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[RESENHA #603] O dia em que te conheci, de Vitor Zindacta

Foto: Colagem digital // Acervo Pessoal / divulgação

APRESENTAÇÃO

Nenhum amor que vale a pena está exime de encontrar pedras pelo caminho

Noah e Chace são o ponto de partida. Um, está passando pelas dificuldades em se assumir para família enquanto encara a dor da perda do pai de forma trágica, o outro, está encarando os problemas da vida enquanto luta contra o destino e a morte do irmão.

Os dois caminhos se cruzarão e ambos precisarão testar suas paciências e resiliências para encontrar o amor em meio há tempos sombrios. Um romance dramático para transformar toda a visão que temos sobre o amor.

RESENHA

O dia em que te conheci é um romance dramático LGBTQIAPN do autor Vitor Zindacta, produzido de forma independente. A trama é um relato semificcional da vida do autor e de seu marido. Aqui, o autor retrata assuntos sensíveis como luto, perda de identidade, descobertas sexuais e a luta para sair do armário. Um livro genuinamente fora da curva para quem está acostumado com romances clichês e previsíveis.

Noah é um garoto que acabara de perder o pai, toda sua rotina transforma-se em um verdadeiro campo de batalha ao ter que lidar que suas emoções durante o processo de luto, sobretudo, enquanto tenta levar a vida após os eventos. Noah contará com o apoio e solidariedade de seus amigos e uma rede de apoio que se firma durante a escrita, a obra é um exercício poético de superação.

Chace, por outro lado, acabara de perder o pai e está enfrentando dilemas internos acerca de si e da sua sexualidade recém descoberta. Sua principal característica é a força que Chace demonstra no dia a dia, não sendo visível seu sofrimento e história, por outro lado, ele lida com o remorso, lembranças e com a dor sofrida pela mãe, que se encontra cada vez mais distante do que costumava ser. 

A obra se inicia com a apresentação de um evento traumático:

O som do crânio dele se partindo abafou completamente seus últimos suspiros, ele sequer conseguiu dizer o que sentia naquele momento, acredito que, talvez isso seja insignificante, afinal, quem pensa em dizer alguma coisa quando se está ocupado demais tentando não morrer? (p.4 -- in. A última volta do rio)

O autor tece reflexões acerca da felicidade em meio ao luto:

Nossos sentimentos são moldados pelas experiências que vivemos ao longo da vida. Cada pessoa tem suas próprias vivências, e é isso que torna nossos sentimentos únicos e em constante mudança. A felicidade pode ser fugaz e efêmera, mas é importante aproveitá-la quando ela se apresenta em nossas vidas. (p.12 -- in. A última volta do rio)

A narrativa percorre os desdobramentos acerca da vida de Chace e Noah. Ambos possuem em comum a terrível perda do pai com alguns acontecimentos que distanciam uma história do outro, mas aproximam-nos em tensão e paixão. Nota-se todo percurso desenvolvido na vida dos protagonista com nuances característica de alguém repleto de resiliência.

O livro também narra a importância de se buscar ajuda e aconselhamento em momentos difíceis.

Participar deste grupo de aconselhamento psiquiátrico tem sido uma parte crucial do meu processo de cura. Aqui, encontro um espaço seguro para compartilhar minhas emoções, minhas dúvidas e minhas dores. Ouvir as histórias de outras pessoas que também enfrentaram perdas e desafios me trouxe uma sensação de pertencimento e compreensão. (p. 47 in -- segredos)

Enfim, a obra é repleta de emoções e gatilhos emocionais acerca da luto e da superação, um belíssimo livro para ler nas tardes de conflitos internos ou para leitura em qualquer momento de prazer.

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