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Resenha: Édipo rei, de Sófocles



Falar do poder cênico de Édipo Rei de sua performance em um teatro em ato, é, aqui, no Brasil, considerá-lo sobretudo em português, quer dizer, em uma tradução e no que ela se mostra capaz não só de restituir, como de vivificar, quando colocada nos lábios de uma ator que se exprime nesta língua e que deve fazer falar o seu gesto, a sua linguagem representativa neste mesmo idioma, sem perder a relação com a fala de origem, no caso o grego. E tal é justamente uma das preocupações fundamentais de Trajano Vieira na sua marcante transcriação da peça de Sófocles, que vem integrar a Coleção Signos da Editora Perspectiva.

ISBN-13: 9788527302630
ISBN-10: 8527302632
Ano: 2007 / Páginas: 192
Idioma: português
Editora: Zahar

RESENHA:

A tragédia de “Édipo Rei” escrito por Sófocles, é um dos pilares da psicanálise clássica.
Freud se baseou neste mito para formular o conceito do Complexo de Édipo, a preferência velada do filho pela mãe, acompanhada de uma aversão clara pelo pai.
A história, conta sobre um rapaz -Édipo- que se casou com sua própria mãe e matou seu pai, sem ter a menor noção do que fazia. Quando a verdade foi revelada Jocasta -mãe e esposa de Édipo- se mata e Édipo fura seus próprios olhos, pois depois que descobriu a verdade não via mais nenhum modo de olhar o mundo.
O livro ajuda bastante a compreender melhor o Complexo de Édipo, que começamos a estudar em sala, em Infância e Adolescência, pois foi este mesmo que ilustrou para Freud a ideia de que o filho tem algo “contra” o pai inconscientemente, mas só por querer ser igual, ou melhor, a ele, querendo tudo o que o pai tem inclusive a mãe.

RELATÓRIO DO LIVRO “ÉDIPO REI” – SÓFOCLES

O livro “Rei Édipo” trata da tormenta vivida por Édipo ao saber pela profecia de Delfos que irá matar o pai e desposar a mãe. 
Édipo nasceu em Tebas. Era filho do Rei Laio e Jocasta. Certa ocasião, o oráculo profetizou que Laio seria morto pelo próprio filho. Assim, Édipo foi entregue a um pastor do Monte Citéron, com os tornozelos perfurados para que não pudesse se locomover, ou seja, estava entregue à morte.
No entanto, esse pastor ficou comovido e entregou a criança a outro homem, que por sua vez, levou o menino para o Rei de Corinto - Pólibo, que não tinha filhos.
Édipo crescia ao mesmo tempo em que aumentavam os comentários de que ele não era filho legítimo de Pólibo, mesmo tendo o Rei lhe assegurado tal informação. Para sanar suas dúvidas, Édipo vai a Delfos consultar o oráculo.
O oráculo não lhe revela os pais verdadeiros, mas lhe conta que é destinado a matar o pai e casar com a própria mãe. Horrorizado, Édipo deixa Delfos disposto a nunca mais retornar a Corinto, onde viviam Pólibo e sua esposa, então seus pais.
Nas redondezas de Delfos, ele se depara com a carruagem do Rei Laio. Esse encontro acaba mal, pois em meio a uma confusão, Édipo mata Laio, seu pai verdadeiro.
Édipo acaba chegando a Tebas, cidade de Laio, a qual estava sendo aterrorizado pela Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que fazia charadas, sendo que àqueles que não conseguissem solucioná-las eram jogados num precipício.
Quando a morte de Laio se tornou conhecida em Tebas, o trono e a mão da rainha de Laio foram oferecidos ao homem que pudesse solucionar a charada e livrar a região da terrível Esfinge. Para Édipo a charada não ofereceu problema. Ele respondeu a pergunta “O que é que anda em quatro pernas, em três pernas e em duas pernas?” com destreza: “O homem, pois quando bebê engatinha de quatro, cresce e anda em duas pernas e com a idade necessita do suporte de uma terceira perna, uma bengala”. Quando a Esfinge escutou a resposta, ficou tão enraivecida e mortificada que se jogou no precipício. 
Com isso, os cidadãos de Tebas o fizeram Rei. Ele se casou com Jocasta, com quem teve dois filhos, Etéocles e Polínece, e duas filhas, Antígona e Ismênia. Mais tarde, outra praga se abateu sobre a região de Tebas.
A colheita morria nos campos, os animais não se reproduziam, as crianças estavam doentes e os deuses não respondiam às preces. Creonte, irmão de Jocasta, retornou de sua consulta ao oráculo de Delfos, que disse que a maldição acabaria quando o assassino de Laio fosse descoberto. Édipo tomou a tarefa de encontrá-lo. Consultou o profeta cego Tirésias, que relutou em revelar a identidade do assassino, mas acabou por fim falando que era Édipo o vilão: "o homem que procuras há tanto tempo, por meio de ameaçadoras proclamações, sobre a morte de Laio, ESTÁ AQUI! Passa por estrangeiro domiciliado, mas logo se verá que é tebano de nascimento, e ele não se alegrará com essa descoberta. Ele vê, mas tornar-se-á cego, é rico, e acabará mendigando; seus passos o levarão à terra do exílio, onde tateará o solo com seu bordão. Ver-se-á, também, que ele é ao mesmo tempo, irmão e pai de seus filhos, e filho e esposo da mulher que lhe deu a vida; e que profanou o leito de seu pai, a quem matara".
Com isso, Édipo suspeitou que seu cunhado Creonte estivesse tramando junto com Tirésias para roubar o trono.
Com a chegada de um mensageiro vindo de Corinto, que conta que Pólibo havia morrido de morte natural. Assim, Édipo se sente feliz por aparentemente ter se livrado de pelo menos uma parte da profecia do oráculo. Só que o mensageiro vai além e assegura a Édipo que Pólibo e sua esposa não eram seus pais.
Para desvendar o mistério chega o pastor de Laio, agora um velho, a única testemunha viva da morte do Rei. O homem diz que tomou o filho de Laio e com pena o entregou ao pastor de Pólibo ao invés de deixá-lo morrer. A criança era Édipo.
Jocasta volta ao palácio, onde se enforca. Édipo, por sua vez, arranca os broches de ouro do vestido dela e golpeia os próprios olhos, pois, “como olhar o mundo, agora que vejo a verdade?”. Édipo era feliz quando “não via” a realidade, imaginando-se um homem poderoso, quando na verdade havia matado o pai e tido uma relação incestuosa com a mãe.

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