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[RESENHA] Sociedade em rede (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura), de Manuel Castells


Manuel Castells. A Era da Informação: economia sociedade e cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra, p. 411 – 439.

SINOPSE: Edição revista e ampliada, com capa e projeto gráfico novos do primeiro volume da aclamada trilogia A Era da Informação Este tomo busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação. Baseado em pesquisas feitas nos Estados Unidos, Ásia, América Latina e Europa, este livro procura formular uma teoria que dê conta dos efeitos fundamentais da tecnologia da informação no mundo contemporâneo. Aqui Manuel Castells examina os processos de globalização que marginalizavam e agora ameaçam tornar insignificantes países e povos inteiros – excluídos das redes de informação. Mostra que, nas economias avançadas, a produção se concentra hoje em uma parcela instruída da população com idade entre 25 e 40 anos. Sugere que o resultado dessa tendência progressiva pode não ser o desemprego em massa, mas sim a flexibilização extrema do trabalho, a individualização da mão de obra e, em consequência, uma estrutura social altamente segmentada. Castells conclui examinando os efeitos e as implicações da transformação tecnológica na cultura da mídia, na vida urbana, na política global e no tempo. Escrito por um dos maiores cientistas sociais da atualidade, A sociedade em rede é o primeiro volume da trilogia A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, composta ainda de O poder da identidade e de Fim de milênio.

Janete Cordeiro Lorenzoni*

A grandiosa obra de Castells analisa a sociedade, o surgimento de um novo mundo na era da informação. Busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação que é concebida em meados do século XX. Identifica os processos de globalização que marginalizavam pessoas, comunidades e nações e que com a era da informação torna insignificantes todos os que estão excluídos das redes de informação. Há um abismo cada vez maior entre a elite da informação e as demais pessoas que se fecham em comunidades como forma de resistência a essa forma de dominação.
A conclusão geral do livro formado por uma trilogia de volumes, escrito por um dos maiores cientistas sociais da atualidade, traz a análise que se desdobra na identificação de uma nova estrutura social marcada pela presença e o funcionamento de um sistema de redes interligadas.

O resultado da interação de vários processos como o da revolução tecnológica da informação, a crise e reestruturação do capitalismo e estatismo e a manifestação dos movimentos sociais e culturais, foram o berço desta nova era. A partir daí ocorreram a fragmentação do trabalho e flexibilização dos direitos do trabalhador, exclusão social, separação entre a lógica de mercado e a experiência dos trabalhadores, além da crise do Estado-nação.
Como alternativas para combater tais padrões de dominação na sociedade, surgem as “comunas de identidade e resistência” que ao invés de constituir a sociedade e transformá-la, poderão fragmentar-se e aumentar ainda mais a distância entre a elite da informação e as demais pessoas.

O século XXI será marcado por grandes descobertas, transformações na organização da sociedade ,expansão da economia global e por uma “perplexidade consciente”. Porém “não há mal eterno”, a transformação social é possível com ações conscientes e responsáveis. O estudo de Casttels identifica o caminho que a sociedade está trilhando como consequência de suas próprias ações. O modo de desenvolvimento econômico que visualiza uma transformação social, não substitui o atual capitalista, mas a sua transformação marcada pela presença e o funcionamento de um sistema de redes interligadas. A Era da Informação representa a capacidade humana de produzir para o desenvolvimento do bem estar para as pessoas e estas de forma harmônica com a natureza.

Tudo isso seria possível se não houvesse desigualdade social. Desigualdade esta agravada por um sistema econômico perverso que nas suas adaptações seja por necessidades exigidas pela globalização seja pela Era da Informação, ou por outras mutações, não perde o seu objetivo, o seu foco que é a garantia de acúmulo de capital à custa da compra de trabalho. É neste quadro que se faz necessário transformar a realidade não apenas mudá-la. E disso depende de participação cidadã em todos os espaços e instâncias da sociedade inclusive no espaço da “informação”.
A obra de Castells, pela sua análise abrangente, é material importante e relevante não só para o mundo acadêmico como também para gestores de governos, pois é capaz de agregar várias dimensões passíveis de reanálise, que poderão servir de base para formação de políticas públicas em ralação a temas importantes elencados pelo autor como as transformações estruturais do mundo do trabalho, a diversidade cultural, exclusão social, segregação de comunidades, etc.

Manuel Castells nasceu na Espanha em 1942 e é, desde 1979, catedrático de sociologia e planejamento urbano e regional na Universidade de Califórnia, Berkeley. Foi também professor da École Pratique dês Hautes Études em Sciencies Sociales em Paris, catedrático e diretor do Instituto de Sociologia de Novas Tecnologias da Universidade Autônoma de Madri, professor do Conselho Superior de Pesquisas Científicas em Barcelona e professor visitante em 15 universidades da América Latina. Publicou 20 livros em várias línguas. É membro da Academia Européia.
*Acadêmica do Curso de Serviço Social da Unijui.
(Cruz Alta, 2010)

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