Apresentação:
Meu nome é Alex Andrade e sou escritor. Desde criança, sempre fui um grande ouvinte de histórias. Quando finalmente aprendi a ler, devorava todos os livros que eu conseguia. Foi minha mãe quem mais incentivou essa paixão por contar histórias. Ela comprava aquelas enciclopédias que se vendiam na porta de casa naquela época e, entre essas enciclopédias, havia uma em especial que trazia poesias de Fernando Pessoa e Camões, o que me deixou louco. A escola também foi fundamental na minha formação como leitor, escritor e ser humano. As professoras de redação e português indicavam livros e foi assim que conheci a série Para gostar de ler e Vaga-lume. Estes livros me apaixonaram e me trouxeram contatos com grandes autores brasileiros e portugueses, como Clarice Lispector, Murilo Rubião, Drummond, Aníbal Machado, Lygia Fagundes Telles, entre outros. Desde então, meu amor e fascínio por contar histórias é cada vez maior.
Há quanto tempo você escreve, como começou?
Escrevo desde cedo. Na época de escola fazia livros com cadernos, criava capa, titulo e até nome de editora e emprestava para os amigos lerem. Acho que estava ensaiando um futuro. Hoje tenho 13 livros publicados, entre literatura para crianças e literatura adulta.
Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar um novo livro?
Não tenho segredo e nem fórmula. Escrevo quando sinto vontade e quando tenho tempo. É um exercício prazeroso, mas que me tira do sério às vezes. Ouço música, a música me inspira, gosto de ir ao teatro, teatro me acende. E cinema! Cinema abre muitos leques.
Quais foram suas principais referências na literatura, arte e/ou cinema?
Muitas referências!
Clarice Lispector, Pessoa, Fellini, Truffaut, Villa Lobos, Chopin, James Joyce, esses são alguns.
Qual foi seu trabalho mais desafiador até hoje em relação à escrita?
Escrever. Escrever sempre é um desafio, seja qualquer livro, tanto os livros dedicados às crianças quanto os para o público adulto. Não há como negar que a escrita é estimulante e perigosa e essa inconstância faz o exercício se tornar pleno e desafiador.
Qual a parte mais difícil de se escrever um livro?
Acho que é por onde começar. O começo te joga no meio de um turbilhão de vazios e de imagens também. Muita coisa pode acontecer dependendo de como você inicia a história, os caminhos, as estruturas, a forma como você se encaminha para os outros olhares.
Qual foi seu primeiro livro, o que pensou ao iniciar sua escrita? o que te incentivou?
Meu primeiro livro publicado foi um livro de contos, A suspeita da imperfeição. Eu já vinha treinando esse momento com os livros caseiros, certo? Então quando veio a oportunidade, me lancei sem medo. E o incentivo veio de tantas histórias ouvidas, lidas, vividas.
Tem algum personagem que você tenha criado ao qual foi difícil desapegar?
Ah, sim! Ultimamente vivo apegado a Ana do meu último livro, o romance Para os que ficam editado pela Confraria do Vento em 2022.
Quais são suas principais referências literárias na hora de escrever?
Geralmente uso a memória afetiva. Os livros que li, são as escritoras que admiro e li, são tantas referências.
Capa do livro para os que ficam, Alex Andrade / foto: colagem digital / post literal |
Você teria algum segredo de escrita? Algo que faça com que você se sinta inspirada/o antes de iniciar a escrita de um novo livro?
Observar o mundo. As histórias das pessoas. Cada um é único e carrega consigo histórias jamais compartilhadas. Fico olhando pela janela do carro, pela rua olho as janelas dos edifícios, cada historinha que tem em cada canto. Um morador de rua, um vendedor. Quantos mistérios cada um de nós carregamos? Isso me inspira profundamente.
Você reúne notas, anotações, músicas, filmes e/ou fotografias para se inspirar durante a escrita?
Eu as guardo comigo, na memória. As nuances, às vezes uma frase ouvida, ou uma notícia na televisão. Quase não anoto em papel, ficam registradas aqui na cabeça mesmo.
12. O que você faz para driblar a ausência de criatividade que bate e trava alguns momentos da escrita? Existe algo que você faça para impedir ou driblar estes momentos?
Eu respeito esse momento.
Não há muito o que fazer. Uma hora a inspiração vem e a gente vai às forras.
13. A maioria dos autores possuem contatos e amigos de confiança para mostrar o progresso do seu trabalho durante o percurso da escrita. Você teria um time de “leitores beta”, para analisar seu livro antes de prosseguir com a escrita?
Sim, sempre! É de suma importância que esses amigos, parceiros estejam disponíveis para ler, analisar, dar um feedback. E eu me apoio na opinião de cada um deles.
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14. Qual a parte mais complicada durante a escrita?
Manter o foco. Hoje em dia com o advento da tecnologia, que muitas vezes nos auxilia também, mas, pode nos distrair. E é por isso que é importante ter foco.
15. Você prefere escrever diversas páginas por dia durante longas jornadas de escrita ou escrever um pouco todos os dias? O que funciona melhor para você?
Escrever um pouco todos os dias. Mas como disse anteriormente, não me desgasto, escrevo quando sinto vontade.
16. Em relação ao mercado literário atual: o que você acha que deve melhorar?
O acesso das editoras independentes ao mercado literário, as livrarias. É certo que os prêmios já estão bem adaptados, muitas obras de autores independentes ganharam prêmios importantes e isso é um avanço para que cada vez mais escritores possam chegar mais perto da realidade do mercado literário.
17. A maioria das pessoas não conseguem se manter ativas em vários projetos, como funciona para você, você escreve vários rascunhos de diferentes obras ou se mantém até o final durante o processo de um único livro?
Eu me dedico a uma obra. Escrever é um exercício tão meticuloso e solitário que nem mesmo a escrita dá pra ser dividida em duas ou sei lá quantas obras.
18. O que motiva você a continuar escrevendo?
Me sentir vivo. Eu escrevo porque sei que a vida é passageira e isso de escrever me faz me sentir vivo, as emoções, as características das personagens, tem um furacão ativo quando escrevo.
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19. Que conselho você daria para quem está começando agora?
Leia. Leia muito. Principalmente os clássicos e também a literatura contemporânea. E escreva. Rabisque, experimente, não tenha medo.
20. Para você, qual o maior desafio para um autor/a no cenário atual? Você tem algum hábito ou rotina de escrita?
Se manter no mercado literário. Tem muita gente boa surgindo. E quanto ao hábito ou rotina de escrita, não. Eu apenas sento e escrevo.
21. Como você enxerga o cenário literário atual e a recepção dos leitores da atualidade em relação aos novos autores?
Ainda observando. Muitos leitores se mostram interessados, mas poucos consomem. Um lançamento de livro de autor independente vão os 6 amigos e a família. Mas a gente consegue virar esse jogo.
22. Se pudesse indicar quatro obras literárias que te inspiraram, quais seriam?
A legião estrangeira – Clarice Lispector
O triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto
Toda poesia do Fernando Pessoa
Ciranda de pedra – Cecília Meireles
Capa do livro para os que ficam, Alex Andrade / foto: colagem digital / post literal |
23. O que esperar para o ano de 2023 em relação à sua escrita?
Muita coisa. Acabei de lançar o meu décimo terceiro livro, dessa vez o infanto-juvenil A menina que entrou na história editado pela Quase Oito editora que saiu em janeiro de 2203. Estou ainda trabalhando com o lançamento do romance Para os que ficam que foi publicado em 2022 e estou escrevendo um livro infantojuvenil novamente e preparando um novo romance para 2024. Fora os projetos literários que estou envolvido .
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