A Guerra do Peloponeso foi um conflito armado que aconteceu entre 431 e 404 a.C., envolvendo Atenas, reconhecida como um centro político e cultural do mundo ocidental no século V a.C., e Esparta, uma cidade-Estado com tradições militaristas e costumes austeros. A história desse confronto foi meticulosamente documentada por historiadores como Tucídides e Xenofonte em suas obras. Segundo Tucídides, a guerra teve como causa principal o aumento do poder de Atenas, o que provocava medo entre os espartanos. A cidade de Corinto teve um papel decisivo, pressionando Esparta a declarar guerra contra Atenas.
Causas
O rancor entre Atenas e Esparta remonta, pelo menos, ao período das Guerras Médicas, quando diferentes eventos geraram atritos entre as duas cidades-estados. Um exemplo disso foi o desejo de Esparta e Corinto de construir um muro no Cabo Coríntio, o que teria deixado Atenas vulnerável aos persas que já haviam invadido a cidade. Apesar desses choques, a relação entre as duas póleis era amigável em termos formais. Contudo, o crescimento descontrolado da Liga de Delos, fundada em 478 a.C., tornava o conflito inevitável, segundo o historiador Tucídides. A partir de 460 a.C., conflitos começaram a ocorrer com maior frequência, culminando na Primeira Guerra do Peloponeso (460-446 a.C.).
Esse primeiro conflito foi caracterizado por uma série de batalhas menores entre facções lideradas por Esparta, que comandava a Liga do Peloponeso (com a participação de Tebas), e Atenas, à frente da Liga de Delos (que incluía Argos). O começo dos embates favoreceu Atenas, que obteve vitórias tanto no mar quanto em terra. No entanto, em 454 a.C., a destruição de uma grande parte da frota ateniense enviada ao Egito para apoiar uma revolta líbia contra o Império Aquemênida levou Atenas a declarar uma trégua de cinco anos com Esparta. O conflito voltou a se acirrar em 448 a.C., durante a Segunda Guerra Sacra, momento em que Atenas estava em desvantagem.
Finalmente, no inverno de 446−445 a.C., foi estabelecida a Paz dos Trinta Anos, segundo a qual Atenas deveria abrir mão de suas conquistas territoriais, mantendo, contudo, seu domínio marítimo. A ilha de Egina, conquistada por Atenas após ter apoiado Esparta, tornou-se um membro autônomo da Liga de Delos, devendo apenas pagar tributos. Atenas e Esparta também se comprometeram a não atacar os aliados uma da outra, buscando uma estabilidade temporária entre as duas potências.
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