A Revolta dos Marinheiros foi um conflito entre as autoridades da Marinha do Brasil e a Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais (AMFNB) de 25 a 27 de março de 1964, no Rio de Janeiro. Membros da AMFNB, uma organização de bem-estar e trabalho sem armas, exigiram insubordinadamente mudanças nas suas fileiras, ao mesmo tempo que recebiam apoio de movimentos de esquerda. A base da Marinha estava localizada no Sindicato dos Metalúrgicos, levando a uma crise que se espalhou pelo Arsenal de Marinha e também pelos navios da Armada. Negociado pelo governo de João Goulart, esse evento levou à grande indignação os organizadores de um golpe de Estado iminente por ser um de seus antecedentes imediatos.
No início da década de 1960, a AMFNB fez parte de movimentos liderados por militares de baixa patente e também foi responsável pela Revolta dos Sargentos em 1963, da qual participaram muitos membros. Esta associação representava uma categoria pobre, com condições de trabalho difíceis e sem direitos como voto e casamento. Eles foram marcados por diferenças sociais em comparação com oficiais de patente superior. Fundado em 1962, teve como presidente em 1964 o marinheiro José Anselmo dos Santos ou “Cabo Anselmo”. Nestes dois anos, ganhou milhares de membros e tornou-se mais combativo sob a sua liderança, ao mesmo tempo que se alinhava com as políticas do Presidente Goulart em questões como reformas de base. A potencial indisciplina percebida neste grupo não agradou aos dirigentes que não toleraram a sua politização ao contrário do que ocorre com as atividades realizadas entre eles
O segundo aniversário da Associação foi comemorado no Sindicato dos Metalúrgicos no dia 25, porém ao receber notícias de dirigentes sendo presos pelas declarações proferidas no dia 20, os presentes decidiram permanecer em assembleia até que uma série de reivindicações fossem atendidas. O Ministro da Marinha, Silvio Mota, declarou estrita prontidão que pretendia trazer os marinheiros de volta às suas unidades, mas estes recusaram. No dia seguinte (26), tentou invadir com fuzileiros navais reforçados e apoio do exército liderado pelo almirante Cândido Aragão, que foi posteriormente demitido após recusar a ordem. A primeira tentativa falhou, pois alguns soldados da Marinha ficaram do lado dos oponentes enquanto eclodiam combates a bordo de navios que levavam fuzileiros navais a serem alvejados dentro do Arsenal da Marinha. A esquerda apoiou esses rebeldes que se opunham aos pontos de vista dos oficiais. Posição do ministério Mário da Cunha Rodrigues ao lado de seu discurso de comparação afirmando concessões realizadas durante uma reunião do Automóvel Clube. Essas decisões enfrentaram muitas críticas da oposição, fortalecendo o apoio militar e derrubando-o do poder pouco antes do final do mês
Na altura já se sentia que o episódio tinha paralelos com a Revolta da Chibata de 1910. Após o golpe, pessoas foram expulsas ou dispensadas do serviço na Marinha e processadas pela Justiça Militar. Um grupo politicamente carregado, liderado por ex-diretores, juntou-se a organizações de guerrilha contra a ditadura militar, mantendo a sua coerência, como nos tempos da AMFNB. “Cabo Anselmo” colaborou com agências de repressão durante este período, o que gerou acusações de agentes provocadores servindo conspiradores golpistas, levando historiadores a contestar tais afirmações mais recentemente. Após a Lei da Amnistia de 1979, ex-marinheiros e fuzileiros navais navegaram durante anos através de disputas legais e do Congresso em busca de compensação, juntamente com promoções, bem como reintegração na formação de reservas remuneradas sob a UMNA (Unidade de Mobilização Nacional para a Amnistia). As demandas feitas em conjunto incluíam direitos ao casamento juntamente com privilégios de voto, ambos alcançados mais tarde; os problemas de degradação de classificação também enfrentaram mudanças ao longo do tempo, sendo resolvidos gradualmente em todas as posições envolvidas especificamente nas classificações da AMFNB.
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