Viver em uma favela abandonada pelo estado pode ser extremamente difícil. Muitas vezes, essas áreas carecem de serviços básicos, como água potável, saneamento, energia elétrica, transporte público, educação e saúde. Isso faz com que as pessoas que vivem nestas áreas vivam em condições muito difíceis. Além disso, os moradores também enfrentam a violência urbana, que é frequente nas favelas. Essa violência inclui ações como tráfico de drogas, assaltos e outros crimes. Devido à falta de serviços básicos, os moradores também sofrem com a falta de emprego e oportunidades de desenvolvimento pessoal. Como resultado, as pessoas que vivem nas favelas abandonadas pelo estado geralmente enfrentam condições de vida muito ruins. Neste meio, nasceu o maior relato de todos os tempos acerca das dificuldades de se viver na favela, quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
O livro Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, relata a vida de uma mulher pobre e seus três filhos em um cortiço em São Paulo, no ano de 1960. O livro é dividido em três partes que abordam suas experiências vividas naquele espaço.
No diário não confidencial de Carolina, ela descreve a realidade da favela do Canindé em São Paulo, junto às margens do rio Tiete, desde o aniversário de sua filha em 15 de julho de 1955. Ela reflete e critica a política da zona, denunciando as condições desfavoráveis sob as quais seu povo vive. Carolina luta diariamente para encontrar alimentos para ela e seus três filhos, Vera Eunice, João José e José Carlos, e precisa buscar água na torneira para evitar as filas e os comentários maldosos das outras mulheres da favela. Ela faz o café para as crianças, mas muitas vezes não tem pão para servir, e eles acabam comendo o que têm disponível. Vera vai à escola e Carolina a acompanha, mesmo sem ter sapatos para a menina. Carolina se esforça para que sua família não passe fome, mas desde há dois anos deseja comprar uma máquina de moer carne e uma máquina de costura, sem sucesso.
Há 8 anos Carolina lutava para sobreviver. Catava papel, ferro e estopas nos lixões, buscava alimentos para comer, pegava os legumes descartados nas feiras e ganhava ossos no frigorífico. Mas ela desejava sair da favela e sonhava em ter uma casa de alvenaria.
As brigas entre os casais da favela eram frequentes, muitas vezes a diversão passava por bebidas e desnudismo, Carolina não aprovava esse tipo de comportamento. Ela acreditava que o melhor a se fazer era buscar dialogar com as partes envolvidas. Quando o diálogo não surtia efeito, ela recorria a Patrulha Rádio para procurar ajuda. Em seu tempo livre, ela gostava de escrever em seu diário ou ler um livro, para que pudesse ter uma visão diferente da realidade.
Ela optou por não se casar devido às difíceis condições impostas pelos homens. No entanto, muitas mulheres da favela que se casaram são forçadas a pedir esmolas para sobreviver, enquanto seus maridos permanecem em casa dormindo ou se recuperando de uma bênção causada pela bebida.
Durante as eleições, os políticos costumavam visitar a favela para buscar votos, prometendo soluções que nunca eram cumpridas. Os moradores da favela sofriam com as condições precárias de vida: falta de saneamento básico, atendimento médico, moradias adequadas e alimentação nutritiva. Quando ela procurava o serviço social, a tristeza tomava conta de cada vez que presenciava o descaso com que essas pessoas eram tratadas.
Ela comparou a vida na favela, onde havia excremento e barro podre, à da cidade, que ela descreveu como sendo uma sala de visitas. Ela também citou outros problemas, como a prostituição de menores, o abuso sexual e o uso de drogas, bem como a descrição da favela como um objeto fora de uso. Frei Luiz, o dono do Centro Espirita da Rua Vergueiro 103, oferecia ajuda aos pobres moradores das favelas. Alimentos e roupas eram distribuídos para esta população carente. Além disso, o religioso realizava catequese para as crianças, exibia filmes bíblicos para aqueles que desejassem assistir e contava com um carro-capela, onde realizava missas para as pessoas mais desesperançadas. Tudo isso para espalhar os ensinamentos cristãos para aqueles que mais necessitavam.
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