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Histórico da literatura americana



Considera-se, de modo geral, que as primeiras amostras da literatura norte-americana são constituídas por relatos da descoberta e explorações do Novo Mundo.  Os americanos estavam desgostosamente conscientes de sua excessiva dependência dos modelos literários ingleses. A busca por uma literatura nativa tornou-se obsessão nacional. A independência literária dos Estados Unidos foi retardada por uma identificação persistente com a Inglaterra, pela imitação exagerada dos modelos literários ingleses ou clássicos e por difíceis condições econômicas e políticas que prejudicavam as publicações. Os romancistas americanos enfrentavam uma história de conflito e revolução, uma geografia de vastos ermos não desbravados e uma sociedade democrática fluida e relativamente sem classes. À medida que as máquinas modernas mudavam o ritmo, a atmosfera e a aparência da vida diária no início do século 20, muitos artistas e escritores, com graus variados de sucesso, reinventavam formas artísticas tradicionais e buscavam radicalmente outras novas formas de literatura. Isso permanece até hoje, com artistas contemporâneos que buscam mudanças de pensamento e novas visões de mundo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para que os novos colonizadores dos Estados Unidos pudessem escrever em sua nova pátria, eles precisavam primeiro adquirir o sentimento de nacionalidade. Este sentimento no inicio da Colonização ainda continha traços de nostalgia da pátria de origem, ou seja, a Inglaterra. Foi preciso que os primeiros habitantes da Nova Inglaterra primeiro construíssem o sentimento de nacionalidade e internalizassem toda a mudança cultural entre a Europa e a América para, somente assim, amadurecerem também quanto a literatura. Pois uma literatura de qualidade somente se apresenta quando o homem se sente inserido na sociedade, e com prazer de expressá-la. Foi o caso dos primeiros escritores no século XVII como: Hector St. Jonh de Crèvecoeur (1735-1813), o poeta William Cullem Bryant (1794- 1878), James Fenimore Cooper (1789- 1851). O escritor Hector St. Jonh de Crévercoeur era francês exilado da Pensilvânia. Foi o introdutor da literatura americana. Mas seu lado artístico começou a aparecer somente no século XIX. O escritor William Cullem Bryant se inspirava através da paisagem, e se propunha a escrever as flores nativas da América superiores as Européias. Já Bryant era americana de nacionalidade. Escrevia uma poesia espontânea e fresca como a pátria adolescente. Em suas poesias ficam implícitas tendências à religiosidade, mas não com o mesmo fervor que era no início da colonização. Era através da natureza que o homem iria repousar com Deus, encontraria a paz espiritual. Entretanto antes deste escritor mencionado, Joseph Rodman Drake (1795-1820), abordava a natureza através da magia de fadas, e apresentava em sua obra a mais lindas das árvores Americanas " A dogwood tree" dando vida a seu mundo de insetos e folhagens. Entretanto, o escritor que descreveu a natureza como encontrou os primeiros colonizadores, foi Finamore Cooper. As lutas entre os índios e os brancos, entre revoltosos e os britânicos, envolve o leitor através das aventuras que aconteceram nesta época. Escreve através de muitas descrições, detalhando a natureza de forma espetacular, ajudando a compor suas aventuras do início da colonização dos Estados Unidos. Outro escritor que também se dedicou a descrever a natureza foi Henry Thoreau. Com olhos de naturalista, descreveu a natureza através de pesquisas, e da sua alma, fruto de muita observação ao longo dos anos. Em “Lago de Walden”, ele observou a intervenção do homem na natureza, após verificar algumas pessoas retirarem o gelo do rio a fim do comércio. O início da colonização dos Estados Unidos foi marcado por intolerância religiosa. Os Ingleses que foram exilados na Nova Inglaterra, por serem adeptos ao puritanismo, também fizerem fortes perseguições aos revoltosos que não eram adeptos a esta religião na nova Inglaterra. A igreja era o lugar onde os sermões eram propagados, eram inspirados pelo temor severo a Deus. Homens como Cotton, Thomas Hooker e Williams eram que formavam a elite da nova Inglaterra. Foram eles que romperam com a igreja Anglicana e se propuseram ao exílio na nova Inglaterra. Thomas Hooker foi o fundador da colônia de Connecticut , sendo um exímio pregador eloqüente. Roger Williams foi o fundador de Rhode Island. Já Cotton foi o espírito condutor de Massachusets. Estes teólogos, pregadores, abriram conflitos contra as seitas, plesbeteriana, a calvinista e a congregacionista. Tendo os seus desacordos, apenas um ponto era comum entre esses seguimentos religiosos; o pecado e o merecido castigo. Neste ínterim vários livros e hinos foram escritos para representar o temor ao pecado. Um dos poetas inspirados neste assunto foi Michael Wigglesworth, (1631- 1705). Obra que poderemos considerar como o primeiro best seller, The Day of Doom. O fanatismo religioso nesta época tomou proporção gigantesca, e qualquer caso anormal fora dos patrões da Igreja, era considerado como bruxaria. Caso como as Bruxas de Salem ainda são escritos nos dias atuais, inclusive readaptados para o cinema. No século XVIII, as idéias de liberdade após avançarem na Inglaterra, também começaram a desabrochar nas colônias. Roger Williams, um dos mais brilhantes filósofos da colônia foi obrigado a retirar-se de Sallem, por causa do fanatismo, por negar o direito à igreja de ser a detentora da verdade. Outro liberalista, John Wise também foi expulso de Massachusetts. Paine também foi outro idealista e propunha que somente o povo poderia ser rei. Exilado de sua pátria mãe e da colônia, Paine foi para a França. Em 1794 foi preso e voltou para os Estrados Unidos. À medida que se desenvolvia as colônias, cresce também o desejo da população de ter mais liberdade de expressão e um poder centralizado. Um governo que atenda a situações locais e não alienada e humilhada pelo forte abuso da metrópole. Consciência esta que mais tarde culminará em sua dependência e progressivamente a união das treze colônias.
O movimento romântico, que surgiu na Alemanha e logo se espalhou, chegou aos Estados Unidos por volta de 1820. O ideário romântico era permeado pela dimensão estética e espiritual da natureza e pela importância da mente e do espírito individuais. Os românticos destacavam a importância da arte da auto-expressão para o indivíduo e para a sociedade.
À medida que o eu único, subjetivo ganhava importância, verificava-se o mesmo no âmbito da psicologia. Técnicas e efeitos artísticos excepcionais foram criados para evocar estados psicológicos elevados. O “sublime” — efeito da beleza na grandiosidade (por exemplo, vista do alto da montanha) — produzia sentimentos de assombro respeitoso, reverência, imensidão e uma força além da compreensão humana.
Walt Whitman, Herman Melville e Emily Dickinson — assim como seus contemporâneos Nathaniel Hawthorne e Edgar Allan Poe — representam a primeira geração literária importante dos Estados Unidos. No caso de escritores de ficção, a visão romântica tendia a se expressar na forma que Hawthorne chamava de “romance”, uma forma sofisticada, emocional e simbólica da narrativa ficcional. Segundo a definição de Hawthorne, os “romances” não eram histórias de amor, mas literatura de ficção séria que recorria a técnicas especiais para comunicar significados complexos e sutis.
Em vez de definir cuidadosamente os personagens de forma realista por meio da riqueza de detalhes, como fazia a maioria dos romancistas ingleses ou continentais, Hawthorne, Melville e Poe construíram figuras heróicas maiores do que a vida, impregnadas de significados míticos. Os protagonistas típicos do chamado romance americano são pessoas atormentadas e isoladas. Arthur Dimmesdale ou Hester Prynne, de Hawthorne, em A Letra Escarlate, Ahab, de Melville, em Moby Dick, e muitos dos
personagens segregados e obcecados dos contos de Poe são protagonistas solitários jogados ao destino sombrio e impenetrável que, de alguma maneira misteriosa, se sobrepõem ao seu “eu” inconsciente mais profundo. As tramas simbólicas revelam ações ocultas do espírito angustiado.
Uma razão para essa exploração ficcional dos recôncavos da alma era a ausência na época de uma comunidade estabelecida. Os romancistas ingleses — Jane Austen, Charles Dickens (o grande favorito), Anthony Trollope, George Eliot e William Thackeray — viviam em uma sociedade tradicional, bem articulada e complexa, além de compartilhar com seus leitores atitudes que embasavam sua ficção realista.
O romancista americano tinha de adotar uma estratégia própria. Os Estados Unidos eram, em parte, uma fronteira indefinida, em constante movimento, habitada por imigrantes que falavam diversos idiomas e cujo estilo de vida era estranho e rude. Portanto, o personagem principal de uma narrativa americana poderia se encontrar sozinho entre tribos canibais, como em Taipi – Paraíso de Canibais, de Melville, ou explorar terras selvagens, como os caçadores de peles de James Fenimore Cooper, ou ter visões de sepulcros isolados, como os personagens solitários de Poe, ou encontrar o demônio durante uma caminhada pela floresta, como o jovem Goodman Brown de Hawthorne. Praticamente todos os grandes protagonistas americanos são “solitários”. O americano democrático teve, por assim dizer, de se “inventar” a si mesmo. O romancista americano sério também precisou criar novas formas: daí o formato disperso e idiossincrático do romance Moby Dickde Melville e a narrativa em clima de sonho e divagação de Poe, O Relato de Arthur Gordon Pym.
A Guerra Civil Americana (1861-1865) entre o Norte industrial e o Sul agrícola e escravagista foi um divisor de águas na história dos EUA. Os negócios prosperaram rapidamente após a guerra. Surgindo assim, os problemas da urbanização e industrialização. Na época da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham se tornado a maior potência mundial.
A industrialização cresceu e, com ela, cresceu também o distanciamento. Dois grandes romancistas desse período — Mark Twain e Henry James — reagiram cada um à sua maneira. Twain voltou-se para o Sul e o Oeste no coração dos Estados Unidos rurais e fronteiriços para encontrar seu mito definidor; James voltou-se para a Europa a fim de avaliar a natureza dos novos americanos cosmopolitas.
Muitos historiadores caracterizaram o período entre as duas guerras mundiais como o “amadurecimento” traumático dos Estados Unidos. No “grande boom” do pós-guerra, os negócios floresciam e os bem-sucedidos prosperavam além do que podiam imaginar em seus sonhos mais desvairados. Os americanos dos chamados “loucos anos 20” se apaixonaram pelos entretenimentos modernos.
Apesar dessa prosperidade, os jovens ocidentais na “vanguarda” cultural encontravam-se em um estado de rebelião intelectual, enfurecidos e desiludidos com a guerra selvagem e com a geração mais velha que responsabilizavam. Ironicamente, as condições econômicas difíceis do pós-guerra na Europa permitiam que os americanos endinheirados — como os escritores F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Gertrude Stein e Ezra Pound — vivessem no exterior confortavelmente com pouquíssimo
dinheiro e absorvessem a desilusão do pós-guerra e também outras correntes intelectuais européias, em particular a psicologia freudiana e, em menor grau, o marxismo.
Diversos romances, em especial O Sol Também se Levanta (1926), de Hemingway, e Este Lado do Paraíso (1920), de Fitzgerald, evocam a extravagância e a desilusão do que a escritora americana expatriada Gertrude Stein chamou de “a geração perdida”. Em “A Terra Desolada” (1922), longo e influente poema de T.S. Eliot, a civilização ocidental é simbolizada por um deserto desolado necessitando desesperadamente de chuva (renovação espiritual).
A expansão do ensino superior e a disseminação da televisão nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial possibilitaram que pessoas comuns obtivessem informações por conta própria e se tornassem mais sofisticadas. As difundidas teorias da psicologia freudiana enfatizaram as origens e a importância da mente individual.
A ascensão do individualismo de massa — bem como os movimentos pelos direitos civis e contra a guerra dos anos 1960 — deu mais poder a vozes antes emudecidas. Os escritores revelaram a sua natureza mais íntima, bem como experiências pessoais, e a relevância da experiência individual indicava a importância do grupo ao qual estava ligada. Homossexuais, feministas e outras vozes marginalizadas exaltavam suas histórias. Escritores judeus americanos e negros americanos encontraram grande público por causa de suas variações do sonho ou do pesadelo americano. Escritores de origem protestante, tais como John Cheever e John Updike, discutiram o impacto da cultura do pós-guerra em uma vida como a deles. Alguns escritores modernos e contemporâneos ainda estão ligados a tradições mais antigas, como o realismo. Alguns podem ser descritos como classicistas, outros como experimentais estilisticamente influenciados pela transitoriedade da cultura de massa ou por filosofias como o existencialismo ou o socialismo. Outros são mais facilmente agrupados por etnia ou região. No entanto, como um todo, os escritores modernos sempre afirmam o valor da identidade individual.
É importante salientar que poetas e escritores americanos estiveram à testa de um dos maiores movimentos sociais e culturais do século XX, a Contracultura, detonado pela Geração Beat, prolongando sua influência para muito além da poesia e da literatura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura americana, no início, se traduz com o ideal da religião puritanista. Vimos que essa trajetória foi rodeada por um fanatismo religioso e que muitas pessoas foram mortas injustamente. Mais tarde, com o fanatismo mais brando, os escritores começaram a escrever propriamente a literatura, pois o enfoque não era mais a persuasão do povo, para ter mais fiéis, e sim como uma arte que reflete a beleza da terra americana. Entretanto, esse processo foi necessário para que a literatura amadurecesse, virando arte, e deixando de ser um instrumento opressor.
Com o passar dos anos, a literatura americana tornou-se presente no mundo inteiro, com um estilo de escrita diversificado e inovador, que levou seus autores a serem constantemente consagrados. Sabe-se que a literatura norte-americana deve sua grandeza à toda a história que o país já vivenciou, às suas vitórias e derrotas e, acima de tudo, aos intelectuais que tornaram isso possível.

REFERÊNCIAS

http://rogsil.wordpress.com/2007/08/07/literatura-norte-americana/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_dos_Estados_Unidos
http://www.embaixadaamericana.org.br/HTML/lite

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