APRESENTAÇÃO
A luz dos dias, traz a ainda desconhecida história das mulheres judias polonesas que lutaram contra nazistas durante a Segunda Guerra Mundial para proteger o seu povo.
Na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, mulheres ― algumas ainda adolescentes ― ajudaram a transformar grupos juvenis judeus em células de resistência. O objetivo: combater os nazistas responsáveis pela destruição violenta da comunidade em que viviam. Em sua maioria, elas desempenhavam a função de “mensageiras”, atividade essencial para a operação dos grupos. Mas o trabalho ia muito além da transmissão de informações: elas eram agentes de inteligência, envolvendo-se em missões extremamente arriscadas.
Com coragem e astúcia, essas “mulheres do gueto” atuaram como verdadeiras combatentes durante o Holocausto. Disfarçadas de arianas, infiltraram-se em escritórios da Gestapo; ajudaram a construir bunkers subterrâneos e bombardearam linhas de trem alemãs. Resistiram a sessões de tortura e orquestraram fugas inacreditáveis. Contrabandearam documentos de identidade falsificados, dinheiro, publicações clandestinas e armas. Além disso, cuidaram dos doentes, acolheram as crianças e ajudaram a esconder e a proteger famílias inteiras.
RESENHA
A luz dos dias é o relato incrível da vida de guerrilheiras [Renia Kukiela, Frumk Plotnicka, Zivia Lubetkin, Tosia Altman e Hershel Springer, dentre outras] que lutaram em grupos organizados como resistência aos alemães durante a ocupação na Polônia, atuando nos guetos em turnos. Baseado no livro Freuen in di Ghettos, 1946 [mulheres nos guetos], Judy Batalion nos brinda a essência da luta destas mulheres e todo o seu poder e inteligência durante o período de ocupação da Polônia.
Tudo começou na pequena cidade de Bdzin, que fora fundada para se tornar uma cidade-fortaleza, guardando a antiga rota comercial entre Kiev e o Ocidente. Em setembro de 1939, o exército invasor alemão tomou Bedzin, incendiaram sinagogas, assassinaram milhares de judeus - que naquela altura constituíam +80% da população, sendo os grandes proprietários de empresas locais - três anos depois, 20 mil judeus usavam braçadeiras com a estrela de Davi, que acabaram sendo forçados à se mudar de suas casas para bairros menores, repleto de casebres completamente precários em estrutura e espaço, forçando todos a se espremerem. Este novo pedaço de terra onde instaura-se a nova vida judia tinha uma identificação: o gueto.
Esses guetos tinham contato com a Rússia, a Eslováquia, a Turquia, a Suíça e outros territórios não arianos. Assim, nesses bolsões escuros, surgiram células da resistência judaica. (p. 322 in um salto no tempo)
[...] dezenas de judias desconhecidas que lutaram na resistência contra os nazistas, a maioria de dentro dos guetos poloneses. Essas garotas do gueto subornavam guardas da Gestapo, escondiam revólveres dentro de pães e ajudam a construir sistema de bunkers subterrâneos. Flertavam com nazistas, os compravam com vinho, uísque e doces e, furtivamente, os matavam a tiros. (in duras na queda, p.964 (book)]
Os estudiosos do holocausto debatem acerca da definição real da resistência judaica, alguns acreditam que a resistência deu-se por meio da afirmação de um judeu como sendo humano, ou, qualquer ato que desafiasse a ideologia ou os feitos nazistas de maneira direta ou concreta. Outros acreditam que uma definição tão generalista minimiza a importância daquelas pessoas que arriscaram a vida para desafiar ativamente o regime, e que é preciso fazer uma distinção entre resistência e resiliência. (in duras na queda, p.1014 [in e-book]).
O movimento judeu-polonês havia eclodido de vez em pelo menos cinco grandes campos de concentração e extermínio - incluindo Auschwitz, Treblinka e Sobibor - bem como em dezoito campos de trabalho forçado. Trinta mil judeus se juntaram a destacamentos de guerrilheiros nas florestas. Redes judaicas apoiaram financeiramente 12 mil judeus na clandestinidade em Varsóvia. (in duras na queda, p.199 [in ebook])
A partir deste ponto instauraram-se sob todas as cidades da Polônia uma crescente rede de ataques e mortes. A igreja condenava o racismo nazista, mas promovia sentimentos antijudaicos. Nas universidades, os estudantes poloneses defendiam a ideologia racial de Hitler (p.552, in Po-lin [in ebook])
[...] Ao contrário dos judeus mais ricos da cidade, trancados na grande sinagoga enquanto os alemães a encharcaram com gasolina para então incendiá-la, ao contrário dos moradores loais que pulavam de prédios em chamas apenas para serem abatidos por tiros em pleno ar, a família de Renia não foi descoberta. [p. 719 in Do fogo ao fogo [in ebook])
O livro de Judy Batalion é um canto em prol da luta realizada pela resistência judaica nos guetos da Polônia. Uma rede de ação e informação foi criada e expandida em todo o território afetado pela ocupação, todas as cidades contavam com informantes que encarregavam-se de anunciar o estado de ocupação e segurança das respectivas cidades. Mulheres da resistência que tomaram à frente, que buscaram informações, que se passaram por alemãs, que enviavam recados e cartas e que entravam em ação sempre que a situação mudava desfavoravelmente. Uma história real fruto de uma pesquisa muito bem elaborada pela autora, o livro é, sem sombra de dúvidas uma viagem no tempo e uma leitura excelente para quem deseja alçar voos pela história do holocausto e da tragédia que acometeu o povo judaíco. Renia, você sempre será gigante.
A AUTORA
Judy nasceu e foi criada em Montreal, onde cresceu falando inglês, francês, iídiche e hebraico e tentando se manter aquecida. Ela estudou história da ciência em Harvard e depois se mudou para Londres para fazer doutorado em história da arte. Enquanto isso, ela trabalhou como curadora, pesquisadora, editora, palestrante, comediante, MC, leitora de roteiro, dramaturga, performer, atriz, produtora, tradutora, servidora de mmmuffins e temporária – em uma agência temporária.
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