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Resenha: O manifesto comunista, de Marx Engels


ISBN-13: 9788571109308
ISBN-10: 8571109303
Ano: 2006 / Páginas: 132
Idioma: português

Em 1848, a Europa atravessava uma profunda convulsão social, marcada sobretudo pela eclosão de movimentos operários. Em toda parte os trabalhadores industriais formavam sociedades secretas para se organizar, protestar e escapar da repressão policial. As autoridades europeias tentavam resolver o problema deportando as lideranças socialistas, o que servia apenas para disseminar as idéias revolucionárias. Em vista do recrudescimento dos conflitos na Alemanha, a Liga Comunista -- uma dentre tantas agremiações clandestinas de líderes exilados -- encomendou a dois de seus associados, Karl Marx e Friedrich Engels, a elaboração de um documento que orientasse a ação dos operários. O texto teria também o propósito de definir uma doutrina política, o comunismo. Surgia assim o Manifesto Comunista, que logo se tornou o panfleto mais lido da história. Mais que um panfleto, contudo, o texto era uma síntese da análise que seus autores faziam da luta de classes naquele momento. Afirmava-se que a sociedade burguesa estava fadada a desaparecer e conclamava-se o proletariado do mundo todo a se unir. Pela linguagem fácil e por condensar muito bem as ideias, o texto passou a ser adotado como guia de lutas que incendiariam o século XX, como as revoluções na Rússia, na China e em Cuba.

Nesta edição ricamente ilustrada de O "Manifesto comunista" de Marx e Engels, David Boyle -- que escreve sobre política e história das idéias -- retraça para o público leitor todo o contexto em que o documento foi criado: a posição que os autores ocupavam no movimento comunista europeu; a situação política e intelectual em que surgiu o documento; o papel que desempenhou na definição dos ideais comunistas da época. Boyle analisa também os efeitos imediatos e de longo prazo do Manifesto comunista, o legado que deixou para a posteridade e sua importância, ainda hoje, para a história das idéias.

Sociologia / Filosofia / Não-ficção / Política

RESENHA:
Resenha Crítica do texto “O Manifesto Comunista”

“A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão, e possam desfrutá-la em toda sua plenitude”.
Leon Trotsky

O Manifesto Comunista foi escrito pelos teóricos fundadores do socialismo científico, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels, e publicado pela primeira vez em fevereiro de 1848. A obra é uma das mais importantes da história quando se trata de sociologia. Seu principal escritor, Karl Marx, foi filósofo, historiador, teórico político e economista, sendo considerado um dos maiores pensadores já existentes na área de ciências políticas. Escreveu inúmeras obras, dentre elas o aqui comentado Manifesto Comunista, O Capital1 e Teses sobre Feuerbach.

O Manifesto Comunista foi publicado em um contexto de crise na Europa capitalista. As Revoluções de 1848 2 eclodiam em todo o continente, representando os ideais liberais e nacionalistas. Marx influenciou não só tais revoltas, como muitas outras posteriores, incluindo a Revolução Russa em 1917.

Em relação ao conteúdo, se destacam dois temas principais no texto: a luta ininterrupta de classes entre a burguesia e o proletariado e a opressão sofrida por esta última, aplicada e sustentada pela classe burguesa. Não é deixada de fora a análise histórica da ascensão dos burgueses em decorrer da Idade Moderna, derrotando o poder monárquico e as instituições religiosas para se firmar no poder. Os autores afirmam que, com o surgimento e fixação da burguesia como classe social dominante, surge simultaneamente a camada operária, que uma vez explorada e oprimida pelos capitalistas burgueses, tende a se revolucionar e acabar com a desigualdade econômica e social estipulada pela sua exploração. A conclusão é que a burguesia cria seus próprios coveiros.

Também são trabalhados os conceitos de divisão social e mais-valia, ambos muito importantes para a compreensão da obra. A divisão social é explicada por Marx como a alienação e coisificação do operário, uma vez que seu trabalho perde o valor ao ser substituído ou complementado por uma máquina. A função do trabalhador se especifica em saber operar uma máquina, ou participar de uma parte particular da linha de montagem de uma indústria, o que faz com que o proletário perca a noção do valor do seu trabalho. Daí vem a mais-valia. Uma vez perdido o valor do trabalho, o burguês pode pagar o quanto quiser pelo esforço de seu empregado, pois o mesmo não percebe que está sendo intensamente explorado. É deixado claro no texto que os salários pagos à classe operária são demasiado baixos, implicando no lucro da classe opositora: a burguesia.

Marshal Berman afirma “O Manifesto expressa algumas das mais profundas percepções da cultura modernista e, ao mesmo tempo, dramatiza algumas de suas mais profundas contradições internas”3 se referindo à complexidade da obra de Marx, que após muitos anos, devido ao seu legado genial, ainda se mostra atual e desafiadora.

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