FRANK, Otto. O Trauma do Nascimento: De Weimar a Weimar. In: A cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
O texto O trauma do Nascimento de Peter Gay tem por objetivo demonstrar os eventos políticos, culturais e sociais no momento em que Weimar se torna a República sede da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.
Apesar de a Alemanha ter saído derrotada na Primeira Guerra, Weimar representava a esperança da resiliência. Voltada para os movimentos culturais e artísticos, Weimar apresentou um novo tipo de arte, uma nova mentalidade, apesar da repressão dos opositores a este novo modelo de sociedade que estava em formação. Segundo o autor, tal pensamento modernista já existia mesmo antes da criação de Weimar, o que ocorreu foi a liberação de tais ideais.
Porém, apesar dessas mudanças no cenário intelectual em contrapartida, o cenário político continuava instável, pois assim como havia populações favoráveis à cultura Weimar, também existiam os opositores em grande número.
De acordo com Peter Gay o cenário político entrava em crise, vejamos:
“Os primeiros quatro anos da República foram de crise quase ininterrupta, uma época verdadeiramente de distúrbios. A Guerra Civil sangrenta, o ressurgimento dos militares como um fator político, o insucesso em desacreditar a aliança aristocrata-industrial que havia dominado o Império, a frequência dos assassinatos políticos e a impunidade dos assassinos políticos, a imposição do tratado de Versalhes, o Putch Kapp, e outras tentativas de subversão interna, a ocupação do Ruhr pela França, a inflação astronômica – todos esses fatores davam novo alento aos monarquistas, aos militaristas fanáticos, aos anti-semitas e xenófobos de toda a espécie (...)”. (pg.24).
Portanto, apesar da vitória da constituição da República Weimar, a mesma ainda estava vivendo sob tais espectros políticos e principalmente militares que ameaçavam voltar. As guerras internas de diferentes grupos ideológicos também colocavam à prova a estrutura político-social de Weimar, pois o resultado de tal embate ideológico partidário definiria o futuro da Alemanha.
Outro fator que o autor aponta é a assinatura do Tratado de Versalhes se tratava do reconhecimento de culpabilidade do resultado da Primeira Guerra, e também perderia o domínio sobre a “Alsácia-Lorena, o Corredor Polonês, o norte de Schleswig-Holstein, e outras pequenas áreas (...)” (pg.30). Tal reconhecimento engendrou uma série de movimentos sociais contra a assinatura do Tratado, o mesmo significaria humilhação pública.
O que vemos nos últimos parágrafos é o declínio paulatino do sistema político de Weimar. O ressurgimento do Exército alemão, segundo o autor, foi de responsabilidade dos governantes de Weimar, o que deu início a uma série de assassinatos políticos, partidários espartaquistas (comunistas), e judeus.
A partir desta abertura, foram inseridos na administração pública e outros setores a disseminação dos ideais nazifascistas e, por conseguinte a dominação da Alemanha.
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