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[RESENHA #597] O garoto que salvou o pop punk, de Alexander Cooper


APRESENTAÇÃO

Já pensou como seria viver em um mundo onde guitarras, baterias e bandas de Rock são proibidas? Janick e sua turma não tinham conhecimento sobre o que era nada disso, pois no passado, com o avanço do movimento Punk, o governo do mundo todo decidiu proibi-las. Porém, com a ajuda de um velho sábio, o grupo de adolescentes rebeldes enfrenta muitas dificuldades para conseguir lutar pelos seus sonhos, ao som de músicas bastante inspiradoras.

RESENHA


O garoto que salvou o pop punk é um livro de ficção [distopia] escrito pelo autor Alexander Cooper e editado pela editora Flyve. A obra é, segundo o autor, um resgate dos anos dourados do pop punk na cultura brasileira que foi perdendo fãs e adeptos com o passar dos anos, desta forma, o livro funciona como um mecanismo de conexão entre o leitor e o estilo musical. O enredo é totalmente desenvolvido dentro de uma analogia com a realidade, o autor trabalhou a noção de abandono e esquecimento real [da diminuição do público do pop punk] assimilando-a com uma proibição no enredo, em síntese, a obra é uma forma de mostrar que é possível resgatar o estilo musical que imperou por longos anos nas rádios e no gosto popular, funcionando como um catalizador e resgatador de bons momentos, músicas e shows, a fim de provocar no leitor, não apenas o resgate pelo gosto pelo pop punk, mas pelos tempos áureos e solenes destes momentos na vida das pessoas.

O primeiro capítulo do livro welcome to my life, é também título de uma canção de uma banda de rock intitulada simple pan, que teve seu lançamento no ano de 2004, permanecendo nas paradas por quase dez anos consecutivos. Assim como na letra da música, o personagem, Janick Zem, encontra-se em uma fase em que ele sente como se ninguém o ouvisse, como se quisesse fugir ou se sentir vivo novamente, como quando tocava em sua banda com seus amigos da escola: Colson e Landon.

[...] minha garagem é grande, assim podemos ensaiar sem problemas. Como não temos muitos artistas pelo mundo, não é difícil conseguir agradar, e as músicas são fáceis de tocar e cantar. Criamos nossa banda faz dois anos e a chamamos de ''idiotas'' -- welcome to my life, p. 9

o capítulo dois, kill the dj, alusivo à música de da banda Green Day, narra o episódio em que os garotos descobrem um novo ritmo em ascensão das baladas - música eletrônica -  providos por uma máquina por intermédio de uma pessoa chamada Dj (p.11), o que provocou exaustão e ansiedade nos membros da banda, que tentaram se enquadrar no novo estilo musical para não perderem público, até descobrirem que de fato, aquele não era o ritmo da banda. A noite foi marcada pela tristeza do não comparecimento do público esperado, o que os lembrou do dia em que tocaram no colégio, que foi tão ruim quanto.

Deste momento em diante a narrativa ganha forma, aqui, os garotos encontram um novo integrante, aprendem novos instrumentos, gravam, tocam em alguns lugares, encotram-se com haters e claro, a proibição do gênero musical, o que impactaria de forma negativa toda história construída pela banda, o que ocasionou em um julgamento que foi acompanhado por milhares de pessoas que assistiam o julgamento:

[...] chegamos fazendo piadas com os jornalistas sobre a situação: tanta coisa pior no mundo acontecendo e tem gente querendo problematizar algo que não tem nada de mais. -- o julgamento, p.101 - grifos meus. 

Enfim, a obra é interessante, mas todo enredo é construído com pouco foco e clareza, a narrativa se desenvolve demasiadamente de forma descontínua, fazendo toda linha temporal dos acontecimentos não possuir nenhum grau de tensão ou surpresa, tudo ocorre de forma líquida e de forma esperada, quando abrimos a torneira sabendo que toda água irá pelo ralo. O intuito da mensagem é interessante, mas muito subestimado e elaborado com pouco foco, talvez, o autor possa reescrever a obra em um ou dois volumes dando foco e ênfase nas vias de fato, pois pela quantidade de acontecimentos descritos e a rapidez com as quais se finalizam (como no capítulo o julgamento, que é de fato, um dos principais da obra, que se finaliza em apenas quatro páginas, com um desfecho nada interessante e pouco elaborado), a quantidade de páginas torna-se incompatível. Um ótimo livro para quem gosta de leituras curtas e se identifica de alguma forma com o gênero proposto. 

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