Postagens

[RESENHA #969] Os dezoito de brumário de Luis Bonaparte, de Karl Marx

SINOPSE Em  O Dezoito de Brumário de Luís Bonaparte , Karl Marx expõe de que modo a França que, mais uma vez, inspirou o mundo a lutar contra o absolutismo monárquico, através da Revolução de Fevereiro de 1848, se revelou um exemplo caricato de suas próprias contradições. Após frear um refluxo conservador e destituir Luís Felipe I como rei, o país elegeu Luís Bonaparte, sobrinho do seu antigo imperador, Napoleão, como presidente da República recém-declarada. Aquela sociedade permitiu-se enganar pelo ímpeto popular do novo presidente, que, encoberto pelos acenos de ampliação de direitos civis, conduziu o golpe de Estado que o consagrou imperador Napoleão III, refazendo a posição autoritária do poder bonapartista. É esse o contexto histórico sobre o qual Karl Marx debruçou nesta obra, uma primorosa crítica que revelou as primeiras experiências empíricas de seu materialismo e se tornou um dos textos mais importantes da ciência política. Esta edição, traduzida por Leandro Konder e Rena...

[RESENHA #968] Exátomos, de Vitor Miranda

"Exátomos", de Vitor Miranda, é uma obra que nos convida a ponderar a respeito da vida, das relações humanas e do mundo em que vivemos. O livro é uma seleção de poemas que revelam a precisão dos átomos em todas as coisas existentes, nos fazendo questionar o que fizemos com essa existência. Dividido em cinco partes, o livro abarca uma ampla gama de sentimentos e temas, desde a ironia e a descrença até a crítica social, o amor, a esperança e o desespero. É uma obra que nos leva a reconsiderar nossa própria existência e nos ajuda a crescer como indivíduos. Logo no início, o autor nos presenteia com uma frase impactante: "a terra não é plana, mas é chata". Essa frase apenas arranha a superfície da sagacidade e do humor irônico de Vitor, que por vezes pode nos fazer crer que ele é um poeta niilista. Porém, ao ler com mais atenção, percebemos que por trás de seu deboche e raiva, há uma profunda mágoa pelo que o mundo poderia ser. Exátomos nos incentiva a refletir sobre a ...

[RESENHA #967] Antígona: Ela está entre nós, de Andréa Beltrão

Há 2.500 anos, Antígona, de Sófocles, é uma dramaturgia comovente que conquista a atenção dos espectadores. A história da princesa que desafiou um rei para que o corpo do próprio irmão fosse sepultado é reencenada brilhantemente por Andrea Beltrão – neste que é um de seus trabalhos mais audaciosos e que lhe rendeu o Prêmio APCA. Ao reinventar a tragédia grega, Andrea Beltrão não apenas concebe, junto ao diretor Amir Haddad, um sucesso de público e crítica, mas dá novo sentido a uma das personagens mais extraordinárias da história do teatro, posicionando-a frente a frente com as maiores lições de luta deste tempo. Antígona é um símbolo de insubmissão. Alguém que converteu o luto em ativismo político. A perda, em força de vida. Ao recriá-la, Andréa Beltrão reconhece a magnitude de sua persistência e traz Antígona para o presente. Neste livro, a atriz, produtora e diretora de teatro conta sobre o processo de criação e destaca os principais trechos que usa para refabular a história da jove...

[RESENHA #966] Ilustrações, de Jailton Moreira

RESENHA Ilustrações é o primeiro livro de poemas de Jailton Moreira, um artista plástico, professor e curador que conheceu todo o tipo de arte em suas andanças. O livro é fruto de uma relação em que o escrito se submete ao visual, e não o contrário. São 29 poemas que respondem poeticamente e criticamente às experiências vividas pelo autor frente a determinados artistas e suas obras, como Piet Mondrian, Diego Velázquez e Richard Serra. O livro é uma obra que desafia o leitor a se tornar observador e a ir conhecer por conta própria os trabalhos que inspiraram o autor a escrever. Cada poema é uma tentativa de ordenar as impressões, os sentimentos e as reflexões que as imagens provocam no autor, usando uma linguagem simples, direta e criativa. O autor não se limita a descrever ou elogiar as obras, mas também as questiona, as contraria e as reinventa. Ilustrações é um livro que mostra a versatilidade e o talento de Jailton Moreira, que transita entre diferentes formas de expressão artística...

[RESENHA #965] Tupac Shakur: a biografia autorizada, de Stace Robinson

A primeira e única biografia autorizada pela família do lendário artista Tupac Shakur. Um comovente relato de sua vida e do legado que deixou, ilustrado com fotos pessoais, manuscritos, trechos de seus diários e muito mais! Artista, poeta, ator, revolucionário... uma lenda. Tupac Shakur deixou sua marca na cultura mundial. Quase trinta anos depois de sua trágica e precoce morte em 1996, aos 25 anos, Tupac continua sendo presença constante na mídia como uma das figuras mais incompreendidas e fascinantes da história da música. Em Tupac Shakur: A biografia autorizada pela primeira vez o público tem em mãos uma biografia completa sobre o lendário artista. A autora Staci Robinson ― que conheceu o rapper ainda no ensino médio e foi escolhida por Afeni Shakur, mãe de Tupac, para contar a história do filho ― teve acesso exclusivo a seus diários, suas cartas e conversas, sem censura, com aqueles que o conheciam intimamente. Em Tupac Shakur, Robinson nos oferece uma leitura emocionante e profund...

[RESENHA #964] Ti amo – Hanne Ørstavik

Um câncer terminal levará seu marido dentro de um ano. Ele ignora a morte. E ela se volta à escrita na tentativa de preservar a própria força vital. Para a escritora Natalia Timerman, que assina a orelha do livro, Hanne Ørstavik escreve “na imbricação entre vida e literatura”. Um dos maiores nomes da literatura norueguesa contemporânea, Hanne Ørstavik estreia no Brasil com o encantador e contundente Ti Amo. A prosa comovente que a consagrou como uma autora aclamada em diversos países foi traduzida por Camilo Gomide, direta do norueguês. RESENHA Ti amo é um livro que mistura ficção e realidade, baseado na experiência da autora norueguesa Hanne Ørstavik, que perdeu o seu marido italiano para o câncer. O livro é um relato emocionante e íntimo de um amor que enfrenta a morte, a dor e o silêncio. O livro é escrito e ambientado nos primeiros meses de 2020, e seus temas de perda e sofrimento são especialmente adequados para um tempo de luto internacional. O livro narra a história de uma narra...

[RESENHA #963] Os rostos que tenho, de Nélida Piñon

“Viver requer aestado artístico”. Em obra póstuma e inédita, a autora consagrada Nélida Piñon costura, através de 147 capítulos, o seu testamento literário: Os rostos que tenho. Nélia Pinõn acreditava na importância de deixar rastros. Rastros de existência, da própria criação, de palavras que se incorporam a um legado para os que ficam. Com 147 capítulos curtos que lembram a estrutura de um diário, a autora consagrada esculpe uma extensa pluralidade de máscaras que flutua pelos meandros da vida, da arte e da mortalidade. Ao lado da pressa por escrever em contrapelo ao tempo que lhe resta, não habita a autocomiseração, mas a festa: “Luto para meus dias serem festivos. Só por estar viva, mesmo sem razão concreta, ergo a taça da ilusão”. Obra póstuma e inédita, Os rostos que tenho é, segundo o escritor Rodrigo Lacerda, o “testamento literário” de Nélida Piñon.  A primeira escritora a se tornar presidente da ABL sabia do papel social e literário que exercem os registros que deixamos, a...

[RESENHA #962] Noveletas – Sigbjørn Obstfelder

Noveletas reúne as novelas Liv e As Planícies, do escritor norueguês Sigbjørn Obstfelder (1866-1900). Esse é o 1º título da Coleção Norte-Sul, organizada e traduzida por Guilherme da Silva Braga. RESENHA Noveletas é uma coletânea de duas novelas do escritor norueguês Sigbjørn Obstfelder (1866-1900), considerado um dos pioneiros do modernismo literário em seu país. O livro, traduzido diretamente do norueguês por Guilherme da Silva Braga, é o primeiro título da Coleção Norte-Sul, que pretende apresentar ao público brasileiro autores e obras de países nórdicos ainda pouco conhecidos. As novelas Liv e As Planícies são exemplos da prosa inovadora e experimental de Obstfelder, que explora aspectos psicológicos e abstratos dos personagens, em contraste com a narrativa realista e naturalista predominante na época. Influenciado pela poesia de Charles Baudelaire, Obstfelder cria atmosferas sombrias, melancólicas e simbólicas, que refletem sua própria angústia existencial e sua busca por um senti...

[RESENHA #960] O cordeiro e os pecados dividindo o pão, de Milena Martins Moura

Nas palavras de Priscila Branco, que assina o prefácio do novo livro de Milena Martins Moura, “[em] O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, o único milagre possível é o ato poético […]: ‘Eu estou escrevendo / Isso é um milagre’” Exercício de subversão, Milena Martins Moura faz o cordeiro – símbolo da castidade – sentar à mesa com os pecados. E gozar da companhia um do outro, “de corpo inteiro no indevido”. Para a professora Paula Glenadel da Universidade Federal Fluminense (UFF), Milena “assume para si uma voz incomum entre sua geração”, tratando de temas bíblicos, ou dos “mistérios gregos”. Neste O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, a opressão é esmagada e as palavras são desnudadas sem culpa, como aponta Anna Clara de Vitto na orelha. A Eva de Milena é “serpente e desfrute” e vai “lambendo o caminho desviado”, dando atos de sujeito à primeira mulher. Em certo momento, Eva afirma: “estou nua e disso não me envergonho”. RESENHA A poeta enfrenta temas como religião, erotismo, profa...

[RESENHA. #961] O sorriso do erro, de Eduardo rosal

Em um mundo tomado pela disputa entre aprovação e reprovação, Eduardo Rosal defende o erro pelo erro. Não como um passo a caminho para o sucesso, mas uma escolha de maneira consciente: a fuga de qualquer rota totalitarista que desconsidere nossas singularidades e diferenças. “Ser escritor”, diz o poeta, “é um esforço destinado ao erro; é trabalhar com as ruínas do fracasso”. No entanto, é preciso continuar escrevendo, buscando, ou melhor, criando um sentido para nossas vidas. “Assim como é preciso ver Sísifo contente, precisamos ver o sorriso no erro”, sentencia. O Sorriso do Erro apresenta 42 poemas divididos em seis seções – Os muros do nome, Dentro e fora, Os gestos no escuro, Croque de concretude, Lições de fragilidade e Errâncias. Embora cada uma tenha seu próprio mote, elas dialogam entre si, fomentando uma conversa que culmina em um questionamento para o leitor: afinal, o que é o erro? RESENHA O Sorriso do Erro é um livro de poesia de Eduardo Rosal, publicado pela Editora Aboio ...