CASARA, RR. Rubens. Bolsonaro: O mito e o sintoma // Rubens RR Casara - São Paulo: Editora Contracorrente, 2020.
A tradição autoritária do Brasil em seus governos não pôde ser quebrada por nenhum partido, em nenhuma vertente ou era. Em, o mito e o sintoma, Casara, delineia um forte parâmetro comparativo da política atual, do sistema jurídico, do quadro de leis e um estudo profundo da sociologia por meio de uma série de capítulos analíticos que levam em consideração uma gama de áreas de estudo, como a psicanálise, direito, sociologia, história, filosofia e Ciência Política. A obra em sua estrutura básica não é um fomento ao mito que tornou-se Bolsonaro, mas um escopo ávido e elaborado em estruturas sólidas e concernentes à análise profunda das raízes brasileiras da política. Aqui, analisa-se os fenômenos políticos e a participação social na tomada de decisões por meio do preconceito enraizado na ignorância popular, não obstante, o uso da capacidade de transmitir suas reflexões nesta obra são acessíveis e de fácil compreensão, o que torna a leitura fluida e simples, caracterizando-se como uma obra prima elencada em um período obscuro e sombrio da política brasileira no cenário atual, tornando-se uma leitura obrigatória em meio ao cenário atual.
O neoliberalismo mudou completamente a forma como as pessoas veem a si mesmas e ao mundo. As pessoas agora são vistas como empresas, que competem pelos seus valores no mercado. Isso criou uma cultura baseada na competição e no egoísmo, em que valores humanos como a solidariedade, a compaixão e a afetividade são ignorados. O ódio e os preconceitos assumiram o controle e muitas pessoas se orgulham de seu voto no 'mito'. Este livro explora por que muita gente ainda apoia o presidente Bolsonaro e por que ele continua tendo aprovação de 30% independente de suas ações. Ele entrelaça psicanálise, teoria econômica e análise política para explicar como Bolsonaro conseguiu chegar ao poder e o que o manteve lá por tanto tempo lá. Ele explora o lado mítico desta realidade, como ela não segue os padrões da racionalidade.
Neste livro, somos guiados por capítulos que nos ajudam a entender o presente. Começamos com referências aos livros anteriores, para depois analisar o que aconteceu para o surgimento de um mito. Este mito é o que nos permite entender tanto o mito quanto o sintoma, que são mostrados no final do livro. O objetivo é reabilitar a convivência entre as pessoas. O livro usa referências dos teóricos do neoliberalismo, como Pierre Dardot e Christian Laval, Adorno para o comportamento de massa e personalidade autoritária, e Lacan para a psicanálise.
Rubens Casara é um grande nome na área jurídica. Ele possui doutorado em Direito, mestrado em Ciências Penais e fez estudos de pós-doutorado na Universidade de Paris X. Além disso, ele é professor universitário, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia. Seu livro contém três parágrafos importantes sobre o assunto. Rubens Casara é um nome proeminente no meio jurídico. Ele tem um doutorado em Direito, um mestrado em Ciências Penais e fez estudos de pós-doutorado na Universidade de Paris X. Além disso, ele é professor universitário, Juiz de Direito do TJ do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.
Rubens Casara aponta que a linguagem se tornou mais simples e pobre por causa dos ideais neoliberais, que tratam as pessoas como objetos que podem ser comprados e descartados. Quem discorda desse pensamento é visto como inimigo e a linguagem pobre acaba gerando ódio para com essas pessoas. O que explica, de certa forma, a revolta política e o posicionamento empobrecido de seu pleito eleitoral.
No mundo de hoje, onde o dinheiro governa tudo, é muito difícil resistir ao poder do capitalismo. Pasolini descreveu isso como o 'neofascismo', ou o mundo do consumo dos anos 70. Ele acreditava que o dinheiro é capaz de fazer com que aqueles que se opõem a isso se tornem seus seguidores. Agamben, baseando-se nas reflexões de Benjamin, descreveu isso como uma armadilha: as pessoas são manipuladas pela "religião capitalista" e, assim, não conseguem recuperar aquilo que foi separado de seu convívio.
O capitalismo está sempre tentando controlar o nosso jeito de pensar, falar e compartilhar informações. Casara diz que o neoliberalismo se aproveita disso para limitar nossa capacidade de refletir e nos restringir a uma visão democrática limitada. Por isso, qualquer tentativa de reflexão ou valores democráticos são vistos como uma ameaça ao sistema de mercantilização que eles querem impor. A informação também é controlada e manipulada para seguir a lógica das mercadorias. O Estado Pós-Democrático prioriza os interesses de quem tem mais poder econômico, acabando com as regras e valores da democracia. Ele controla as pessoas através de leis e violência, para evitar que elas tenham mais liberdade e criatividade na política.
Nos dias de hoje, muitas pessoas usam o termo democracia para justificar o autoritarismo, o que está nos impedindo de compreender o que realmente é democracia. Muitos princípios democráticos estão sendo ignorados em nome da democracia, criando um vazio de significado.
No mais, a obra é um forte posicionamento político na esfera atual. Uma leitura, certamente obrigatória à todos.
O AUTOR
Rubens RR Casara possui graduação em Direito pela Universidade Cândido Mendes (1995), mestrado em Ciências Penais pela Universidade Cândido Mendes (2003) e doutorado em em direito pela UNESA/RJ (2011).Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Processual Penal, atuando principalmente nos seguintes temas: processo penal, hermenêutica, poder judiciário e sociedade brasileira. É também juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, fundador do Movimento da Magistratura Fluminense pela Democracia (MMFD), membro da Associação Juizes para a Democracia (AJD) e do Corpo Freudiano.
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