabalho de escrita da história com mais 6 autores. Divide seu tempo entre a literatura e a música. É compositor, guitarrista e vocalista, tendo participado de várias bandas de rock, entre elas a Arkhan, com a qual lançou um álbum homônimo em 2014.

1. Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.

Sou Mauro A. Souza, mineiro, da cidade de Cataguases na Zona da Mata, adoro ambientar minhas histórias na região onde moro e além de escritor, sou editor, revisor, diagramador e músico.

2. Há quanto tempo você escreve, como começou?

Escrevo desde fui alfabetizado. Ainda criança, escrevia e desenhava histórias em quadrinhos, coisa que fiz até a adolescência (infelizmente todo esse material foi perdido). Aos quinze anos, quando entrei no mundo da música, comecei a compor, então escrevia as letras das canções da minha banda. Na literatura em prosa eu só me lancei 2013, escrevendo contos para um blog (todos estão no meu mais recente livro, Fantasmas no Porão) e, em 2017, comecei a me preparar para lançar meu primeiro romance, que saiu em 2018.

3. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?

Não sei se posso considerar um segredo ou técnica, mas escrevo escutando música. Cada livro meu tem uma trilha sonora. E geralmente elejo um artista, ou uma vertente musical para me inspirar na escrita. Decoro discografias durante a escrita de um livro, pois escuto repetidas vezes. Quanto a inspiração para histórias, digamos que tem uma mente fértil (e pouco saudável hehehe).

4. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?

Comecei a escrever terror por conta do Stephen King. Sem dúvida, meu ídolo. Mas amo a escrita de William Peter Blatty, Neil Gaiman, Alan Moore, Richard Matteson, Peter Straub, Paulo Coelho, Kaled Housein, entre outros. Busco um pouco de referência em cada um desses feras.

5. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?

Cada trabalho exige um desafio diferente, mas sem dúvida, meu novo romance, Possessão Demoníaca – o legado (ainda inédito, e que sairá este ano). Talvez por ser continuação de Possessão Demoníaca – a história de Maycon e Paula, meu primeiro romance publicado, mas principalmente pela quantidade de assuntos sensíveis que abordo no livro, pela quantidade de pesquisas que fiz, por ter muitos núcleos de personagens, o que gera inúmeras subtramas. Além de ser um livro que terá quase mil páginas.

6. Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?

A meu ver o trabalho de pesquisa, pois o escritor não pode escrever somente sobre assuntos que domina. Gosto de ser verossímil em tudo que escrevo, então, se eu tiver uma ideia, mas não conseguir material de pesquisa, acaba deixando-a no “armário”.

7. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?

Meu primeiro lançamento foi o Diabo pede Carona, mas trata-se de um conto, então não considero meu primeiro livro. Possessão Demoníaca – a história de Maycon e Paula foi meu primeiro livro publicado. Tive a ideia vendo (pela enésima vez) o filme O Exorcista e pensei que eu poderia escrever uma história de possessão e exorcismo sob uma ótica totalmente diferente. Abordei tais fatos sob a visão do espiritismo kardecista. E eu, nessa época, precisava fazer um “exorcismo” na minha vida e já tinha umas ideias de uma história em mente. Então juntei o exorcismo com o que já tinha e me lancei na escrita.


8. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?

Sim, vários, mas vou citar dois, a menina Laís e um vilão, Azrael.

9. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?

Stephen King, William Petter Blatty, Richard Matteson, Peter Straub e outros.

10. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?

De uns tempos para cá, parei de fazer roteiros prévios. Tenho a ideia central imagino o início e o final do livro, me sento e deixo a inspiração me guiar. É uma tática arriscada, pois você pode ser contraditório em algum ponto, mas confesso que já me acostumei e me sinto bem assim (combina com minha personalidade anárquica).

11. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?

Como já disse anteriormente, música. E cada livro, como também já falei, tem uma trilha diferente. O Mais novo, a sair agora antes do meio do ano, foi escrito ao som de Doom Metal.

12. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?

Eu releio o que escrevi. Além de me ajudar a fazer uma revisão prévia, acaba me dando novas ideias.

13. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?

Sim, tenho algumas pessoas de confiança que fazem a betagem dos meus escritos

14. Qual a parte mais complicada durante a escrita?

O início do livro deve chamar a atenção do leitor. A primeira frase, o primeiro parágrafo, os primeiros capítulos precisam de muito mais atenção por parte do autor.

15. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?

Escrevo todo dia. Em alguns, uma página, um parágrafo, já em outros 10 a 15 páginas. Depende da inspiração e do assunto abordado em algumas partes do livro.

16. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?

A auto publicação democratizou a escrita, mas criou um problema, hoje temos muitos escritores e poucos leitores. Não vejo como melhorar o mercado, pois é o sinal dos tempos. Quem se adaptar, pode se dar bem, quem não…

17. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?

Trabalho em vários projetos ao mesmo tempo e não teria como não ser, pois além de escrever meus livros, edito, reviso, faço copydesque e diagramação de muitos autores. No momento por exemplo, estou envolvido em quatro trabalhos (de autores clientes) e começando um novo romance.

18. O que motiva você a continuar escrevendo?

Em primeiro lugar, meus leitores, depois minha sanidade mental. A escrita é uma espécie de catarse para mim.

19. Que conselho você daria para quem está começando agora?

Leia muito, estude muito (língua portuguesa em especial), pesquise muito e esteja aberto a conselhos. No mais, confie na sua intuição.


20. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?

O maior desafio é a parte de marketing. As redes sociais, com “aperfeiçoamento” dos algoritmos, estão deixando de ser “parceiras” do autor independente.

21. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?

Tem crescido bastante, mas também cresce um movimento de “cobrar” por resenhas que pode ser (se crescer) prejudicial. Pior é ver que a pessoa faz uma resenha do John Green e do Stephen King de graça e cobra a de um autor nacional iniciante. Mas ainda temos muitos IGs que valorizam a literatura nacional por amor.

22. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?

O Exorcista, de William Petter Blatty; A Dança da Morte, de Stephen King; Gost Story, de Peter Straub e 1984, de George Orwell.

23. Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?

Pesquise, se atente para algumas regras básicas da língua portuguesa e não desanime, se empacar em algum ponto da escrita. Caso isso aconteça, pare e releia o que foi escrito. Garanto que a inspiração voltará.

24. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?

Este ano já começou com muitos trabalhos editorais, então promete ser cheio. Quanto a minhas obras, lançarei ainda em janeiro um conto, até o meio do ano haverá o lançamento de Possessão Demoníaca – o legado (o livro está terminado e em estágio de edição e revisão para ir para a diagramação), a reedição de Vila dos Murmúrios, meu segundo livro e único que ainda não tem edição física e, se der tempo, talvez um novo romance de terror até o fim do ano.

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