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Saltburn: Erótico e provocativo

Saltburn é um thriller erótico ousado e provocante, dirigido e escrito por Emerald Fennell, a vencedora do Oscar por Promising Young Woman. O filme é uma releitura moderna de The Talented Mr. Ripley, ambientada na Inglaterra dos anos 2000, e conta a história de Oliver Quick (Barry Keoghan), um estudante de Oxford que se infiltra na família rica e decadente de Felix Catton (Jacob Elordi), um aristocrata bonito e carismático. O filme explora os temas da obsessão, da identidade, da classe e do desejo, com um estilo visual deslumbrante e um humor ácido. O elenco é excelente, com destaque para Keoghan, que interpreta Oliver com uma mistura de vulnerabilidade e perversidade, e Elordi, que encarna Felix com uma elegância natural e uma inocência quase ingênua. O filme também conta com a participação de Rosamund Pike, que rouba a cena como Elspeth, a mãe de Felix, uma ex-modelo glamourosa e cruel. Saltburn é um filme que desafia as expectativas e surpreende com seus momentos chocantes, que vão ...

[RESENHA #977] Ossada Perpétua, de Anna Kuzminska

Livro de estreia de Anna Kuzminska, fotógrafa e autora fluminense, Ossada Perpétua tateia um tipo peculiar de luto. A ausência dita comportamentos, o passado está eivado nas entranhas do vivos, mas a existência segue um compasso de normalidade. As personagens de Anna parecem sempre querer fugir da realidade (ou do sonho) por meio do falatório vazio, do silêncio transfigurado em nota musical, da recusa do conforto fraternal, e, às vezes, da arte. O jogo que se trava entre os desejos e as crenças das personagens é confrontado pelo insólito de desenterrar um pai sem túmulo, ou pela aprendizagem dos limites e transgressões durante a infância. Anna circula Deus e o amor, as memórias germinando desejos, o cotidiano da morte, o avesso da morte, a negação da morte, a recusa da morte. RESENHA O livro “Ossada Perpétua” da autora Anna Kuzminská é uma obra que representa uma escrita profunda, reflexiva e estimulante. Com uma narrativa fragmentada e poética, a autora constrói uma trama repleta de s...

[RESENHA #976] Jiboia, de Cecília Garcia

Animalescos, os 16 contos de Cecília Garcia nessa coletânea misturam o fantástico, o cotidiano, passagens bíblicas e panteões de outras fés. Com doses de terror, as histórias de Jiboia nos mantêm alertas, saboreando cada linha com curiosidade e receio. Jiboia são os bichos internos e externos que Cecília Garcia alimentou ao longo dos anos reunidos em um único livro-selva.Abrir estas páginas é se perder no coração pulsante de um labirinto de obsessões, paixões frustradas, loucuras e medos de toda sorte. Para Ana Rüsche , que assina a orelha desta edição, “os dezesseis contos de Cecília Garcia encaixam-se perfeitamente” ao abordar “personagens curiosos, como biólogas em selvas urbanas, cujas artes não se distinguem de magos, curandeiras e bruxas, e paisagens incomuns na literatura, como madeireiras ou um bunker de um pecuarista”. RESENHA Jibóia é, como descrito, um livro de contos animalescos. A obra de Cecília Garcia é um mistério como sua capa, seu enredo é meticulosamente escrito pa...

"Sultanas esquecidas": Fatima Mernissi recupera passado apagado de mulheres chefes de Estado no Islã

Existe um feminismo islâmico? Editora Tabla lança livro de Fatima Mernissi, uma das figuras mais importantes e influentes do feminismo árabe. Somando-se ao livro Dez mitos sobre Israel, do historiador israelense Ilan Pappe, a Tabla, editora especializada em literaturas do Oriente Médio e do Norte da África, lança agora seu segundo título de não-ficção. Trata-se do livro Sultanas esquecidas: mulheres chefes de Estado no Islã, da socióloga marroquina Fatima Mernissi. Em busca de evidências históricas sobre mulheres chefes de Estado no Islã, Fatima Mernissi nos convida a um mergulho no coração do império muçulmano. Atravessando mais de treze séculos de história e diversas sociedades com variadas culturas, ela descobre casos curiosos de rainhas muçulmanas esquecidas (ou apagadas) pela história oficial. Nas páginas de Sultanas esquecidas, adentramos os palácios, as cortes, os haréns; acompanhamos as disputas de poder, as histórias de amor, as paixões arrebatadoras e intermináveis cortejos d...

ENTREVISTA | Escrever em meio às complexidades da maternidade: conheça os processos de criação de Mariana Torres

Autora do romance epistolar  “Depois que a vida chegou” (Caravana Editorial), paulistana fala sobre seu processo de "descobrir-se escritora"  Uma mulher decide escrever e-mails ao primeiro filho, desde o seu nascimento, como presente de aniversário de 18 anos. Relatos de parto, primeiros dias de vida, celebrações e anotações cotidianas. Porém, pouco a pouco, o exercício de alteridade com a criança – outro corpo, mas tão dependente da mãe – se transforma em fragmentos de angústia e da necessidade em colocar a mulher no centro do universo contado. O romance epistolar “Depois que a vida chegou” (Caravana Editorial, 116 pág.), da paulistana Mariana Torres, narra as dores de uma mulher que passa a questionar seu lugar no mundo quando atravessada pela maternidade.  Foi só depois de trabalhar como advogada e empreendedora que a autora encontrou nas palavras sua paixão. “Eu me descobri escritora em meio a uma pandemia e a um puerpério. Entre uma mamada e outra, escrevi uma histór...

[RESENHA #975] Deus criou primeiro um tatu, de Yvonne Miller

Alemã de nascença, brasileira de alma, Yvonne Miller reúne nesta obra 50 crônicas e microcrônicas ambientadas em Aldeia dos Camarás, na Mata Atlântica pernambucana. Com o olhar atento, carinhoso e não ingênuo à vida no Nordeste, Yvonne Miller pincela a realidade cotidiana com a graça e a delicadeza de uma cronista madura. Tudo para Yvonne Miller é matéria fértil para uma crônica: o dia a dia no Bosque Águas de Aldeia, uma cobra enroladinha na árvore, as descobertas de Chico, “o cachorro mais boa-praça do condomínio”, a caranguejeira em cima da cama etc. Com bom humor, ela nos ensina a perceber a poesia possível do nosso entorno. Leve e divertido sempre que pode, Deus criou primeiro um tatu também é crítico e político quando precisa. RESENHA Deus criou primeiro um tatu é um livro de crônicas da autora Yvonne Miller, publicado pela editora Aboio. A obra é um ensaio intrincado de dúvidas e processos políticos acerca da mudança. Miller narra, com muito bom humor, os aspectos que ignoramos ...

[RESENHA #974] Sinto muito por não sentir mais nada, de Tutu Machado

Foto: Arte Digital / Canva / Direitos Reservados Começar pelo fim pode ser errado, mas também conceitual. Pode ser esquisito, mas também necessário. Pode ser sobre o que já foi, mas também sobre o que é hoje. Partindo de um término abrupto, o poeta recolhe seus cacos e remonta o espelho como quer. Pode ser doído, mas é seu remédio. Em sinto muito por não sentir mais nada, o autor tenta dar sentido ao sentimento (e à falta dele). O jeito que encontrou para amenizar a dor do término de um relacionamento longevo foi escrever enquanto acompanhava a evolução do próprio luto. O que não virou lágrima, virou poesia; e hoje é livro. Hoje é livre. Quem já passou por baixo do rolo compressor que é um “adeus” vai entender tudo nestas páginas. Nelas, o final é triste e feliz — primeiro um, depois o outro. RESENHA Em "Desculpe por não sentir mais nada", Tutu Machado nos convida a mergulhar em uma obra que começa pelo fim, desafiando as convenções e nos levando por uma experiência conceitua...

A importância da leitura no desenvolvimento da educação

Foto: Pexels A leitura desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da educação em diversas áreas. Algumas das principais razões pelas quais a leitura é importante para o desenvolvimento da educação incluem: 1. Aquisição de conhecimento: A leitura é uma das formas mais eficazes de adquirir conhecimento em diversas áreas do saber. Através da leitura, os estudantes podem ter acesso a informações atualizadas e relevantes sobre diversos assuntos, ampliando seu vocabulário e conhecimento geral. 2. Desenvolvimento da criatividade e imaginação : A leitura de obras literárias estimula a criatividade e imaginação dos estudantes. Ao ler histórias, os alunos são encorajados a criar imagens mentais e construir um mundo próprio em suas mentes. Isso promove o desenvolvimento da criatividade e da capacidade de pensar de forma crítica. 3. Aprimoramento da habilidade de comunicação : A leitura constante melhora a habilidade de comunicação dos estudantes, desenvolvendo sua capacidade de expressão...

Racismo ambiental: contextualização, exemplos e livros sobre a problemática

Foto: Pexels O racismo ambiental é um fenômeno complexo que se refere à injustiça ambiental sofrida por comunidades marginalizadas com base em sua raça, etnia ou origem socioeconômica. Essas comunidades são habitualmente expostas a uma série de condições ambientais negativas, como poluição do ar, contaminação da água, depósitos de resíduos tóxicos e falta de acesso a recursos naturais. Uma das principais características do racismo ambiental é a localização dessas comunidades próximas a áreas industriais, incineradores, instalações de armazenamento de resíduos e outras fontes de poluição. Isso ocorre porque, muitas vezes, essas comunidades não têm influência política ou econômica para se opor a esses empreendimentos ou não têm outra opção de moradia devido a fatores socioeconômicos. Como resultado, elas se tornam vulneráveis à degradação ambiental e à exposição a produtos químicos perigosos. Essas comunidades já sofrem com uma série de desafios sociais e econômicos, e o racismo ambienta...

História da arte: características, história e inspirações

A história da arte é uma cronologia abrangente que se estende por milênios, desde as primeiras formas rudimentares de expressão artística, como pinturas rupestres, até as formas mais contemporâneas e experimentais de arte. Essa narrativa abrangente é fundamental para a compreensão da evolução da cultura e da sociedade ao longo do tempo. As primeiras manifestações artísticas conhecidas remontam à pré-história, quando o homem começou a representar sua realidade por meio de pinturas e esculturas. As pinturas rupestres, encontradas em cavernas em diferentes partes do mundo, são exemplos notáveis dessa forma de expressão artística. Elas representam animais, caçadas e cenas cotidianas, fornecendo insights valiosos sobre a vida do Homo sapiens primitivo. Conforme a civilização avançava, diferentes culturas desenvolviam suas próprias formas de arte, que refletiam suas crenças religiosas, tradições e valores. A arte do Egito Antigo, por exemplo, era altamente simbólica e ligada à religião, com ...