Os livros escritos por travestis têm se destacado cada vez mais no cenário literário, trazendo à tona narrativas e experiências que muitas vezes são invisibilizadas pela sociedade. Em 2024, não poderia ser diferente. Neste post, reunimos 8 livros de autoras travestis que prometem surpreender e emocionar os leitores com relatos poderosos e transformadores. Desde memórias intensas de superação até reflexões profundas sobre identidade e resistência, essas obras são essenciais para quem deseja conhecer e valorizar a diversidade de vozes e experiências presentes na literatura contemporânea. Venha conosco e descubra essas incríveis obras literárias que merecem ser lidas e compartilhadas.
1. Nem tão bela, nem tão louca, de Ruddy Pinho
Neste livro você vai encontrar nas mais de 300 páginas uma mulher madura, mãe, amiga, amante, guerreira e religiosa. Uma Ruddy que nem ela mesma conhecia. Mostrando que no Brasil, apesar de todos os problemas sociais e políticos, é possível vencer, ser diferente, respeitada e envelhecer. É claro que o glamuor sempre presente em sua vida não foi deixado de lado em suas passagens com as personalidades do mundo artístico. Nova York e Paris são cenários constantes de narrativas hilárias. Alguns registros dessas memórias então nas mais de 80 fotos encartadas ao longo do livro.
2. Eu, travesti, de Luiza Marilac
Em uma história de superação, transformou a dor em energia para lutar pela mudança do mundo para mulheres que nascem como ela – com um "pedaço de picanha entre as pernas", como costuma brincar. Ativista das travestis, trabalha para combater o preconceito com humor e diálogo franco.
3. E se eu fosse pura, de Amara Moira
Professora de literatura, doutora em Letras pela Unicamp e prostituta em Campinas, Amara Moira traz um relato autobiográfico sobre sua transição de gênero e as experiências como profissional do sexo.
Travesti em inícios de carreira, Amara Moira percebeu ser mais fácil transar sendo paga do que dando-se de graça, facinha como ela é. Decide então pela rua, encontrando nisso prazer em não só viver ali o sexo tributado (nas formas todas em que ele aparece), mas também em rememorar depois a experiência, retrabalhá-la em texto: travesti que se descobre escritora ao tentar ser puta e puta ao bancar a escritora.
Nesta obra, Amara mostra a vida por trás dos panos da profissão mais malfalada do mundo, mostrando as angústias, os medos, os preconceitos mas também, por que não?, os prazeres que ali conheceu. Escancarando verdades que a sociedade gosta escondidas debaixo do tapete, ela aborda o cotidiano da prostituição, sobretudo da perspectiva trans: o dia a dia da rua, a barganha, o homem antes e depois de pagar.
4. Bricolagem travesti, de Maria Leo Araruna
A coleção de esculturas “Moças de Bricolagem” tem sua origem em uma necessidade inexplicável de usar minhas mãos. Há muito, escuto esse pedido sangrado de minhas cutículas roídas, mas não sabia como satisfazê-lo. Foi, então — em uma daquelas noites em que me deito na cama cheia de êxtase criativo, sem conseguir dormir, porque não sei exatamente como catalisar essa pulsão interior —, que eu tive uma ideia: olhei para minhas bonecas na estante e pensei “vou fazer umas roupinhas pra vocês!”. Era já alta madrugada, 4 horas da manhã, e eu iniciei um processo o qual desarmou memórias e sensações hibernadas no meu corpo.
5. Transradioativa, de Valéria Barcellos
Valéria Barcellos é cantora, atriz, DJ, performer, escritora e artista plástica, detentora da maior honraria dada a mulheres no estado do Rio Grande do Sul, o troféu "Mulher Cidadã". Antes de tudo isso, Valéria é mulher negra. É mulher trans. É a representação da transnegritude e do transfeminismo. Foi durante o período de descoberta e tratamento de um câncer que ela decidiu registrar suas vivências e memórias em texto - não apenas das vitórias sobre a doença, mas sobre a luta contra o epistemicídio da população negra e LGBTTQ+. Nas palavras de Jean Willys sobre seu primeiro encontro com Valéria: apesar de aplaudida de pé, ela interpelava os olhares como se dissesse ´as aparências não me enganam não!´. Valéria sabia o quanto de racismo, homofobia e transfobia havia superado para estar ali, como uma estrela. Sabia o quanto de racismo, homofobia e transfobia ainda perdurava em muitas daquelas pessoas, mesmo que elas não tivessem consciência disso. E sabia que a guerra não estava ganha. Nunca está. TRANSRADIOATIVA é o grito de Valéria contra essa guerra!
6. Pedagogia da desobediência, de Thiffany Odara
7. Crianças Trans, de Sofia Favero
Crianças trans, vocês existem? A pergunta é, a meu ver, retórica. Sofia persegue a infância com um refinamento e uma sagacidade ímpares nesta publicação. A linguagem, como sempre, coloca-se de maneira capciosa quando nos referimos ao que não foi posto, a princípio, como "natural" a partir do olhar cisgênero. A autora empreende um trabalho fantástico, utilizando-se de uma auto-história que se entremeia com a cultura virtual contemporânea e a literatura científica, para nos falar de algo fulcral aos estudos sobre infância, ou sendo mais direta, sobre como funcionam os dispositivos sociais de afirmação de determinadas identidades, em detrimento de outras, hierarquizadas como "normais", "boas", "bonitas". Neste livro, com a sua inteligência própria, humor afiado e desenvoltura intelectual, Sofia nos presenteia com uma problematização sensível e didática do senso comum, abrindo os olhos para uma perspectiva mais complexa desse projeto que estamos produzindo: humanidade. Não um que fecha os olhos para a nossa diversidade, mas, isso sim, um que explora nossas possibilidades para além dos nomes, nosologias e apagamentos. Profa. Dra. Jaqueline Gomes de Jesus (IFRJ) Sobre a autora Sofia Favero é ativista, psicóloga e doutoranda em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS. Faz parte da Associação e Movimento Sergipano de Transexuais e Travestis e do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Sexualidade (NUPSEX). Em seu tempo livre, gosta de jogar videogame com suas duas sobrinhas, Helena e Lara.
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