Mostrando postagens de abril, 2024

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Resenha: TOXIC: Mulheres, fama e a misoginia dos anos 2000, de Sarah Ditum

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Britney, Paris, Lindsay, Aaliyah, Janet, Amy, Kim, Chyna, Jennifer. Em Toxic: Mulheres, fama e a misoginia dos anos 2000 , a jornalista Sarah Ditum descreve como cada uma delas sofreu por ser uma celebridade em uma das épocas mais hostis para ser mulher. Considerando o período entre 1998 e 2013, o livro de Ditum mostra como a cultura de celebridades considerava aceitável difamar mulheres, revirando a vida delas de cabeça para baixo, porque, afinal, ser “famosa” significava não ter privacidade. Tudo era assunto para os tabloides, desde a virgindade de Britney Spears, o divórcio e a fertilidade de Jennifer Aniston, as consequências do vício de Amy Winehouse, ao fatídico show de Janet Jackson no Super Bowl... O limite do que temos como tolerável hoje em dia era constantemente ultrapassado em todos os casos discutidos. Com escrita afiada, Toxic destrincha a misoginia que estampava as manchetes e impulsionava vendas e cliques. Ainda adolescente na época retra...

Três poemas de Rodrigo Cabral

Foto: Acervo pessoal // Divulgação Rodrigo Cabral, nascido em Campos dos Goytacazes (RJ) no verão de 1990, fundou a editora Sophia em Cabo Frio (RJ). A editora tem como foco a publicação de autores da Região dos Lagos, com ênfase na história e memória locais. O espaço cultural da editora promove uma extensa programação literária, incluindo círculos de leitura, saraus, debates e lançamentos. Em 2024, Rodrigo conquistou o segundo lugar no Prêmio Off Flip na categoria Contos e foi destaque na categoria Poesia. No ano anterior, em 2023, ficou em terceiro lugar no Festival de Poesia de Lisboa e em 2022 foi finalista do prêmio Off Flip na categoria Poesia. Atualmente, está se preparando para lançar seu primeiro livro de poemas em 2024. Confira três poemas do autor. monóculo fotográfico atrás  do vidrinho a vida solta sinais de fumaça pelas montanhas atrás do vidrinho pigmentos descascam fabricações premonitórias atrás do vidrinho remadores rumam à boca da barra pronunciando caymmi atrás ...

Resenha: Em agosto nos vemos, de Gabriel García Márquez

Foto: Arte digital   APRESENTAÇÃO Todo mês de agosto, Ana Magdalena Bach pega uma barca para uma ilha caribenha a fim de colocar um ramo de gladíolo no túmulo de sua mãe. Todos os anos, ela se hospeda em um hotel e, antes de dormir, desce para comer algo no bar. Para não ter erro, ela pede sempre o mesmo sanduíche de presunto e queijo e depois sobe para seus aposentos. Até que, certa vez, um homem a convida para uma bebida. E, depois do primeiro gole de seu gim com gelo e soda, sentindo-se atrevida, alegre, capaz de tudo ― inclusive de se despir de suas amarras conjugais, esquecendo momentaneamente marido e filhos ―, ela cede aos avanços do desconhecido e o leva para seu quarto. Essa noite específica faz com que Ana Magdalena ― e sua vida ― mude para sempre. E, depois dessa experiência, ela passa a ansiar por cada mês de agosto, quando não apenas visita o túmulo de sua mãe como também tem a chance de escolher um amante diferente todos os anos. Escrito no estilo fascinante e inconfu...

Resenha: Declaração de amor, de Carlos Drummond de Andrade

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Lançado pela Editora Record em 2005, Declaração de amor volta às livrarias nesta nova edição, revista e ampliada, com a seleção dos mais belos poemas de amor de Carlos Drummond de Andrade. “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”, pergunta Carlos Drummond de Andrade em um poema desta coletânea, organizada por dois de seus netos, Luis Mauricio Graña Drummond e Pedro Augusto Graña Drummond, e pelo estudioso de sua obra Edmílson Caminha. Aqui, o amor não é tema abstrato, sonho, fantasia, mas atração plena de libido, de desejo, de pulsão de vida. Um dos maiores nomes da literatura mundial no século XX, o poeta não derrapa na pieguice, no melodrama, no apelo à emoção, mas cria versos que encantam o leitor pela riqueza humana, pela força dos sentimentos e pelo apuro da forma. Muitas vezes, também pela delicadeza e o senso de humor. Lançado pela Editora Record em 2005, Declaração de amor volta às livrarias nesta nova edição, revista e ampliada, c...

Resenha: Contos de aprendiz, de Carlos Drummond de Andrade

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Nascido em uma região rural, Drummond incorpora essa experiência em muitas dessas quinze histórias, a exemplo de “A salvação da alma”, em que a infância e a adolescência de cinco irmãos são atravessadas pelo clima bucólico e ingênuo do interior do país na primeira metade do século XX, e “O sorvete”, no qual dois meninos enfrentam o dilema de experimentar ou não pela primeira vez uma até então desconhecida iguaria. Aos poucos, as histórias avançam em direção às grandes cidades, mostrando sua lenta transformação. O talento de Drummond para a clareza e a elegância narrativa colabora para a construção psicológica de seus personagens. Na longa narrativa tchekhoviana “O gerente”, o autor vai aos poucos construindo (e desconstruindo) o protagonista Samuel, um bancário que frequenta o jet set carioca e é acusado de um crime bizarro, sendo por isso apelidado pelos jornais de “o Vampiro dos Salões”. Drummond cadencia as revelações e deixa o leitor “espiar” os acon...

Resenha: Amar se aprende amando, de Carlos Drummond de Andrade

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO “O mundo é grande e cabe / nesta janela sobre o mar. / O mar é grande e cabe / na cama e no colchão de amar. / O amor é grande e cabe / no breve espaço de beijar.” Com versos assim, que conciliam sofisticação e simplicidade, esta coletânea exalta o mais nobre “sentimento do mundo”. Publicado originalmente em 1985, apenas dois anos antes da morte de Drummond, Amar se aprende amando nos revela as diferentes facetas do amor. Para falar delas, o poeta sempre encontra um viés inusitado (como nos saborosos neologismos “sempreamar” e “pluriamar”), que evidencia sua aversão à retórica e evita a pieguice que ronda a poesia quando se fala das “coisas do coração”. Seus versos fazem aquilo que para muitos é impossível: traduzem sentimentos indescritíveis em palavras. Se o amor romântico, aquele precedido pela paixão arrebatadora, tem destaque em poemas impactantes como “Amor” e “Lira do amor romântico”, Drummond também mostra que “O amor antigo tem raízes fundas, / ...

Resenha: Moça deitada na grama, de Carlos Drummond de Andrade

Foto: Arte Digital   APRESENTAÇÃO Carlos Drummond de Andrade inaugura este volume contemplando uma moça esparramada na grama: “Eu vi e achei lindo. Fiquei repetindo para meu deleite pessoal: ‘Moça deitada na grama. Moça deitada na grama. Deitada na grama. Na grama’. Pois o espetáculo me embevecia. Não é qualquer coisa que me embevece, a esta altura da vida”. Essa e outras situações irrompem nas crônicas de Drummond para provar que a realidade também é feita de lirismo ― e vice-versa. Derradeiro livro entregue à editora, em 1987, Moça deitada na grama é uma seleção das últimas crônicas escritas pelo poeta, que por décadas colaborou para os jornais mais relevantes do país. O insólito e o lírico são faces de uma mesma moeda nestes textos que descrevem o Rio de Janeiro e seus moradores, em situações cômicas e despretensiosas, com boas doses de filosofia. RESENHA "Moça deitada na grama" é um livro que nos convida a contemplar a realidade sob uma perspectiva lírica e despretensiosa...