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Resenha: Midway (2019)

Image: Divulgação

Midway retrata a Batalha de Midway, travada entre 4 e 7 de junho de 1942, quando as forças navais americanas, lideradas por almirantes como Chester Nimitz (Woody Harrelson), derrotaram a Marinha Imperial Japonesa, marcando um ponto de virada no Pacífico. A narrativa cobre o período de 1941 a 1942, começando com o ataque a Pearl Harbor e culminando na batalha, focando no piloto de caça Dick Best (Ed Skrein), no oficial de inteligência Edwin Layton (Patrick Wilson), e em outros militares, como o piloto Bruno Gaido (Nick Jonas) e o almirante William “Bull” Halsey (Dennis Quaid).

A trama também inclui a perspectiva japonesa, destacando o Almirante Isoroku Yamamoto (Etsushi Toyokawa) e o Contra-Almirante Tamon Yamaguchi (Tadanobu Asano), que planejam a operação em Midway para atrair a frota americana. A narrativa é estruturada em torno de eventos históricos, com foco nas estratégias de inteligência, combates aéreos e decisões de comando, enquanto explora a bravura e o sacrifício dos pilotos. O filme termina com a vitória americana, destacando seu impacto na guerra e homenageando os envolvidos.

O enredo, escrito por Wes Tooke, prioriza a ação e a fidelidade histórica sobre o desenvolvimento profundo de personagens, funcionando como uma crônica de guerra. Inspirado em relatos reais e eventos documentados, Midway busca equilibrar a perspectiva americana com um respeito pelos adversários japoneses, evitando caricaturas, mas mantendo um tom patriótico.

Roland Emmerich, conhecido por blockbusters como Independence Day (1996), dirige Midway com uma abordagem voltada para o espetáculo, enfatizando sequências de batalha visualmente impressionantes. Filmado em locações no Havaí e em estúdios com extenso uso de CGI, o filme recria porta-aviões, caças e explosões com realismo, embora o excesso de efeitos digitais por vezes comprometa a autenticidade. A cinematografia de Robby Baumgartner é dinâmica, com planos aéreos que capturam a intensidade dos combates e enquadramentos que destacam a vastidão do Pacífico.

A trilha sonora, composta por Harald Kloser e Thomas Wanker, é grandiosa, com temas orquestrais que reforçam o heroísmo e a tensão, embora possa soar genérica em momentos. O design de som, com roncos de motores e explosões, é imersivo, especialmente nas sequências de bombardeio. A edição de Adam Wolfe mantém um ritmo acelerado, alternando entre combates, reuniões estratégicas e breves momentos pessoais, mas a duração de 138 minutos pode parecer longa devido à falta de profundidade emocional.

A produção, com um orçamento de 100 milhões de dólares, foi ambiciosa, enfrentando desafios para recriar batalhas navais e aéreas com precisão. Emmerich trabalhou com consultores históricos e veteranos para garantir detalhes, como os modelos de aviões (SBD Dauntless, A6M Zero) e táticas navais. A decisão de incluir perspectivas japonesas, inspirada por filmes como Cartas de Iwo Jima (2006), adiciona nuance, mas o foco americano domina a narrativa.

Ed Skrein entrega uma performance sólida como Dick Best, retratando o piloto com bravura e vulnerabilidade, embora o roteiro limite sua profundidade. Patrick Wilson, como Edwin Layton, é o destaque, trazendo inteligência e peso emocional ao oficial que decifra os códigos japoneses. Woody Harrelson, como Chester Nimitz, oferece uma atuação carismática, mas breve, enquanto Dennis Quaid e Aaron Eckhart, em papéis menores, adicionam gravidade.

Do lado japonês, Etsushi Toyokawa, como Yamamoto, é contido, capturando a visão estratégica e o conflito interno do almirante, enquanto Tadanobu Asano, como Yamaguchi, traz intensidade. Nick Jonas, como Bruno Gaido, surpreende em um papel secundário, com momentos de heroísmo que ressoam. O elenco, embora estelar, é prejudicado por um roteiro que prioriza a ação sobre o desenvolvimento de personagens, resultando em atuações funcionais, mas não memoráveis.

Image: Divulgação

Contexto

Midway é historicamente preciso em sua representação da Batalha de Midway, capturando eventos-chave, como o papel da inteligência americana em decifrar os códigos japoneses e os ataques de bombardeiros de mergulho que afundaram quatro porta-aviões japoneses (Akagi, Kaga, Soryu, Hiryu). A liderança de Nimitz, a bravura de pilotos como Best e a estratégia de Yamamoto são baseadas em registros históricos, enquanto a inclusão de Pearl Harbor contextualiza a revanche americana.

Algumas liberdades narrativas são tomadas. A figura de Best é centralizada, embora sua história seja composta de vários pilotos, e a batalha é condensada para efeito dramático. A perspectiva japonesa, embora respeitosa, é menos desenvolvida, e a ausência de outras forças aliadas, como a Austrália, reflete o foco americano. Detalhes como uniformes, aviões e navios são precisos, mas o uso de CGI pode parecer artificial em comparação com filmes como O Resgate do Soldado Ryan (1998).

Lançado em 8 de novembro de 2019, Midway reflete o contexto do final dos anos 2010, quando o interesse por narrativas históricas crescia, impulsionado pelo 75º aniversário da Segunda Guerra Mundial. O filme também ressoa com um público americano em busca de histórias patrióticas, enquanto tenta oferecer uma visão equilibrada, reconhecendo o sacrifício japonês.

O impacto narrativo de Midway reside em suas sequências de ação e na recriação de um evento histórico pivotal. As batalhas aéreas, com bombardeiros mergulhando contra porta-aviões, são visualmente emocionantes, capturando a adrenalina e o risco dos pilotos. A narrativa, embora centrada em Best e Layton, celebra o esforço coletivo, com momentos como o sacrifício de Gaido destacando a bravura individual. A inclusão da perspectiva japonesa adiciona nuance, mostrando Yamamoto como um estrategista dividido, mas o foco permanece nos heróis americanos.

Os temas centrais — coragem, sacrifício, estratégia e o impacto da inteligência — são explorados de forma acessível, mas superficial. O filme glorifica o heroísmo americano, com figuras como Best representando a determinação, enquanto Layton simboliza a importância do trabalho nos bastidores. A ausência de desenvolvimento emocional limita a conexão com os personagens, mas a escala das batalhas compensa, oferecendo uma experiência visceral.

Cenas como o ataque a Pearl Harbor, o bombardeio de Midway e a decisão de Nimitz de confiar na inteligência são emocionalmente impactantes, reforçadas por diálogos que capturam a urgência, como “Esta é nossa chance de mudar a guerra”. A escolha de terminar com imagens reais de veteranos adiciona autenticidade, conectando a ficção à história.

Image: Divulgação

Recepção 

Midway teve recepção mista, arrecadando 127 milhões de dólares globalmente, mas não alcançando o sucesso de outros epics de guerra. A crítica elogiou suas sequências de ação, com o Hollywood Reporter chamando-o de “um espetáculo visual”, mas criticou a falta de profundidade emocional e o excesso de CGI. No Brasil, o filme foi bem recebido por fãs de ação, mas gerou menos debate acadêmico que obras como A Lista de Schindler (1993).

O legado de Midway é modesto, mas relevante. Ele trouxe atenção à Batalha de Midway, inspirando interesse em documentários e livros sobre o Pacífico. Sua tentativa de equilibrar perspectivas americana e japonesa influenciou narrativas mais inclusivas, enquanto suas sequências aéreas estabeleceram um padrão para blockbusters históricos. Em 2024, postagens no X durante o Dia da Vitória no Pacífico (2 de setembro) destacaram o filme como um tributo aos veteranos, com comparações às tecnologias modernas de guerra.

No Brasil, Midway é usado em aulas de história para discutir a campanha do Pacífico e em estudos de cinema para analisar a estética de Emmerich. A teoria da história de Jörn Rüsen, discutida no país, enfatiza a relevância de narrativas como esta, que conectam o passado às reflexões sobre estratégia e sacrifício.

Crítica

Midway é historicamente preciso em sua recriação da batalha, com detalhes baseados em registros e relatos de veteranos. A importância da inteligência, a liderança de Nimitz e os combates aéreos são fiéis à realidade. No entanto, a centralização de figuras como Best e a simplificação de eventos para uma narrativa de duas horas são limitações. A perspectiva japonesa, embora incluída, é secundária, e a ausência de outras forças aliadas reduz o contexto.

Críticos modernos elogiam o filme por sua acessibilidade e espetáculo, mas observam que sua abordagem convencional e falta de profundidade emocional o tornam menos impactante que obras como Cartas de Iwo Jima (2006). A glorificação americana pode alienar públicos internacionais, mas sua tentativa de respeitar os japoneses é um passo adiante. O filme permanece uma referência para fãs de história militar, especialmente em um mundo onde a memória da Segunda Guerra Mundial ressoa em debates sobre liderança e tecnologia.

Midway é um épico de guerra que captura a grandiosidade da Batalha de Midway com sequências de ação impressionantes e um esforço para homenagear ambos os lados do conflito. A direção de Emmerich, as atuações de Skrein e Wilson, e uma narrativa que celebra a coragem fazem do filme uma adição valiosa ao gênero bélico. Como um reflexo da Segunda Guerra Mundial, ele honra os que lutaram, oferecendo lições sobre estratégia, sacrifício e determinação.

Cinco anos após sua estreia, Midway permanece um tributo acessível à história militar, lembrando-nos do impacto de decisões cruciais na guerra. Que seu legado inspire a reflexão sobre a coragem e a importância de preservar a memória dos que moldaram o curso da história.


Fontes:

  • Hornfischer, James D. The Last Stand of the Tin Can Sailors, 2004.

  • Enciclopédia Britânica, “Midway”, 2025.

  • Brasil Escola, “Segunda Guerra Mundial”, 2025.

  • Postagens no X sobre o Dia da Vitória no Pacífico, 2024.

  • Rüsen, Jörn. História e Narrativa, 2006.

Nota: Esta resenha foi escrita com o objetivo de oferecer uma análise detalhada e fiel de Midway, respeitando seu contexto histórico e impacto cultural.

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