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Quarta Cruzada: Contexto e desdobramentos

A Quarta Cruzada, ocorrida entre 1202 e 1204, foi inicialmente planejada para retomar a Terra Santa, que estava sob controle muçulmano, através da invasão do Egito. No entanto, essa cruzada desviou-se de seu objetivo principal. Em parceria com os venezianos, os cruzados invadiram e saquearam Constantinopla, a capital cristã do Império Bizantino. Esse acontecimento resultou na criação do Império Latino e na intensificação do Grande Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e as Igrejas Bizantinas.

Contexto

A partir de 1198, o papa Inocêncio III começou a motivar a cristandade para iniciar uma nova cruzada, recebendo grande apoio da nobreza europeia. Suas habilidades de liderança e competência organizacional conferiam a seu pontificado uma considerável confiança popular.

A Quarta Cruzada foi liderada por Balduíno IX, Conde de Flandres, e Bonifácio II, Marquês de Monferrato. O transporte dos exércitos ocorreu a partir de Veneza, uma república comercial que enfrentava tensões crescentes com Constantinopla após o massacre de mercadores venezianos em 1182, devido aos privilégios comerciais que possuíam. Enquanto o objetivo do papa era destruir o poderio muçulmano no Egito, a rivalidade entre Veneza e os bizantinos acabou alterando o rumo das operações militares, que passaram a focar em Constantinopla, influenciados pelo desejo veneziano de vingar o massacre de seus mercadores. Além disso, Veneza mantinha boas relações comerciais e diplomáticas com o Egito.

A grande tomada da Constantinopla

Em 1204, os cruzados invadiram Constantinopla e coroaram Aleixo IV Ângelo como imperador bizantino, ao lado de seu pai, Isaac II Ângelo. Inocêncio III aceitou a situação, esperando uma reaproximação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. No entanto, novos impostos foram impostos para cobrir as promessas feitas aos cruzados, o que rapidamente deixou a população à beira da revolta.

Aleixo acabou sendo assassinado pelos bizantinos, levando Veneza a tentar retomar o controle do Bósforo. Com o apoio dos cruzados, em abril de 1204, Constantinopla foi novamente atacada, sofrendo três dias de massacres e saques. Estátuas, mosaicos, relíquias e riquezas acumuladas ao longo de quase um milênio foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios.

Embora enfraquecido, o Império Bizantino não desapareceu, recuperando sua força em 1261 sob o comando de Miguel VIII Paleólogo. Enquanto isso, os cruzados haviam estabelecido diversos principados latinos na Grécia, como o ducado de Atenas.

A trégua firmada por Ricardo Coração de Leão em 1191 permaneceu, apesar da desastrosa quarta cruzada no século XIII, garantindo a existência dos estados latinos no Levante (Armênia, Jerusalém, Acre, Trípoli e Chipre) e a presença dos próprios cruzados.

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