APRESENTAÇÃO
Nos últimos anos, Joice Berth angariou posição importante na opinião pública com argumentos preciosos sobre os desafios que as lutas antirracista e feminista enfrentam para avançar em pautas fundamentais de igualdade social – seja nos costumes, no mercado de trabalho ou na política institucional. Suas colocações a tornaram referência nas redes, fazendo com que a arquiteta e urbanista de formação fosse rapidamente reconhecida como uma das influenciadoras mais requisitadas para analisar fatos e comportamentos que escancaram nossas questões sociais mais alarmantes.
Em Se a cidade fosse nossa, Joice Berth se volta para o tema principal de seus estudos e preocupações: o direito à cidade. Neste livro, as disciplinas de arquitetura e urbanismo são singradas pela crítica racial e feminista. A autora, através de uma escrita propositiva e acessível, conta a história da formação das cidades brasileiras desde a colonização, para deixar evidente o quanto nossos projetos de urbanização, mesmo os mais recentes, carregam uma herança higienista que teima em se perpetuar. Dessa maneira, o pensamento e os projetos de arquitetos e urbanistas de renome, como Lúcio Costa, Lina Bo Bardi e Diébédo Francis Kéré, são pareados às referências de Angela Davis, bell hooks, Patricia Hill Collins, Paulo Freire e Milton Santos.
Após a leitura deste Se a cidade fosse nossa, dificilmente o espaço urbano continuará sendo visto como modelo uniforme que distancia centro e periferia, ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres. Aqui, Joice Berth propõe alternativas aos municípios brasileiros do século 21, para que possam se transformar em espaços de sinergia de saberes, congregação dos diversos modos de vida e de oportunidade de uma existência melhor para todos, sem distinção de gênero, raça, classe e orientação sexual.
RESENHA
Em conversas, eu inicio perguntando: A cidade tem gênero? E todo mundo fala que não, [que], a cidade é um espaço livre que a gente pode transitar por todos os cantos. Mas, não é bem assim, as percepções das pessoas com relação aos espaços das cidades precisam ser provocadas. A gente sabe que existem questões relacionadas ao assédio sexual nas ruas, nos transportes públicos, mas isso é só a pontinha do iceberg, que está imerso em muitos outros problemas. - Joice Berth
Em Se a cidade fosse nossa, Joice Berth volta-se para o tema central de suas pesquisas e interesses: o direito à cidade. Neste livro, princípios de arquitetura e espaço urbano são combinados com críticas de raça e mulheres. A autora, descreve a história da construção das cidades no Brasil desde a formação das colônias, para esclarecer que os projetos de urbanização, mesmo os mais recentes, carregam um legado de exclusão avançando.
Depois de ler Se a cidade fosse nossa, a região metropolitana não seria mais vista como o mesmo padrão entre centro e periferia, ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres. Aqui, Joice Berth propõe vários caminhos para que as cidades autônomas do Brasil do século 21 se tornem um local de encontro de conhecimento, convergência de diferentes modos de vida e oportunidades de uma vida, para todos, independentemente de gênero, raça e classe.
A obra é um poderoso convite à refletirmos sobre o espaço-tempo e o desenvolvimento dos grandes centros urbanos e das cidades, bem como seus reflexos racistas, excludentes e inapropriados para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária. Uma obra magistral.
A AUTORA
Joice Berth (São Paulo/SP, 1976) é arquiteta e urbanista, escritora, curadora e psicanalista. Voz firme e atuante nos debates antirracistas e antipatriarcais no Brasil, Joice Berth soma milhares de seguidores nas redes sociais e é colunista da revista Elle Brasil e do portal Terra. Em 2018, publicou Empoderamento, na coleção Feminismos Plurais, organizada por Djamila Ribeiro (selo Sueli Carneiro/Editora Jandaíra) um dos livros mais importantes para o feminismo negro brasileiro da última década , também lançado na França no ano seguinte. Em 2020, foi eleita pela revista Wired uma das cinquenta mentes mais criativas do Brasil. Se a cidade fosse nossa, obra que inaugura sua crítica sobre direito à cidade, opressões urbanas e luta por moradia, é seu livro de estreia no catálogo da Editora Paz & Terra.
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