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Resenha: Assassino da lua das flores, David Grann

Foto: Arte digital   APRESENTAÇÃO Nos Estados Unidos dos anos 1920, as pessoas com maior renda per capita do mundo eram membros do povo indígena Osage, de Oklahoma. Até que, um a um, os Osage começaram a ser mortos. As primeiras vítimas são a família de Mollie Burkhart. E isso era apenas o começo, pois logo mais e mais homicídios contra nativos americanos aconteceriam, sempre em condições misteriosas. Nessa parcela remanescente do Velho Oeste, habitada por malfeitores como Al Spencer, conhecido como "o terror fantasma", e onde magnatas e homens do petróleo, como J. P. Getty, fizeram fortuna, muitos dos que ousaram investigar os assassinatos em massa também perderam a vida. Com o aumento do número de vítimas, o recém-criado FBI assume o caso, e o jovem diretor, J. Edgar Hoover, convoca um antigo Ranger texano chamado Tom White para ajudá-lo. White reúne uma equipe secreta ― que inclui um agente indígena infiltrado na região  ―  e, junto com os Osage, expõe uma da...

Resenha: Zona de interesse, de Martin Amis

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO A Zona de Interesse, em Auschwitz, era o local onde os judeus recém-chegados passavam pela triagem, processo que determinava se seriam destinados aos trabalhos forçados ou às câmaras de gás. Este romance se passa nesse lugar infernal, em agosto de 1942. Cada um dos vários narradores testemunha o inominável a sua maneira. O primeiro é Golo Thomsen, um oficial nazista que está de olho na mulher do comandante. Paul Doll, o segundo, é quem decide o destino de todos os judeus. E Szmul, o terceiro, chefia a equipe de prisioneiros que ajudam os nazistas na logística do genocídio. Neste romance, Martin Amis reafirma seu lugar entre os mais argutos intérpretes de nosso tempo. RESENHA Discutir a obra de Martin Amis é um desafio intrigante. Por um lado, parece simples: há uma abundância de material, uma riqueza de temas e estilos que saltam das páginas de seus livros. Por outro lado, é uma tarefa complexa, pois cada análise de suas obras recentes inevitavelmente se...

Resenha: Temporada de huracanes [temporada de furacões], de Fernanda Melchor (Spanish edition)

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Um grupo de crianças encontra um cadáver flutuando nas águas turvas de um canal de irrigação próximo à fazenda La Matosa. O corpo acaba por ser o da Bruxa, uma mulher que herdou esta profissão da sua falecida mãe, e que os moradores daquela zona rural respeitavam e temiam. Após a descoberta macabra, as suspeitas e fofocas recairão sobre um grupo de meninos da cidade, que um vizinho viu dias antes enquanto fugiam da casa da bruxa, carregando o que parecia ser um corpo inerte. A partir daí, os personagens envolvidos no crime nos contarão sua história enquanto nós, leitores, mergulhamos na vida deste lugar atormentado pela miséria e pelo abandono, e para onde convergem a violência do erotismo mais sombrio e das sórdidas relações de poder. RESENHA Em “Vozes do Vendaval”, a narrativa se desdobra como um coro polifônico, onde cada personagem é um sopro que se une ao vento da história. A trama começa com o relato de crianças que testemunharam um corpo flutuando...

Resenha: Oppenheimer, de Kai Bird

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO  Oppenheimer  é a primeira biografia completa do “pai da bomba atômica”. J. Robert Oppenheimer foi o brilhante e carismático físico que liderou os esforços para desenvolver uma arma nuclear em favor de seu país durante a guerra. Logo após o bombardeamento de Hiroshima, tornou-se o cientista mais famoso de sua geração ― uma das figuras icônicas do século XX, a personificação do homem moderno que enfrenta as consequências do progresso científico. No entanto, Oppenheimer em seguida se opôs ao uso de bombas nucleares e, em especial, da bomba de hidrogênio. Na hoje quase esquecida histeria do início dos anos 1950, as ideias dele contrariaram poderosos defensores de um avanço nuclear maciço, e, como consequência, foi considerado indigno de confiança para lidar com os segredos do governo dos Estados Unidos. RESENHA Aborde a leitura desta obra com calma e atenção, pois ela desvenda a complexidade de uma figura enigmática cuja vida se entrelaça com a ciê...

Resenha: Se a rua beale falasse, de James Baldwin

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Lançado em 1974, o quinto romance de James Baldwin narra os esforços de Tish para provar a inocência de Fonny, seu noivo, preso injustamente. Livro que inspirou o filme homônimo dirigido por Barry Jenkins, vencedor do Oscar por Moonlight. Tish tem dezenove anos quando descobre que está grávida de Fonny, de 22. A sólida história de amor dos dois é interrompida bruscamente quando o rapaz é acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, embora não haja nenhuma prova que o incrimine. Convicta da honestidade do noivo, Tish mobiliza sua família e advogados na tentativa de libertá-lo da prisão. Se a rua Beale falasse é um romance comovente que tem o Harlem da década de 1970 como pano de fundo. Ao revelar as incertezas do futuro, a trama joga luz sobre o desespero, a tristeza e a esperança trazidos a reboque de uma sentença anunciada em um país onde a discriminação racial está profundamente arraigada no cotidiano.  Esta edição tem tradução de Jorio Dauster e i...

Resenha: A sociedade da neve, de Pablo Vierci

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Em outubro de 1972, um avião fretado da Força Aérea do Uruguai que rumava para o Chile se choca contra uma montanha nos Andes. Das 45 pessoas a bordo - a maioria fazia parte de um time de rúgbi amador -, 29 sobrevivem ao impacto, mas apenas dezesseis serão resgatadas, depois de improváveis 72 dias. Durante esse longuíssimo período, os sobreviventes ficam cercados por rocha e gelo, sem roupas apropriadas, sob temperaturas de até trinta graus negativos, abrigados no que restara da fuselagem depois da colisão. Famintos, lançam mão de um recurso extremo: alimentar-se dos corpos dos amigos mortos. Dez dias depois do acidente, a primeira notícia que ouvem do mundo exterior por um radinho recém-consertado é que as buscas pelo avião foram abandonadas. Como se não bastasse, uma avalanche soterra a fuselagem partida. Os que conseguem sobreviver ficam enterrados vivos durante três dias. Sem outra alternativa, decidem sair de lá por si mesmos. Mas para isso será pre...

Resenha: Doze anos de escravidão, de Solomon Northup

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Considerada a melhor narrativa já escrita sobre um dos períodos mais nebulosos da história americana, Doze anos de escravidão narra a história real de Solomon Northup, um negro livre que, atraído por uma proposta de emprego, abandona a segurança do Norte e acaba sendo sequestrado e vendido como escravo. Depois de liberto, Northup publicou o relato contundente de sua história, que se tornou um best-seller imediato. Hoje, 160 anos após a primeira edição, Doze anos de escravidão é reconhecido como uma narrativa de qualidades excepcionais. Para a crítica, o caráter especial do livro deve-se ao fato de o autor ter sido um homem culto que viveu duas vidas opostas, primeiro como cidadão livre e depois como escravo. “O livro nos encantou: a dimensão épica, o detalhamento, a aventura, o horror, a humanidade. Lia-se como um roteiro de cinema, pronto para ser filmado. Eu não podia acreditar que nunca ouvira falar nele. Pareceu-me tão importante quanto O diário de A...

Resenha: The Help (A resposta), por Kathryn Stockett

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Aibileen é uma empregada negra de Jackson, Mississippi, em 1962, que sempre atendeu ordens em silêncio, mas ultimamente não consegue conter sua amargura. Sua amiga Minny nunca segurou a língua, mas agora precisa de alguma forma manter segredos sobre seu empregador que a deixam sem palavras. A socialite branca Skeeter acabou de se formar na faculdade. Ela é cheia de ambição, mas sem marido é considerada um fracasso. Juntas, essas mulheres aparentemente diferentes se unem para escrever um livro que conta tudo sobre o trabalho como empregada negra no Sul, que pode alterar para sempre seus destinos e a vida de uma pequena cidade. RESENHA Ambientado em 1962, em meio ao Movimento dos Direitos Civis em Jackson, Mississippi, “The Help” entrelaça as vozes de três mulheres distintas. Skeeter, uma aspirante a escritora branca, busca sua voz em uma sociedade que a cerca. Aibileen, uma empregada doméstica, e Minny, sua franca colega, são as narradoras afro-americanas...

Resenha: Nada de novo no front, de Erich Maria Remarque

Foto: Arte digital APRESENTAÇÃO Paul Baumer é filho de uma humilde família alemã durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Convencido de seu dever patriótico por adultos e professores, abandona os bancos escolares e junta-se às trincheiras de soldados alemães. Em pouco tempo, Paul se vê cercado por um ambiente de horror, vê meninos como ele perecerem e percebe que trocou a sua juventude por uma única e cruel certeza: a do absurdo da guerra, esteja-se do lado que se estiver. O clássico Nada de novo no front foi escrito pelo alemão Erich Maria Remarque (1898-1970) a partir das lembranças da sua participação na guerra, durante a qual foi ferido três vezes. Publicado primeiramente em folhetim e, em 1929, em livro, o romance atingiu um sucesso imediato, vendendo 500 mil exemplares somente na Alemanha. Até então, na literatura, a guerra era retratada como um pano de fundo para romances de aventura ou com neutralidade, e era admissível como solução para conflitos políticos. Com a obra-pr...