O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
Ficção / Drama / Literatura Estrangeira
SUASSUNA, Ariano: O auto da compadecida. São Paulo: Nova Fronteira: 2018, 165p ISBN B07CHYVT6F
Auto da Compadecida de Ariano Suassuna combina elementos da cultura pop com automóveis medievais e livros de cordas, aproximando-se de apresentações circenses e da cultura pop em vez de cinemas modernos. Pensada para apresentar, a obra utiliza, por escrito, recursos orais regionalmente relevantes, destacando a situação do Nordeste. Os personagens da obra são simbólicos, representam mais do que indivíduos, estruturas sociais. Assim, é fácil perceber que a peça é uma crítica social, insultando os bons costumes, costumes, religião, dificuldades e costumes da sociedade nordestina.
A crítica à religião está muito presente em todas as profissões. Desde o início, na primeira fala do personagem de Palhaço, o final carece de moral religiosa: “Auto da Compadecida! O julgamento de outros canalhas, inclusive padres, padres e bispos, pelo uso de boa ação” (SUASSUNA, 1975, 2). Há um palhaço como representante do próprio escritor, que ao escrever esta peça se deparou com a questão da nacionalidade de sua igreja. Dessa forma, ele percebe que sua alma está cheia de estupidez e palavras doces, como qualquer outra pessoa.
No caso das figuras religiosas, temos o padre João, guarda da igreja e bispo. O primeiro só está interessado em ganhar dinheiro para a aposentadoria; a segunda e a terceira telas, cheias de orgulho e más intenções, ajudam a completar o quadro da igreja em ruínas que Suassuna pintou em sua obra.
O protagonista de todas as aventuras é João Grilo, um homem magro e pobre que depende da sua astúcia para sobreviver. Em algumas críticas literárias, João Grilo é frequentemente comparado a Macunaíma, personagem de Mário de Andrade, porém, ao contrário deste, João trabalha muito e ajuda seu amigo Chicó, e suas travessuras, sendo seu palhaço justificado por sua extrema pobreza.
Chicó é um típico contador de histórias. Ele é um mentiroso puro que inventa histórias para satisfazer seus próprios desejos. Trabalha com João Grilo numa padaria e juntos formam uma dupla de palhaços. Seus patrões (o padeiro e sua esposa) representam capitalistas que só estão interessados em acumular dinheiro e explorar seus trabalhadores. Completando o esquadrão capitalista está Antônio de Moraes, um fazendeiro comprometido com a violência, o medo e o dinheiro.
Também é possível analisar aspectos da cultura pop nordestina ao longo do jogo. Além das palavras, interações e jogos de ideologias sociais (extremamente pobres/ultra-ricos), o autor também inclui crenças nordestinas, como o Encourado.
Os navios de guerra são maus. Segundo a crença, ele veste todo couro, como um cowboy. Ele é um promotor e não tem piedade. No trabalho, é retratado como rival de João Grilo, mas vence no final.
Auto da Compadecida foi escrito em 1955 e continua sendo uma referência literária. Seu conteúdo condena a imoralidade religiosa, a violência humana, o racismo e as lutas pelo poder. Por ser um documento teatral e ter maioria regional, Ariano Suassuna pôde tornar públicos seus julgamentos, permitindo a veiculação de seus julgamentos.
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