A formação do território brasileiro foi resultado de um extenso período, nenhum processo de expansão ocorreu após a chegada dos portugueses em 1500 e se estendeu até pouco depois da transformação do país em uma república. No entanto, já nos primeiros anos do século XV o tema começou a ser delineado.
Com o tempo, as navegações tornaram-se cada vez mais comuns entre os povos e nações como Portugal e Espanha. Esses países investiram em expedições marítimas de grande porte para alcançar as Índias Orientais, um lugar conhecido por seu intenso comércio de especiarias.
Ambos os reinos partiram para explorar novas rotas. Os portugueses encontraram uma nova rota e navegaram ao longo da costa africana. Enquanto isso, os espanhóis tentavam encontrar um caminho inexplorado, que os levasse a descobrir um continente inteiro: a América. Logo após as suas descobertas, ambos os países começaram a disputar a propriedade desta massa de terra recém-descoberta. Após alguma deliberação, chegaram a um acordo para a criação de uma linha meridiana que se situaria a 370 léguas (1786 km) da ilha de Cabo Verde, em África, de modo a demarcar claramente estes territórios.
Dessa forma, o Tratado de Tordesilhas foi estabelecido em 1494. Esse acordo determinou os limites das terras sul-americanas entre Espanha e Portugal. Os territórios espanhóis situavam-se a oeste do meridiano, enquanto as áreas portuguesas ficavam a leste deste ponto. É dentro desses domínios portugueses onde nos dias atuais localiza-se o Brasil.
Além do mais, um dos principais objetivos do Tratado era estabelecer a paz entre Portugal e Espanha no que diz respeito à nova terra descoberta. Como resultado dessa pacificação, os portugueses puderam finalmente explorar o novo território. A primeira ocupação portuguesa no atual Brasil ocorreu já durante o século XVI na região costeira nordestina onde iniciaram algumas atividades econômicas.
Nos primórdios, as principais atividades econômicas consistem no ciclo da cana-de-açúcar e na exploração do pau-brasil. Naquela época, o açúcar não era muito conhecido ou utilizado na Europa; por isso a produção era altamente direcionada para exportação ao exterior. Como consequência desse crescimento das exportações, surgiram diversos centros urbanos importantes e cidades portuárias de grande relevância histórica.
À medida que as cidades se expandem e a urbanização se torna cada vez mais comum no território onde os portugueses se estabeleceram, surgiu a ideia de explorar mais o continente. O ciclo económico da cana-de-açúcar continua a prosperar e, gradualmente, a pecuária - criação de gado - estendeu-se para dentro do país.
Além da produção pastoril, durante as missões de exploração na atual região Norte do Brasil, os exploradores conseguiram encontrar especificidades locais e iniciaram uma busca mais ampla pelas chamadas “drogas do sertão”. Estas especiarias também serviram como uma estratégia positiva de exportação para a Europa, uma vez que não tinham acesso a esta matéria-prima.
Com isso, as Índias navegaram pelo território brasileiro. O Brasil se tornou uma peça importante para o comércio português durante suas navegações coloniais. Produtos como guaraná, salsa, cravo e canela tiveram alto valor comercial junto com o açúcar.
No final do século, um novo tipo de mercadoria (produto agrícola ou mineral) começou a aparecer nestas missões exploratórias. À medida que avançavam em direção à região Centro-Oeste do Brasil, especificamente na atual região Sudeste. Em Minas Gerais, os exploradores descobriram algo que transformaria enormemente a sua realidade nos séculos seguintes: o ouro.
Até agora, constatamos que ao longo de alguns séculos, o território brasileiro sofreu transformações. Inicialmente, havia apenas conhecimento do espaço nordestino e logo abaixo da costa já, localizando-se algumas comunidades litorâneas no estado paulista com suas vilas e cidades.
Algumas expedições rumo ao oeste levaram à ocupação de estados atuais da região norte, como Amazonas, e da região sudeste, como Minas Gerais. Apesar dessa expansão territorial ter mudado o mapa do país, ainda há áreas inexploradas até hoje.
O século XVIII ficou marcado pelo Ciclo do Ouro, uma era emblemática em que houve especial atenção e exportação de ouro, bem como outras gemas preciosas. Este período foi tão impactante que chegou a substituir produtos outros mais comercializados - como o açúcar -, já que países como Espanha e Reino Unido obtiveram-no por meio das suas colônias localizadas na América Central, fazendo assim com que as chegadas do Brasil diminuíssem.
A descoberta do ouro trouxe mudanças significativas nos padrões de ocupação e povoamento do território. Numerosos portugueses mudaram-se para Minas Gerais com ambições de desenvolver negócios mineiros, enquanto outros do Nordeste do Brasil também migraram para esta região por razões semelhantes. Como resultado, estima-se que a população quase dobrou devido à alta demanda por esse novo recurso brasileiro.
Toda essa comoção e movimentação populacional, provocada pela novidade, também alterou o número de indivíduos instruídos que foram treinados para administrar o dinheiro de forma eficaz e tornar os negócios cada vez mais lucrativos. Esta expansão do ouro aumentou a quantidade de cidades, alterou as suas estruturas em conformidade e desenvolveu-se em resposta às suas necessidades.
As necessidades evoluíram e tiveram impacto na estrutura laboral, afetando os trabalhadores que mantinham o ritmo de trabalho constante. O século XVIII ficou marcado pelo uso crescente da mão-de-obra causada pela escravidão.
Os povos indígenas e africanos, trazidos em navios mercantes, foram submetidos a condições de trabalho que não correspondiam ao seu bem-estar. E esses maus tratos aos trabalhadores estavam apenas começando.
Durante o início do século XIX, ocorreu um acontecimento que teve grande impacto no território brasileiro e também despertou interesse em diversos países europeus. A vinda da família real portuguesa para o Brasil simbolizou uma renovada relação entre a colônia e sua metrópole.
A inovação também chegou ao território nacional, trazendo muitas novidades reais e novas oportunidades de negócios com os países europeus. Além disso, a chegada de milhares de imigrantes europeus iniciou uma vasta diversificação cultural para o Brasil. Em termos de economia, tanto o ciclo do café na região Sudeste quanto o ciclo da borracha na região Norte modificaram mais uma vez qual produto era mais extraído desta terra - passou a ser fortemente exportado também.
Nessa época, territórios como os atuais Uruguai e Guiana Francesa foram anexados pelo Brasil. Porém, logo após sua incorporação ao país, o Brasil retirou-se da Guiana Francesa; após a sua independência, a região Cisplatina foi resolvida com o estabelecimento da República Oriental do Uruguai.
A expansão de novas comunidades e a descoberta de ciclos econômicos inovadores não apenas na ampliação territorial, mas também no desenvolvimento das vilas. Estes locais evoluíram em grandes cidades urbanizadas que se transformaram em centros financeiros prósperos, impulsionando um surto populacional significativo - a contagem demográfica foi estimada em 3,2 milhões de habitantes no ano de 1800 chegando a aproximadamente 17,4 milhões ao final do século XIX.
Estes dados demonstram o crescimento populacional no século e como também conduziu a um desenvolvimento mais concreto das áreas urbanas, fortalecendo ainda mais o poder sobre o território nacional com a chegada da corte de Portugal.
À medida que o século XIX se transformava no século XX, o Brasil teve que se acostumar com seu novo regime governamental: a República. Desde a sua proclamação em 1889, o Brasil passou por mudanças estruturais como divisão de estados que antes eram províncias e alterações nos métodos de expansão territorial.
Durante a época colonial e em certas graças durante o império, as missões de exploração foram empregadas pelo Brasil como meio para considerar, anexar e administrar novos territórios. Todavia, na república já se tinha conhecimento das regiões habitáveis do nosso continente. Será que ainda restava espaço para o governo brasileiro conquistar?
No início do século XX, ocorreram duas conquistas significativas que ajudaram a moldar o atual território do Brasil. Após disputas diplomáticas com a França – que governava a Guiana Francesa – o Brasil recuperou uma faixa de terra que reconheceu como sua. Esta área hoje é conhecida como estado do Amapá e foi incorporada ao estado do Pará.
Além disso, o destaque da época foi a incorporação do atual estado do Acre através de um conflito com a Bolívia que culminou na transferência das terras e no pagamento de preocupação ao país vizinho por intermédio do Tratado de Petrópolis.
Agora que você chegou até aqui, vamos compartilhar um fato fascinante sobre o território brasileiro. Em comparação com a expansão territorial dos EUA - que também progrediu para oeste como no caso do Brasil - o Brasil iniciou seu processo de expansão muito antes de sua independência (1822), enquanto os EUA só começaram após conquistar a independência (1776).
Se não fosse pela conquista do Acre em 1903, o Brasil teria completado sua expansão total antes dos Estados Unidos em 1853, após perder o território da Cisplatina desde 1828. Conseqüentemente, o Brasil manteve essencialmente o mesmo território desde sua independência, enquanto os americanos iniciavam sua processo de expansão somente após alcançar a independência.
Ao longo dos séculos, presenciamos mudanças significativas em diversos setores. No entanto, a história da expansão territorial do Brasil é extensa e influenciou profundamente o que conhecemos hoje como país. Cada avanço desde o século XV até os primórdios do XX molda a nossa realidade presente.
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