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[RESENHA #555] A expedição Fawcett, de Percy Fawcett


Sabiam que entre 1906 e 1924 um coronel britânico famosos explorou o território Amazônico e seu paradeiro é desconhecido até hoje? Da selva amazônica boliviana à caatinga baiana, o explorador britânico Percy Fawcett, estudou a fauna, a flora e a arqueologia locais, conhecendo povos indígenas das mais diversas etnias. Até que, em 1925, partiu em sua mais ousada missão: a busca das ruínas de uma cidade perdida, base de uma civilização complexa e repleta de ouro e riquezas. A vida e o mistério do que aconteceu ao coronel Fawcett inspiraram muitas histórias desde então, sendo a mais famosa delas a série de filmes de Indiana Jones. Reunindo cartas, diários e relatos de dez anos de viagens do explorador por florestas e rios perigosos, encontros com povos hostis e amigáveis, doenças e animais selvagens, “A Expedição Fawcett”, organizado por Brian Fawcett, o filho mais novo do coronel, fala sobre uma era de expedições arriscadas, descobertas sobre

RESENHA

Caso minha viagem não seja bem-sucedida, meu trabalho na América do Sul será considerado um fracasso e serei desacreditado como um visionário em busca apenas do enriquecimento pessoal. Ninguém entenderá que não busco glória ou dinheiro para mim mesmo, mas estou cumprindo essa busca sem recompensa, na esperança de que o benefício final para a humanidade justifique os anos gastos nessa jornada.

O lendário explorador britânico Coronel Percy Harrison Fawcett, conhecido por suas crenças místicas, desapareceu em 1925 nas florestas e rios inexplorados do Mato Grosso do Brasil enquanto procurava por cidades "perdidas". Após 10 anos de exploração, ele acreditou saber a localização de uma dessas cidades e partiu em uma última missão, nunca mais sendo visto ou ouvido. Agora, seu filho compilou sua emocionante história a partir de manuscritos, cartas e diários de bordo, mas o que aconteceu com ele ficou um mistério.

Quando uma pessoa deixa uma casa, ela necessariamente deixa para trás traços de sua personalidade. Da mesma forma, uma cidade deserta tem uma melancolia tão poderosa que até mesmo os visitantes menos afetados são afetados por ela. No entanto, cidades antigas em ruínas perderam muito dessa personalidade e não causam o mesmo impacto emocional.

O livro de Coronel Fawcett, editado por seu filho, fornece uma descrição incrivelmente detalhada de suas explorações na Amazônia, fornecendo informações sobre os índios, seu modo de vida, a flora e fauna, alimentação e doenças. O livro também narra suas aventuras no Brasil, Bolívia e Peru, que precederam sua última exploração, da qual nunca mais voltou. Embora os detalhes da jornada e da exploração sejam interessantes, o que mais chama a atenção são as cenas das flagrantes com relação aos direitos humanos nesses lugares selvagens. O livro revela que escravos, tanto europeus quanto de tribos nativas, eram vendidos de um lado para o outro, barões da borracha matavam milhares de homens para gerar mais lucros, e a indústria de mineração de ouro e prata também não era muito melhor. Fawcett, por sua vez, sempre tratou como tribos nativas com gentileza e respeito e ganhou muitos amigos em suas viagens. No entanto, o tratamento bárbaro que outros exploradores e titãs da indústria impuseram não apenas às tribos nativas, mas também aos povos urbanos do Brasil é surpreendente.

Há três tipos de índios percebidos na obra. O primeiro grupo é composto por pessoas dóceis e miseráveis, facilmente domesticáveis. O segundo grupo é formado por canibais perigosos e repulsivos, chamativos. Já o terceiro grupo é composto por um povo robusto e justo, que deve ter uma origem civilizada. No entanto, esperei é encontrado porque evita a localidade de rios navegáveis.

Então, esta obra vai além de ser apenas mais uma ficção de Indiana Jones - seus personagens são conscientes e compassivos, nenhum deles é bidimensional. Em muitos momentos, o livro chega a defender aspectos fascinantes e compreensíveis das tribos e povos nativos.

Um livro convincente, e atrevo à dizer que é um dos melhores do gênero, o Editorial Record acertou na escolha da publicação. Essencial para os fãs de grandes aventuras.

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