Conheça ❛Projeto Querino❜: Uma perspectiva da história do Brasil em uma visão afrocentrada



Lançado em 6 de agosto de 2022, o Projeto Querino é uma iniciativa inovadora que busca ressignificar a história do Brasil a partir de uma perspectiva afrocentrada. Inspirado no aclamado “1619 Project” da jornalista Nikole Hannah-Jones, Querino é um projeto jornalístico brasileiro que envolve um podcast narrativo produzido pela Rádio Novelo, além de uma série de publicações na renomada revista piauí.

Desenvolvido por uma equipe majoritariamente negra composta por mais de 40 profissionais, o projeto começou em 2020 com um ano dedicado a pesquisa documental, bibliográfica e em áudio. Ao longo desse período, foram realizadas dezenas de entrevistas que resultaram na criação de um podcast com oito episódios lançados inicialmente. Essa produção não só conquistou o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog em 2023, como também foi reconhecida como um dos 10 melhores trabalhos jornalísticos em áudio de 2022 pelo Prêmio Gabo.

O nome do projeto é uma homenagem ao intelectual Manuel Raimundo Querino (1851-1923), um importante jornalista, professor e abolicionista que, em 1918, lançou a obra "O colono preto como fator da civilização brasileira", que destaca o protagonismo dos africanos e afrodescendentes na formação do Brasil.

Entre os principais momentos abordados estão a Independência do Brasil, em 1822, e a Abolição da Escravatura, em 1888, que são discutidos a partir da ótica de africanos e seus descendentes. O projeto conta com a idealização e coordenação do jornalista Tiago Rogero e apoio do Instituto Ibirapitanga. A consultoria histórica é realizada por Ynaê Lopes dos Santos, enquanto Paula Scarpin e Flora Thomson-DeVeaux atuam na consultoria narrativa da Rádio Novelo.

Desde seu lançamento, o Projeto Querino gerou grande repercussão na mídia, sendo tema de artigos e reportagens em importantes veículos brasileiros, como a Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo, além do reconhecimento internacional no periódico britânico The Guardian. O podcast já alcançou o primeiro lugar nos rankings de Spotify e Apple, superando, apenas 110 dias após seu lançamento, a marca de 1 milhão de downloads.

Em um episódio especial, publicado em 8 de novembro de 2022, Tiago Rogero teve a honra de entrevistar Nikole Hannah-Jones, uma figura central na discussão sobre a narrativa afro-americana e inspiradora do projeto. Em junho de 2023, a inclusão de vídeos com interpretações em LIBRAS foi uma iniciativa que ampliou o alcance e a acessibilidade do material, mostrando o compromisso do projeto com a inclusão.

Livro Projeto Querino



🌟 Lançamento do Livro do Projeto Querino: Garanta sua pré-venda! 🌟

Após o estrondoso sucesso dos podcasts Vidas Negras e Negra Voz, Tiago Rogero se firma como um dos principais nomes do jornalismo brasileiro com o projeto Querino, que agora chega à sua terceira fase: o lançamento do livro "Projeto Querino: um olhar afrocentrado sobre a história do Brasil", publicado pela editora Fósforo.

Baseado no emblemático 1619 Project, de Nikole Hannah-Jones, o livro oferece uma perspectiva inovadora sobre a história do Brasil, destacando a centralidade do povo negro em nossa narrativa. Com uma pesquisa minuciosa realizada por uma equipe de especialistas de peso, o projeto não apenas resgata histórias muitas vezes esquecidas, mas também apresenta material inédito que enriquece ainda mais os relatos do podcast premiado.

📚 Por que ler "Projeto Querino"?

  • Ampla Pesquisa: Mais de 40 profissionais colaboraram para trazer uma visão detalhada e rica sobre a presença negra na história do Brasil.
  • Narrativa Poderosa: Tiago Rogero nos guia por uma jornada de excelência e dor, revelando a importância de figuras que foram apagadas dos nossos livros de história.
  • Conteúdo Exclusivo: O livro complementa os episódios do podcast com entrevistas e imagens inéditas.

👉 Convite: Não perca a chance de adquirir o seu exemplar na pré-venda! O projeto Querino é essencial para entendermos a construção do nosso país e as vozes que precisamos ouvir.

✨ Garanta já o seu lugar nessa revolução de ideias e narrativas! Clique no link para fazer sua pré-compra e mergulhar nesse relato poderoso que promete transformar sua visão sobre a história do Brasil!

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Vamos juntos celebrar e resgatar a história que nos foi ocultada! ✊🏾📖 #ProjetoQuerino #TiagoRogero #Lançamento #PréVenda #LiteraturaAfrocentrada #HistóriaNegra

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Ouça o Podcast Projeto Querino:


Continue ouvindo no site oficial do projeto: Clique aqui.

Seleção de poemas do livro “A duração entre um fósforo e outro”, de Zulmira Correia


a casa (pág. 16)

a casa me parece um quadrado retângulo toda simétrica com quarto sala cozinha banheiro quarto escadas banheiro escritório quarto jardim não nessa ordem mas quase pois eu lembro que os dois quartos lá de cima têm uma vista larga da cidade três janelonas cinco pares de plantas que desconheço desconheço muita coisa aqui principalmente a sinuosidade das escadas as escadas são terríveis no escuro eu fico tateando na meia luz com um medo danado de cair lá de cima mas não tirei as escadas nem posso o relógio também me incomoda o relógio não funciona os móveis continuam no mesmo lugar os móveis da minha infância os verbos traduzidos em ilusão pois minha mala está escancarada na sala desfiando por causa do mofo 



o olhar do narrador (pág. 32)


…é como narrar algo assim:

ela subia as escadas devagar, tremendo da cabeça aos pés. a porta gigantesca do tamanho do desejo de saber o que ela escondia. escondia mesmo? ou ela buscava suposições para continuar na casa? lembrou-se que restava menos de dois dias. quase dois segundos. deitou o ouvido na madeira, para escutar os batimentos. tentou de tudo. a força, o chute, a rebeldia. a porta se manteve intacta. tentou outros truques:



fósforo (pág. 61)


— O vento soprou a chama e apagou. É assim agora?

— Assim, como? A duração de segundos, entre um fósforo e outro?

— Consegue me enxergar? — eu falo com medo.

— Entre um fósforo e outro. É bem rápido.

— Tem certeza que sou eu?


Minibio da autora: Zulmira Correia (@zulmiracorreia_) é escritora, designer, artista e pesquisadora. É de Crato, Região do Cariri, Ceará. Vencedora do V Prêmio Cepe Nacional de Literatura, da Companhia Editora de Pernambuco, na categoria poesia, com o livro de estreia “As cartas de Maria”, sendo a autora mais jovem e única nordestina a levar o prêmio na edição, em 2020. Voltou a publicar em 2023, com o segundo livro “Abissal”, pela Editora Patuá. Em 2024, lançou “A duração entre um fósforo e outro”, vencedor do I prêmio com.tato de literatura. 

Liana Ferraz e Ryane Leão, Rena Faber lança obra sobre autodescoberta



“Dentro do meu corpo mora um rio”, obra de estreia da jornalista mineira, serve como farol para quem busca por autoconhecimento e transformação


“Na insistência dos poemas, lapidados com um olhar-amor, nasce uma poeta que quer falar de si, mas não sem chamar a natureza, as mulheres à sua volta e suas inspirações para compor seus versos. Rena sabe que é feita de uma matéria que vai além da própria existência e dos contornos de seu corpo e expande sua poesia para a geografia invisível (mas poderosa) das forças transformadoras do amor.”

Liana Ferraz, atriz, escritora e artista, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, no texto de orelha do livro


“A poesia da Rena é um rio cheio que deságua gentilmente nas possibilidades de todas nós. Poemas de guiança que convidam, embalam, acolhem e nos dizem: hoje é um belo dia pra dançar a cura. Seus versos recordam colo de vó, conselho de mãe, olhar sincero de irmã. Trajetórias que se cruzam para dizer que continuar é magia e que corpo mágico é aquele que flui com a coragem que apequena os receios. Sinto que todas que fui e todas que desejo ser estão nessas páginas”

Ryane Leão, autora best-seller, em comentário na quarta capa


Poesia é (re)descoberta de si. Esta é a frase que melhor resume o livro “Dentro do meu corpo mora um rio” (Editora Patuá, 108 págs.), primeira obra de poesia da mineira Rena Faber (@rena.faber), que é jornalista e pós-graduada em psicanálise. Através de um olhar perspicaz e analítico do mundo, a autora faz um traçado poético que serve como farol para quem busca por autoconhecimento e transformação. O texto da orelha é assinado pela atriz, escritora e artista Liana Ferraz e a quarta capa conta com comentário da autora best-seller Ryane Leão.

O livro é dividido em seis partes que, apesar de funcionarem de maneira linear, também se entrelaçam e levantam questões que vivemos inúmeras vezes ao longo da nossa jornada.  "Morte e Vida", "Corpo", "Criança e Anciã", "Intuição", "Mulher" e "Lar" são os capítulos que costuram a obra e  guiam esse mergulho na paisagem interna do leitor.  Ao falar sobre esses temas, a autora traz à tona forças arquetípicas que moram dentro de todos nós, independente de gênero, classe social, idade ou cultura. 

Embora o livro conte com vários poemas que evocam questões diretamente relacionadas às mulheres, o tema do feminino é ampliado para além do literal."Quando escrevo poemas sobre mulheres, não estou falando apenas sobre uma experiência de gênero, mas sobre um resgate do sensível”, explica Rena. 

Para a autora, o que precisamos é “rever nossa rota” para evitar cairmos repetidamente no que ela chama de “ciclo de exaustão”. “Vivemos em uma época moldada por valores patriarcais, onde somos constantemente estimulados para sermos mais produtivos e, nessa lógica do desempenho, ficamos cada vez mais distante de nós mesmos”, analisa.

“Dentro do meu corpo mora um rio” também propõe que repensemos a relação do ser humano com a natureza. Em um de seus poemas, chamado Medicina, a autora relembra o lugar onde passou a infância, no interior de Minas Gerais: "Aprendi a buscar a cura em banhos de rio, pés descalços e canto de pássaro".

Para além de uma vivência pessoal, a reconexão com a natureza aparece como uma questão coletiva e uma forma de criar novos futuros. "Há tempo demais o homem tem se colocado como o centro do mundo e enxergado a humanidade como algo à parte. Gosto quando o Ailton Krenak lembra que o Rio Doce, para os Krenaks, é chamado de Watu, uma entidade que transcende o sentido físico do rio e é considerada um avô. Você não explora o que entende como sagrado", reflete Rena. 


O elemento da água e a simbologia dos rios 

Todos os elementos da natureza - água, fogo, terra e ar - têm presença forte durante a narrativa. De acordo com a autora, o elemento da água foi o escolhido para ser protagonista no título da obra porque "está relacionado com as nossas emoções e a capacidade que temos de navegar nelas”. “Acredito que essa é a habilidade mais importante para o mundo moderno. Não é à toa que a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a depressão pode se tornar a doença mais comum dos próximos 20 anos."

Em relação à simbologia do rio, Rena conta que em uma leitura mais imediata, o rio traz a ideia de fluxo, mas em análise mais profunda, também fala sobre renascimentos. “Em várias mitologias, ele aparece como o lugar onde as pessoas iam depois da morte e era decidido o caminho daquela alma. Poderia-se ir ‘rio acima’ - uma existência mais abundante - ou ‘rio abaixo’ - voltar a repetir padrões - que não nos ajudam no nosso crescimento. Se ampliamos a simbologia desses mitos, percebemos que fazemos essa escolha - por expansão ou ‘mais do mesmo’ - todos os dias", justifica.


Poesia é barco para atravessar nossa paisagem interna 

Aos 31 anos, a poeta Rena Faber tem uma longa trajetória ao lado das palavras. Nascida em Belo Horizonte, capital mineira, é graduada nos cursos de Publicidade & Propaganda e Jornalismo, ambos pela PUC Minas. Recentemente, concluiu uma pós-graduação em Psicanálise pela PUC do Rio Grande do Sul. Além de lançar "Dentro do meu corpo mora um rio", Rena tem participação na antologia Nós, do Selo off Flip, e na Coletânea 45 Escritoras Neolatinas Contemporâneas, da Philos. Ambas serão lançadas durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2024.

Com referências da psicologia e da filosofia, de Carl Jung a Ailton Krenak, Rena frisa algumas de suas referências literárias, como Clarissa Pinkola Estés, Ana Martins Marques e Manoel de Barros, além de dois grandes nomes da nossa escrita que também compõe seu novo livro,  Ryane Leão e Liana Ferraz.

Dentro do meu corpo mora um rio”, como a própria autora diz, é uma obra de coragem e um voto de confiança nas palavras que pulsam dentro. “Esse livro é meu passado, presente e futuro. Com erros, tropeços, cansaços, mas também com gargalhadas, estrelas cadentes, pés descalços, balanço de rio e de rede. É a lembrança de que meu lar mora no corpo, onde encontro os conselhos que preciso para seguir. Talvez, daqui a alguns anos, esse livro seja um lugar para onde eu possa voltar e lembrar que sou água corrente, infinita e indomável”, finaliza.


Garanta o seu exemplar no site da Editora Patuá:
https://editorapatua.com.br/dentro-do-meu-corpo-mora-um-rio-poemas-de-rena-faber/

Confira o poema “Inícios” (pág. 31), de Dentro do meu corpo mora um rio”


Para todos os jeitos de voar:

uma pipa, um pássaro, uma mulher

Para tudo que vamos amar:

um corpo, um poema, uma raiz

Para todas as travessias:

na terra, na água ou em si

Há sempre alguém com olhos curiosos

que dá o primeiro passo

sem medo do tropeço


(Im)Permanência - Reminiscências de uma estrela que brilha mais, de Vanessa Valentim



A escritora pernambucana Vanessa Valentim estará na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2024 com a sua mais recente obra, (Im)Permanência - Reminiscências de uma estrela que brilha mais (Editora Viseu). No livro, a autora apresenta ao público poemas que mergulham em temas essenciais como a impermanência, a memória e a dualidade entre ausência e presença. Os visitantes da Flip poderão adquirir exemplares no estande da com.tato, localizado na Casa Escreva, Garota (Travessa Gravatá 56c/d).

A obra, inspirada pela trajetória de vida de sua avó, Dona Astrogilda, é uma ode àqueles que continuam a viver em nossas memórias, mesmo após sua partida. Vanessa traça nos versos uma linha tênue entre o que se desvanece e o que permanece, questionando o leitor sobre o significado das ausências em nossa vida e como elas, paradoxalmente, ganham concretude e peso.

"A centralidade temática da impermanência, conceito tão presente no budismo Zen, permeia todo o livro", explica a autora. Para ela, a impermanência não significa a simples perda ou esquecimento, mas sim uma nova forma de presença, "algo que se modifica, mas que permanece, de alguma maneira, dentro de nós”. Os poemas nos lembram que a ausência não é o fim, ela se transforma em uma outra forma de estar, uma permanência sutil que resiste ao tempo. Quando algo ou alguém nos falta, essa ausência se manifesta como presença de uma saudade, uma lembrança, uma sensação que se solidifica dentro de quem fica.

Os versos traçam uma narrativa delicada e profundamente pessoal, entrelaçando o luto e as memórias que continuam a reverberar após a morte. Dona Astrogilda, a avó da autora, é uma figura central nesse processo poético. Mulher negra, nascida em condições de extrema vulnerabilidade, ela representa uma geração de mulheres que, mesmo diante das adversidades sociais e econômicas, cultivavam uma sabedoria ancestral. Dona Astrogilda engravidou aos 16 anos, solteira, e enfrentou a vida como empregada doméstica e servente, sem perder sua dignidade ou sua capacidade de transmitir valores de resistência e força para sua família. “O livro é um tributo à sua vida e, mais do que isso, um diálogo com a ancestralidade e com o legado que ela deixou", conta a autora.

A forma poética que Vanessa escolhe é acessível, com versos claros e diretos, que convidam o leitor a sentir, mais do que interpretar. Seu estilo, marcado por uma simplicidade intencional, aproxima os sentimentos evocados da experiência cotidiana do público. Os poemas se destacam pela sua musicalidade e pela fluidez com que as palavras são dispostas, criando uma experiência de leitura que é, ao mesmo tempo, emocionalmente intensa e reconfortante. O leitor não é desafiado a compreender camadas complexas de significados, mas a se deixar envolver pela profundidade emocional da escrita, que toca em questões universais: a perda, a memória e o amor que permanece.

Outro aspecto central é a maneira como ela dialoga com o tempo. Para Vanessa, a memória é um campo onde o passado se encontra com o presente, onde as experiências vividas se entrelaçam com as emoções do agora: "O processo de escrita foi um exercício de escuta interior, um caminho para cavar memórias que, de alguma forma, continuam a moldar sua existência". Ela relata que o livro foi escrito ao longo de um ano, em um período marcado por perdas pessoais, incluindo a morte de seu pai, evento que intensificou a necessidade de refletir sobre a finitude da vida e a forma como carregamos os ecos daqueles que nos deixaram.

Além de ser uma celebração da ancestralidade e das memórias familiares, o livro também oferece uma crítica à sociedade moderna, que tende a relegar a memória e o contato com o mundo interior a um segundo plano. Em uma época em que somos constantemente estimulados a focar no exterior e no que está por vir, Vanessa propõe uma pausa, uma reflexão sobre o que se esconde em nossos próprios sentimentos e lembranças. Ao registrar poeticamente essas memórias, ela oferece ao leitor uma oportunidade de reconectar-se consigo mesmo, de rever sua própria história à luz das perdas e das ausências que, por vezes, são esquecidas.

Sobre a autora

Vanessa Valentim, 39 anos, nasceu em Petrolândia, no interior de Pernambuco, mas foi em Recife que cresceu e viveu boa parte de sua vida antes de se mudar para Buenos Aires, na Argentina, onde reside desde 2012. Formada em Letras pela Universidade Católica de Pernambuco (2010), a autora é também especialista em Linguística (2024) e atualmente cursa o Mestrado em Literatura Estrangeira e Literatura Comparada pela Universidad de Buenos Aires.

Sua trajetória profissional é marcada pela docência, começando no Brasil, onde lecionou espanhol em escolas públicas e empresas. Após sua mudança para a Argentina, Vanessa se especializou no ensino de português como língua estrangeira e passou a atuar no Centro Cultural Brasil-Argentina, vinculado à Embaixada do Brasil em Buenos Aires, onde durante dez anos trabalhou na formação de professores, além de ministrar cursos regulares e especializados em fonética, fonologia e teatro em língua portuguesa. Atualmente, leciona na Universidade Pedagógica Nacional, onde é responsável pelas disciplinas de Português I e II.

Além de seu trabalho como professora, Vanessa é uma escritora que utiliza a poesia como forma de autoconhecimento e expressão. Sua primeira obra, Descoberta Nu do Mundo, já revelava seu estilo poético, marcado por uma escrita simples, mas profunda, que busca alcançar o leitor de maneira direta e acessível. Com este novo livro, ela aprofunda ainda mais seu diálogo com o passado e com os sentimentos que perduram, mesmo em meio às perdas.

A obra representa uma continuação do exercício poético da autora, que vê na escrita uma forma de tocar o mundo interior e de valorizar a memória e o tempo presente. Além disso, Vanessa está em processo de transformar o livro em uma performance teatral, integrando sua experiência como atriz à força dos poemas, ampliando assim o impacto de sua obra.


Adquira "(Im)Permanência - Reminiscências de uma estrela que brilha mais":

https://www.amazon.com.br/dp/6525479495?ref=cm_sw_r_cp_ud_dp_70PJ3HW0YFS8PVQ4AN37&ref_=cm_sw_r_cp_ud_dp_70PJ3HW0YFS8PVQ4AN37&social_share=cm_sw_r_cp_ud_dp_70PJ3HW0YFS8PVQ4AN37&skipTwisterOG=1


Confira o poema "Legado pele":


Um mapa do lugar chamado vida.

Marcas irregulares,

traços imprecisos,

manchas.

Linhas retas, curvas, mistas e diagonais

convergem ao tempo,

divergem do tempo

em direção às estrelas.


Aquarela 

do teu envelhecer


Trecho capítulo 8 - “Paraíso Particular”, págs. 40 a 41, do livro “Cobaia 09”, de Alexandre Cavalo Dias

Foto: Acervo pessoal / Divulgação

Capítulo 8 - Paraíso Particular


Mesmo com toda a rotina traçada, havia uma ponta de ansiedade no homem dentro do Land Rover. A expectativa de tomar mais uma dose deixava-o energizado. Eu sou um

viciado, ele repetia para si mesmo, e seu cérebro pragmático tentava resolver a equação. Não havia solução para o vício dentro dos padrões racionais da sua mente. Um vício não é exatamente uma coisa sobre o que temos controle e, até descobrir a droga da empatia, o médico nunca tinha se deparado com uma situação em que não estivesse no comando.

Iniciou os preparativos com cuidado. Para o mundo, ele estaria em uma viagem de negócios em Buenos Aires e só voltaria na noite seguinte. Era uma forma de poder passar o fim de semana sem interrupções, um álibi caso algum contratempo acontecesse. O médico sempre traçava planos de contingência. Uma ou mais saídas além das óbvias. O que ele

fazia na sua vida social era totalmente dentro da lei, não havia uma vírgula que pudesse gerar desconfiança. A clínica era um primor de administração, com a contabilidade feita por profissionais qualificados. Já o que fazia fora dela era crime em tantas esferas que mesmo ele não conseguia calcular quantos anos cumpriria de pena, caso fosse descoberto e condenado. Não pretendia passar as próximas décadas recluso em uma casa de detenção de segurança máxima ou em um manicômio.

Havia construído um cativeiro para as “cobaias” que o abasteceriam com a droga segundo especificações minuciosas. Era um lugar bastante incomum e os últimos detalhes foram finalizados com suas próprias mãos. Não correria o risco de levantar as suspeitas de algum arquiteto curioso. Cobaia era como chamava as vítimas sequestradas, arrancadas de suas vidas para servir de pasto até acabarem. Não eram pessoas comuns. Eram sensitivas com um alto nível de empatia. 

A constatação final de que o abismo dentro dele poderia ser usado a seu favor veio depois que teve contato com a primeira pessoa que possuía o dom da empatia emocional.

Era uma paciente jovem que queria congelar os óvulos, mas passava mal em seu consultório. O médico ficou intrigado ao observar que a mulher só tinha vertigens na sua presença.

Ele também sentia uma diferença no seu abismo interior ao examiná-la. Era uma agitação nervosa do seu vazio, como se ele quisesse sair e dominar a outra pessoa. Apesar do desconforto dos dois, fizeram o congelamento, que deu ao médico acesso a toda a ficha da paciente e um meio de acompanhá-la por um período suficiente para pesquisar e entender o que acontecia. 

Foto: Com.tato comunicação
?

A primeira conclusão a que ele chegou foi de que a mulher pertencia ao raro grupo de pessoas com empatia emocional. Foi uma dedução lógica ligar o fato de ela se sentir mal em sua presença ao revide do seu indomável vazio interior. A empatia e o abismo se chocaram violentamente e ambos percebiam os efeitos físicos desse embate. Ela sentia vertigens, enquanto o médico tinha uma sensação de euforia. Ele nunca havia experimentado nada parecido em toda a sua vida. Eram a empatia e o abismo em luta pelo domínio de cada um. Ele descobriu que o seu vazio queria tomar a mente com quem entrava em contato e a empatia defendia a pessoa desse ataque, igual um organismo reagindo a uma infecção.

O que realmente o interessou foi o sentimento de euforia. Era bom demais para se desprezar. Passou a estudar um meio de conseguir ter aquela sensação de novo. Não possuía conhecimentos suficientes sobre a mente humana e precisou se aprofundar em diversos campos, inclusive a psicanálise. Estudou, com método, a biologia cerebral, ao mesmo tempo em que lia Freud, Jung, Klein, Winnicott, Lacan e tantos outros mestres.

Descobriu onde nasciam tais emoções e como transportar parte da empatia para si mesmo, e isso mudou sua vida. 

Realizar a transfusão necessitava de uma pessoa com fortes poderes empáticos que lhe fornecesse a matéria-prima necessária para a produção da droga. O médico achou que

poderia controlar as emoções de acordo com a dosagem que aplicava. Não deu certo. Rapidamente, tornou-se um viciado  nos sentimentos que só as doses da droga poderiam proporcionar. Essa conclusão mudou radicalmente seu mundo. O que antes era uma rotina entediante passou a ser a rotina psicótica de um adicto.


Minibio do autor: Alexandre Cavalo Dias (@ale_cavalo_dias) é músico, compositor, escritor, editor e roteirista de quadrinhos. Na Abril Jovem, roteirizou histórias para as revistas de Zé Carioca, Urtigão e Margarida. Lançou sua primeira Graphic Novel em 2005, pela Brainstore, chamada “Noite de Caça”, depois vieram outras tantas HQs e  romances. Um dos fundadores da banda “Velhas Virgens”, desde 1986. Criou em 1999 a gravadora e editora Gabaju Records, produziu e lançou 19 CDs das Velhas, 5 DVDs e algumas HQs. Em 2021 recebeu uma indicação ao Grammy Latino como melhor álbum de rock pelo lançamento do disco “O Bar Me Chama” das Velhas Virgens. Como escritor lançou os livros de ficção  “Cobaia 09”,  pela Caravana Grupo Editorial, “Operação Guilhotina”, pela The Books Editora em 2022, “A Vingança dos Mortos”, KDP em 2021, “Remasterizado – Como a  música salvou a minha vida”, “As aventuras de Roxx – As joias do Javali” aventura juvenil e a biografia dos 18 anos da banda Velhas Virgens.

Júlio César Bernardes estreia na poesia com livro que mergulha nas angústias e frustrações da vida contemporânea

Como ser feliz em meio ao fim do mundo? No livro manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta), o escritor e sociólogo paulista Júlio César Bernardes estreia na poesia com uma reivindicação: numa era em que o sofrimento chegou a limites inimagináveis, a tristeza e o incômodo, mais do que legítimos, são necessários. 

O livro, recém-publicado pela editora Cachalote, selo de literatura brasileira do grupo editorial Aboio, é dividido em seis partes e os poemas fluem entre emoções conflitantes, consequência natural das complexidades da vida hipermoderna. Da tristeza à raiva, do desconforto à desesperança. 

Oscilam entre o sarcasmo e a melancolia, e parecem conduzidos por uma sensação constante de cansaço, própria de uma geração da qual o autor faz parte, como em "Razão": "um sopro singelo atrás do ouvido / o veredito sem julgamento / você viveu errado, meu filho / para bater as mãos: / eu sabia! / e sofrer satisfeito pela eternidade / mas nem isso".

Por um lado, a precarização da qualidade de vida em decorrência de crises políticas, sociais e ambientais. Por outro, uma sociedade de consumo hiperconectada, constantemente bombardeada pelo prazer fugaz e pela cobrança incessante por felicidade e estabilidade emocional. No fim, o medo de ter desperdiçado o melhor de si nesse redemoinho caótico.

Voz emergente da literatura brasileira contemporânea, o autor se contrapõe ao individualismo e à busca obstinada pela felicidade como ideal absoluto, explorando em seus versos os fantasmas coletivos que dão lugar às angústias e às frustrações da vida contemporânea: a descrença nas instituições, o lugar da religião, a hipermercantilização, a digitalização dos hábitos, o questionamento da ideia de progresso e sucesso. 

Mais ácido que seu primeiro lançamento, o livro de contos Onde as Verdades Nascem (Editora Patuá, 2022), manifesto contra a felicidade eterna se abre para a vulnerabilidade e encontra na raiva e na insatisfação o combustível para lidar com as questões sociais e existenciais. Ao longo de 96 páginas, desafia o contentamento e desconstrói a noção de fracasso, acolhendo os sentimentos mais sombrios e desconfortáveis como inerentes à existência humana.

Diante da obrigação de estar bem em meio ao caos , manifesto contra a felicidade eterna nos convida a fechar os olhos e dançar com as sombras do nosso tempo.


FICHA TÉCNICA



Título manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta)

Autor Júlio César Bernardes

Gênero Poesia

Dimensões 16x19cm

Nº de Páginas 96

Preço R$ 49,90


Sobre Júlio César Bernardes


Júlio César Bernardes nasceu em 1993, no Vale do Paraíba, e vive há onze anos em São Paulo. É  mestre em Sociologia e graduado em Relações Internacionais e em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, cursa o doutorado em Sociologia pela mesma instituição. 

É autor de Onde as Verdades Nascem (Editora Patuá, 2022) e integrou a primeira turma do Ateliê de Criação Literária da Biblioteca de São Paulo, iniciado em 2023 e conduzido por autores como Marcelino Freire, Bruna Beber, Morgana Kretzmann e Cristhiano Aguiar. 

manifesto contra a felicidade eterna (ou cinco réquiens para uma morte lenta) (Cachalote, 2024) é sua estreia na poesia.

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