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A história da formação do Brasil


A formação do território brasileiro foi resultado de um extenso período, nenhum processo de expansão ocorreu após a chegada dos portugueses em 1500 e se estendeu até pouco depois da transformação do país em uma república. No entanto, já nos primeiros anos do século XV o tema começou a ser delineado.

Com o tempo, as navegações tornaram-se cada vez mais comuns entre os povos e nações como Portugal e Espanha. Esses países investiram em expedições marítimas de grande porte para alcançar as Índias Orientais, um lugar conhecido por seu intenso comércio de especiarias.

Ambos os reinos partiram para explorar novas rotas. Os portugueses encontraram uma nova rota e navegaram ao longo da costa africana. Enquanto isso, os espanhóis tentavam encontrar um caminho inexplorado, que os levasse a descobrir um continente inteiro: a América. Logo após as suas descobertas, ambos os países começaram a disputar a propriedade desta massa de terra recém-descoberta. Após alguma deliberação, chegaram a um acordo para a criação de uma linha meridiana que se situaria a 370 léguas (1786 km) da ilha de Cabo Verde, em África, de modo a demarcar claramente estes territórios.

Dessa forma, o Tratado de Tordesilhas foi estabelecido em 1494. Esse acordo determinou os limites das terras sul-americanas entre Espanha e Portugal. Os territórios espanhóis situavam-se a oeste do meridiano, enquanto as áreas portuguesas ficavam a leste deste ponto. É dentro desses domínios portugueses onde nos dias atuais localiza-se o Brasil.

Além do mais, um dos principais objetivos do Tratado era estabelecer a paz entre Portugal e Espanha no que diz respeito à nova terra descoberta. Como resultado dessa pacificação, os portugueses puderam finalmente explorar o novo território. A primeira ocupação portuguesa no atual Brasil ocorreu já durante o século XVI na região costeira nordestina onde iniciaram algumas atividades econômicas.

Nos primórdios, as principais atividades econômicas consistem no ciclo da cana-de-açúcar e na exploração do pau-brasil. Naquela época, o açúcar não era muito conhecido ou utilizado na Europa; por isso a produção era altamente direcionada para exportação ao exterior. Como consequência desse crescimento das exportações, surgiram diversos centros urbanos importantes e cidades portuárias de grande relevância histórica.


À medida que as cidades se expandem e a urbanização se torna cada vez mais comum no território onde os portugueses se estabeleceram, surgiu a ideia de explorar mais o continente. O ciclo económico da cana-de-açúcar continua a prosperar e, gradualmente, a pecuária - criação de gado - estendeu-se para dentro do país.

Além da produção pastoril, durante as missões de exploração na atual região Norte do Brasil, os exploradores conseguiram encontrar especificidades locais e iniciaram uma busca mais ampla pelas chamadas “drogas do sertão”. Estas especiarias também serviram como uma estratégia positiva de exportação para a Europa, uma vez que não tinham acesso a esta matéria-prima.

Com isso, as Índias navegaram pelo território brasileiro. O Brasil se tornou uma peça importante para o comércio português durante suas navegações coloniais. Produtos como guaraná, salsa, cravo e canela tiveram alto valor comercial junto com o açúcar.

No final do século, um novo tipo de mercadoria (produto agrícola ou mineral) começou a aparecer nestas missões exploratórias. À medida que avançavam em direção à região Centro-Oeste do Brasil, especificamente na atual região Sudeste. Em Minas Gerais, os exploradores descobriram algo que transformaria enormemente a sua realidade nos séculos seguintes: o ouro.

Até agora, constatamos que ao longo de alguns séculos, o território brasileiro sofreu transformações. Inicialmente, havia apenas conhecimento do espaço nordestino e logo abaixo da costa já, localizando-se algumas comunidades litorâneas no estado paulista com suas vilas e cidades.

Algumas expedições rumo ao oeste levaram à ocupação de estados atuais da região norte, como Amazonas, e da região sudeste, como Minas Gerais. Apesar dessa expansão territorial ter mudado o mapa do país, ainda há áreas inexploradas até hoje.

O século XVIII ficou marcado pelo Ciclo do Ouro, uma era emblemática em que houve especial atenção e exportação de ouro, bem como outras gemas preciosas. Este período foi tão impactante que chegou a substituir produtos outros mais comercializados - como o açúcar -, já que países como Espanha e Reino Unido obtiveram-no por meio das suas colônias localizadas na América Central, fazendo assim com que as chegadas do Brasil diminuíssem.

A descoberta do ouro trouxe mudanças significativas nos padrões de ocupação e povoamento do território. Numerosos portugueses mudaram-se para Minas Gerais com ambições de desenvolver negócios mineiros, enquanto outros do Nordeste do Brasil também migraram para esta região por razões semelhantes. Como resultado, estima-se que a população quase dobrou devido à alta demanda por esse novo recurso brasileiro.

Toda essa comoção e movimentação populacional, provocada pela novidade, também alterou o número de indivíduos instruídos que foram treinados para administrar o dinheiro de forma eficaz e tornar os negócios cada vez mais lucrativos. Esta expansão do ouro aumentou a quantidade de cidades, alterou as suas estruturas em conformidade e desenvolveu-se em resposta às suas necessidades.

As necessidades evoluíram e tiveram impacto na estrutura laboral, afetando os trabalhadores que mantinham o ritmo de trabalho constante. O século XVIII ficou marcado pelo uso crescente da mão-de-obra causada pela escravidão.

Os povos indígenas e africanos, trazidos em navios mercantes, foram submetidos a condições de trabalho que não correspondiam ao seu bem-estar. E esses maus tratos aos trabalhadores estavam apenas começando.

Durante o início do século XIX, ocorreu um acontecimento que teve grande impacto no território brasileiro e também despertou interesse em diversos países europeus. A vinda da família real portuguesa para o Brasil simbolizou uma renovada relação entre a colônia e sua metrópole.

A inovação também chegou ao território nacional, trazendo muitas novidades reais e novas oportunidades de negócios com os países europeus. Além disso, a chegada de milhares de imigrantes europeus iniciou uma vasta diversificação cultural para o Brasil. Em termos de economia, tanto o ciclo do café na região Sudeste quanto o ciclo da borracha na região Norte modificaram mais uma vez qual produto era mais extraído desta terra - passou a ser fortemente exportado também.

Nessa época, territórios como os atuais Uruguai e Guiana Francesa foram anexados pelo Brasil. Porém, logo após sua incorporação ao país, o Brasil retirou-se da Guiana Francesa; após a sua independência, a região Cisplatina foi resolvida com o estabelecimento da República Oriental do Uruguai.

A expansão de novas comunidades e a descoberta de ciclos econômicos inovadores não apenas na ampliação territorial, mas também no desenvolvimento das vilas. Estes locais evoluíram em grandes cidades urbanizadas que se transformaram em centros financeiros prósperos, impulsionando um surto populacional significativo - a contagem demográfica foi estimada em 3,2 milhões de habitantes no ano de 1800 chegando a aproximadamente 17,4 milhões ao final do século XIX.

Estes dados demonstram o crescimento populacional no século e como também conduziu a um desenvolvimento mais concreto das áreas urbanas, fortalecendo ainda mais o poder sobre o território nacional com a chegada da corte de Portugal.

À medida que o século XIX se transformava no século XX, o Brasil teve que se acostumar com seu novo regime governamental: a República. Desde a sua proclamação em 1889, o Brasil passou por mudanças estruturais como divisão de estados que antes eram províncias e alterações nos métodos de expansão territorial.

Durante a época colonial e em certas graças durante o império, as missões de exploração foram empregadas pelo Brasil como meio para considerar, anexar e administrar novos territórios. Todavia, na república já se tinha conhecimento das regiões habitáveis ​​do nosso continente. Será que ainda restava espaço para o governo brasileiro conquistar?

No início do século XX, ocorreram duas conquistas significativas que ajudaram a moldar o atual território do Brasil. Após disputas diplomáticas com a França – que governava a Guiana Francesa – o Brasil recuperou uma faixa de terra que reconheceu como sua. Esta área hoje é conhecida como estado do Amapá e foi incorporada ao estado do Pará.

Além disso, o destaque da época foi a incorporação do atual estado do Acre através de um conflito com a Bolívia que culminou na transferência das terras e no pagamento de preocupação ao país vizinho por intermédio do Tratado de Petrópolis.

Agora que você chegou até aqui, vamos compartilhar um fato fascinante sobre o território brasileiro. Em comparação com a expansão territorial dos EUA - que também progrediu para oeste como no caso do Brasil - o Brasil iniciou seu processo de expansão muito antes de sua independência (1822), enquanto os EUA só começaram após conquistar a independência (1776).

Se não fosse pela conquista do Acre em 1903, o Brasil teria completado sua expansão total antes dos Estados Unidos em 1853, após perder o território da Cisplatina desde 1828. Conseqüentemente, o Brasil manteve essencialmente o mesmo território desde sua independência, enquanto os americanos iniciavam sua processo de expansão somente após alcançar a independência.

Ao longo dos séculos, presenciamos mudanças significativas em diversos setores. No entanto, a história da expansão territorial do Brasil é extensa e influenciou profundamente o que conhecemos hoje como país. Cada avanço desde o século XV até os primórdios do XX molda a nossa realidade presente.

A saga da escravidão no Brasil: das capitanias hereditárias à Lei Áurea


Por volta da década de 1530, quando os portugueses estabeleceram as primeiras medidas efetivas de colonização no Brasil, a escravidão foi instituída como prática. Inicialmente direcionado aos nativos do país, uma tendência mudou gradativamente para a predominância da escravização dos africanos que foram trazidos ao país pelo comércio negro entre os séculos XVI e XVII.

A escravização no Brasil atendeu à demanda portuguesa por trabalhadores manuais (um tipo de trabalho que eles desprezavam) e, durante os séculos XVI e XVII, isso estava relacionado principalmente ao cultivo da cana-de-açúcar. Inicialmente, os portugueses utilizaram um sistema de troca com os povos indígenas como forma de relações laborais, mas rapidamente optaram pela escravatura.

O Brasil sofreu com a malevolência da escravidão, transportando um volume imenso de africanos durante três séculos. De tal forma que o estereótipo do trabalhador cativo em solo nacional se coligou com a aparência negra. Isso é uma indicação clara dos preconceitos raciais subjacentes ao regime servil no país.

A crueldade e desumanidade da escravidão no Brasil ainda são perceptíveis, mesmo após mais de 130 anos desde a abolição. A pobreza, a violência e a discriminação enfrentadas pelos negros refletem diretamente um país que normalizou o preconceito contra esse grupo marginalizado na sociedade.

É importante que nos lembremos de que a escravidão afetou milhões de indígenas e perpetuou o preconceito contra este grupo em nosso país. O resultado direto disso foi não só o racismo, mas também uma redução drástica na população desses povos desde os tempos coloniais até hoje - enquanto havia milhões no século XVI, agora restam apenas cerca de 800 mil registrados pelo IBGE.

Também é possível acessar: Compreenda como se deu a batalha dos escravos pela extinção no século XIX.

Origem da escravidão no Brasil


O sistema escravista foi introduzido no Brasil durante as primeiras décadas da colonização, especificamente em 1530, quando os portugueses implementaram as capitanias hereditárias e começaram a colonizar a América portuguesa. Antes dessa época, a mão-de-obra para a exploração portuguesa do Pau-Brasil dependia de uma relação comercial com os povos indígenas.

A partir de 1534, os portugueses implementaram capitanias hereditárias e começaram a promover o cultivo da cana-de-açúcar, bem como a construir engenhos para a produção de açúcar. Por se tratar de uma atividade de mão-de-obra intensiva que exigia trabalhadores qualificados, recorreram à escravatura para superar a falta de mão-de-obra; eles não estavam dispostos a realizar eles próprios um trabalho tão árduo. Como resultado, os povos indígenas suportaram inicialmente o peso da escravização.

Até meados do século XVII, os nativos eram a principal fonte de trabalho escravo utilizada pelos portugueses. No entanto, posteriormente eles ficaram em segundo lugar para os africanos que superaram o seu número. Embora fosse mais fácil e menos dispendioso para os colonizadores portugueses escravizar um indígena ao invés de um africano, diversas complexidades surgiam com esta prática.

Inicialmente, havia uma questão cultural a ser considerada, pois os povos indígenas não estavam habituados à ideologia de trabalho constante para gerar excedente dentro da cultura europeia. Além disso, os jesuítas viam neles possíveis seguidores do catolicismo - um conflito que causou grandes empecilhos já que os colonizadores desejavam escravizar completamente tais indivíduos enquanto o clero criava barreiras contra isso.

Frequentemente ocorriam conflitos entre colonos e jesuítas, sendo comum bandeirantes atacarem as missões para capturar os índios ali instalados e vendê-los como escravos. Apesar disso, a pressão dos jesuítas contra a escravidão indígena poderia gerar problemas legais aos colonos que não os subjugassem durante uma "guerra justa".

Em 1570, a pressão exercida pelos jesuítas sobre a Coroa levou à promulgação de uma lei que proibia a escravização dos indígenas. No entanto, mesmo com tal determinação legal em vigor, os índios continuaram sendo submetidos ao cativeiro - sobretudo nas regiões menos prósperas economicamente e quando havia exceções no envio de africanos para o tráfico.

Outro obstáculo à escravização dos povos indígenas foi a sua suscetibilidade a doenças como varíola, gripe, sarampo, etc. A falta de defesa biológica foi um fator determinante na história da colonização na América. Ao longo deste período ocorreram inúmeras epidemias que mataram milhares de povos indígenas. Além das doenças, as taxas de mortalidade entre as populações indígenas também resultaram da guerra e da própria escravidão.

Durante a década de 1570, os indígenas eram chamados de “negros da terra” e custavam até três vezes menos que um escravo africano. O historiador Stuart Schwartz afirmou que nesse período um escravo indígena custaria cerca de 7 mil reais enquanto um africano poderia ser vendido por aproximadamente 20 mil reais. Durante esta época, demorava um mínimo de treze meses, mas normalmente entre treze e dezasseis meses, até que um senhor recuperasse o seu investimento ao comprar um indivíduo escravizado de África.

Como mencionamos, os indígenas eram a principal mão de obra escrava até meados do século XVII, e há inúmeras pesquisas que mostram que o número de escravos indígenas era maior nos engenhos instalados pelo país. Essa situação começou a mudar gradativamente, e foi a prosperidade da economia canavieira que permitiu que lugares como Pernambuco e Bahia recebessem tantos africanos.

Escravização

Por Jean-Baptiste Debret - Wilfredo Rafael Rodriguez Hernandez, Domínio público,

No Brasil, a partir da década de 1550, os primeiros africanos foram trazidos através do comércio escravo praticado pelos portugueses ao longo de três séculos. Anteriormente à época das chegadas dos africanos no país sul-americano, Portugal já mantinha feitorias na costa africana e relações comerciais com reinos locais que incluíam o tráfico de escravizados.

À medida que a colonização do Brasil avançava, a demanda por mão de obra tornou-se tão grande que estimulou um comércio próspero em grande escala. O sucesso do comércio de escravos negros está, portanto, ligado a esta necessidade de trabalhadores na colónia e revelou-se altamente lucrativo não só para os traficantes, mas também para a Coroa.

Ao longo dos 300 anos de tráfico de negros, aproximadamente 4,8 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil, tornando nosso país o que mais recebeu africanos escravizados ao longo de três séculos em todo o continente americano.

Inicialmente, os escravos africanos foram empregados para suprir as demandas de produção açucareira em nossas fazendas. A existência destes indivíduos foi severa e destacada pela brutalidade dos proprietários e das figuras coloniais do poder. A carga laboral diária estende-se até 20 horas por dia, sendo o trabalho nas instalações mais extenuante e arriscado comparativamente às atividades que afetam nos campos agrícolas.

Os engenhos - onde a cana-de-açúcar era esmagada para a extração do caldo - eram locais comuns de acidentes, resultando na perda de membros ou braços dos escravos. Nas fornalhas e caldeiras – onde era cozido o caldo da cana – as queimaduras eram os acidentes mais frequentes que atingiam os escravos. Esta etapa do trabalho era tão cansativa que era reservada aos escravos rebeldes e fugitivos.

Algumas grandes plantações passaram a possuir 100 ou mais escravos, o que significa que o proprietário de escravos nem sempre tinha contato direto com todos eles. Os escravos dormiam em pisos duros, em alojamentos apertados chamados senzalas, e eram monitorados de perto em busca de qualquer tentativa de fuga. A sua dieta era escassa e inadequada, obrigando muitos escravos a complementar as suas refeições com alimentos cultivados em pequenas parcelas que cultivavam aos domingos.

Os escravos alocados na casa-grande, o domicílio do proprietário dos cativos, recebiam tratamento privilegiado em relação aos que trabalhavam no campo ou nos engenhos de açúcar. Outros foram designados para desempenhar diversos cargos nas cidades. Independentemente da função exercida, havia um contraste nítido quanto à alimentação e vestimentas entre tais grupos de indivíduos subjugados pela instituição escravocrata.

Para evitar a fuga, vários escravos foram acorrentados, enquanto outros usaram máscaras de ferro. No caso da região mineradora, usamos uma máscara de Flandres para evitar que engolissem diamantes ou evitassem embriaguez e até o suicídio por ingestão de terra.

O propósito da violência sistemática contra os escravos era instilar medo em relação aos seus senhores e evitar fugas e rebeliões. No entanto, para as escravas, esse tipo de violência assumia um carácter ainda mais perverso: para além das dificuldades relacionadas ao trabalho imposto que já suportavam, eram frequentemente vítimas de estupro perpetradas por donos ou administradores.

Escravos rebeldes ou aqueles que cometessem delitos menores poderiam enfrentar punições severas. Entre as punições infligidas a eles, as chicotadas eram particularmente comuns. Muitos dos escravos punidos receberam 300 chicotadas ou mais – o suficiente para levar um ser humano às portas da morte.

De acordo com o relato resgatado pelo historiador Thomas Skidmore, os escravos foram submetidos a punições extremamente brutais por ofensas consideradas insignificantes. Alguns deles foram lançados vivos na fornalha ou mortos de maneiras bárbaras e desumanas, enquanto outros sofriam enforcamento ou envenenamento como forma de execução.

Entretanto, a escravização e a violência direcionadas aos africanos não eram aceitas pacificamente por eles. A história da escravidão africana no Brasil é descrita pela resistência e luta dos africanos que fugiram, criaram comunidades independentes (quilombos), se rebelaram contra seus opressores matando feitores e senhores de engenho entre outras ações revolucionárias. Alguns grandes exemplos dessa resistência foram o Quilombo dos Palmares e a Revolta dos Malês.

O fim da escravidão

A Lei Áurea foi aprovada pelo Senado e assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888, tornando o Brasil o último país do continente americano a abolir o trabalho escravo. A abolição não se deve manter a monarquia brasileira, mas sim ao engajamento popular e resistência dos próprios escravos que lutaram por sua liberdade.

O movimento abolicionista cresceu no país na década de 1870, mas um marco importante a ser considerado é a proibição do comércio negreiro através da Lei Eusébio de Queirós em 1850. Essa legislação interrompeu o fluxo contínuo de escravos para o Brasil e permitiu significativamente sua quantidade no território brasileiro.

O movimento abolicionista no Brasil se manifestou de diversas formas. Surgiram muitas associações com esse objetivo, foram organizadas conferências e eventos públicos para discutir o tema, dinheiro foi arrecadado para libertar escravos, advogados passaram a defender os direitos dos escravos junto aos seus senhores, jornalistas publicaram diversos artigos defendendo a causa da abolição e indivíduos comuns acolheram em suas casas fugitivos em busca de proteção.

Os escravos desempenharam um papel importante na subversão da instituição da escravidão, fugindo em massa ou isoladamente e criando comunidades de resistência conhecidas como quilombos. Eles também organizaram rebeliões que resultaram na morte de seus senhores. Durante uma década de 1880 houve numerosas revoltas e fugas por parte dos escravizados.

A pressão exercida pela população livre e pelos escravos tornou-se tão intensa que, no final da década de 1880, uma desordem era visível - o Império já não tinha mais controle sobre a situação. Sendo obrigado à ação por esta pressão crescente, o Império acabou promulgando em 13 de maio de 1888 a Lei Áurea.

A população reagiu à promulgação da lei com grande alegria, e as celebrações se estenderam por vários dias. No entanto, não foram adotadas medidas de apoio aos negros libertos após a abolição, o que resultou em sua marginalização contínua - sofrimento preconceito e violência -, além de terem dificuldades para acesso a possibilidades educacionais ou oportunidades justas no mercado profissional.

Goiás: Um Olhar sobre a história e a diversidade cultural no Coração do Brasil

Foto: Goiânia, GO

A chegada dos portugueses ao Brasil marca uma viragem significativa nesta parte da América, especialmente para os povos indígenas. À medida que os colonizadores europeus se instalaram, os seus costumes e herança cultural começaram a criar raízes ao longo do tempo, especialmente no que diz respeito à religião. Através do trabalho missionário dos padres jesuítas, o catolicismo tornou-se firmemente estabelecido em toda a colônia e seus territórios. Quando chegou a Goiás, no século XVIII, o catolicismo rapidamente se espalhou e ganhou forte apoio da população local. Esta tradição religiosa foi preservada mesmo após a independência do Brasil de Portugal e após o estabelecimento de um governo republicano; ambos os eventos aconteceram sem afetar muito a adesão local ou a devoção às práticas de fé católica entre pessoas que hoje se autodenominam "goianos". Os costumes foram preservados enquanto eram reimaginados através da incorporação em rituais nas experiências da vida cotidiana. O catolicismo não apenas ajudou a moldar os padrões de ocupação nas terras goianas, mas também criou elementos simbólicos relacionados especificamente em torno de atos que exigem a confiança dos devotos e que continuam influenciando os hábitos de vida religiosos individuais até hoje. 

Goiás, ou como alguns preferem chamar de “o coração do Brasil”, está localizado na região do planalto central e se destaca como um território colonizado e explorado anos após a chegada dos portugueses ao litoral brasileiro. É um dos berços da savana; lar de artistas de música, arte e literatura; uma área com grande diversidade na sua fauna e flora; cheio de inúmeros encantos, vasta riqueza cultural que é única. Sem dúvida o estado de Goiás é abençoado por sua localização - mesmo sem mares ou praias - possuindo diversos tesouros históricos aliados a belezas naturais faz com que seja admirado por muitos olhares curiosos que contemplam este local com avidez.

Goiás compartilha forte influência religiosa do catolicismo com sua nação-mãe, que desempenhou papel essencial no processo de ocupação de terras no estado. A religião também serviu como elemento fundador e responsável pela popularização das festas tradicionais que permanecem vivas nas crenças dos goianos até hoje. Dada a dinâmica presente em Goiás, este estudo se concentra em uma revisão de literatura destacando o impacto do catolicismo na formação e expansão do estado. Começa enfatizando como o catolicismo chegou a Goiás e se tornou parte integrante da identidade dos habitantes locais antes de concluir sublinhando seu fervor pela manutenção da tradição por meio de práticas de religiosidade enraizadas nas celebrações culturais ao longo do tempo.

Após o processo de colonização das terras goianas e a exaustiva exploração do ouro, Goiás encontrou seu lugar no mundo. O povo “goiano” surgiu nesse intenso período colonial criando suas próprias forças para se afirmar na região. Apesar disso, é importante ressaltar que marcas culturais deixadas pelos povos anteriores estiveram presentes em sua formação cultural. A essência da identidade "goiana" tem raízes históricas com marcante miscigenação incluindo traços dos nativos indígenas africanos negros e europeus.

Foto: cidade de Goiás "Goiás Velho"

Ser goiano é ser um indivíduo marcado por uma herança cultural forte e diversificada; trata-se de homens e mulheres corajosos e destemidos. É também um povo que não tem vergonha do seu passado, profundamente enraizado na vida campestre, onde traços distintos ainda hoje permanecem evidentes através da música, da culinária, das escolhas de vestuário e também dos maneirismos. Apesar da era contemporânea que varreu o país com seus avanços tecnológicos, deixando pouco para trás esse modo de vida folclórico que não existe há muito tempo - ainda assim, dentro de todo esse progresso, permanecem vestígios do passado entre os residentes dessas comunidades adjacentes a monumentos históricos particularmente apreciados. por ambos, valor simbólico retratando riquezas artísticas imensuráveis ​​ao lado daquelas marcas de propriedade intangíveis, antes curadas apenas na tradição ou na memória, mas agora autenticadas de forma ainda mais importante através do envolvimento retido das gerações atuais, garantindo a compreensão vital das realidades históricas, ao mesmo tempo que conservam variações ricas em histórias sociais intrincadas forjadas ao longo do tempo. elementos totalmente necessários que proporcionem orientação para encontrar caminhos equitativos que conduzam a esforços de sustentação a longo prazo.

Apesar do transcurso de dois anos, os goianos não se afastaram da tradição católica introduzida em seus costumes pelos colonizadores portugueses; pelo contrário, assumiram novas formas, mantendo ao mesmo tempo os seus fundamentos tradicionais transmitidos pelos europeus. Segundo Hoornaert (1991), a devoção popular dentro do catolicismo surgiu entre as classes mais baixas e entre os indivíduos pobres como um todo. Este autor postula ainda que esta forma de devoção popular constitui “a cultura original e mais rica que o Brasil já produziu” (ibid., p. 99) ao longo de sua história desde o início da colonização. Além disso, foi através destes mesmos ritos praticados em comunidades insurgentes que os católicos pobres preservaram mensagens evangélicas durante séculos - continuando mesmo hoje sobre a autoridade religiosa formalizada - o que pode ser a razão pela qual as devoções históricas com origens europeias ainda prosperam entre populações incivilizadas ou aqueles treinados na civilização que poderiam caso contrário, apenas os diminuiria sem que tais práticas de cultivo de base cruzassem a fé e as considerações da vida cotidiana, co-evoluindo através das gerações ao longo do tempo, mas ainda assim presentes até agora. 

O estado brasileiro de Goiás, situado na região Centro-Oeste do país, foi habitado por diversas comunidades indígenas e quilombolas, bem como por diversos grupos que contribuíram para sua história. Vários povos indígenas como os Xavantes, Caiapós, Carajás e Tapuias habitavam a região antes da chegada dos colonizadores europeus. Essas pessoas viviam em tribos dedicadas à caça, à pesca e à agricultura. Com a chegada dos colonizadores portugueses no século XVI, houve confrontos com os povos indígenas e várias comunidades foram fundadas na região. No século XVIII, Goiás se tornou um território de interesse para diversas expedições exploratórias e estabelecimentos humanos após a descoberta das minas de ouro e diamante.

Os Bandeirantes Paulistas foram os primeiros colonizadores da região a ocupá-la. Fundaram diversas vilas e vilas, como Vila Boa (atual cidade de Goiás), Arraias, Flores de Goiás e outras. Esses assentamentos tornaram-se importantes centros econômicos, culturais e políticos de destaque, com especial atenção para Vila Boa, que serviu como capital da Província de Goiás até 1937. Além dos bandeirantes, outros povos desempenharam papel na formação significativa do Estado de Goiás, incluindo negros e europeus. Originais da África como escravos para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, arroz e algodão assim como as minas foram trazidos pelos europeus. Muitos desses indivíduos conseguiram sua liberdade com o tempo e fundaram diversas comunidades quilombolas notáveis ​​- a Comunidade Kalunga em Cavalcante é um exemplo emblemático disso.

No final do século XIX e início do século XX, os europeus - notadamente italianos, alemães e portugueses - estabeleceram-se na região com o intuito de expandir suas oportunidades agrícolas. Essa migração prévia é feita por técnicas revolucionárias para fazer florescer a economia local através da produção cafeeira e da criação animal eficientemente dirigida pelos imigrantes.

Hoje, Goiás é um estado diversificado e multicultural, com uma rica história e tradições. Sua cultura é um amálgama de diversas influências, notadamente das culturas indígena e quilombola que ainda mantêm seus costumes na região. Como tal, o Estado de Goiás representa um centro cultural vital para o Brasil, ostentando inúmeras formas de arte que celebram a sua diversidade, bem como refletem o passado do povo. A presença de diferentes etnias moldou o desenvolvimento das artes culinárias, de gêneros musicais como o sertanejo (gênero brasileiro inspirado em letras folclóricas), das expressões artísticas entre outros aspectos únicos desta localidade - fatores que revelam o que faz Goiás se destacar culturalmente.

Da Abdicação à Proclamação: A História do Hino Nacional Brasileiro

Foto: Wikki Commons

Francisco Manuel da Silva compôs a obra durante a Abdicação de Pedro I do Brasil, em 7 de abril de 1831. Sua estreia ocorreu no dia 14 do mesmo mês, na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Teatro São Pedro. No entanto, foi novamente apresentado com o início das atividades legislativas em 3 de maio daquele ano e acompanhado por um drama chamado "O Dia Jubiloso para os Amantes da Liberdade" ou "A Queda do Tirano". 

O Hino oferecido aos Brasileiros por um patrício nativo, conhecido como "Hino ao 7 de Abril", foi registrado para ser executado nesta data em 1831 e nos anos seguintes. A dedicatória do compositor incluía o Grande e Heroico Dia 7 de Abril de 1831. Em 1833, uma letra escrita pelo desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva foi publicada no jornal "Sete de Abril" e aplicada pelo próprio compositor, que tinha um manuscrito da partitura com versão essa. 

A letra é marcada por um claro sentimento antiportuguês, onde o povo português é tratado com verdadeiro racismo numa passagem quando diz "Homens bárbaros, nascidos / Do sangue judeu e mouro / Desiludem-se: A Pátria / Já não é seu tesouro"; apesar de ainda pregar a unidade nacional do império e a lealdade à monarquia, os versos de Carvalho e Silva aludem a ideais republicanos. Também aludem à expansão do país após a independência do Uruguai em 1828, defendendo uma unidade nacional "do Amazonas ao Prata", como uma referência indireta à Província Cisplatina.

Durante a Coroação de D. Pedro II em 1841, uma letra desconhecida foi registrada. Além disso, Francisco Manuel da Silva compôs um hino para essa grande ocasião que gerou algum mal-entendido histórico no futuro: o historiador Sousa Pitanga erroneamente datou sua criação e Guilherme de Melo afirmou que diversas letras foram usadas com esse mesmo hino popularmente cantado na época . De qualquer forma, todos louvavam a unidade até "ao Prata" como parte dessa homenagem merecida ao rei vigente - D.Pedro II era honrado pela maioria das versões dos poemas musicados presentes nessa tradição nacional brasileira. 

Descobriu-se depois que as composições de Francisco Manuel da Silva foram usadas mais tarde em outros eventos importantes tambérem relacionamento com Dom PedroII - tal como quando Carlos Augusto Taunay escreveu um poema especial durante mostruosidades celebrando seu casamento no dia 13 de setembro do ano- -este famoso Hino Nacional esteve entre os destaques musicais apresentados por esta importante cultura brasileira em suas cerimônias puxadas.

Com a ascensão dos conservadores ao poder e a coroação de Pedro II, o Hino à Independência composto por Pedro I foi ressurgido como hino oficial da nova nação. A figura de Pedro I se tornou um "herói" nacional, resultando no esquecimento da letra de Carvalho e Silva e comemoração do 7 de abril como data importante. Essa versão alternativa se popularizou nas décadas seguintes através da publicação das partituras para execução particular - principal meio utilizado para divulgação musical na época - apresentando uma letra que repetia o estribilho original. 

Com a chegada da Proclamação da República, o mesmo hino monarquista apareceu. Surgiu então uma história que se relatou até em livros escolares, segundo a qual ao ouvir as músicas inscritas num concurso de composições musicais propostas pelo marechal Deodoro da Fonseca - chefe do governo provisório -, ele teria declarado "prefiro o velho". Em outubro de 1888 foi composto um novo hino para substituir La Marselhesa, cantada pelos republicanos até aquele momento; esse também aconteceu por meio de um concurso promovido por Silva Jardim. Entretanto, com o advento do regime republicano recém-estabelecido não permitiu qualquer divulgação dessa nova música escrita pelo farmacêutico Ernesto Souza. Portanto em novembro 22º dia no ano seguinte (1889) abriu-se outro concurso oficial organizado pelo Ministério do Interior e liderado por Aristides Lobo idealizado José Rodrigues Barbosa para selecionar um novo hino brasileiro contando como membros Leopoldo Miguez, Alfred Bevilqua Rodolfo Bernardelli e Rodolfa Amorado. 

O concurso de 1889 permitiu a participação de músicos "eruditos e populares". No entanto, temendo que ritmos africanos pudessem ser incluídos em tal competição, o crítico musical Oscar Guanabarino iniciou uma campanha em 4 de janeiro de 1890 usando vários pretextos, incluindo razões patrióticas, para argumentar contra a mudança do hino militar do Brasil, que ele afirmava ter sido usado por Deodoro durante a Guerra. do Paraguai. Este apelo foi apresentado ao Ministro da Guerra, Benjamin Constant, no dia 15 de Janeiro, pelo Major Serzedelo Correia, que o convenceu com sucesso a alterar o objectivo do próximo concurso, de determinar novos hinos militares para seleccionar um hino de proclamação nacional. Esta última foi finalmente vencida por Leopoldo Miguez, conforme reconhecido oficialmente no decreto número 171 de 20 de janeiro de 1890. 

O governo provisório reconheceu oficialmente a música, mas não a letra, através do Decreto 171 de 1890. A execução da mesma era realizada exclusivamente por instrumentos; no entanto, mesmo essa execução carecia de uniformidade, o que levou o compositor Alberto Nepomuceno a sugerir uma reforma do hino ao presidente Afonso Pena em 1906. 

Em 1909, foi realizado um concurso para selecionar uma letra que acompanhasse a já aceita composição oficial do Brasil. Hino Nacional. Devido ao seu perfeccionismo, Duque-Estrada fez alterações em novas passagens desde então até sua adoção oficial em 1922.  Porém, não houve consenso sobre a letra e tornou-se objeto de acalorados debates tanto na imprensa quanto no parlamento. Consequentemente, foram aprovadas às pressas para execução durante as comemorações do primeiro centenário do Brasil após a independência, em setembro de 1922. 

Em 21 de agosto de 1922, a União adquiriu a propriedade plena e definitiva da carta por R$ 5.000 (cinco mil reais) por meio de decreto número 4.559 emitido pelo então presidente Epitácio Pessoa. 

Em 1917, o cantor Vicente Celestino foi o primeiro a gravar o Hino Nacional acompanhado pela Banda do Batalhão Naval e um coral durante os refrões. A tonalidade B bemol desta versão tornou a interpretação difícil para as pessoas. A banda tocava em ritmo mais lento e solene no acompanhamento de Celestino, mas mantinha seu estilo tradicional (mais rápido e animado) apenas nos refrões - essa variação levou uma comissão oficial responsável pela reavaliação dos hinos nacionais a apreciá-la em 1936, ao mesmo tempo que causou insatisfação entre as bandas militares de daquela vez. No entanto, esta versão foi oficializada em 1922.

Pedro e a Proclamação da Independência do Brasil: O Grito do Ipiranga e a Aclamação como Imperador


Dom Pedro I foi para a região de São Paulo com o objetivo de garantir a fidelidade dos habitantes em relação ao movimento pela independência do Brasil. Ele chegou à capital no dia 25 de agosto e chegou lá até o dia 5 de setembro.

Durante uma viagem, Leopoldina, sua esposa, casou-se com o regente. Ao se deparar com os critérios de Portugal para que ambos retornassem a Lisboa, convocou uma sessão extraordinária do Conselho de Estado para 2 de setembro de 1822 e junto com os ministros decidiu pela separação definitiva do Brasil de Portugal. Ela então assinou a declaração de independência antes de enviar o mensageiro Paulo Bregaro para informar Pedro sobre o ocorrido.

No dia 7 de setembro, ao retornar à província do Rio de Janeiro, Pedro recebeu uma carta de José Bonifácio e Leopoldina. O príncipe foi informado de que todas as ações do gabinete de Bonifácio foram invalidadas pelas Cortes e o pouco poder que ainda detinha foi retirado. Dirigindo-se aos seus associados - incluindo a sua Guarda de Honra - Pedro declarou a famosa declaração: "Amigos, as autoridades portuguesas procuram escravizar-nos e perseguir o nosso povo. A partir de hoje, já não estamos unidos." Ele então arrancou o símbolo azul e branco que representava Portugal enquanto implorava aos seus soldados: "Retirem suas insígnias! Viva a independência! A liberdade no Brasil está em jogo!" desembainhando sua espada agora brandida para dar ênfase, declarando: "Pela minha linhagem; Minha honra diante de Deus acima de todas as coisas - juro que [meu dever] será garantir a liberdade no Brasil". Finalmente acrescentando enfaticamente: “Independência ou morte!”. Esse evento mais tarde ficaria conhecido como Grito do Ipiranga.

Segundo as literaturas históricas de Cintra (1922, p. 38) e Pimenta (1972, p. 81), a proclamação da independência do Brasil através do Grito do Ipiranga ocorreu desta maneira:

Ao chegar em São Paulo na noite de 7 de setembro do ano de 1822, Pedro e seus acompanhantes comunicaram a notícia da independência do Brasil ao domínio português. O príncipe foi recebido com uma grande celebração popular, sendo aclamado tanto como o "Rei" quanto como o "Imperador" do país. Em seguida ele passou até o Rio de Janeiro onde nos dias seguintes foram divulgados panfletos (escritos de Joaquim Gonçalves Ledo), confirmando que Pedro foi declarado Imperador Constitucional. No dia 17 de Setembro José Clemente Pereira, Presidente Municipal Do Rio De Janeiro invejo para as outras municipalidades brasileiras a notificação oficial Aclamação seria realizada no aniversário ("Dia das Crianças"), em 12 outubro. Logo após esse acontecimento foram estabelecidas novas bandeiras bem diferentes e brasões também diferenciados dos antigos aos quais representariam assim um novo nascimento livre imparcial desde então.

A separação oficial de Portugal só ocorreu em 22 de setembro de 1822 através de uma carta escrita por Pedro a João VI. Na correspondência, Pedro ainda se refere a si mesmo como “Príncipe Regente”, enquanto seu pai é tratado como Rei do Brasil Independente. No dia 12 de outubro, no Campo de Santana (mais tarde conhecido como Campo da Aclamação), o Príncipe Pedro foi aclamado Dom Pedro I - Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, marcando simultaneamente o início de seu reinado e do Império Brasileiro. Porém, ficou claro que se Dom João VI voltasse ao Brasil, então apesar de aceitar este título; ele abdicaria em favor dele, por decreto imperial.

O título imperial foi escolhido com a intenção de simbolizar a continuidade da tradição dinâmica portuguesa, enquanto o título de rei poderia ser visto como uma manifestação do temido absolutismo. Além disso, o próprio processo de aclamação popular na antiga Roma serviu como inspiração para essa decisão. Em 1º dezembro de 1822 - data que marca a aclamação inaugural de D.João IV -, Pedro I finalmente recebeu sua coroação e consagração ao cargo imperial.

Dom Pedro I: O Legado de um Líder Brasileiro


Nascido em Queluz em 12 de outubro de 1798 e ali falecido em 24 de setembro de 1834, Pedro I e IV foi apelidado de “o Libertador” e “o Rei Soldado”. Foi o primeiro Imperador do Brasil desde a sua entronização até a sua abdicação em 1831. Além disso, ocupou o título de Rei de Portugal e Algarves por um breve período entre março e maio de 1826. Como quarto filho de João VI com a rainha Carlota Joaquina da Espanha, pertencia à linhagem Bragança. Inicialmente baseado fora de Portugal durante a infância, até que as forças francesas invadiram a sua terra natal, forçando-os ao exílio; em última análise, mudando-se para o Brasil.

A eclosão da Revolução Liberal no Porto em 1820 obrigou João VI a regressar a Portugal em abril do ano seguinte, deixando Pedro para trás como seu regente. Teve de lidar com ameaças das tropas revolucionárias e desobedientes portuguesas, que acabaram por ser subjugadas. Desde a chegada da família real portuguesa em 1808, o Brasil gozava de significativa autonomia política; no entanto, a ameaça de Portugal de revogar estas liberdades criou grande descontentamento na sua colónia. Pedro ficou do lado dos brasileiros e declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Ele foi aclamado como imperador em 12 de outubro e derrotou todas as forças religiosas presentes até março do ano seguinte. Poucos meses depois, ele esmagou a Confederação do Equador – uma rebelião separatista que eclodiu inicialmente na província de Pernambuco antes de se espalhar para outras províncias do Nordeste – sob os pés.

No início de 1825, eclodiu uma nova rebelião na província Cisplatina, seguida de uma tentativa das Províncias Unidas do Rio da Prata de anexá-la. Isso levou o Brasil a entrar na Guerra da Cisplatina. Entretanto, Pedro proclamou-se rei de Portugal, mas rapidamente abdicou em favor da sua filha mais velha, Maria II. A situação piorou em 1828, quando uma guerra fez com que o Brasil perdesse o controle sobre a Cisplatina, que se tornou um país independente conhecido como Uruguai. Nesse mesmo ano, D.Miguel -irmão mais novo de Pedro- foi aclamado Rei de Portugal pela sua corte em meio a escândalos sexuais que mancharam as negociações. Dificuldades adicionais surgiram no parlamento brasileiro, onde os debates políticos desde 1826 começaram a abordar se o governo deveria ser escolhido pelo imperador ou pela legislatura. Pedro lutou contra problemas simultâneos que ocorriam tanto com o Brasil quanto com Portugal. segundo filho, Pedro II, e partiu para a Europa.

Em julho de 1832, Pedro liderou um exército formado principalmente por mercenários estrangeiros e invadiu Portugal. Embora inicialmente tenha se envolvido em uma guerra civil portuguesa, seu conflito logo cresceu para incluir toda a Península Ibérica como parte de uma disputa entre os defensores do liberalismo e aqueles que queriam retornar ao absolutismo. Poucos meses depois da vitória dos liberais sobre seus oponentes, Pedro morreu de tuberculose em 24 de setembro de 1834. Ele é amplamente considerado pelos contemporâneos e pela posteridade como uma figura importante na promoção dos ideais liberais que ajudaram Brasil e Portugal a abandonarem regimes absolutistas em favorecer formas mais representativas de governo.

Pedro Álvares Cabral: O Descobridor do Brasil

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Pedro Álvares Cabral, cujas datas de nascimento variam entre 1467 e 1468 em Belmonte e faleceu por volta do ano de 1520 em Santarém; foi um nobre português, comandante militar, navegador e explorador creditado pela descoberta do Brasil. Ele realizou uma exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora sejam escassos os detalhes sobre a vida de Cabral, o que se sabe é que ele veio de uma família aristocrática localizada no interior e recebeu uma boa educação formal.

Foi nomeado para liderar uma expedição à Índia em 1500, seguindo uma rota recém-inaugurada por Vasco da Gama que circunavegou a África. O objectivo deste empreendimento era adquirir especiarias e estabelecer relações comerciais com a Índia - contornando o monopólio do comércio de especiarias então controlado por comerciantes árabes, turcos e italianos. A sua frota de 13 navios viajou para longe da costa africana, talvez desembarcando intencionalmente no que inicialmente pensou ser uma grande ilha a que deu o nome de Vera Cruz e à qual Pero Vaz de Caminha referiu. Exploraram a costa e descobriram que poderia fazer parte de um continente maior; por isso enviaram um navio de volta para casa notificando o rei Manuel I sobre a sua descoberta. Como este novo território ficava dentro do hemisfério de Portugal de acordo com o Tratado de Tordesilhas, eles o reivindicaram para a sua Coroa, já que os territórios portugueses constituiriam mais tarde o Brasil, depois de terem desembarcado na América do Sul para reabastecer com sucesso antes de continuarem para o leste em direção à Índia.

Durante a mesma expedição, uma tempestade no Atlântico Sul causou a perda de sete navios; os restantes seis navios acabaram por regressar - alguns parando em Moçambique antes de seguirem para Calicut, na Índia. Inicialmente, negociações bem-sucedidas foram feitas por Cabral para os direitos comerciais de especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram os negócios portugueses como uma ameaça ao seu monopólio e incitaram ataques muçulmanos e hindus ao assentamento português, resultando em várias vítimas e destruição de edifícios. Em retaliação, Cabral saqueou e queimou uma frota árabe e rapidamente bombardeou a cidade devido à incapacidade do seu líder em explicar as suas ações relativas à não manutenção da paz entre eles. A viagem de Calicut continuou para outra cidade-estado indiana chamada Cochin, onde Cabral fez amizade com governantes e abasteceu seus barcos com produtos picantes ainda mais procurados antes de retornar para casa, na Europa.
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Cabral foi posteriormente preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais forte na Índia, possivelmente como resultado de desentendimentos com Manuel I. Tendo perdido o favor do rei, retirou-se da vida pública e há poucos registos dos seus últimos anos. . As suas conquistas foram esquecidas por mais de 300 anos, até que o legado de Cabral começou a ser reabilitado pelo Imperador Pedro II do Brasil, várias décadas depois de o Brasil ter conquistado a independência de Portugal no século XIX. Desde então, os historiadores debatem se Cabral descobriu o Brasil e se foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida através da observação de que os encontros superficiais dos exploradores anteriores mal notaram algo significativo sobre o que se tornaria conhecido como único entre as nações latino-americanas onde o português continua a ser hoje uma língua oficial. Em relação a esta última questão, ainda não foi alcançado um consenso definitivo sobre se esta descoberta tinha provas sólidas por trás de quaisquer alegações de intencionalidade feitas no sentido de que as suas origens eram ocorrências deliberadas e não coincidentes. No entanto, Cabral é considerado uma das figuras mais importantes durante a Era da Europa. Período de descoberta, apesar de outras descobertas famosas ofuscarem sua reputação às vezes

Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa, Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, com cerca de doze anos. Ele recebeu educação em humanidades e treinamento para combate e manuseio de armas. Em 30 de junho de 1484, com cerca de dezassete anos, foi nomeado escudeiro (título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II.

Os registos das ações de Cabral antes de 1500 são incrivelmente incompletos, mas é possível que ele tenha viajado pelo Norte de África como os seus antepassados ​​e outros jovens nobres da época. (5) (6) Dois anos depois de ascender ao trono, o rei D. Manuel I concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497. (7) (8) Por volta desta mesma época, foi também nomeado fidalgo no Conselho do Rei e nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo. (8) Não existem imagens contemporâneas ou descrições físicas detalhadas para Cabral; porém sabe-se que ele possuía grande força, igualando a altura de seu pai, com aproximadamente 1,90 metros de altura . As características conhecidas sobre ele incluíam ser culto, cortês, generoso com os inimigos, humilde, mas também vaidoso.

 Além disso, o respeito comandado pelo status era uma grande preocupação para Cabral.


Partida e chegada à nova terra

Sob o comando de Cabral, então com 32-33 anos, uma frota partiu de Lisboa ao meio-dia do dia 9 de março de 1500. Na véspera da partida houve uma despedida pública da tripulação que incluiu missa e celebrações com a presença do rei, oficiais do tribunal e uma enorme multidão. No dia 14 de Março, durante a manhã, uma parte desta frota passou pela ilha da Grã Canária -a maior ilha entre as Ilhas Canárias-, seguindo depois para Cabo Verde, que se situa ao longo da costa oeste de África. Eles chegaram lá em 22 de março seguindo seu curso. No dia seguinte, um navio contendo cerca de cento e cinquenta homens conduzido por Vasco de Ataíde separou-se completamente sem deixar vestígios, depois de atravessar a linha do Equador durante o dia nove de abril chegou mais perto o mais longe possível. Uma técnica de navegação conhecida como volta do mar utilizada aqui os ajudou a avançar para o oeste no Oceano Atlântico a partir da direção do continente africano. Os marinheiros notaram avistamentos de algas marinhas por volta de 21 de abril os fizeram acreditar que se aproximavam das águas costeiras. aconteceu quando as forças ancoraram nas proximidades do que mais tarde se intitulou Monte Pascoal (que no seu nome indica montanha da Páscoa). Está em algum lugar próximo à atual costa nordeste do Brasil.

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Em 23 de abril, os portugueses detectaram moradores na costa e todos os capitães se reuniram a bordo do navio de Cabral. Cabral instruiu Nicolau Coelho - capitão que viajou com Vasco da Gama para a Índia - a desembarcar e estabelecer contacto. Ele pisou em terra e trocou presentes com os nativos.  ​​Após o retorno de Coelho, Cabral tentou que sua frota rumasse para o norte, onde ancorou em Porto Seguro depois de viajar 65 km em 24 de abril. Era um porto natural, e Afonso Lopes (o navegador-chefe do navio principal) trouxe dois índios a bordo para que pudessem comunicar com Cabra os ataques associados contra forças especiais secretas no estrangeiro.

Assim como no primeiro encontro, o encontro foi amigável e Cabral ofereceu presentes aos indígenas. Eles eram caçadores-coletores da Idade da Pedra que os europeus rotularam como "índios". Os homens colhiam alimentos através da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Pertenciam a várias tribos rivais, incluindo a tribo Tupiniquim que Cabral encontrou.  Alguns deles eram nômades, enquanto outros se estabeleceram - eles sabiam como usar o fogo, mas não os metais. Algumas tribos até praticavam o canibalismo. No dia 26 de abril (Domingo de Páscoa), à medida que apareciam mais nativos curiosos, Cabral incitou seus homens a construir um altar de terra onde uma missa católica era presidida por Henrique de Coimbra - o que marcou a primeira cerimônia religiosa do Brasil em seu solo. .

Os portugueses ofereceram vinho aos índios, mas estes não apreciaram a bebida. Eles desconheciam o vasto conhecimento que esse povo possuía na produção de diversas bebidas fermentadas por meio de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos - totalizando mais de oito tipos diferentes. 

Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira – possivelmente com sete metros de altura. Cabral percebeu que as novas terras ficavam a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha estabelecida no Tratado de Tordesilhas. Portanto, este território estava dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre essas terras, a cruz de madeira e outra missa foram celebradas no dia 1 de maio. Em homenagem a isso, Cabral batizou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz. No dia seguinte, um navio de abastecimento comandado por Gaspar de Lemos  ou por André Gonçalves  (há um conflito entre as fontes sobre quem tinha sido enviado), o comando voltou a informar o seu rei através da carta de Pero Vaz de Caminha sobre a sua descoberta.

O caminho da índias

Em 2 ou 3 de maio de 1500, a frota retomou sua viagem ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha descoberto um continente inteiro e não apenas uma ilha. Por volta de 5 de maio, o esquadrão virou-se para a África para seguir para o leste. Em 23 ou 24 de maio [59], enquanto estavam na zona de alta pressão da região sul do Oceano Atlântico, chamada de "latitudes de cavalo", eles encontraram uma tempestade que resultou na perda de quatro navios no mar; no entanto, a sua localização precisa é desconhecida e tem sido especulada como algo próximo de Cape Hope, no extremo sul de África [63], até à vista da costa sul-americana [64]. Três embarcações juntamente com a caravela de Bartolomeu Dias foram afundadas, perdendo cerca de trezentos e oitenta homens envolvidos que pereceram debaixo de água.[65].

Devido ao mau tempo e danos aos seus equipamentos, os navios restantes se separaram. Um destes navios liderados por Diogo Dias continuou sozinho enquanto os outros seis se reagruparam em dois grupos de três cada. O grupo de Cabral navegou para leste passando pelo Cabo da Boa Esperança até determinar a sua posição e avistar terra onde virou para norte e desembarcou algures no arquipélago da Primeira e Segunda Ilhas ao largo da costa da África Oriental, a norte de Sofala. A frota principal permaneceu perto de Sofala durante dez dias em reparações; depois disso, uma expedição rumou para o norte, chegando a Quiloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com seu rei.

De Quiloa, uma frota partiu para Melinde e chegou no dia 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, trocou presentes e estabeleceu relações de amizade. Em Melinde, os pilotos também foram recrutados para a etapa final da viagem à Índia. Antes de chegarem ao seu destino final, pararam na ilha de Angediva, onde os navios a caminho de Calecute se reabasteciam, sendo encalhados para que pudessem ser submetidos a calafetagem e pintura antes de fazerem os preparativos em antecipação ao encontro com o governante de Calecute. 

A evolução da moeda no Brasil: da colonização à atualidade


Durante toda sua história, o Brasil utilizou as seguintes moedas: real (português), real (brasileiro), cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo e cruzeiro real. A moeda atual em circulação é o Real. O Banco Central produz cédulas de 2, 5 ,10 ,20 ,50 ,100 e 200 reais juntamente com uma variedade de moedas incluindo aquelas com valores entre cinco centavos até um real.

Durante as transações comerciais, ao longo do tempo essas moedas eram usadas como meio de entrega para produtos. Quando os povos indígenas realizaram trocas através do escambo no período colonial aqui no Brasil, a utilização das primeiras moedas cunhadas foi introduzida.

História da moeda no Brasil

Real Português [Período colonial até 7 de outubro de 1833 (303 anos)]

A história da evolução da moeda no Brasil teve início no período colonial, quando a economia brasileira ainda estava em formação. Naquela época, a moeda utilizada era o real de oito, uma moeda de prata cunhada com o valor de oito reales, que era a moeda corrente em toda a América Espanhola.

Com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, foi criado o Banco do Brasil e passou-se a utilizar o real português como moeda oficial no país. Em 1834, foi criado o cruzeiro, que se tornou a moeda oficial do país até 1942.

Durante a primeira metade do século XX, o Brasil passou por diversas reformas monetárias, resultando na criação de diversas moedas, como o mil réis, o cruzeiro novo, o cruzeiro, o cruzeiro real e o cruzado. Essas mudanças refletiam a instabilidade econômica do país e a necessidade de controlar a inflação.


Real brasileiro [8 de outubro de 1833 a 31 de outubro de 1942 (109 anos)

A moeda utilizada no Brasil desde a sua colonização até 5 de outubro de 1942 foi o Real (plural réis), que foi então substituído pelo Cruzeiro na proporção de um Cruzeiro para cada mil reais.

Por não poder ser dividido (ao contrário do Real, que foi adotado em 1994 e pode ser dividido em centavos), predominou o uso de "réis" no plural. Na verdade, um real equivale a um centavo, enquanto 100 réis equivalem a um real (moeda atual). Esta comparação não pretende ser uma taxa de conversão, mas sim um exemplo. Semelhante ao iene moderno, que não pode ser dividido, os réis funcionavam de forma semelhante. Além disso, uma vez que esta unidade circulou por um longo período em múltiplas notas no valor de 1000 de uma só vez, tornou-se prática comum naquela época referir-se coletivamente como “mil-ré ;is”(pronuncia-se "mir-rees") como se tivessem acabado de se juntar juntos ou representavam outra unidade monetária distinta. Mil reais hoje teriam, portanto, equivalência genérica com unidades de dez reais, como 'dez reais'.


Cruzeiro [1 de novembro de 1942 a 30 de novembro de 1964 (22 anos)]

A moeda brasileira conhecida como Cruzeiro (Cr$ ou ₢$) foi usada de 1942 a 1967, novamente de 1970 a 1986 e mais uma vez em 1990-93. Foi introduzido pela primeira vez durante o período do Estado Novo na história brasileira para padronizar o dinheiro circulante. O valor de um Cruzeiro equivalia a mil réis. Mais tarde, na administração do Presidente Castelo Branco, ocorreram alterações que a substituíram temporariamente por outra moeda denominada "Cruzeiro novo". Porém, mais tarde, sob o comando da equipe liderada pelo presidente José Sarney, surgiu algo novo chamado Plano Cruzado, que trouxe de volta não apenas a estabilidade, mas também reviveu o uso desta unidade baseada em valor econômico mais antigo, ou seja, os cruzeiros originais foram restaurados. Collor finalmente decidiu que seria melhor substituí-lo completamente e introduziu o que conhecemos hoje - a forma ligeiramente alterada: talvez apelidada na época igualmente tão real em boxe!


Cruzeiro: retirada dos centavos [1 de dezembro de 1964 a 12 de fevereiro de 1967 (2 anos)]

De 1942 a 1967, de 1970 a 1986 e novamente de 1990 a 1993, O Cruzeiro (Cr$ ou ₢$) foi a moeda oficial do Brasil. Foi adoptado pela primeira vez durante a reestruturação dos padrões financeiros do governo do Estado Novo com o objectivo de unificar o dinheiro em circulação. Um cruzeiro equivale a mil réis. Durante a administração Castelo Branco, O Cruzeiro passou por uma reforma monetária que o substituiu temporariamente pelo "cruzeiro novo". O Plano Cruzado trouxe de volta esta forma de moeda sob a liderança do presidente José Sarney, antes de ser eliminado mais uma vez pela decisão de Collor de introduzir o “Cruzeiro Real” em seu lugar em 1993.


Cruzeiro novo [13 de fevereiro de 1967 a 14 de maio de 1970 (3 anos)]

O "Cruzeiro Novo" (NCr$) foi uma moeda brasileira que circulou brevemente no Brasil de 13 de fevereiro de 1967 a 14 de maio de 1970. Sua implantação ocorreu durante a ditadura militar sob a liderança do marechal Artur da Costa e Silva, que governou de 1967 a 1969.

Refere-se a um padrão que foi criado devido à desvalorização do Cruzeiro, moeda em vigor desde 1942. A enorme desvalorização ocorreu por causa da instabilidade política e do descontrole das contas públicas, que estão entre alguns supostos motivos para o golpe de estado em 1964 que levou à ditadura militar do Brasil até 1985.

Cruzeiro (CR$) [15 de maio de 1970 a 14 de agosto de 1984 (14 anos)]

A moeda brasileira, conhecida como Cruzeiro (Cr$ ou ₢$), foi usada de 1942 a 1967, novamente de 1970 a 1986 e mais uma vez entre os anos de 1990 e 1993.  Sua introdução ocorreu pela primeira vez durante o Estado Novo em um esforço para padronizar a circulação de dinheiro em todo o Brasil. Um cruzeiro tem valor equivalente a mil réis. O governo de Castelo Branco introduziu uma reforma monetária que substituiu temporariamente o Cruzeiro pelo seu sucessor - o "cruzeironovo". Mais tarde, uma iniciativa de recuperação do presidente José Sarney restabeleceu o uso juntamente com a implementação do Plano Cruzado; após esse programa de sucesso, o mandato de Collor voltou a usá-lo, mas com uma conversão de dinheiro agora melhorada com base no Cruzeiro Real, que o substituiu antes do final do ano de 1993.


Cruzeiro (retirada dos centavos) [15 de agosto de 1984 a 27 de fevereiro de 1986 (1 ano)]

De 1942 a 1967, de 1970 a 1986, e novamente no período entre 1990-1993, a moeda do Brasil era conhecida como O Cruzeiro (Cr$ ou ₢$). A sua introdução ocorreu durante o regime do Estado Novo com o objectivo de uniformizar o dinheiro em circulação. Um cruzeiro equivale a mil réis. Durante o mandato do Presidente Castelo Branco, este sistema monetário sofreu uma reforma que envolveu a substituição temporária pelo 'cruzeiro novo'. Mais tarde, foi revivido no governo do presidente José Sarney por meio de suas iniciativas do Plano Cruzado, antes de ser colocado novamente em circulação pelo então governo Collor, embora finalmente substituído mais uma vez; desta vez, a substituição permanente ocorreu quando o 'Cruzeiro Real' passou a fazer parte da política oficial no lugar de sua versão provisória antecessora - com efeito a partir do ano mil novecentos e noventa e três em diante.


Cruzados (volta dos centavos) [28 de fevereiro de 1986 a 15 de janeiro de 1989 (2 anos)]

O Cruzado foi a moeda criada no Brasil pelo Plano Cruzado em 28 de fevereiro de 1986, como parte de um pacote de medidas destinadas a conter a inflação. O nome foi derivado de uma antiga moeda portuguesa em ouro, que costumava ser negociada no Brasil durante a época colonial e possuía um valor estimado em cerca de 400 réis.

A partir de meados da década de 1970, ocorreu um intenso processo inflacionário que atingiu seu ápice no início da década de 1980. Este desequilíbrio prevaleceu durante a breve existência do Cruzado e contribuiu para a reputação de “Década Perdida” do Brasil ao longo da década de 1980. O símbolo utilizado foi Cz$, sendo que 1,00 Cz$ equivale a 1000,00 Cr$. Além disso, o código ISO 4217 adotado era BRC. A volta da subdivisão dos "centavos" na moeda foi uma mudança marcante, já que eles foram abolidos em 1984 devido à desvalorização do cruzeiro.

Cruzado Novo (CRz$) [16 de janeiro de 1989 a 15 de março de 1990 (1 ano)]

O cruzado novo (NCz$) foi a moeda brasileira de 16 de janeiro de 1989 a 16 de março de 1990. Resultou da reforma monetária promovida pelo Plano Verão e instituída pelo Ministro Maílson da Nóbrega em 1989. O cruzado novo correspondia a mil cruzados velhos como três zeros foram retirados em 16 de janeiro daquele ano.


Cruzeiro (Cr$) [16 de março de 1990 a 31 de julho de 1993 (3 anos)]

De 1942 a 1967, de 1970 a 1986 e de 1990 a 1993, o padrão monetário brasileiro era conhecido como O Cruzeiro (Cr$ ou ₢$) [1]. Foi introduzido pela primeira vez durante a era do Estado Novo no Brasil com o objetivo de unificar o dinheiro circulante. Um cruzeiro equivalia a mil réis. No governo do presidente Castelo Branco, ocorreu uma reforma monetária que substituiu temporariamente O Cruzeiro pelo Cruzeiro Novo. A equipe de José Sarney reintegrou O Cruzeiro após implementar o Plano Cruzado, enquanto Fernando Collor presidiu sua reintrodução até que finalmente foi substituído por outra unidade chamada "Cruzero Real" em 1993.

Cruzeiro Real (cr$) [1 de agosto de 1993 a 30 de junho de 1994 (10 meses e 29 dias)]

De 1º de agosto de 1993 a 30 de junho de 1994, o real (CR$) foi o padrão monetário do Brasil até ser substituído pelo real - a atual moeda oficial do Brasil.

Durante o período do terceiro cruzeiro, de 1990 a 1993, as altas taxas de inflação fizeram com que os preços diários dos produtos ao consumidor fossem expressos em milhares de crus e as flutuações fossem registradas em milhões de crus. Em resposta, em 28 de julho de 1993, o governo de Itamar Franco emitiu a Medida Provisória nº 336, que posteriormente foi convertida na Lei nº 8.697, em 27 de agosto, criando uma nova moeda: o "cruzeiro real", equivalente a mil crus cada. Embora houvesse planos de emissão de moedas com valores em centavos referentes a este sistema monetário no âmbito da medida provisória; tais moedas nunca apareceram, resultando em notas e moedas carimbadas de acordo com os padrões anteriores que circulavam como se valessem dez "crus" por cento sempre que correspondessem a valores inferiores ou iguais a 1.000 caixas sendo consideradas como centavos pelas pessoas que as utilizavam nas transações do dia-a-dia durante seu tempo de circulação

Real (moeda atual) [Desde 1 de julho de 1994 (29 anos]

O Real Brasileiro (ISO 4217: BRL, abreviado como R$) é a moeda oficial do Brasil. Foi desenvolvido em 1º de julho de 1994 após diversas trocas monetárias e em conjunto com uma redução significativa nas taxas de inflação. Esta moeda estável foi estabelecida durante o mandato do Presidente Itamar Franco, sob a liderança do então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que mais tarde foi eleito presidente. Na época do lançamento, Rubens Ricupero havia assumido o cargo de Ministro da Fazenda, uma vez que FHC já havia saído para se desqualificar do cargo para poder concorrer à Presidência.

O real é a 16ª moeda mais negociada no mundo e ocupa o segundo lugar entre as moedas latino-americanas, bem como o quarto lugar entre todas as moedas das Américas. Estima-se que mais de oito milhões de moedas foram perdidas ou extraviadas. Embora seja a moeda oficial do Brasil, as moedas privadas e sociais emitidas por bancos comunitários só podem circular em áreas locais se aderirem às diretrizes estabelecidas pelo Banco Central do Brasil; para cada moeda não oficial emitida, o banco emissor deverá manter uma reserva de reais por unidade circulada.

No dia 2 de setembro de 2020 foi colocada em circulação a nova cédula no valor de R$ 200. Atualmente é a denominação mais alta em circulação. A razão para tal valor deveu-se ao acúmulo de dinheiro durante a pandemia de COVID-19, resultando em notas em menor circulação. 

Emergindo de uma situação de turbulência inflacionista que causou instabilidade económica, o objectivo era estabelecer uma moeda mais forte que inspirasse maior confiança do que as suas antecessoras, resultante de planos económicos mal sucedidos. O nome escolhido "real" coincide com a primeira moeda do Brasil (plural: réis), herdada por Portugal e utilizada em todas as suas colônias.

Diferentemente das moedas anteriores, o real não traz em suas notas números históricos nacionais. Em vez disso, mostra animais da vida selvagem brasileira. Esta decisão surgiu depois de famílias de pessoas homenageadas em notas, como Mário de Andrade, terem reclamado da sua inclusão . Além disso, houve pouco tempo para negociar com essas famílias devido às demandas prementes de produção. A partir de então, várias opções foram consideradas, como piranhas e tucunarés ou mesmo peixinhos lambari e lobos-guará - porém uma decisão final só poderia restringir cinco: beija-flores, garças/garças, araras/aranas, onças/onças-pintadas e garoupas/garoupas (uma versão apresentando todos os 5).

O Real foi concebido em três fases a partir de meados de 1993. Em primeiro lugar, houve um plano de austeridade com o Plano de Acção Imediata (PAI) seguido do Fundo Social de Emergência (FSE). O objectivo destas medidas - de acordo com as declarações do governo na altura - era criar um mecanismo de financiamento para programas sociais, libertando ao mesmo tempo as obrigações da União para com outras entidades, conforme descrito na Constituição de 1988; em segundo lugar, houve a criação da Unidade de Valor Real (URV), que serviu apenas como unidade de contabilidade enquanto as moedas e notas do Cruzeiro Real permaneceram em circulação como valor e meio de pagamento; finalmente, em 1º de julho de 1994, a moeda real entrou em operação substituindo todas as demais funções anteriormente desempenhadas pelo Cruzeiro Real. 

A moeda foi criada pela Medida Provisória que instituiu o Plano Real, inicialmente sob regime de câmbio fixo em relação a um conjunto de moedas liderado pelo dólar dos Estados Unidos. Isto significava que existiam limites previamente definidos, tanto para um limite superior como para um limite inferior, dentro dos quais o valor da moeda flutuaria. Se a cotação atingiu o seu limite máximo, então está empenhada em vender dólares para forçar a descida do seu preço; inversamente, se atingir o seu piso, serão tomadas medidas para aumentar a procura. Por mais surpreendente que seja (para muitos), após o lançamento, o logotipo Real foi significativamente apreciado! Após uma breve valorização no final de 1994 e início de 1995, quando avaliada em US$ 1:20 (taxas de câmbio comercial em 31 de março de 1995), o controle do Banco Central do Brasil resultou gradualmente na desvalorização da moeda de 1 Real: US$ 1 em 1995, caindo até aproximadamente um pouco acima ou próximo da paridade com o dólar em relação a final de 1998(14)[14].

Contudo, em Janeiro de 1999, a crise financeira resultante do incumprimento russo e das crises subsequentes na Argentina levaram o Banco Central do Brasil a abandonar o seu modelo de taxa de câmbio semifixa e a permitir uma moeda flutuante livre. A repentina desvalorização do real no início daquele ano marcou o fim das taxas de câmbio previsíveis. Entre 1999 e 2003, as flutuações foram erráticas mas geralmente não resultaram em depreciação; no final de 2002, no entanto, atingiu um mínimo recorde em relação ao dólar americano, a R$ 3,90:1, antes de finalmente se estabilizar em torno de R$ 2:1 novamente em meados de 2006, onde permaneceu até o início de 2015[14][16]. Em 28 de julho de 2023, a Taxa de Câmbio (Ptax) foi registrada em R$5,72 por USD [17].

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