APRESENTAÇÃO
''O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA CÓSMICA — O DEUS ADORMECIDO'' — tem por objetivo apontar a relação atitudes x abusos x credulidade. Visto que algumas vezes a pessoa, por comodismo ou por desatenção, submete-se a pitorescas situações, que nenhum mal haveria, não fosse o fato de esses deslizes fomentarem a ganância daqueles que, em sua soberba, aproveitam de inocentes.
Esta obra questiona fatos, mantendo, porém, o respeito ao direito de escolha de cada um. A fé é um suplemento| necessário ao homem, portanto, acreditar não se nivela a excluir-se, entregando sua jornada e competência a outro de igual necessidade. Aquele que crê, acredita primeiro em si, em sua capacidade, em sua competência, em seu valor. Daí, as demais coisas lhe serão acrescentadas. Cada ser é um milagre, e as escolhas de cada um determinarão suas conquistas.
RESENHA
O despertar da consciência cósmica é um livro de ficção escrito pelo autor Tasso de Abreu. O livro é uma pesquisa pessoal do autor acerca do processo (ou ausência dele) de pensamento crítico de cada indivíduo acerca dos dogmas e dos paradigmas das religiões.
Antes de iniciarmos uma análise acerca da obra, primeiramente, faz-se necessário analisar o contexto do chamado despertar da consciência. O despertar da consciência é um termo que se refere ao processo de se tornar consciente (durante atos e processos de reflexão e pensamento) de si, de suas emoções, pensamentos, padrões de comportamento e do mundo ao seu redor. É um momento de autodescoberta e questionamento, no qual a pessoa começa a refletir sobre sua existência, propósito de vida, valores e crenças.
Esse despertar pode ser desencadeado por diferentes experiências, como eventos traumáticos, encontros significativos, práticas espirituais, estudos filosóficos ou simplesmente uma busca interna por significado e sentido. À medida que a pessoa se torna mais consciente, ela pode começar a questionar as narrativas e condicionamentos sociais, buscando um maior alinhamento com seus valores e uma compreensão mais profunda de si mesma e do mundo.
O despertar da consciência é um processo individual e contínuo, pois estamos sempre em evolução e aprendizado. Pode trazer uma sensação de liberdade, autenticidade e conexão com algo maior, além de uma maior responsabilidade em relação às escolhas e ações. No entanto, também pode ser desafiador, pois pode envolver confrontar medos, enfrentar a desconstrução de crenças antigas e lidar com a incerteza.
A síntese principal do livro deu-se por intermédio de uma série de acontecimentos na vida do autor, o que o colocou a se questionar acerca do porquê das coisas serem como são e os motivos que tornam a vida como ela é. Suas reflexões iniciaram-se buscando o entendimento mais assertivo acerca da vida cotidiana, das decisões, e claro da religião e de todos os dogmas estabelecidos por ela. Observa-se que o autor procura a todo instante estabelecer linhas de raciocínio lógico (falhas) na religião com o mundo contemporâneo, procurando analisar claramente a relação pobreza x fracasso x tristeza e religião.
A tese central da obra é uma crítica ao modo com o qual se desenvolvem as religiões, seus pensamentos arraigados em preceitos estabelecidos em suas observações com o decorrer dos anos. O autor defende a ideia de que a religião, como estabelecida na atualidade, é apenas uma forma de pensamento e comportamento arcaica e fundamentada, de pouca lógica ou raciocínio, tornando o ato de crer apenas algo genético, não racional e intuitivo. Desta forma, acreditamos em algo sem questionar ou hesitar, pois assim nos foi apresentado, não nos atendo aos detalhes que norteiam os ritos religiosos ou sua existência como fomentador de idealizações passadas e retrógradas ao pensamento geral e comum.
Para elucidar suas provocações, o autor faz recortes temporais de passagens da bíblia, pouco elaborados acerca da existência da necessidade de pensamento, observadas a seguir:
O próprio Jesus, entidade fundamental do cristianismo, líder idolatrado de uma infindável série de denominações religiosas, já teria afirmado, de acordo com o evangelho de Tomé, o “ver para crer”: “Quem não conhece a si, não conhece nada; mas quem se conheceu, veio a conhecer, simultaneamente, a profundidade de todas as coisas” (pág. 24).
E mais:
E, ainda, no Evangelho apócrifo de Tomé, encontramos: “O reino de Deus está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sois o filho do Pai Vivo. Mas se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza” (pág. 24).
Em síntese, o autor visa reafirmar a necessidade de que o leitor deva buscar respostas a fim de se conhecer profundamente, como estabelece a necessidade descrita pela própria bíblia.
O propósito do livro é dividido em duas partes, que, como propõe o autor: a primeira parte discute de forma maçante e nada convincente as dúvidas e provocações do homem em relação à vida e a morte, chamado "a era das dúvidas". A segunda parte, uma análise empírica e pouco elaborada e fora dos eixos e do foco central, o autor desenha agressivamente o descortinamento do véu que separa o universo dos homens e de Deus, o grande fomentador de rivalidades, medos, guerras e angústias, que, de certa forma, provocam no homem mais crenças e pensamentos pouco fundamentados na razão. A ideia que se passa é que não, este não é um livro sobre como pensar claramente fora dos eixos da religião, o que me pareceu muito mais um livro contra a figura do Deus cristão, pelo fato de que, o autor se atém unicamente em citar passagens da bíblia, mas não de outros livros, e todas as suas dúvidas e questionamentos fundamentam-se unicamente no universo da religião cristã, bem como suas citações demasiadamente cansativas da bíblia, ou seja, uma perda de foco totalmente exaustiva e que torna a leitura extremamente cansativa e maçante.
Para comprovar o uso exagerado de passagens da bíblia, ainda que o autor se atenha em dizer religião, e não religião cristã, como sua própria obra trata, poderemos observar passagens da bíblia nas páginas 55, 56, 80, 85, 86, 105, 113, 114, 115 e demais páginas, há pelo menos dez citações em cada capítulo da obra.
Talvez o livro possa ser reescrito por alguém que, de fato, tenha algo interessante a dizer sobre a real necessidade do pensamento e da lógica humana para fugir de todos os preceitos estabelecidos na sociedade com mais foco, estudo, lógica e com menos recursos exagerados no uso de sinônimos falhos e antíteses fracas para fomentar seus pensamentos. Ou, devo dizer, que o autor reescreva esta obra em uma nova edição com um título mais interessante, visto que seu foco foi menos pensamento e mais religião cristã. No mais, uma obra interessante durante os momentos de ócio.