Mostrando postagens de novembro, 2023

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[RESENHA #835] Maré de mentiras, de Roberto Campos Pellanda

Sinopse : Anabela Terrasini vive em Sobrecéu, a mais poderosa das cidades marítimas. A vida previsível que ela leva chega ao fim com a notícia: o pai, o duque de Sobrecéu, está morto. No vazio de poder, em meio a conspirações que transformam velhos aliados em inimigos, Anabela compreende que o perigo que ela — e Sobrecéu — correm é muito real. Theo, o garoto sem sobrenome, vive sob o mantra: Nunca se envolver e nunca tomar partido. Mas quando a pequena Raíssa, uma menina muda que é a sua companheira de golpes nas ruas de Valporto, é sequestrada, Theo decide tomar para si a missão de resgatá-la. Na jornada, talvez ele encontre mais do que imagina e descubra que é hora de enterrar o passado — e o seu mantra — de uma vez por todas. Em Tássia, o comandante reformado Asil Arcan vive assombrado pelo conflito perdido vinte anos antes. Para Asil, a conta dos mortos é sua — e apenas sua. Em meio à miséria de uma existência sem sentido, ele passa a ser atormentado por estranhas visões: em um sal...

Portal Fazia Poesia abre chamada para equipe de poetas de 2024

Uma das referência no cenário da poesia independente contemporânea, o portal Fazia Poesia está com inscrições abertas para a sua equipe de poetas, que integrarão sua plataforma no Medium, a partir de 2024. Os interessados podem participar pelo edital disponível no site faziapoesia.com.br , até o dia 1 de dezembro, ou até atingir o limite de 300 inscrições. O resultado será divulgado no dia 15 de janeiro de 2024 pelo Instagram do portal (@faziapoesia) e os selecionados também serão informados por e-mail. "Este ano vamos selecionar cerca de 50 pessoas. Para a inscrição ser concluída é necessário preencher o formulário oficial, disponibilizado tanto no edital quanto no artigo publicado no portal, no qual o inscrito deverá enviar seus dados, responder algumas breves perguntas e submeter quatro poemas", explica o editor-chefe do portal, Alex Zani. A participação será permitida apenas a pessoas com mais de 18 anos que possuam uma conta na plataforma Medium, onde o portal é hospeda...

[RESENHA #797] Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

Grande sertão: veredas é um romance publicado em 1956 pelo escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967), considerado um dos mais importantes da literatura brasileira e universal. A obra faz parte da terceira fase do modernismo, caracterizada pela experimentação linguística e pela abordagem de temas existenciais. O livro narra a vida de Riobaldo, um ex-jagunço que conta suas aventuras, seus conflitos, seus amores e suas angústias ao longo de uma extensa conversa com um interlocutor desconhecido. Riobaldo vive no sertão, um espaço geográfico e simbólico que representa o cenário das lutas entre os bandos de jagunços, mas também o palco das reflexões sobre o bem e o mal, o destino e a liberdade, Deus e o diabo. A obra se destaca pelo estilo inovador de Guimarães Rosa, que cria uma linguagem própria, baseada na oralidade, na inventividade, no uso de arcaísmos, neologismos, regionalismos e estrangeirismos. O autor também explora os recursos sonoros, rítmicos e imagéticos da língua, crian...

[RESENHA #764] Cartas, de Caio Fernando Abreu

Devolvemos ao público este volume de correspondência de Caio Fernando Abreu, esgotado havia vários anos, depois da pioneira edição pela editora Aeroplano, de 2002, uma iniciativa de Heloisa Buarque de Hollanda, composta por cartas enviadas por Caio a Maria Adelaide Amaral, Hilda Hilst, Flora Süssekind, Cida Moreira, Gilberto Gawronski, Jacqueline Cantore, João Silvério Trevisan, Mario Prata, entre outros. A presente edição das cartas de Caio marca os vinte anos de sua morte, ocorrida em 1996, e vem atualizada e enriquecida pelo acréscimo de cartas e cartões. RESENHA Cartas, de Caio Fernando Abreu, é uma coletânea de correspondências do escritor gaúcho com diversos amigos, colegas, familiares e amores, entre os anos de 1968 e 1995. O livro, organizado por Italo Moriconi, foi lançado em 2016, vinte anos após a morte de Caio, e traz uma visão íntima e reveladora de sua personalidade, de sua trajetória literária e de sua época. Caio Fernando Abreu é considerado um dos principais representa...

[RESENHA #763] Contos completos, de Caio Fernando Abreu

Pela primeira vez, a reunião de todos os contos de um dos autores mais viscerais da contracultura brasileira. Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa. Em Contos completos, o leitor tem a chance de percorrer toda a produção do autor no gênero da prosa breve. O volume abarca seis títulos ― Inventário do ir-remediável (1970), O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e Ovelhas negras (1995) ―, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. O livro inclui, por fim, textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda, que ...

[RESENHA #762] Triângulo das águas, de Caio Fernando Abreu

"Triângulo das águas", publicado originalmente em 1983 e há anos fora de catálogo, é um dos melhores livros de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Reconhecido com o Prêmio Jabuti – a naior honraria literária brasileira –, Triângulo é também um título exemplar do ponto de vista do estilo do autor: nas linhas das novelas que o compõem – "Dodecaedro", "O marinheiro" e "Pela noite" – encontram-se cristalizadas algumas constantes na obra de Caio. A alma perdida em busca de alguma coisa (às vezes afeto), a verborragia e as referências que, longe de afetadas, exalam sinceridadee aproximam os leitores, a vida sob o signo da madrugada, as boas-vindas aos mistérios da existência, concretizados, neste livro, pela presença da astrologia (inclusive no título), e o tom confessional-desesperado. RESENHA Triângulo das águas é um livro de Caio Fernando Abreu, escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro, considerado um dos expoentes da literatura brasileira dos anos...

[RESENHA #761] Os dragões não conhecem o paraíso, de Caio Fernando Abreu

Numa espécie de boas-vindas a Os dragões não conhecem o paraíso, Caio Fernando Abreu nos fornece um leque de possibilidades de leitura para este livro vencedor do prêmio Jabuti em 1988: “Se o leitor quiser, este pode ser um livro de contos. Um livro com 13 histórias independentes, girando sempre em torno de um mesmo tema: amor. Amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o leitor também quiser, este pode ser uma espécie de romance-móbile. Um romance desmontável, onde essas 13 peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas às outras, para formarem uma espécie de todo. Aparentemente fragmentado, mas de algum modo ― suponho ― completo.” RESENHA Os dragões não conhecem o paraíso é um livro de contos do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, publicado em 1988 e vencedor do prêmio Jabuti no mesmo an¹. O livro reúne treze histórias que giram em torno do tema do amor, em suas di...

[RESENHA #759] Limite branco, de Caio Fernando Abreu

O romance de estreia de um dos autores mais marcantes da literatura brasileira. Escrito quando Caio Fernando Abreu tinha apenas dezenove anos e publicado poucos tempo depois, em 1971, Limite branco inaugura a trajetória de uma das vozes mais apaixonantes da nossa literatura. Ao longo da trama, acompanhamos as descobertas, os anseios e os temores de Maurício num período intenso e angustiante, quando a infância fica para trás e o caminho que leva à vida adulta não passa de uma incógnita. Para a escritora Natalia Borges Polesso, que assina o posfácio da presente edição, neste livro “há um limite branco, que uma pessoa cruza para amadurecer, no qual as emoções se borram e se sobrepõem e não se tem muito uma ideia de onde começa um sentimento e o outro termina.” RESENHA Limite branco é o primeiro romance do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu, publicado em 1970. A obra narra as angústias e os questionamentos de Maurício, um jovem que se muda do interior para a capital e se depara com as...

[RESENHA #758] Ovelhas negras, de Caio Fernando Abreu

"Nunca pertenci àquele tipo histérico de escritor que rasga e joga fora. Ao contrário, guardo sempre as várias versões de um texto, da frase em guardanapo de bar à impressão no computador. Será falta de rigor? Pouco me importa. Graças a essa obsessão foi que nasceu 'Ovelhas negras', livro que se fez por si durante 33 anos. (...) Uma espécie de autobiografia ficcional, uma seleta de textos que acabaram ficando fora de livros individuais. Eram e são textos marginais, bastardos, deserdados. (...) Afinal, como Rita Lee, sempre dediquei um carinho todo especial pelas mais negras das ovelhas." RESENHA Ovelhas negras é um livro de contos do escritor e jornalista brasileiro Caio Fernando Abreu, publicado em 1995. O livro reúne 25 textos que o autor considerava marginais, bastardos ou deserdados, por terem ficado fora de suas obras anteriores ou por terem sido censurados pela ditadura militar. São contos que revelam a trajetória literária de Caio, desde sua infância até sua ma...

[RESENHA #723] Humilhados e ofendidos, de Dostoiévski

Publicado em 1861, após dez anos de exílio na Sibéria, Humilhados e ofendidos ocupa uma posição-chave na produção de Fiódor Dostoiévski. Por um lado, é sua obra mais ambiciosa até o momento, na qual revisita e leva ao limite as suas concepções de literatura e sua visão dos males da sociedade. Por outro, suas páginas abrem o caminho para uma forma de romance que vai ganhar corpo nos grandes livros de sua maturidade, e não por acaso o leitor encontra nesta obra conflitos e personagens que parecem prefigurar suas criações posteriores. Para compor a trama de Humilhados e ofendidos, romance no qual deposita enormes esperanças, Dostoiévski coloca no centro da ação a figura do escritor Ivan Petróvitch, que é também o narrador do livro, e cuja vida guarda tantas semelhanças com a sua que não é equivocado ler certas passagens como um ensaio de autoficção avant la lettre ― gesto arriscado, que não foi plenamente compreendido pela crítica da época. Os leitores, porém, não tiveram dúvidas. Desde s...

[RESENHA #722] O duplo, de Dostoiévski

Sobre O duplo, seu segundo romance, publicado em 1846, Dostoiévski declararia: "nunca dei uma contribuição mais séria para a literatura do que essa". De fato, ao retratar o drama de um pequeno funcionário de personalidade cindida, que passa a enxergar e conviver com seu próprio duplo, o autor russo antecipa aqui seus grandes romances de maturidade, como Crime e castigo e O idiota. Influenciada por Hoffmann e Gógol, esta surpreendente história ganha aqui sua primeira tradução direta do russo, que busca preservar toda a radicalidade e o humor do texto original, e vem acompanhada de uma seleção das belas ilustrações do artista expressionista austríaco Alfred Kubin. RESENHA O Duplo é um romance do escritor russo Fiódor Dostoiévski, publicado em 1846. A história gira em torno de Iákov Petróvitch Goliádkin, um funcionário público sem grande expressão social, que começa a ser atormentado por um duplo, que é uma cópia exata dele mesmo. O livro é uma obra-prima da literatura russa e é...

[RESENHA #715] O idiota, de Dostoiévski

Nova edição, revista pelo tradutor, de O idiota, um dos grandes romances de Dostoiévski, trazendo a série completa de ilustrações de Oswaldo Goeldi. Publicado originalmente em 1868, este é um desses livros em que o leitor reconhece de imediato a marca do gênio. Nele, o autor russo constrói um dos personagens mais impressionantes de toda a literatura mundial ― o humanista e epilético príncipe Míchkin, mescla de Cristo e Dom Quixote, cuja compaixão sem limites vai se chocar com o desregramento mundano de Rogójin e a beleza enlouquecedora de Nastácia Filíppovna. Entre os três se agita uma galeria de personagens de extrema complexidade, impulsionados pelos sentimentos mais contraditórios ― do amor desinteressado à canalhice despudorada ―, conferindo a cada cena uma intensidade alucinante que nunca se dissipa nem perde o foco. A tradução de Paulo Bezerra, a primeira realizada diretamente do russo em nosso país, traz para o leitor brasileiro toda a força da narrativa original. RESENHA O Idio...

[RESENHA #714] Noites brancas, de Dostoiévski

No lançamento da Nano, a coleção de bolso da Antofágica, apresentamos a melhor opção para aqueles que desejam conhecer a obra de Dostoiévski – e de quebra, um passeio pela mente de um apaixonado e por uma cidade histórica. Noites brancas é a história do encontro entre uma jovem desiludida e um sonhador, aquele que narra os eventos ocorridos ao longo de poucas noites, durante um período muito especial do ano em São Petersburgo, quando as noites não escurecem. Perambulando pela cidade, e por vezes até conversando com seus prédios, o Sonhador conhece Nástienka, uma melancólica jovem de coração partido. A partir deste encontro, os personagens desenvolvem uma conexão arrebatadora, aquele momento em que todos sentimos que nossos destinos podem mudar. E para o Sonhador não é diferente: ele tem a sensação de que finalmente coisas incríveis podem acontecer em sua vida. Mas será que ele está certo? Livro mais romântico da obra de Dostoiévski, Noites brancas é também uma ótima porta de entrada pa...

[RESENHA #713] Notas do subsolo, de Dostoiévski

Nesta obra-prima da literatura mundial, o genial Dostoiévski, um dos maiores autores de todos os tempos, traz uma narrativa intensa que nos convida a embarcar em uma viagem pelas memórias de um ex-funcionário público que, no auge de seus quarenta anos, vive no seu subsolo da repartição em que trabalhava. Dividida em duas partes, Memórias do subsolo, traz as confissões mentais do personagem, revelando seus pensamentos mais íntimos e sua visão sobre si mesmo e de alguns episódios de sua juventude, em muitos dos quais se sentiu humilhado, revelando-se decisivos para a formação de sua personalidade mordaz. Por vezes definido com anti-herói, o narrador desta obra articula monólogos sobre sua vida sombria, solitária, sem amizades, amarga e repleta de problemas de autoimagem – reflexos de seu profundo rancor e de perturbações das mais variadas naturezas. Tais características o tornam incapaz de tomar decisões ou agir com confiança, imerso em dúvidas e questões mal resolvidas sobre si mesmo e ...