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Resenha: Amar se aprende amando, de Carlos Drummond de Andrade

Explorando as múltiplas faces do amor: um convite à reflexão e ao encantamento
Foto: Arte digital

APRESENTAÇÃO

“O mundo é grande e cabe / nesta janela sobre o mar. / O mar é grande e cabe / na cama e no colchão de amar. / O amor é grande e cabe / no breve espaço de beijar.” Com versos assim, que conciliam sofisticação e simplicidade, esta


coletânea exalta o mais nobre “sentimento do mundo”.

Publicado originalmente em 1985, apenas dois anos antes da morte de Drummond, Amar se aprende amando nos revela as diferentes facetas do amor. Para falar delas, o poeta sempre encontra um viés inusitado (como nos saborosos neologismos “sempreamar” e “pluriamar”), que evidencia sua aversão à retórica e evita a pieguice que ronda a poesia quando se fala das “coisas do coração”. Seus versos fazem aquilo que para muitos é impossível: traduzem sentimentos indescritíveis em palavras.

Se o amor romântico, aquele precedido pela paixão arrebatadora, tem destaque em poemas impactantes como “Amor” e “Lira do amor romântico”, Drummond também mostra que “O amor antigo tem raízes fundas, / feitas de sofrimento e de beleza”. Na segunda seção do livro, abre o leque para compor poemas magistrais sobre o amor fraterno, com destaque para o comovente “Companheiro”, feito para os 80 anos do amigo Pedro Nava. Na última parte, o poeta incorpora o cronista em versos tirados da realidade brasileira, que, àquela altura, caminhava para uma transição democrática depois dos amargos “anos de chumbo”.


RESENHA


Em Amar se aprende amando, Drummond fala sobre o amor na velhice e como ele muda com o passar dos anos. O poeta reflete sobre a importância de cultivar o amor e aprender com ele, mesmo diante de um mundo marcado pela brutalidade e pela indiferença. Ele aborda questões políticas e sociais, como a violência e a desigualdade, e como esses elementos afetam o amor e a esperança. Drummond mostra que, apesar das dificuldades, é preciso continuar cultivando o amor e mantendo a esperança viva, sem expectativas de uma felicidade universal.


Essas reflexões acerca do envelhecimento do corpo, que fazem alusão à capa da obra na qual se retrata o dorso de um corpo jovem, são destacadas por Drummond em suas reflexões do poema "Fazer 70 anos". Ele inclui a ideia de que atingir a idade de 70 anos não é uma tarefa simples, pois ao longo da vida somos confrontados com perdas e transformações no âmago de nosso ser. O poema fala sobre a necessidade de lidar com as memórias e ruínas do passado, bem como com a incerteza do futuro. Além disso, há uma reflexão sobre a dualidade de sentimentos que acompanha a chegada dos 70 anos, como a alegria misturada com a tristeza. Por fim, o poema destaca a importância da amizade e do apoio mútuo nessa fase da vida, ressaltando a estranha felicidade que pode surgir da velhice.


O poema "Reconhecimento do Amor" fala sobre a descoberta e aceitação do amor em uma amizade. O eu lírico descreve como inicialmente não entendia o verdadeiro significado do amor e como, aos poucos, foi se deixando envolver por ele de forma suave e doce. Através da amizade e da entrega mútua, o eu lírico percebe que o amor dissipa a individualidade e une os amantes em uma só essência, onde não há mais separação entre eles. O poema enfatiza a importância do amor como força transformadora e redentora, que transcende a razão e a própria existência individual para se integrar em um todo perfeito. No final, o eu lírico expressa a sua felicidade em estar completamente mergulhado no mar do amor, onde não há mais espaço para a superficialidade do mundo exterior. É um poema que celebra a beleza e a plenitude do amor verdadeiro.


O envelhecimento e as datas do calendário são vistos como mitos, enquanto o amor é descrito como algo atemporal, que nasce a cada momento. O poema destaca a ideia de que o amor é a conexão que une dois corações para a eternidade. O autor reflete sobre como o tempo não passa quando se trata do amor que sentimos no coração. Ele descreve o amor como algo eterno, que transcende qualquer medida de tempo. O autor enfatiza que o amor é a essência da vida e que, além do amor, não há nada.


O autor nos fala sobre a busca do ser humano por outro ser, que ao ser encontrado, gera um sentimento de estar completo e dividido ao mesmo tempo. O amor é descrito como um selo sublime que dá cor, graça e sentido à vida. No entanto, apesar da beleza e do perfume da rosa que simboliza o amor, o narrador não consegue senti-lo diretamente.


Em síntese, o livro 'Amar se aprende amando' é uma obra profunda e reflexiva que aborda questões universais como o amor, o envelhecimento e a busca pela felicidade. Drummond consegue conectar o leitor com suas palavras poéticas e sensíveis, levando-o a refletir sobre a importância do amor e da esperança mesmo em meio às adversidades da vida. O livro é uma verdadeira lição sobre como cultivar o amor e manter a fé nos dias difíceis, tornando-se uma leitura inspiradora.

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