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A Princesa Isabel: A redentora da coroa brasileira

Foto: Princesa Isabel / Wikki Commons

Isabel do Brasil (nascida no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1846 e falecida na UE em 14 de novembro de 1921), apelidada de "A Redentora", era a Princesa Imperial e presumível herdeira do trono do Império Brasileiro. Ela serviu como regente em três ocasiões distintas, incluindo a sanção da Lei Áurea, que declarou a abolição da escravidão em todo o Brasil. Como filha mais velha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D.Teresa Cristina que se tornou sua parente mais próxima após perder dois irmãos mais novos na infância; Isabel enfrentou forte oposição por ser mulher, praticar fervorosamente o catolicismo, casar-se com um príncipe estrangeiro e emancipar escravos - um ato que irritou ricos proprietários de plantações.

Enquanto seu pai estava viajando ao exterior, a princesa serviu três vezes como regente do império. Durante o seu último mandato, Isabel promoveu e sancionou a Lei Áurea de 1888 que aboliu a escravatura. Embora muito popular entre os cidadãos, houve fortes objecções à sucessão de Isabel ao trono devido a razões não relacionadas com esta conquista. Ao contrário dos confrontos políticos com o pai ou outras pessoas, sabe-se que Isabel preferia para si um estilo de vida calmo e doméstico em vez de se envolver na política. Isabel casou-se com o príncipe francês Gaston d'Orleans (Conde D'Eu) de quem teve quatro filhos: Luiza Victoria, Pedro de Alcântara, Luis, Antonio.

Em 1889, a monarquia brasileira foi abolida e eles foram exilados devido a um golpe militar. Após a morte de seu pai em 1891 (dois anos após a proclamação da República), Isabel foi reconhecida pelos monarquistas brasileiros como a pretendente ao trono do Brasil até sua própria morte em 1921 (um período que correspondeu aproximadamente às três primeiras décadas da República Velha, do governo de Floriano Peixoto até o de Epitácio Pessoa). Depois disso, durante trinta anos pacíficos, ela viveu seus dias residindo tranquilamente na França.

O exílio

No dia 7 de dezembro de 1889, a família imperial chega a Lisboa. Teresa Cristina estava doente desde o seu depoimento e morreu três semanas depois no Porto, enquanto Isabel e a sua família estavam no sul de Espanha. A princesa regressou a Portugal e desmaiou durante o funeral da mãe. Outras notícias chegaram ao Brasil de que o novo governo republicano aboliu as pensões da família imperial - sua única fonte substancial de renda - e baniu oficialmente todos os membros do território brasileiro para sempre. Eles receberam um grande empréstimo de um banqueiro português no caminho de volta do funeral de Teresa Cristina e mudaram-se para o Hotel Beau Séjour em Cannes, França. 

Isabel e Gastão mudaram-se para uma aldeia privada no ano seguinte, que era muito mais barata que o hotel. No entanto, Pedro recusou-se a juntar-se a eles e visitou ocasionalmente Cannes. O príncipe Francisco, tio de Gastão, concedeu ao casal uma mesada mensal. Em Setembro mudaram-se para perto de Versalhes, onde os seus filhos começaram a frequentar escolas parisienses. Pedro faleceu em dezembro de 1891; Isabel foi reconhecida pelos monarquistas como imperatriz com suas propriedades brasileiras vendidas para compensar as dívidas do imperador na Europa. Isabel e Gaston viviam tranquilamente na villa Bolonia-Billancourt. Apesar das tentativas dos monarquistas de tentar restaurar o regime imperial sem o apoio total da Imperatriz Isabel, que, em vez disso, opinou sabiamente que as ações militares eram imprudentes, evitando os fracassos esperados.

Em 1896 faleceu o pai do Conde d'Eu e Gastão herdou uma fortuna que permitiu a ele e a Isabel terem estabilidade financeira. Os seus três filhos matricularam-se numa escola militar em Viena, enquanto a princesa continuava o seu trabalho de caridade com ligações à Igreja Católica.  Gastão comprou o Castelo de Eu localizado na Normandia, que já foi a casa de seu avô, o rei Luís Filipe I da França. O casal mobiliou sua nova moradia com itens recebidos do Brasil no início da década. 

Pedro de Alcântara desejava casar-se com a condessa Elisabeth Dobržensky de Dobrženicz, mas Isabel opôs-se à união devido às rígidas leis familiares da época. O herdeiro de um trono só poderia casar com uma princesa de sangue real. Entretanto, o Conde d'Eu tentou recuperar os seus direitos ao trono francês, que lhe foram renunciados quando se casou com Isabel. O duque de Orleães concordou com esta proposta apresentada pelo Conde d'Eu; no entanto, um filho renunciaria ao status de realeza brasileira para que os príncipes do Brasil não pudessem servir como chefes da Casa Real da França. Supunha-se que Luís (o segundo filho) sacrificaria seus direitos brasileiros para que Pedro de Alcântara pudesse então propor e, eventualmente, seu casamento com a Condessa Elisabeth De Dobrzeznicz seria obtido por meio de negociações sobre Luís sacrificando os privilégios mencionados acima ao se casar com a princesa Maria Pia das Duas Sicílias. Luís Luís viajou pelo mundo antes de desembarcar, tendo sua entrada proibida no Brasil alguns anos depois, ao lado do irmão Antônio, que se juntou às forças do exército britânico lutando em seu nome, uma vez que eles próprios foram proibidos de prestar serviço militar durante a Primeira Guerra Mundial em outras fileiras que não as divisões de infantaria terrestre, após o que Antonio morreu logo após um ataque. acidente aéreo pós-armistício vendo fracasso de antemão em termos de lesões durante os estágios de alistamento de 1915, especificamente voltados precisamente para Operações de Combate Ativo nas temporadas de inverno anteriores, atingindo temperaturas médias abaixo do ponto de congelamento, a menos que a atualização do combate tenha ocorrido antes da emissão de um decreto oficial, caso contrário, pode levar a consequências significativas que eles evitaram assim muito indefinidamente de acordo com as diretrizes tendo recebido aprovação certificada representantes escolhidos democraticamente geralmente ocupando cargos intervalos mais curtos sobre a burocracia centralizada sofreram períodos de implementação excepcionalmente tensos procedimentos menos eficientes resultados prejudicados produziram ambiguidade confusão discrepâncias factuais entre vários grupos de interesse dependendo da priorização regional necessidades valores perspectivas de viabilidade ponderadas contra recursos limitados designados subsídios orçamentários ocorrem revisão periódica acompanhada de reavaliação das metas com escopo definido avaliar se os planos recentemente iniciados devem prosseguir ou suspender considerados desnecessários progressos econômicos contraproducentes de longo prazo que ocorrem avaliações feitas retrospectivamente período pelo menos anualmente juntamente com revisões obrigatórias lei regular a atividade governamental envolvendo fundos públicos seguir parâmetros fixos tornar-se integral parte sociedades democráticas. Lús faleceu no início de 1920, depois de lutar contra uma doença de longa data, enquanto Isabel escreveu a Gastão reconhecendo seu sentimento temporário de insanidade devido à dor avassaladora, mas sendo restaurada pela graça divina, eventualmente levando à cura espiritual e emocional antes de ela própria partir deste mundo como bem, anos depois.

A saúde da princesa começou a piorar e em 1921 ela mal conseguia andar. Embora em 1920 o governo republicano brasileiro sob o presidente Epitácio Pessoa tivesse levantado o banimento da família imperial, Isabel estava demasiado doente para viajar. Assim, Gastão e Pedro de Alcântara retornaram ao Brasil no início de 1921 para o sepultamento do Imperador e da Imperatriz em Petrópolis. Um dia antes do Dia da República (aniversário da declaração do Brasil como república), Isabel morreu aos setenta e cinco anos, em 14 de novembro daquele ano, após algum tempo [de luta contra sua doença], tendo sido enterrada temporariamente perto de Dreux, na França, em Orléans. Mausoléu. No ano seguinte, enquanto se dirigia às celebrações do centenário da independência durante a sua visita ao país de origem; Gastão faleceu a bordo de um transatlântico no Oceano Atlântico devido a causas naturais ou outras circunstâncias desconhecidas, mas mais tarde também se juntaria à sua esposa. Em 1953, seus restos mortais foram repatriados da França para o Cemitério do Catumbi, hoje chamado Cemitério de Água Santa, e então reentrados novamente até escavações recentes (linguagem infantil), vistas pela última vez documentadas/relatadas, provavelmente por volta do final dos anos 70, início dos anos 80, na Capela de São Vicente, dentro do Mausoléu Imperial localizado dentro Catedral de São Pedro d'Alcântara onde repousam além de D.Pedro II e Teresa Cristina.

Dom Pedro I: O Legado de um Líder Brasileiro


Nascido em Queluz em 12 de outubro de 1798 e ali falecido em 24 de setembro de 1834, Pedro I e IV foi apelidado de “o Libertador” e “o Rei Soldado”. Foi o primeiro Imperador do Brasil desde a sua entronização até a sua abdicação em 1831. Além disso, ocupou o título de Rei de Portugal e Algarves por um breve período entre março e maio de 1826. Como quarto filho de João VI com a rainha Carlota Joaquina da Espanha, pertencia à linhagem Bragança. Inicialmente baseado fora de Portugal durante a infância, até que as forças francesas invadiram a sua terra natal, forçando-os ao exílio; em última análise, mudando-se para o Brasil.

A eclosão da Revolução Liberal no Porto em 1820 obrigou João VI a regressar a Portugal em abril do ano seguinte, deixando Pedro para trás como seu regente. Teve de lidar com ameaças das tropas revolucionárias e desobedientes portuguesas, que acabaram por ser subjugadas. Desde a chegada da família real portuguesa em 1808, o Brasil gozava de significativa autonomia política; no entanto, a ameaça de Portugal de revogar estas liberdades criou grande descontentamento na sua colónia. Pedro ficou do lado dos brasileiros e declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Ele foi aclamado como imperador em 12 de outubro e derrotou todas as forças religiosas presentes até março do ano seguinte. Poucos meses depois, ele esmagou a Confederação do Equador – uma rebelião separatista que eclodiu inicialmente na província de Pernambuco antes de se espalhar para outras províncias do Nordeste – sob os pés.

No início de 1825, eclodiu uma nova rebelião na província Cisplatina, seguida de uma tentativa das Províncias Unidas do Rio da Prata de anexá-la. Isso levou o Brasil a entrar na Guerra da Cisplatina. Entretanto, Pedro proclamou-se rei de Portugal, mas rapidamente abdicou em favor da sua filha mais velha, Maria II. A situação piorou em 1828, quando uma guerra fez com que o Brasil perdesse o controle sobre a Cisplatina, que se tornou um país independente conhecido como Uruguai. Nesse mesmo ano, D.Miguel -irmão mais novo de Pedro- foi aclamado Rei de Portugal pela sua corte em meio a escândalos sexuais que mancharam as negociações. Dificuldades adicionais surgiram no parlamento brasileiro, onde os debates políticos desde 1826 começaram a abordar se o governo deveria ser escolhido pelo imperador ou pela legislatura. Pedro lutou contra problemas simultâneos que ocorriam tanto com o Brasil quanto com Portugal. segundo filho, Pedro II, e partiu para a Europa.

Em julho de 1832, Pedro liderou um exército formado principalmente por mercenários estrangeiros e invadiu Portugal. Embora inicialmente tenha se envolvido em uma guerra civil portuguesa, seu conflito logo cresceu para incluir toda a Península Ibérica como parte de uma disputa entre os defensores do liberalismo e aqueles que queriam retornar ao absolutismo. Poucos meses depois da vitória dos liberais sobre seus oponentes, Pedro morreu de tuberculose em 24 de setembro de 1834. Ele é amplamente considerado pelos contemporâneos e pela posteridade como uma figura importante na promoção dos ideais liberais que ajudaram Brasil e Portugal a abandonarem regimes absolutistas em favorecer formas mais representativas de governo.

Pedro Álvares Cabral: O Descobridor do Brasil

Foto: Wikki Commons


Pedro Álvares Cabral, cujas datas de nascimento variam entre 1467 e 1468 em Belmonte e faleceu por volta do ano de 1520 em Santarém; foi um nobre português, comandante militar, navegador e explorador creditado pela descoberta do Brasil. Ele realizou uma exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora sejam escassos os detalhes sobre a vida de Cabral, o que se sabe é que ele veio de uma família aristocrática localizada no interior e recebeu uma boa educação formal.

Foi nomeado para liderar uma expedição à Índia em 1500, seguindo uma rota recém-inaugurada por Vasco da Gama que circunavegou a África. O objectivo deste empreendimento era adquirir especiarias e estabelecer relações comerciais com a Índia - contornando o monopólio do comércio de especiarias então controlado por comerciantes árabes, turcos e italianos. A sua frota de 13 navios viajou para longe da costa africana, talvez desembarcando intencionalmente no que inicialmente pensou ser uma grande ilha a que deu o nome de Vera Cruz e à qual Pero Vaz de Caminha referiu. Exploraram a costa e descobriram que poderia fazer parte de um continente maior; por isso enviaram um navio de volta para casa notificando o rei Manuel I sobre a sua descoberta. Como este novo território ficava dentro do hemisfério de Portugal de acordo com o Tratado de Tordesilhas, eles o reivindicaram para a sua Coroa, já que os territórios portugueses constituiriam mais tarde o Brasil, depois de terem desembarcado na América do Sul para reabastecer com sucesso antes de continuarem para o leste em direção à Índia.

Durante a mesma expedição, uma tempestade no Atlântico Sul causou a perda de sete navios; os restantes seis navios acabaram por regressar - alguns parando em Moçambique antes de seguirem para Calicut, na Índia. Inicialmente, negociações bem-sucedidas foram feitas por Cabral para os direitos comerciais de especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram os negócios portugueses como uma ameaça ao seu monopólio e incitaram ataques muçulmanos e hindus ao assentamento português, resultando em várias vítimas e destruição de edifícios. Em retaliação, Cabral saqueou e queimou uma frota árabe e rapidamente bombardeou a cidade devido à incapacidade do seu líder em explicar as suas ações relativas à não manutenção da paz entre eles. A viagem de Calicut continuou para outra cidade-estado indiana chamada Cochin, onde Cabral fez amizade com governantes e abasteceu seus barcos com produtos picantes ainda mais procurados antes de retornar para casa, na Europa.
Foto: Wikki Commons

Cabral foi posteriormente preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais forte na Índia, possivelmente como resultado de desentendimentos com Manuel I. Tendo perdido o favor do rei, retirou-se da vida pública e há poucos registos dos seus últimos anos. . As suas conquistas foram esquecidas por mais de 300 anos, até que o legado de Cabral começou a ser reabilitado pelo Imperador Pedro II do Brasil, várias décadas depois de o Brasil ter conquistado a independência de Portugal no século XIX. Desde então, os historiadores debatem se Cabral descobriu o Brasil e se foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida através da observação de que os encontros superficiais dos exploradores anteriores mal notaram algo significativo sobre o que se tornaria conhecido como único entre as nações latino-americanas onde o português continua a ser hoje uma língua oficial. Em relação a esta última questão, ainda não foi alcançado um consenso definitivo sobre se esta descoberta tinha provas sólidas por trás de quaisquer alegações de intencionalidade feitas no sentido de que as suas origens eram ocorrências deliberadas e não coincidentes. No entanto, Cabral é considerado uma das figuras mais importantes durante a Era da Europa. Período de descoberta, apesar de outras descobertas famosas ofuscarem sua reputação às vezes

Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa, Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, com cerca de doze anos. Ele recebeu educação em humanidades e treinamento para combate e manuseio de armas. Em 30 de junho de 1484, com cerca de dezassete anos, foi nomeado escudeiro (título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II.

Os registos das ações de Cabral antes de 1500 são incrivelmente incompletos, mas é possível que ele tenha viajado pelo Norte de África como os seus antepassados ​​e outros jovens nobres da época. (5) (6) Dois anos depois de ascender ao trono, o rei D. Manuel I concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497. (7) (8) Por volta desta mesma época, foi também nomeado fidalgo no Conselho do Rei e nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. (8) Não existem imagens contemporâneas ou descrições físicas detalhadas para Cabral; porém sabe-se que ele possuía grande força, igualando a altura de seu pai, com aproximadamente 1,90 metros de altura . As características conhecidas sobre ele incluíam ser culto, cortês, generoso com os inimigos, humilde, mas também vaidoso.

 Além disso, o respeito comandado pelo status era uma grande preocupação para Cabral.


Partida e chegada à nova terra

Sob o comando de Cabral, então com 32-33 anos, uma frota partiu de Lisboa ao meio-dia do dia 9 de março de 1500. Na véspera da partida houve uma despedida pública da tripulação que incluiu missa e celebrações com a presença do rei, oficiais do tribunal e uma enorme multidão. No dia 14 de Março, durante a manhã, uma parte desta frota passou pela ilha da Grã Canária -a maior ilha entre as Ilhas Canárias-, seguindo depois para Cabo Verde, que se situa ao longo da costa oeste de África. Eles chegaram lá em 22 de março seguindo seu curso. No dia seguinte, um navio contendo cerca de cento e cinquenta homens conduzido por Vasco de Ataíde separou-se completamente sem deixar vestígios, depois de atravessar a linha do Equador durante o dia nove de abril chegou mais perto o mais longe possível. Uma técnica de navegação conhecida como volta do mar utilizada aqui os ajudou a avançar para o oeste no Oceano Atlântico a partir da direção do continente africano. Os marinheiros notaram avistamentos de algas marinhas por volta de 21 de abril os fizeram acreditar que se aproximavam das águas costeiras. aconteceu quando as forças ancoraram nas proximidades do que mais tarde se intitulou Monte Pascoal (que no seu nome indica montanha da Páscoa). Está em algum lugar próximo à atual costa nordeste do Brasil.

Foto: Wikki Commons

Em 23 de abril, os portugueses detectaram moradores na costa e todos os capitães se reuniram a bordo do navio de Cabral. Cabral instruiu Nicolau Coelho - capitão que viajou com Vasco da Gama para a Índia - a desembarcar e estabelecer contacto. Ele pisou em terra e trocou presentes com os nativos.  ​​Após o retorno de Coelho, Cabral tentou que sua frota rumasse para o norte, onde ancorou em Porto Seguro depois de viajar 65 km em 24 de abril. Era um porto natural, e Afonso Lopes (o navegador-chefe do navio principal) trouxe dois índios a bordo para que pudessem comunicar com Cabra os ataques associados contra forças especiais secretas no estrangeiro.

Assim como no primeiro encontro, o encontro foi amigável e Cabral ofereceu presentes aos indígenas. Eles eram caçadores-coletores da Idade da Pedra que os europeus rotularam como "índios". Os homens colhiam alimentos através da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Pertenciam a várias tribos rivais, incluindo a tribo Tupiniquim que Cabral encontrou.  Alguns deles eram nômades, enquanto outros se estabeleceram - eles sabiam como usar o fogo, mas não os metais. Algumas tribos até praticavam o canibalismo. No dia 26 de abril (Domingo de Páscoa), à medida que apareciam mais nativos curiosos, Cabral incitou seus homens a construir um altar de terra onde uma missa católica era presidida por Henrique de Coimbra - o que marcou a primeira cerimônia religiosa do Brasil em seu solo. .

Os portugueses ofereceram vinho aos índios, mas estes não apreciaram a bebida. Eles desconheciam o vasto conhecimento que esse povo possuía na produção de diversas bebidas fermentadas por meio de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos - totalizando mais de oito tipos diferentes. 

Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira – possivelmente com sete metros de altura. Cabral percebeu que as novas terras ficavam a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha estabelecida no Tratado de Tordesilhas. Portanto, este território estava dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre essas terras, a cruz de madeira e outra missa foram celebradas no dia 1 de maio. Em homenagem a isso, Cabral batizou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz. No dia seguinte, um navio de abastecimento comandado por Gaspar de Lemos  ou por André Gonçalves  (há um conflito entre as fontes sobre quem tinha sido enviado), o comando voltou a informar o seu rei através da carta de Pero Vaz de Caminha sobre a sua descoberta.

O caminho da índias

Em 2 ou 3 de maio de 1500, a frota retomou sua viagem ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha descoberto um continente inteiro e não apenas uma ilha. Por volta de 5 de maio, o esquadrão virou-se para a África para seguir para o leste. Em 23 ou 24 de maio [59], enquanto estavam na zona de alta pressão da região sul do Oceano Atlântico, chamada de "latitudes de cavalo", eles encontraram uma tempestade que resultou na perda de quatro navios no mar; no entanto, a sua localização precisa é desconhecida e tem sido especulada como algo próximo de Cape Hope, no extremo sul de África [63], até à vista da costa sul-americana [64]. Três embarcações juntamente com a caravela de Bartolomeu Dias foram afundadas, perdendo cerca de trezentos e oitenta homens envolvidos que pereceram debaixo de água.[65].

Devido ao mau tempo e danos aos seus equipamentos, os navios restantes se separaram. Um destes navios liderados por Diogo Dias continuou sozinho enquanto os outros seis se reagruparam em dois grupos de três cada. O grupo de Cabral navegou para leste passando pelo Cabo da Boa Esperança até determinar a sua posição e avistar terra onde virou para norte e desembarcou algures no arquipélago da Primeira e Segunda Ilhas ao largo da costa da África Oriental, a norte de Sofala. A frota principal permaneceu perto de Sofala durante dez dias em reparações; depois disso, uma expedição rumou para o norte, chegando a Quiloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com seu rei.

De Quiloa, uma frota partiu para Melinde e chegou no dia 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, trocou presentes e estabeleceu relações de amizade. Em Melinde, os pilotos também foram recrutados para a etapa final da viagem à Índia. Antes de chegarem ao seu destino final, pararam na ilha de Angediva, onde os navios a caminho de Calecute se reabasteciam, sendo encalhados para que pudessem ser submetidos a calafetagem e pintura antes de fazerem os preparativos em antecipação ao encontro com o governante de Calecute. 

Jean-Jacques Rousseau: Vida e obra



Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo, escritor e compositor genebrino cuja filosofia política influenciou o progresso da era do Iluminismo em toda a Europa. Ele também desempenhou um papel importante em aspectos da Revolução Francesa e contribuiu para o pensamento político, econômico e educacional moderno. 

As obras de Rousseau, incluindo seu discurso sobre a desigualdade e O Contrato Social, são fundamentais para o pensamento político e social moderno. Seu romance sentimental Julie ou a Nova Heloísa teve um papel importante no desenvolvimento do pré-romantismo e romantismo na ficção. O tratado educacional Emílio ou Sobre a Educação explorou o lugar do indivíduo na sociedade. As Confissões publicadas postumamente, que inauguraram a autobiografia moderna, bem como os Devaneios inacabados do Caminhante Solitário representam exemplos da "Era da Sensibilidade" caracterizada pelo foco crescente em subjetividade e introspecção presentes posteriormente nas escritas modernas.

Biografia

Rousseau nasceu na República de Genebra, que na época era uma cidade-estado protestante associada à Confederação Suíça (agora um cantão na Suíça). Desde 1536, Genebra era uma república huguenote e lar do calvinismo. Cinco gerações antes de Rousseau, o seu antepassado Didier – que pode ter publicado panfletos protestantes como livreiro – escapou à perseguição dos católicos franceses fugindo para Genebra em 1549, onde se tornou comerciante de vinhos.

Rousseau tinha orgulho de que sua família, pertencente à classe média (ou ordem média), tivesse o direito ao voto na cidade. Durante toda a sua vida, ele estudou seus livros como "Jean-Jacques Rousseau, Cidadão de Genebra". Em comparação com os imigrantes ("habitantes") e descendentes nativos ("nativos"), os cidadãos eram uma minoria da população.

Houve muito debate político em Genebra que envolveu também os comerciantes. A discussão centrou-se principalmente na ideia de soberania popular, que foi ridicularizada pela oligarquia de classe dominante. Em 1707, Pierre Fatio, um reformador democrático protestou contra esta situação e afirmou que “Um soberano que nunca realiza um ato de soberania é um ser imaginário”. No entanto, ele foi baleado por ordem do Pequeno Conselho. O pai de Jean-Jacques Rousseau, Isaac, não estava presente na cidade naquela época, mas seu avô apoiou Fatio e sofreu consequências por isso.

Isaac Rousseau, pai de Rousseau, seguiu os passos do avô, pai e irmãos trabalhando como relojoeiro. Ele também ensinou dança por um breve período. Apesar de ser artesão, Isaac era bem educado e adorava música. Na verdade, segundo os escritos de Rousseau “Um relojoeiro de Genebra é um homem que pode ser apresentado em qualquer lugar; um relojoeiro parisiense só serve para falar de relógios”. 

Isaac encontrou obstáculos políticos em 1699 ao se confrontar com oficiais ingleses visitantes, que desembainharam espadas e o ameaçaram. As autoridades locais interviram, porém Isaac acabou sendo punido porque Genebra estava preocupada em manter sua relação com potências estrangeiras. 


Suzanne Bernard Rousseau, mãe de Rousseau, era de uma família rica e foi criada por seu tio pregador calvinista Samuel Bernard depois que seu pai Jacques faleceu aos 30 anos devido a problemas legais decorrentes de adultério. Em 1695, Suzanne enfrentou acusações por se disfarçar de camponesa para assistir a uma apresentação de teatro de rua e ver M. Vincent Sarrasin, a quem ela amava apesar do casamento. O Consistório de Genebra ordenou que ela nunca mais interagisse com ele após a audiência que se seguiu. Ela se casou com o pai de Rousseau quando tinha 31 anos; oito anos antes, a irmã de Isaac havia se casado com o irmão de Suzanne antes de serem punidos pelo Consistório por cometerem transgressões sexuais que resultaram na morte de seu filho durante o parto. Para o jovem Rousseau, que cresceu mais tarde, ele ouviu uma história inventada sobre como o amor juvenil foi recusado por patriarcas desaprovadores, mas acabou prevalecendo, levando duas famílias a se unirem por meio de casamentos duplos realizados simultaneamente em um dia, permanecendo alheios ao que realmente aconteceu entre eles. muitas décadas atrás (Rousseaus).

Nascido em 28 de junho de 1712, Rousseau contou mais tarde: “Nasci quase morrendo; havia pouca esperança de me salvar”. Ele foi batizado na grande catedral em 4 de julho daquele ano. Sua mãe morreu de febre puerperal nove dias após seu nascimento, que mais tarde ele descreveu como "o primeiro dos meus infortúnios". 

Ele e seu irmão mais velho, François, foram criados por seu pai e sua tia paterna também chamada Suzanne. Quando tinha cinco anos de idade, o pai de Rousseau vendeu uma casa que obteve boas-vindas da família materna com planos para seus filhos herdarem quando fossem adultos enquanto ele sobrevivesse dos juros até então acumulados. No entanto no final das contas o pai ficou com a maior parte do dinheiro arrecadado. Com essa venda da propriedade familiar eles deixaram um bairro nobre se mudando para apartamentos em uma área ocupada principalmente por artes como ourives, gravadores e relojoeiros. Crescendo rodeado pela cultura desses trabalhadores manuais fez surgir em Rousseau sentimentos planejados considerados artistas ao invés dos estetas prolíficos comentando: "aqueles tidos como importantes - os ditos artistas - na verdade só produzidos itens decorativos utilizados pelos ociosos ricaços cobrando preços arbitrários". Além disso nesse ambiente ele foi exposto às diferenças sociais existentes entre as classes; frequentemente esses profissionais protestavam contra aquele grupo privilegiado responsável pelo governo local de Genebra.

Rousseau não tinha memória de ter aprendido a ler, mas registrou que aos cinco ou seis anos seu pai o incentivava constantemente no amor pela leitura.

Todas as noites, depois do jantar, líamos um trecho de uma pequena coleção de histórias de aventura que pertencia à minha mãe. A intenção do meu pai era apenas melhorar minhas habilidades de leitura e ele achava que essas obras agradáveis ​​foram calculadas para me dar gosto por isso. No entanto, logo ficamos tão absortos nas aventuras que eles continham que alternávamos noites lendo-os juntos até terminar um volume inteiro. Às vezes pela manhã ao ouvir as andorinhas na nossa janela, ficamos um pouco envergonhados com esta fraqueza; meu pai gritou: "Vamos, vamos para a cama! Sou mais infantil do que você." (Confissões - Livro 1)

Rousseau foi profundamente afetado pela leitura de histórias escapistas como L'Astrée, de Honoré d'Urfé. Mais tarde, ele escreveu que eles "me deram noções bizarras e românticas da vida humana, das quais a experiência e a reflexão nunca foram capazes de me curar".  Depois de terminar esses romances, ele passou para uma coleção de clássicos antigos e modernos deixados pelo tio de sua mãe. Seu favorito entre eles era Vidas dos Nobres Gregos e Romanos, de Plutarco, que ele lia em voz alta para seu pai enquanto fazia relógios. Rousseau viu o trabalho de Plutarco como outra forma de romance - sobre nobres feitos heróicos - trazendo vida aos feitos dos personagens diante dele. Nas Confissões, Rousseau afirmou que a leitura de obras como as de Plutarco, juntamente com as conversas entre ele e seu pai, incutiram nele “um espírito republicano livre”. 

Observar a participação de moradores locais em milícias deixou uma forte impressão em Rousseau. Ele sempre se lembraria de um momento em que, após os exercícios militares, uma milícia voluntária começou a dançar ao redor de uma fonte e muitas pessoas das casas vizinhas vieram para se juntarem a eles, inclusive ele e seu pai. Para Rousseau, as milícias representavam o espírito popular oposto às forças do governo que ele considerava como mercenários vergonhosos.

Quando Rousseau tinha dez anos, seu pai – um ávido caçador – entrou em uma disputa legal com um rico proprietário de terras cujas terras ele havia invadido. Para evitar a derrota certa no tribunal, ele se mudou para Nyon, no território de Berna, levando consigo a tia de Rousseau, Suzanne. Casou-se novamente e a partir de então Jean-Jacques o viu pouco. Jean-Jacques ficou com seu tio materno, que enviou ele e seu filho Abraham Bernard para viver por dois anos como convidados de um ministro calvinista em uma vila nos arredores de Genebra, onde aprenderam matemática e desenho. Aqui, encorajado por serviços religiosos comoventes que o afectaram grandemente, Rousseua chegou a pensar em tornar-se ministro protestante durante algum tempo.

Rousseau viveu com Françoise-Louise de Warens em Les Charmettes de 1735 a 1736, que hoje é um museu dedicado a ele.

A maior parte das informações sobre a juventude de Rousseau provém de suas Confissões, publicadas postumamente. Apesar disso, a cronologia é um pouco clara e lacunas precisam ser preenchidas por meio da pesquisa em arquivos recentemente disponibilizados pelos estudiosos. Aos 13 anos, iniciou sua carreira como aprendiz primeiro com um notário e depois com um gravador que o agredia fisicamente. Fugiu de Genebra pela primeira vez aos 15 anos, no dia 14 de março do ano 1728 após retornar à cidade e encontrar as portas trancadas para não permitir que ninguém entre durante o toque instalado pelas autoridades locais.

Ele procurou refúgio com um padre católico romano na vizinha Sabóia, que o apresentou a Françoise-Louise de Warens, uma nobre de 29 anos de origem protestante que havia se separado do marido. Como proselitista leiga profissional, ela foi paga pelo rei do Piemonte para ajudar a trazer os protestantes para a Igreja Católica. Eles enviaram o menino para Turim, capital da Sabóia (que incluía o Piemonte – agora parte da Itália), para seu processo de conversão que exigia a renúncia à sua cidadania de Genebra; embora mais tarde ele tenha retornado ao calvinismo para recuperá-lo.

Ao se converterem ao catolicismo, tanto Warens quanto Rousseau provavelmente reagiram contra a insistência calvinista na depravação total do homem. Leo Damrosch explica que “uma liturgia de Genebra do século XVIII ainda tinha crentes declarando 'que somos pecadores miseráveis, nascidos na corrupção, transferidos para o mal, incapazes por nós mesmos de fazer o bem'”. Embora deísta de coração, Warens foi atraído pela doutrina católica do perdão dos pecados.

Encontrando-se isolado, uma vez que seu pai e tio o consideravam um renegado em potencial, Rousseau foi capaz de sobreviver temporariamente como servo, secretário e tutor enquanto vagava pela Itália (Piemonte e Saboia) e França. Durante esse período intermitente ele conviveu com frequência com de Warens - a quem ideolatrava chamando-a de mãe. Devido à sua adulação por ela, de Warens tentou introduzir-lhe formalmente na profissão musical. Em certo momento da vida do jovem aspirante ao sacerdócio frequentou brevemente um seminário no interesse futuro tornar-se pai.

Filosofia

Depois de ler a redação do concurso de redação da Dijon Academy, que ele venceria com sua resposta, Rousseau comentou mais tarde que se sentiu como "Eu vi outro universo e me tornei um homem diferente".  O ensaio resultante abordou uma de suas crenças centrais: embora a sociedade tivesse progredido na arte e na ciência, isso ocorreu à custa da degradação moral.  Entre aqueles que influenciaram esta perspectiva estavam Montesquieu, François Fénelon, Michel de Montaigne, Sêneca, o Jovem, Platão e Plutarco.

Rousseau baseou sua filosofia política na teoria dos contratos e na leitura de Thomas Hobbes. Reagir às ideias de Samuel von Pufendorf e John Locke também impulsionou seu pensamento. Todos os três pensadores acreditavam que os humanos que viviam sem autoridade central enfrentavam condições incertas num estado de competição mútua. Em contrapartida, Rousseau acreditava que não havia razão para que isto fosse sério, uma vez que não haveria conflito ou disputa de propriedade. Criticando especialmente Hobbes, Rousseau argumentou contra a afirmação de que "no estado de natureza... o homem não tem ideia do bem; ele deve ser naturalmente mau porque é vicioso por ainda não conhecer a virtude". Pelo contrário, segundo ele, uma moralidade incorrupta prevalecia no “estado de natureza”.

Teoria Política

Rousseau afirmou que a monarquia, a aristocracia e a democracia surgiram como resultado das desigualdades sociais em diferentes níveis. Infelizmente, essas formas de governo tendem a piorar as disparidades entre as pessoas até que uma revolução se torne necessária para derrubá-las. Apesar disso, Rousseau tinha fé na capacidade humana de autoaperfeiçoamento e argumentava que os problemas da humanidade eram criados por escolhas políticas, podendo ser resolvidos através do estabelecimento de um sistema político mais justo.

Em 1762, foi publicado o Contrato Social que colocou as bases para uma ordem política de legitimidade republicana clássica. Essa obra se tornou altamente influente na filosofia política ocidental e desenvolveu algumas ideias anteriormente mencionadas em um artigo anterior intitulado Économie Politique (Discurso sobre Economia Política), publicado na Encyclopédie de Diderot. Neste livro, Rousseau esboçou a imagem de um novo sistema político capaz de restaurar a liberdade humana. 

De acordo com Rousseau, o estado natural representa um estágio primitivo em que não existem leis ou moralidade e em que os humanos se afastaram em prol da necessidade de cooperação. Conforme a sociedade evoluiu, foi necessário introduzir instituições jurídicas para lidar tanto com a divisão do trabalho como também com a propriedade privada. No entanto, à medida que essa estrutura social degenera-se-á fazendo crescer entre indivíduos semelhantes uma tendência competitiva gerando maior dependência mútua ameaçadora para sua sobrevivência bem como liberdade individual.

Segundo Rousseau, ao aderir à sociedade civil por meio do contrato social e renunciar aos seus direitos naturais, os indivíduos conseguem manter sua liberdade. Isso acontece porque a obediência à vontade geral da população garante que não se subordinarão às vontades de outros indivíduos e também faz com que eles respeitem suas próprias leis já que são coletivamente deles.

Apesar de Rousseau argumentar que a soberania (ou o poder de fazer leis) deveria estar nas mãos do povo, ele também faz uma distinção clara entre o soberano e o governo. O governo é composto por magistrados responsáveis ​​pela implementação e aplicação da vontade geral. O “soberano” é idealmente decidido pela democracia direta em assembleia como expressão do Estado de Direito.

Em seu livro III, capítulo XV, Rousseau rejeita a ideia de que o povo deveria exercer sua soberania por meio de uma assembleia representativa. Ele defendeu um governo republicano para as cidades-estado e teria visto Genebra como modelo ideal se fosse reformado seguindo seus princípios. No entanto, segundo Rousseau, a França era grande demais e não conseguiu alcançar o seu ideal de Estado. Muitas das controvérsias em torno do trabalho desse autor giram em torno da divergência sobre suas afirmações acerca da obediência à vontade geral como libertadora dos cidadãos obrigados ao cumprimento dessa norma.

A noção de vontade geral é parte integrante da teoria de Rousseau sobre a legitimidade política. No entanto, continua a ser uma ideia infelizmente obscura e controversa. Alguns comentadores vêem-na como nada mais do que a ditadura do proletariado ou a tirania dos pobres urbanos (como visto talvez durante a Revolução Francesa). Mas não era isto que Rousseau pretendia; ele esclareceu no seu Discurso sobre Economia Política que existe uma vontade geral que visa proteger os indivíduos da opressão das massas, em vez de exigir o seu sacrifício por elas. Rousseau tinha plena consciência de que os homens possuem interesses egoístas e seccionais que podem levá-los a oprimir os outros - tornando a lealdade ao bem comum um imperativo para todos (o compromisso não é exclusivo). Esta ênfase garante uma formulação bem sucedida através da participação mútua, pelo que a intenção partilhada verdadeiramente genuína deve ser cumprida.

Teoria Econômica

Os escritos de Rousseau, incluindo o "Discurso sobre a Desigualdade", o "Discurso sobre a Economia Política" e "O Contrato Social", bem como os seus projectos constitucionais para a Córsega e a Polónia, oferecem uma riqueza de pensamento económico. Enquanto economistas posteriores, como Joseph Schumpeter, criticaram a teoria de Rousseau por falta de rigor e por ser esporádica por natureza, os historiadores do pensamento económico elogiam-no pela sua visão matizada das finanças e pela compreensão madura do desenvolvimento. É amplamente aceito que Rousseau criticava a riqueza e o luxo modernos, ao mesmo tempo que os associava ao agrarianismo e à autarquia. No entanto, o historiador Istvan Hont modifica esta leitura, indicando que Rousseau pode ser simultaneamente crítico e apoiante do comércio - endossando um comércio bem regulamentado sob uma governação adequada. Além disso, os estudiosos Ryan Hanley e Hansong Li argumentam que, como qualquer legislador moderno - embora evite rejeitar o amor ou as perspectivas de negócios - eles defendem que a economia deve ser domesticada para servir a sociedade em geral. 

Principais Obras

  • 1743 Dissertação francesa sobre música moderna.
  • Reescrita: Discurso a respeito das Artes e Ciências (Disours sur les sciences et les arts), no ano de 1750.
  • Narciso, or The Self-Admirer: A Comedy, 1752.
  • Discurso sobre a origem e fundamento da desigualdade entre os homens (Discurso sobre l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes ), 1754
  • Carta sobre música francesa, 1753 (Lettre sur la musique française [fr])
  • Discurso sobre economia política, 1755 (Discurso sobre economia política [francês])
  • Lettre à D 'Alembert sur les spectacles, 1758 (Carta a M. D'Alembert sobre os espetáculos)
  • Julie ou a Nova Heloísa, 1761.
  • "Emile ou On Education (Émile ou de l'éducation), 1762 (incluindo 'O Credo de um Padre from Savoy')"
  • "O contrato social ou os princípios do direito político", obra intitulada originalmente "Du contrat social" e publicada em 1762.
  • Em 1762, Quatro Cartas foram escritas para M. de Malesherbes.
  • Cartas escritas da montanha, 1764 (Lettres écrites de la montagne [Fr]) -
  • Dicionário de Música Inalterado, 1767 (Dicionário de Música)
  • As Confissões de Jean-Jacques Rousseau (Les Confessions), inicialmente escritas em 1770, foram publicadas em 1782.
  • Projeto Constitucional para a Córsega, 1772.
  • Reflexões sobre o Governo Polonês, 1772
  • Cartas sobre Elementos Botânicos
  • Um ensaio publicado "Essai sur l'origine des langues" foi publicado em 1781, abordando a origem das línguas.
  • A obra "Rousseau Juiz de Jean-Jacques" foi publicada em 1782.
  • A obra incompleta "Devaneios do Caminhante Solitário" foi publicada em 1782 sob o título "Rêveries du promeneur solitaire".

Simone de Beauvoir: Vida e obra



Simone Lucie Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir foi uma escritora existencialista e ativista feminista conhecida por suas contribuições à teoria feminista e à interseção do feminismo com o existencialismo. Apesar de não se considerar filósofa nem ser reconhecida como tal à data da sua morte, teve influência significativa nestas áreas.

Beauvoir é autora de romances, ensaios, biografias, autobiografias e tratados sobre filosofia, política e questões sociais. Ela foi reconhecida principalmente por seu "trabalho inovador na filosofia feminista", The Second Sex (1949), que fornece uma análise detalhada da opressão das mulheres, bem como um relato essencial do feminismo contemporâneo. Beauvoir também ganhou fama por seus romances; os mais notáveis ​​​​são She Came to Stay (1943) e The Mandarins (1954). No entanto, é sem dúvida através das suas memórias que ela causou o maior impacto na literatura - particularmente com a publicação de Memoirs of a Dutiful Daughter: Vol 1(1958); em grande parte devido à sua natureza intensamente evocativa. Além das realizações literárias, alguns prêmios dignos de nota incluem o Prêmio Goncourt em 1955, o Prêmio Jerúsalem (1975) e o Prêmio Estadual Austríaco de Literatura Europeia. (1978) Sua história de vida contém elementos bastante controversos, como quando surgiram acusações de abuso sexual que levaram brevemente à perda do emprego como professora . Simultaneamente, Jean-Paul Sartre, juntamente com outros intelectuais franceses, defenderam uma campanha pela libertação de pessoas indiciadas por crimes, incluindo agressão sexual infantil, entre outros, enquanto defendiam ainda a abolição das leis de consentimento de idade na França.


O segundo sexo

Publicado pela primeira vez em francês em 1949 como Le Deuxième Sexe, O Segundo Sexo transforma o mantra existencialista de que a existência precede a essência em um mantra feminista: "Não se nasce, mas se torna mulher" (equivalente em francês: "On ne naît pas femme, on le deviaent"). Com esta famosa frase, Beauvoir articulou pela primeira vez o que veio a ser conhecido como distinção sexo-género - nomeadamente, a distinção entre o sexo biológico e a construção social e histórica do género e os estereótipos que o acompanham. Beauvoir argumenta que “a fonte fundamental da opressão das mulheres reside na sua feminilidade historicamente construída” como “O Outro por excelência”.

Beauvoir referiu-se às mulheres como o “segundo sexo” devido à sua percepção como inferior em comparação aos homens. Ela observou que Aristóteles argumentou que as mulheres são "mulheres em virtude de uma certa falta de qualidades", enquanto Tomás de Aquino as descreveu como "homens imperfeitos" e seres incidentais. Em suas próprias palavras, ela afirmou: "Em si, a homossexualidade é tão limitante; é como estar trancado em um quarto sem nenhuma porta. Isso porque o ideal deveria ser não apenas o amor entre os indivíduos, mas também a aceitação completa um do outro, seja escolhe-se parceiros masculinos ou femininos."

Beauvoir afirmou que as mulheres são tão capazes de fazer escolhas quanto os homens e podem, portanto, escolher elevar-se além da "imanência" a que estavam anteriormente resignadas, alcançando um estado de "transcendência", onde os indivíduos assumem a responsabilidade por si mesmos e pelo mundo. Neste espaço, a liberdade é escolhida.

Os capítulos de O Segundo Sexo foram publicados originalmente em Les Temps modernes em junho de 1949. O segundo volume foi lançado alguns meses depois na França. Foi rapidamente traduzido para o inglês por Howard Parshley, a pedido de Blanche Knopf, esposa do editor Alfred A. Knopf e logo depois publicado na América. Infelizmente, como Parshley tinha apenas conhecimento básico da língua francesa e um conhecimento mínimo de filosofia (já que na verdade ele era professor de biologia no Smith College), grande parte do livro de Beauvoir foi mal traduzido ou reduzido de forma inadequada, o que distorceu a mensagem pretendida. Durante muitos anos, apesar dos esforços feitos por estudiosos existencialistas para propor retraduções mais precisas da obra de Beauvoir; Knopf recusou todas as ofertas, impedindo assim a publicação de tais versões.

Apenas em 2009, foi realizada uma segunda tradução para celebrar os anos sessenta da publicação original. A primeira tradução completa foi feita por Constance Borde e Sheila Malovany-Chevallier em 2010, reincorporando um terço do material original.

No capítulo "Mulher: Mito e Realidade" de O Segundo Sexo, Beauvoir afirmou que os homens fizeram das mulheres o "Outro" na sociedade, aplicando uma falsa aura de mistério ao seu redor. Ela argumentou que os homens usaram isto como uma desculpa para não compreender as mulheres ou os seus problemas e não as ajudar, sendo este estereótipo consistentemente perpetuado dos grupos das classes mais altas para os mais baixos nas sociedades. Ela escreveu que opressão semelhante baseada na posição também ocorreu dentro de outras categorias, como raça, classe e religião, mas afirmou que em nenhum lugar isso era mais verdadeiro do que no gênero, onde os homens estereotipavam as mulheres e utilizavam isso para construir um patriarcado dentro da sociedade.

Embora tenha feito contribuições significativas para o movimento feminista, particularmente no movimento de libertação das mulheres francesas, e tivesse crenças na independência económica das mulheres e na igualdade de oportunidades de educação, Beauvoir inicialmente hesitou em identificar-se como feminista. No entanto, depois de testemunhar o ressurgimento do feminismo no final da década de 1960 e início da década de 1970, Beauvoir afirmou que já não acreditava que uma revolução socialista seria suficiente para alcançar a libertação das mulheres. Numa entrevista ao Le Nouvel Observateur em 1972, ela declarou-se publicamente como feminista.

As páginas manuscritas de Le Deuxième Sexe foram publicadas em 2018. Na época, Sylvie Le Bon-Beauvoir, filha adotiva de Beauvoir e professora de filosofia, descreveu o processo de escrita de sua mãe: Beauvoir primeiro escreveu todas as páginas de seus livros à mão e só depois digitadores contratados.

Legado

O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, é considerada uma obra fundamental na história do feminismo. Apesar de inicialmente negar sua afiliação a ideologias feministas, ela acabou reconhecendo isso quando O Segundo Sexo se tornou altamente influente no mundo do feminismo. Esta peça marcante teve um impacto profundo e abriu o caminho para as feministas da segunda onda, não apenas na América, mas também no Canadá, na Austrália e em todo o mundo. Embora alguns tenham citado Beauvoir dizendo “há uma exigência irracional que considero bastante estúpida porque me trancaria dentro de algum tipo de gueto feminino estúpido”, suas contribuições para o discurso feminista abriram portas para futuras gerações de mulheres que buscam igualdade . Os pioneiros da segunda onda, incluindo Kate Millett, Shulamith Firestone, Juliet Mitchell, Ann Oakley e Germaine Greer, todos devem muita gratidão a Simone De Beavoir - visitando a França em momentos cruciais (para consulta), traduzindo e dedicando obras inteiras baseadas no movimento; Betty Friedan, cujo livro 'The Feminine Mystique' foi aclamado como aquele que catalisou iniciativas feministas radicais baseadas nos EUA, creditou a leitura de 'O Segundo Sexo' durante o início dos anos 1950 - afirmando que ela achou a sabedoria escrita de De Bouvier totalmente inspiradora, 'algo de onde a análise original em relação à existência poderiam ser contribuídos, portanto, para objetivos políticos únicos desenvolvidos por este movimento dinâmico liderado tanto filosófica quanto intelectualmente sob a autoridade de DeBeauvoirs”. 

No início dos anos 1970, Beauvoir alinhou-se com a Liga Francesa pelos Direitos da Mulher como forma de fazer campanha e lutar contra o sexismo na sociedade francesa. Além de seu impacto sobre os fundadores da segunda onda do feminismo, a influência de Beauvoir se estende a vários aspectos do feminismo, incluindo crítica literária, história, filosofia, teologia, crítica ao discurso científico e psicoterapia. movimento, um de seus objetivos era legalizar o aborto. Donna Haraway escreveu que "apesar de diferenças importantes, todos os significados feministas modernos de gênero têm raízes na afirmação de Simone de Beauvior de que 'ninguém nasce mulher [torna-se]'. Esta "mais famosa" frase feminista já escrita  é ecoado no ensaio de Monique Wittig de 1981 intitulado One Is Not Born A Woman. Judith Butler leva esse conceito mais longe ao argumentar que a escolha de Beauvoir do verbo “tornar-se” sugere que o gênero é um processo que é constantemente renovado por meio de interação contínua. entre a cultura circundante e a escolha individual

Quem foi Martin Heidegger?

Nasceu em Meßkirch, no dia 26 de setembro de 1889 e faleceu em Freiburg im Breisgau, aos 26 de maio de 1976. Martin Heidegger foi um professor universitário alemão que se destacou como filosofia e escritor. Sua obra é considerada uma das mais importantes do século XX por sua originalidade e relevância para o pensamento contemporâneo.

Heidegger foi membro do movimento fenomenológico iniciado por seu professor Edmund Husserl, mas expandiu-o através de várias escolas filosóficas de pensamento, como a filosofia de vida de Wilhelm Dilthey e a interpretação da existência de Søren Kierkegaard. Ele procurou superar Kierkegaard com uma nova ideia ontológica. Seus principais objetivos eram criticar a metafísica ocidental na filosofia e fornecer uma base intelectual para uma nova compreensão do mundo.

Em 1926, ele completou sua obra-prima inaugural Ser e Tempo, publicada em 1927. Neste livro, Heidegger procurou distanciar-se das questões ônticas sobre o ser e aprofundar-se no que seriam investigações propriamente ontológicas sobre o próprio Ser. Nesse contexto, Heidegger emprega o termo Dasein (“Ser-aí”) para se referir à experiência única de ser que é específica do ser humano.

Heidegger iniciou uma interpretação abrangente da história da filosofia ocidental em meados da década de 1930. Ele examinou obras de filósofos importantes a partir de perspectivas fenomenológicas, hermenêuticas e ontológicas para desvendar e revelar seus pressupostos e preconceitos "anteriormente impensáveis" inerentes ao pensamento ocidental. Ele acreditava que os filósofos tinham uma visão unilateral do mundo – um aspecto que considerava característico da metafísica.

Segundo Heidegger, esta visão metafísica do mundo conduziu a uma sociedade que privilegia a tecnologia contemporânea. Em vez de simplesmente associar a tecnologia como um meio neutro para atingir determinados fins, ele argumentou que o seu domínio é responsável por alterar a nossa visão do mundo. Para Heidegger, a tecnologia faz com que as pessoas tenham uma percepção do mundo focada no uso. Devido à proliferação global desta perspectiva e à exploração desenfreada dos recursos naturais, Ele via a primazia tecnológica como um perigo iminente. Ele contrastou a arte com a tecnologia e desenvolveu alternativas baseadas nos poemas de Hölderlin do final da década de 1930 em direção a uma concepção não tecnológica da vida. Em seus escritos posteriores, depois de 1950, a linguagem tornou-se um tópico cada vez mais central até que finalmente assumiu inteiramente o controle.

A ampla recepção de Heidegger fez dele um dos pensadores mais influentes do século XX. Porém, seu trabalho é controverso por alguns aspectos. Mais importante ainda, o seu compromisso com o nacional-socialismo tem sido objecto de debate e controvérsia nas últimas décadas. Martin Heidegger foi membro do partido nazi de 1933 a 1945 e em 1934 tornou-se um dos membros fundadores do Comité de Filosofia Jurídica da Alemanha. Academia Nacional Socialista liderada por Hans Frank. Após a publicação de The Black Notebooks (2014/2015) como parte de seu trabalho, surgiram declarações potencialmente anti-semitas anteriormente desconhecidas do grande público. Desde então, no que diz respeito à filosofia de Martin Heidegger, se ela se relaciona ou se alinha com a postura política permanece incerto entre especialistas e estudiosos. 

Biografia

Ele nasceu na pequena cidade de Meßkirch, localizada no distrito de Kaden, na Alemanha. No início ele queria ser pastor e até estudou teologia na Universidade de Freiburg. Obteve seu doutorado em Filosofia em 1913. Enquanto estudava clássicos protestantes como Martinho Lutero e João Calvino, entre outros, passou por uma crise espiritual que o levou a romper com o catolicismo. Em 1917 ele se casou com Elfrid Petri, que também era luterana.

Em 1916, como parte de sua qualificação para o ensino universitário, publicou A Doutrina das Categorias e do Significado em Duns Scotus. Mais tarde descobrir-se-ia que a obra de João Duns Scotus considerada por Heidegger como Gramática Especulativa não foi realmente escrita por ele. Contudo, este facto não teve muita relevância no pensamento de Heidegger uma vez que a sua obra é mais teórica do que histórica e é dominada por interesses metafísicos e teológicos.

Durante este período, Husserl foi convidado para lecionar em Friburgo e Heidegger foi transferido para a carga de seu assistente. Depois de alguns anos como professor na Universidade de Marburgo, em 1929 Heidegger sucedeu a Husserl na cadeira de filosofia em Friburgo. Ele apresentou sua primeira palestra sobre "O que é Metafísica?" nessa mesma ocasião. Também foi durante esse ano que ele escreveu ensaios sobre "A Essência do Fundamento" e publicou o livro intitulado "Kant e o Problema da Metafísica". Em torno do ano de 1924, Hannah Arendt - uma judia estudante-de-filosofia mais tarde se tornaria amiga íntima dele.

A obra mais famosa de Heidegger, Ser e Tempo, foi publicada em 1927. Embora ele tivesse planejado uma segunda parte do livro, ela permaneceu inacabada devido aos resultados significativos alcançados na Parte Um. A dedicatória de Ser e Tempo é dirigida a Husserl; no entanto, o relacionamento deles terminou quando Husserl se recusou a endossar as ideias de Heidegger em sua publicação. No entanto, Heidegger continuou trabalhando no desenvolvimento de métodos fenomenológicos, conforme declarado por ele pessoalmente.

Em 1º de maio de 1933, coincidindo com a ascensão ao poder de Adolf Hitler, Heidegger aderiu às fileiras do Partido Nazista (NSDAP) e foi nomeado reitor da Universidade de Friburgo. Durante o tempo em que ocupou esta carga, pronunciou seu discurso intitulado "A Autoafirmação da Universidade Alemã". No entanto, pouco depois renunciou à sua posição como resultado das pressões exercidas por outros professores universitários que se opuseram aos nazistas e planejaram boicotar as atividades deste partido no campus acadêmico liderado por Heidegger.

Filosofia

A adoção de uma abordagem fenomenológica e hermenêutica por Heidegger teve como finalidade direcionada a atenção para o que muitas vezes fica oculto nas coisas evidentes. Ambos os conceitos têm em comum a intenção de trazer à luz aquele quilo que se manifesta, mas fica camuflado pela aparência superficial das coisas. Com essa abordagem é possível interpretar aquilo que está escondido no objeto observado, revelando sua verdadeira essência mesmo quando não parece inicialmente.

O método adota uma abordagem às especificidades, realizando sua análise e esclarecendo o modo de manifestação direta. Heidegger explica que essa metodologia segue um modelo kantiano ou copernicano de projeção da perspectiva. Ele introduz uma mudança no ponto de vista através do desvio do foco do Dasein para o Ser, concentrando-se nos modos de ser dos entes em vez das formas tradicionais ontológicas. Essa alteração é definida como flexão focalizada na versão da ontologia convencional.

Legado

O impacto de Heidegger em todo o pensamento filosófico foi amplo e profundo. Figuras notáveis ​​que foram influenciadas por este filósofo alemão incluem Henry Corbin, Giorgio Agamben, Simone de Beauvoir, Maurice Blanchot, Hubert Dreyfus, Michel Foucault, Jürgen Habermas, Karl Jaspers, Hans Jonas, Karl Löwith, Gabriel Marcel Herbert Marcuse Jean-Luc Marion Quentin Meillassoux Maurice Merleau-Ponty Jean-Luc Nancy Jan Patočka Karl Rahner Richard Rorty Jean-Paul Sartre Peter Sloterdijk Leo Strauss Xavier Zubiri Lorenz Bruno Puntel e Eugen Fink entre outros. 

Entretanto, para ser mais preciso:

Hans-Georg Gadamer, que foi aluno de Heidegger, introduziu uma abordagem hermenêutica que derivou da primeira. No entanto, o próprio Heidegger distinguiu-os ao afirmar: “Infelizmente a hermenêutica é um problema para Gadamer”. (Citado em: Gadamer-Lesebuch,Tübingen 1997,p.281) Em seu livro Verdade e Método publicado em 1960,Gadamer estabeleceu os fundamentos da hermenêutica moderna, enfatizando principalmente o papel da arte na descoberta da verdade ontológica.

Nos seus primeiros escritos intitulados "O conceito de amor em Agostinho", Hannah Arendt foi grandemente influenciada por Heidegger. Depois que se atrasou em 1933, o filósofo também percorreu distância com relação às ideias do pensador alemão. No ensaio de 1946 intitulado "O que é filosofia existencial?" ela criticou severamente o ponto de vista heideggeriano, apontando para sua incapacidade no campo político-moral e ausência do sujeito responsável na situação política contemporânea. Entretanto, quando surgiu sua obra tardia sobre “Vida ativa ou Sobre A Vida Ativa”, conseqüentemente após uma ruptura mencionada anteriormente deixando Heideggar pelo caminho; tal trabalho recebeu grande liberdade pelo autor mesmo tendo desviado dos pressupostos baseados nas obras anteriores deste último - este livro levantou praticamente tudo isso segundo suas próprias palavras expressas numa carta pessoal enviada ao guru da fenomenologia (edição número vinte).

A desconstrução de Derrida atrapalhou o programa de destruição metafísica de Heidegger, ao mesmo tempo que utilizou o termo na tentativa de se distanciar de Heidegger. Derrida acusou Heidegger de permanecer dentro do pensamento categorizador e metafísico, dividindo-o em duas categorias: “dentro” e “fora” da metafísica. 

Emmanuel Levinas visitou Friburgo em 1928/29 para ouvir Husserl, onde também descobriu Heidegger. Em Heidegger, encontrou “o filósofo mais importante do século XX”. No entanto, Levinas começou a ler Heidegger criticamente desde cedo. Acima de tudo, criticou o modo de pensar ancorado na tradição europeia que colocava o geral acima do individual e o ser acima do que é. Em vez disso, ele tentou encontrar um “caminho de ser para os seres”. Embora não compartilhe das críticas de Heidegger à tecnologia como tal; antes, considerá-lo como um instrumento de libertação.

Edmund Husserl: Vida e obras

Edmund Gustav Albrecht Husserl foi um filósofo e matemático alemão, famoso por fundar a escola de fenomenologia. Nasceu em 8 de abril de 1859 em Prossnitz e faleceu em 27 de abril de 1938 em Freiburg im Breisgau. As ideias que ele levantou tiveram um impacto imenso no discurso intelectual ao longo do século XX até os dias atuais.

Ele rompeu com a orientação positivista da ciência e da filosofia de sua época e formulou críticas contra o historicismo e o psicologismo dentro da lógica. Em seu trabalho maduro, ele desenvolveu uma ciência sistemática baseada no que é conhecido como redução fenomenológica. Argumentando que a consciência transcendental estabelece os limites de todo conhecimento possível, Husserl redefiniu a fenomenologia como uma filosofia idealista transcendental.

Embora nascido em uma família judia, Husserl foi batizado como luterano em 1886. Estudou matemática com Karl Weierstrass e Leo Königsberger e filosofia baseada nas ideias de Franz Brentano e Carl Stumpf. Em 1887, o próprio Husserl ensinou filosofia como Privatdozent não remunerado na Universidade de Halle-Wittenberg antes de mais tarde se tornar professor na Universidade de Göttingen em 1901 e depois em Freiburg de 1916 até sua aposentadoria em 1928. Duas palestras notáveis ​​​​que ele deu foram uma em Paris em 1929 e outra em Praga em 1935. Mas depois de ser afetado pelas leis raciais nazistas promulgadas durante a ascensão de seu regime ao poder na Alemanha, Áustria (Anschluß), ele perdeu toda posição, honras e posições. significativamente, Husserl faleceu pacificamente enquanto vivia seus dias restantes com sua família. Localizado novamente perto de Friburgo, foi aqui que ele foi enterrado em 1942.

Biografia

Nascido em uma família judia em uma pequena cidade da Morávia (região hoje parte da República Tcheca), Husserl inicialmente estudou matemática na Universidade de Leipzig (1876) e na Universidade de Berlim (1878), sob a orientação de Karl Weierstrass e Leopold Kronecker. Ele foi para Viena em 1881 para estudar com Leo Königsberger, que havia sido aluno de Weierstrass. Em 1883, obteve o doutorado após apresentar sua tese intitulada "Contribuições para o Cálculo Variacional".

Husserl formou-se em filosofia pela Universidade de Viena em 1884. Foi nessa época que foi profundamente influenciado pelo filósofo Brentano, inspirando-o a dedicar sua vida à filosofia. Em 1886, por recomendação de Brentano, Husserl passou a estudar com Carl Stumpf para habilitação na Universidade de Halle. Com Stumpf como seu mentor e guia, Husserl compôs "On The Concept Of Number" (Über den Begriff der Zahl) em 1887, que estabeleceu as bases para seu trabalho seminal - Philosophy Of Arithmetic (Philosophie der Arithmetik), publicado três anos depois. Além dessas conquistas acadêmicas, é digno de nota que depois de se converter ao cristianismo em 1887, Husserl tornou-se um membro ativo da Igreja Luterana, quando começou a ministrar aulas tutoriais focadas exclusivamente em ensinamentos filosóficos, enquanto trabalhava para garantir posições de professor em universidades eminentes em toda a Alemanha, começando com a nomeação como Privatdozent ou professor tutor naquela época.

PLAIN Em suas primeiras pesquisas, Husserl pretendia combinar a matemática com a filosofia empírica, inspirando-se na escola de Viena. Seu objetivo central não era apenas fornecer uma base sólida para a ciência matemática, mas também analisar os processos mentais necessários para a formação de conceitos numéricos. Usando suas próprias análises e métodos não convencionais aprendidos com seus mentores, ele tentou formular uma teoria sistemática. Influenciado pela abordagem de ensino de Karl Weierstrass, Husserl desenvolveu a ideia de que os números podem ser obtidos através de um processo de abstração ou "desconto" de certas coleções de objetos enquanto estudava com Brentano-Stumpf o levou a distinguir entre apresentações adequadas e impróprias de formação de conceitos - onde algo está fisicamente presente ou representado simbolicamente, respectivamente. Seu trabalho culminou em 1901, quando publicou Investigações Lógicas, onde III Investigações são consideradas o início da teoria simbólica relacionada à meronímia (um ramo de estudo da ontologia formal).

Legado

Um dos mais influentes pensadores contemporâneos da filosofia ocidental foi Edmund Husserl. Seu impacto se estendeu por toda a filosofia subsequente, além de ter áreas como psicologia, matemática e lógica. Por volta de 1939, seus manuscritos continham cerca de 40 mil páginas taquigrafadas junto com sua pesquisa bibliográfica completa corriam o risco iminente de serem perdidos para os nazistas. Entretanto, o frei franciscano Herman Van Breda conseguiu transportá-los secretamente até o Instituto de Filosofia na Katholieke Universiteit Levenen na Bélgica onde foram depositados nos Arquivos Husserlianos. Diversas edições críticas da obra do autor foram publicadas a partir do material encontrado em suas notas manuscritas através dessa coleção importante.

Husserl selecionou Martin Heidegger, seu mais renomado aluno e sucessor na Universidade de Freiburg. Em homenagem a Husserl, Heidegger dedicou-lhe sua obra-prima "Ser e Tempo", depois de colaborar lado a lado por mais de uma década em sua relação professor-assistente de 1920-1923. Embora inicialmente seguindo os passos das filosofias de seu professor, Heidegger acabou diversificando-se com perspectivas únicas partindo de Husserl. Embora ambos fossem fenomenólogos comprometidos em investigar a percepção e a consciência como fenômenos experienciados, eles divergiam na metodologia: Heidegger abraçou um estudo ontológico centrado no conceito de ser, enquanto Husserl empregou o reducionismo metodologicamente emparelhado com conceitos de intencionalidade sem ênfase em comparação com aqueles endossados ​​por aquele que iria tornou-se um dos maiores filósofos da Alemanha. Independentemente destas diferenças entre eles, Hans-Georg Gadamer afirmou que durante muito tempo que passamos juntos, quando questionados sobre fenomenologia, muitas vezes comentou: “A fenomenologia é simplesmente o que nos encontramos fazendo – Heidegger simplesmente o faz melhor”.

Em 1901, Max Scheler fez o conhecimento de Husserl em Halle e desenvolveu sua fenomenologia como um progresso metodológico para desenvolver a própria filosofia. Apesar das críticas posteriores que Scheler apresentou à abordagem idealista e lógica utilizada por Husserl, ele deixou claro que reconhece profundamente seu papel na construção de sua obra intelectual, tendo mesmo expressado gratidão ao mestre em diversas graças. 

Edith Stein, enquanto escrevia sua tese de doutorado em Göttingen e Freiburg, foi aluna de Husserl. Posteriormente, entre 1916-1918 tornou-se assistente do mesmo professor durante seu período na universidade alemã. Edith mais tarde adaptou suas ideias da fenomenologia ao tomismo moderno. Seguindo uma linha semelhante encontra-se Karol Józef Wojtyła que viria se tornar o Papa João Paulo II . Enquanto o bispo auxiliar ensinava seus alunos Tomás de Aquino, Heidegger e Husserl buscavam conciliar as duas correntes filosóficas sugeridas por Santo Tomás com a Fenomenologia obtidas através dos trabalhos científicos realizados pelo padre Edmunds Hopp autor das primeiras obras desta temática no Brasil nos anos quarenta até meados dos sessenta quando ainda era um âmbito pouco explorado pela comunidade científica nacional mas posteriormente ganhou reconhecimento internacional bem como muitas outras escolas provenientes tanto europeias quanto americanas ou asiáticas especializadas nestas linhas teóricas específcas já bastante fossilizadas recentemente onde assim além da religião existem os elementos agnósticos tão necessários à reflexão contemporânea acerca disso tudo é muito importante abordarmos considerações críticas fornecidas aos temas apresentados acima através de investigação comparada tendenciosa neste campo epistemológico.

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