Nascido em Maceió, reside em Curitiba, é formado em Comunicação Social – Publicidade/Propaganda. É jornalista e atuou até 2015. Concorreu em 1997 a uma Bolsa Vitae, para jovens estudantes, por indicação do escritor, Valêncio Xavier. Criador do blog “Acre Infuso”, em 2004. Recebeu, em 2005, uma menção honrosa do, “Quepe do Comodoro”, premiação do diretor de cinema, Carlos Recheinbach. Em 2018, teve o poema, “Flores e Sombras na Dobra do Tempo”, publicado em uma Antologia Poética da Editora Chiado. Publicou o e-book, “Mar de Sombras”, em 2019, pela Amazon. Em 2020, estreou com o livro, “Intramuros”, pela Editora Penalux. Iniciou em 2021 uma coluna de Crônicas no site da Kotter Editorial. Neste mesmo ano, publicou o livro, “Versos Magros”, também pela Kotter Editorial. Em 2022, publica pela Editora OIA, “Cantos Temporais”, e a versão física do e-book, “Mar de Sombras”.
1. Primeiramente, fale-nos um pouco sobre você.
R: Sou, Fabio Santiago, nascido em Maceió, resido
em Curitiba, formado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda,
Jornalista, poeta e escritor. Autor de quatro livros de poesia: Intramuros
(Editora Penalux), Versos Magros (Kotter Editorial), Mar de Sombras (Editora
OIA) e Cantos Temporais (Editora OIA). Possuo uma coluna de crônicas no site da
Kotter Editorial.
Atualmente me
dedico a reescrita do meu romance de estreia.
Em 1997 concorri a
uma Bolsa Vitae para jovens estudantes, indicado pelo escritor, Valencio
Xavier. Criei em 2004, o blog roteiro poético, “Acre Infuso”, que recebeu em
2005, uma menção honrosa do, “Quepe do Comodoro”, premiação do diretor de
cinema, Carlos Recheinbach.
Alguns de meus
poemas estão postados em revistas online e portais de poesia.
2. Há quanto tempo você escreve, como começou?
Antes disso, na
meninice, escrevi umas histórias juvenis, bem fracas.
A escrita, assim
como a leitura, são minhas companheiras de vida, sempre foram meu refúgio, um
bom lugar para estar.
Criei em 2004, o
blog roteiro “Acre Infuso”, que recebeu uma menção honrosa do Reduto do
Comodoro, do cineasta, Carlos Reichenbach.
Após o inusitado
encontro na porta do estúdio da emissora em que eu trabalhava, perguntei ao
escritor e crítico literário, José Castello, se ele poderia ler meus poemas,
todos inéditos. A partir dali a poesia foi o elo para uma amizade que dura até
hoje.
O mestre Castello, foi leitor solitário de meus poemas e grande incentivador para que eu publicasse. Em 2019, coloquei um e-book na Amazon, em 2020 o meu livro de estreia foi lançado, “Intramuros”, com apresentação do mestre, Marcelino Freire.
3. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?
R: Desde de muito
jovem trago o hábito de fazer anotações das ideias, frases, palavras que
surgem. Primeiramente utilizava cadernos e pedaços de papel, depois agendas e
hoje em dia faço anotações no celular. Às vezes surgem poemas, frases, inícios
de crônicas. Penso que estas ideias que surgem não podem ser desperdiçadas.
Muito poemas surgiram a partir destes rascunhos, rabiscos.
Escrever é
reescrever! Há muito trabalho na escrita!
O texto precisa
descansar após a primeira versão. Quando revisitado, ele pode sofrer
modificações, ser excluído ou tomar uma outra forma, ritmo, pulsação...É desta forma
que eu aprendi a escrever, este processo surgiu já nas primeiras conversas com o
mestre, José Castello, em 2005.
É necessário
escavar a folha em branco até encontrar o texto ou verso que se esconde na
neblina.
Trabalho as
palavras tentando morar no estado da palavra, este determina o espaço tempo de
um verso.
O processo da
escrita é o que mais me interessa.
Poesia para mim, é lambuzar-se do impossível! A minha poesia é o arrebol
luzeiro, a mangaba celestial, o versovício.
Certa vez escrevi, “A poesia ainda irá cuidar de mim. Colocar-me em seus braços Vertiginosos.”
4. Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?
R: Penso que tudo
que lemos, ouvimos, assistimos...de algum modo, são parte de nossa formação
como escritor. Acredito que na poesia fui muito desassossegado por: Rimbaud,
Bandeira, Vinicius de Moraes, Drummond, Torquato Neto, Álvaro de Campos, Bukowski,
Mário de Andrade, Hilda Hilst, Baudelaire, Carlos Pena Filho, Ginsberg,
Maiakóvski, Leminski, Gullar, toda a geração mimeógrafo...
Na prosa: Machado,
Fante, Kerouac, Conrad, Kafka, Hesse, João Ubaldo, Guimarães Rosa, Dostoiévski,
Clarice, Beckett, Calvino, Caio Fernando Abreu...
O cinema também
tem um grande impacto em minha formação: Glauber Rocha, Woody Allen, Jean Luc
Godard, Alain Resnais, Federico Fellini, Eustache, Bob Fosse, Hitchcocki, Sganzerla,
Carlos Reichenbach, Jabor...
Não posso deixar de
citar os autores contemporâneos que tanto fazem a minha cabeça: José Castello,
Marcelino Freire, Xico Sá, Mário Bortolotto, Paulo Scott, Morgana Kretzmann,
Fausto Fawcett, Lourenço Mutarelli, Raimundo Carrero, Fabiano Calixto, Jovina
Benigno...
5. Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?
R: Talvez, o meu livro de estreia, Intramuros, tenha sido o
trabalho mais desafiador, que de certa forma deu a minha voz uma forma e
caminhar.
Ao bordar os versos, busquei a aventura por novos caminhos
e outros compassos.
Os meus versos moram na caatinga de um “estadopoesia”,
este denomino de Arrebol Luzeiro e Mangaba Celestial.
Meus versos moram em um sertão amarelo de boca
rachada.
No segundo livro, Versos Magros, este sertão
sonhado é o que rege o livro.
O terceiro livro, Mar de Sombras, era para ter
sido o meu livro de estreia, ele carrega a poesia que veio em direção desta
minha voz.
O quarto livro, Cantos Temporais, transita
entre as vozes que carrego em minha poesia.
Escrevo para o impossível, para o sonhadores, para os que
não foram chamados para a festa, para os perdedores, os sacaneados, os
caluniados, os que andam a margem ou na contramão.
6.Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?
R: O início de um
livro, principalmente em uma narrativa, talvez seja a parte mais difícil.
Aquela largada precisa pegar nas primeiras linhas. Em poesia posso dizer que os
primeiros versos, no meu caso, tem que desassossegar.
Escrever um livro
é trabalho, quando você vai para a folha de papel, máquina, computador,
tela...tudo que você imaginou toma outra forma e às vezes direção, é necessário
muito trabalho, entrega e paixão para chegar a um livro.
O final também tem
que trazer alguma inquietação ou no meu caso estranhamento, para que o livro
continue ecoando na cabeça do escritor e quem sabe no leitor.
7. Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?
R: O meu primeiro
livro era para ser o, Mar de Sombras, no entanto, no primeiro original havia um
poema chamado, Furta Cor, em que meu amigo e mestre José Castello, em sua
leitura, chamou-me a atenção, dizendo que este poema trazia uma originalidade.
Diante destas
palavras, trabalhei três anos neste poema, que veio a se tornar o, Intramuros,
um livro de um poema só, um poema de maior fôlego. Após apresentar o original
para ele, fui incentivado a publicar o livro e estrear na poesia.
8. Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?
R: O tamanduá
rupestre do, Intramuros, foi um personagem que me perseguiu por anos.
Tenho dois
romances inéditos. Nestas narrativas, pude vivenciar a experiência de conviver
com personagem em um livro de maior fôlego. Fui consumido por eles
(personagens) e quando o processo de escrita terminou, surgiu o enorme vazio
que eles deixam na alma.
9. Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?
R: Quando estou
escrevendo, procuro não ler nada que possa influenciar ou contaminar a escrita.
Deixo que o poema ou a narrativa me leve ao encontro da corrente sanguínea no
texto.
10. Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?
R: Não existe uma
fórmula ou segredo. Existem versos que pedem silêncio. Existem textos que só
saem com jazz ou música clássica.
Geralmente escrevo
com o silêncio, é nele que encontro as vozes e as sombras.
11. Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?
R: Eu reúno notas
e anotações, muitas vezes me ajudam a criar poemas ou narrativas. Já escrevi
poemas e crônicas através de uma imagem/fotografia.
Geralmente recorro as notas e anotações. Não devemos perder as ideias, por isso sempre que vem algo, anoto.
12. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?
R: A escrita é
companheira de minha existência, temos uma relação de muita intimidade. Como
disse anteriormente, recorro as anotações.
Quando vou para frente do computador, se não tenho uma ideia nova, recorro as anotações e com elas trabalho. Nem sempre sai uma página ou um poema, este exercício diante da folha em branco, sempre vale a pena. Escrever para não morrer!
13. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?
R: Sim, tenho a
minha esposa e mais um ou dois amigos que mostro o que escrevo.
Eu escrevo o que
tenho que escrever, depois de pronto, mostro para estas pessoas, nunca antes.
Só quando tenho uma versão apresentável.
14. Qual a parte mais complicada durante a escrita?
R: Não acho que
exista uma parte complicada na escrita.
É necessário
dedicação e muito trabalho!
Se vou escrever um
poema, preciso ter alguns versos e a partir deles o processo caminha, sempre
lentamente, em busca da respiração e do corpo do poema.
Quando parto para
uma narrativa, preciso de um enredo, diálogo, personagem...A partir daí as
coisas vão surgindo. O meu primeiro romance (inédito) já tinha alguns
personagens rascunhados, ambiente, atmosferas...Depois disso, deixei-me levar
pelos personagens e a história. Neste há um fato curioso, durante um curso do
mestre, Marcelino Freire, pedi para ler um fragmento e recebi dele uma
devolutiva que mudou o rumo deste original, diante da grandeza do mestre,
reescrevi o romance inteiro.
15. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?
R: Depende, há
dias em que consigo escrever em fluxos. Há períodos em que escrevo um pouco.
Não tenho uma constância. Sigo a pulsação e o ritmo de cada escrito.
Não forço nada, às
vezes trabalho diariamente. Outras vezes só escrevo quando um verso surge.
No caso da
crônica, ela não dá sopa para bloqueios, preciso escrever e ponto final.
O fato curioso, é
que comecei a escrever crônicas após um curso com o mestre, Xico Sá.
16. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?
R: As pequenas
editoras abriram espaços para autores como eu, que escreve mais poesia que
prosa. Ainda falta espaço de divulgação para todos, tem muita gente escrevendo.
Acabo por
encontrar nas redes sociais um lugar para mostrar o trabalho e os livros.
17. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas
em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de
diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?
R: O meu processo de escrita é bem caótico. Escrevo poemas, durante a feitura de uma narrativa de maior fôlego. Intercalo as crônicas, ou seja, estou sempre escrevendo alguma coisa. No momento em que finalizo o original de um romance, estou em paralelo escrevendo dois originais de poesia.
Conforme as coisas
vão pintando eu vou me virando.
18. O que motiva você a continuar escrevendo?
R: Desde jovenzinho, as leituras, os filmes, as músicas...foram o um lugar bom para eu
estar.
A escrita sempre foi um remédio, refúgio, companheira...Com o tempo foi se
tornando um ofício, mesmo quando não tinha nada publicado, ela já fazia parte
da minha vida, sou antes de tudo um sonhador.
19.Que conselho você daria para quem está começando agora?
R: Primeiramente,
leia. Sem a leitura, fica difícil acreditar que alguém consiga escrever um
livro.
Siga seus
instintos, encontre a sua escrita e se possível a sua voz.
“Não traia a sua
escrita”, já dizia Torquato Neto, “Resista criatura.”
Persista. Lembre-se
que a melhor parte é o processo. Escrever e reescrever.
20.Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?
R: Eu escrevo o que tenho de escrever, o que posso e consigo. Acredito que o autor deve seguir a sua escrita, mesmo quando ninguém acredita nela. Deve fugir dos modismos ou das fórmulas.
21. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?
R: Eu vejo muitos
leitores interessados em novos autores, nos contemporâneos.
Tem muita gente
lendo e ouvindo poesia, mesmo que tenha gente dizendo que não.
Penso que é necessário criar mais sujeitos leitores e isto vem sendo feito apesar de tudo que passamos nestes últimos quatro anos.
22.Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?
R: Uma Temporada
no Inferno, de Arthur Rimbaud. Coração nas Trevas de Joseph Conrad, A morte e a
morte de Quincas Berro d´agua de Jorge Amado, Manuel Bandeira, Poesia Completa
e Prosa – Volume Único.
23.Que conselho você daria para quem está começando a escrita do primeiro livro?
R: Coragem, sorte
e persistência.
24.O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?
R: Neste ano,
pretendo estrear com uma narrativa de maior fôlego, quem sabe alinhar um novo
livro de poesia ou crônica.
Novos vídeos poemas e muita coisa para escrever, mesmo sem publicar.
Escrever é sempre a melhor parte.
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