Divulgação |
1. colagem - pág. 25
dar corpo
aos restos espalhados
da outra de mim
expelida, fraturada
pela finitude
de um tempo bom
acolher esse corpo
refeito, marcado
por cicatrizes riscadas
em queloides lembranças
e movimentá-lo todos os dias
em direção ao possível
2. das mulheres - pág. 31
ser só
mulher
um devaneio
3. sanidade - pág. 40
não se culpar
pelos incontroláveis
gritos que causaram
a mudez
se abraçar e sentir
o confortável silêncio
de ser uma mulher
louca
4. dos fragmentos, o poema - pág. 51
tocar no trincado
do vidro interior
estilhaçar
amparar cada
pedaço meu
com
um
poema
de amor
5. todo dia - pág. 54
abraçar aquela
que não desiste
de estender meu coração
ao sol
Minibio da autora: Talita Franceschini de Carvalho (@talita.franceschini) é bibliotecária e professora, nasceu e reside na cidade de Descalvado, interior de São Paulo. Formou-se em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo (USP). Foi mediadora e curadora do coletivo de leitura Leia Mais Mulheres. Tem duas crônicas publicadas na antologia “Crônicas de ir, vir e permanecer” (Editora Txai, 2022) e recentemente publicou "Instruções de uma equilibrista" (Editora Patuá). Leitora simples, apaixonada pela literatura contemporânea, encontrou na escrita seu refúgio – de contradições e condensação – para viver e por um triz.
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