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O quanto vale a exploração da mão de obra? Uma reflexão sobre o documentário The true cost

"The True Cost" (O Verdadeiro Custo) é um documentário lançado em 2015, dirigido por Andrew Morgan, que explora as consequências sociais e ambientais da indústria da moda. O filme levanta questões importantes sobre a produção em massa de roupas, o impacto nos trabalhadores da indústria têxtil e o consumo de moda desenfreado.


O documentário começa discutindo a rápida transformação da indústria da moda nas últimas décadas, com marcas produzindo e lançando constantemente novas coleções, incentivando o consumismo. Esse ritmo frenético de produção tem implicações graves para o meio ambiente, desde a extração de matérias-primas até o descarte desenfreado das peças de roupa.


Um dos principais tópicos abordados no filme é o preço humano da moda rápida. O documentário investiga as condições de trabalho nas fábricas de países em desenvolvimento, onde é comum a exploração de trabalhadores e a violação dos direitos humanos. Os salários são baixos, os horários de trabalho são excessivos e as condições de segurança são precárias. O filme apresenta depoimentos emocionantes de trabalhadores que sofrem em silêncio para sustentar o sistema de produção em massa.


Outra discussão importante é a respeito dos impactos ambientais da indústria da moda. A produção de roupas consome enormes quantidades de água, energia e produtos químicos. Além disso, o descarte irresponsável das peças de roupa contribui para a poluição do meio ambiente. A moda rápida incentiva o consumidor a comprar roupas baratas, mas descartáveis, criando um ciclo vicioso de produção e consumo insustentáveis.


O filme também destaca alternativas à moda rápida. Ao longo de sua narrativa, são apresentadas empresas e designers que estão buscando uma forma mais ética e sustentável de produzir roupas. Essas marcas estão adotando práticas de comércio justo, usando materiais reciclados e investindo em uma cadeia de suprimentos transparente. O documentário ressalta a importância de valorizar a qualidade em vez da quantidade, incentivando um consumo consciente.


"The True Cost" é um documentário impactante que levanta questões cruciais sobre a indústria da moda e seu impacto na sociedade e no meio ambiente. Ao longo do filme, o público é levado a repensar seu relacionamento com a moda e refletir sobre como suas escolhas de consumo podem ter um enorme impacto em todo o sistema. O documentário oferece uma visão abrangente sobre a indústria da moda, destacando seu lado sombrio e abrindo espaço para discussões sobre mudanças necessárias.

O documentário que percorre diferentes partes do mundo, explorando diversos aspectos da indústria da moda, em especial a chamada "fast fashion", e os efeitos devastadores que essa indústria tem sobre a sociedade. Como ressaltado logo no início do filme, trata-se de uma história sobre as roupas que vestimos e as pessoas por trás delas. O documentário expõe questões trabalhistas frequentemente ignoradas, como salários ínfimos, jornadas exaustivas e condições perigosas de trabalho em prédios precários, além da exposição a produtos químicos prejudiciais à saúde.


Fonte: pense com responsabilidade

Um exemplo marcante apresentado é o colapso de uma fábrica de roupas em Bangladesh, em 2013, que resultou na morte de 1.127 trabalhadores e deixou milhares feridos. Essa fábrica produzia peças para marcas como Primark e H&M e relatos revelam que rachaduras no prédio já haviam sido identificadas anteriormente, porém nada foi feito para evitar a tragédia.


Além disso, o documentário destaca que a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, ficando atrás apenas da indústria do petróleo. Isso se deve principalmente ao aumento exorbitante do consumo nos últimos anos e ao descarte rápido dessas peças. O filme também aborda os impactos ambientais dos materiais utilizados na produção da moda, como o couro com seus produtos químicos tóxicos e o algodão, frequentemente proveniente de plantações geneticamente modificadas e com uso de pesticidas cancerígenos. A discussão sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais da indústria da moda continua, analisando a necessidade da produção globalizada que explora países em desenvolvimento, onde os salários são insignificantes e os direitos trabalhistas amplamente desrespeitados. Movidos pela busca de preços baixos, grandes redes de lojas de fast fashion pressionam os fabricantes têxteis a atenderem esses preços, sob o risco de perderem os consumidores. O documentário desmistifica a crença de que esse sistema é benéfico, revelando que alternativas na moda podem garantir um comércio ético, levando em consideração o desenvolvimento social dos trabalhadores e o cuidado com o meio ambiente.


Segundo o diretor do filme, é possível vislumbrar um futuro em que o sistema econômico não dite as regras para a humanidade, o meio ambiente e a qualidade de vida. "The True Cost" provoca reflexão sobre nossas ações e as consequências de nossas escolhas em uma teia de destruição.

O pior de todo enredo, além da exploração latente dos trabalhadores, é o salário, que, geralmente gira em torno de U$0,60 por dia de trabalho, chegando à 12 horas de trabalho exaustivas. A morte e o uso de prédios abandonados também é um fator de risco que coloca a vida dos trabalhadores que acabam morrendo, na maioria das vezes, em decorrência da queda dos prédios ou provocados pela exaustão do trabalho que explora à todos, sobretudo, nas regiões mais pobres dos países onde a lei de proteção ao trabalhador não é regulamentada, como Banglandesh, Marrocos e Índia.

Além disso, outro aspecto chocante dessa triste realidade é a falta de condições de segurança e saúde a que esses trabalhadores são submetidos. O uso de prédios abandonados como fábricas é extremamente perigoso, já que muitas vezes não passam por manutenção adequada e podem desmoronar a qualquer momento.


Essa situação precária é agravada pela ausência de medidas de proteção e treinamento para lidar com emergências ou situações de risco. Os trabalhadores são expostos a produtos químicos tóxicos, maquinários perigosos e condições insalubres, sem equipamentos de proteção individual adequados. Isso resulta em acidentes frequentes e doenças relacionadas ao trabalho, como problemas respiratórios, dermatites e lesões graves.


A exploração desenfreada e a falta de respeito pelos direitos humanos também se refletem na jornada de trabalho exaustiva imposta a esses trabalhadores. Eles são obrigados a cumprir longas jornadas de trabalho, muitas vezes chegando a 12 horas diárias, sem descanso adequado. Essa carga horária excessiva leva ao esgotamento físico e mental, comprometendo a saúde e a qualidade de vida dessas pessoas.


Diante desse cenário desolador, é urgente a necessidade de regulamentação e fiscalização das condições de trabalho nessas indústrias. Os governos dos países em que essas práticas são comuns devem criar leis que protejam os direitos dos trabalhadores e garantam condições dignas de trabalho.


Além disso, cabe às empresas globais que contratam essas fábricas assumirem a responsabilidade de garantir padrões éticos em suas cadeias de suprimentos. É essencial que elas se comprometam a não utilizar fornecedores que explorem seus trabalhadores e garantam que os trabalhadores sejam devidamente remunerados e tenham condições de trabalho seguras e saudáveis.


Enquanto consumidores, também temos um papel importante a desempenhar. Devemos nos conscientizar sobre as condições de trabalho por trás dos produtos que compramos e optar por marcas que demonstrem um compromisso claro com a responsabilidade social. Ao exigir transparência e responsabilidade das empresas, podemos contribuir para uma mudança real nesta indústria e para a garantia de direitos e dignidade aos trabalhadores explorados.


Um filme sobre o impacto do fast-fashion no mundo


Colapso na fábrica em Bangladesh em 2013, imagem CTVnews.

Recentemente, o Festival de Cinema Ambiental da República Dominicana (DREFF) realizou sua sexta edição com o tema "Yo soy sostenible" (Eu sou sustentável). O objetivo do festival era sensibilizar sobre as mudanças ambientais e práticas industriais prejudiciais em todo o mundo. Foram exibidos muitos filmes que abordaram questões como políticas públicas, água potável, fontes alternativas de energia e desenvolvimento socioeconômico sustentável.

O festival foi aberto com a exibição do documentário "The True Cost", dirigido por Andrew Morgan, que explorou os efeitos da "fast-fashion" no meio ambiente e nas condições de trabalho dos envolvidos na produção de roupas. A indústria da moda rápida produz um grande número de peças de vestuário para consumo em massa, levando ao consumo excessivo, desperdício e práticas ambientais prejudiciais. O documentário também mostrou o colapso do Rana Plaza em Bangladesh em 2013, onde mais de 1.100 trabalhadores morreram devido à falta de segurança nas instalações da fábrica.

Além disso, o filme abordou os efeitos negativos da produção de algodão na Índia, a exposição a produtos químicos nas fábricas de curtumes e calçados em Kanpur, e a poluição causada pela indústria têxtil no Haiti. A moda é considerada a segunda indústria mais poluente do mundo, depois da indústria do petróleo. O documentário foi descrito como um retrato da exploração pela imprensa.

Durante o festival, várias instituições e empresas do país realizaram exibições, atividades comunitárias e eventos com líderes ambientais e convidados especiais para promover o DREFF. O festival foi iniciativa da Fundação Global para a Democracia e o Desenvolvimento e busca conscientizar o público sobre a importância da sustentabilidade ambiental.

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