A paixão por seu país leva Policarpo Quaresma à loucura. Mas nem o patriotismo doentio é suficiente para protegê-lo da fúria repressiva do governo Floriano Peixoto. Nesta obra-prima da literatura brasileira, Lima Barreto faz crítica do nacionalismo exagerado e promove uma bem-humorada revisão da história de nossa República.
ISBN-13: 9788508043187
ISBN-10: 850804318X
Ano: 1990 / Páginas: 216
Idioma: português
Editora: Ática
RESENHA
BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma / Lima Barreto; texto condensado por Celso Leopoldo Pagnan. - 1 ed. - São Paulo : Rideel, 2000. - (Clássicos Rideel)
Aloísio Kleyner da Silva Lima Júnior, Colégio Comercial de Serrinha
Lima Barreto, jornalista e romancista brasileiro, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881, foi cronista dos costumes da sociedade do seu tempo e um dos mais expressivos romancistas brasileiros. Filho de um tipógrafo da Imprensa Nacional e de uma professora pública, Lima Barreto era mestiço de nascença e foi iniciado nos estudos pela própria mãe, de quem ficou órfão aos 7 anos de idade. Desenvolvendo um estilo humorístico e satírico, seus romances tornaram-se muitos populares. Entre suas principais obras estão: "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", "Triste Fim de Policarpo Quaresma" e "Clara dos Anjos".
“Triste Fim de Policarpo Quaresma” narra a história do personagem Policarpo Quaresma, que possui o título de major. Major Quaresma é extremante patriota e isso faz que o mesmo busque conhecer sobre tudo que é de origem brasileira, tendo aversão a elementos de culturas estrangeiras. Muitas vezes é julgado como louco por seu patriotismo, indo uma vez parar em um hospício por querer implantar o língua tupi como a oficial do Brasil.
Depois de verem que ele estava “curado” desse patriotismo doentio, o tiram do hospício e Policarpo Quaresma resolve ir morar em uma fazenda. Depois de muito tempo vivendo e trabalhando no campo, é chamado, devido ao seu posto de major, para participar de um combate à uma revolta que está ocorrendo no Rio de Janeiro. Indo contra algumas ações da polícia carioca no combate à revolta, Policarpo Quaresma é preso e executado por ir contra à algumas idéias da polícia do Rio de Janeiro.
A obra se trata de uma crítica feita por Lima Barreto ao nacionalismo ufanista surgido no final do século 19 e início do século 20 no Brasil. Tal crítica já induz que a obra se trata do movimento Pré-modernista, pois faz uma crítica à um problema real do país. Lima Barreto vai mais além e sua crítica não se resume apenas a um ideal coletivo, mas também cada personagem da obra. A crítica severa feita aos vários valores colocadas na obra pode ser atribuída ao revoltado temperamento característico do autor. “Triste Fim de Policarpo Quaresma” traz o embate entre a utopia e a realidade, onde um conjunto de idéias construídas por Major Quaresma, idéias estas que buscam valorizar a cultura brasileira na sua vasta complexidade, é severamente criticada e transformadas em alvos de piada pela sociedade, que o julgam louco.
O texto traz uma análise da política autoritária e desenfreada que é presente na época, política esta que age como quer em nome da ordem social. É irônica a forma que Policarpo Quaresma é morto. Um personagem que sempre amou seu país, sempre o valorizou, é morto pela pátria amada por apenas ir contra alguns dos seus ideais. Lima Barreto a partir disso leva o leitor à reflexão dos seus ideais patrióticos e de seu julgamento sobre o que é certo e o que é errado. “Vale a pena amar uma nação que não valoriza o seu valor?” Esse é umas das principais discussões causadas pela reflexão da obra, que põe o leitor no meio da dúvida de seus ideais da sociedade em que vive.
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