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[RESENHA] Espumas flutuantes, Castro Alves


“Espumas Flutuantes” é a única obra publicada em vida pelo poeta Castro Alves. Publicado em 1870, o livro reúne 53 textos, incluindo versões de poesias de autores como Victor Hugo e Lord Byron.

A obra é marcada por imagens grandiloquentes da natureza (como mar, céu, tufão, sol) e pelo uso abundante de recursos retóricos. Enquanto a poesia de cunho social predomina em outras obras de Alves, aqui o principal tema é o amor.

Ao retratar o amor, Castro Alves segue caminhos diferentes dos poetas das gerações anteriores. Em vez do amor espiritualizado de Gonçalves Dias ou do onírico de Álvares de Azevedo, retrata suas musas com sensualidade quase erótica.

A inspiração para muitos desses versos vem do romance com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Suas experiências e inspirações amorosas refletem-se, por exemplo, em “Boa-Noite”, “Adormecida” e “Hebreia”, três dos melhores poemas.

Apesar de alguns versos de gosto duvidoso, quando bem-sucedido, o poeta é capaz de apontar tendências parnasianas – no rigor da forma, nas descrições plásticas e precisas, nas imagens escultóricas e nas referências a elementos do mundo greco-romano.

Castro Alves também recebeu influências decisivas da geração ultrarromântica: a subjetividade, a paisagem que se incorpora aos dotes da amada ou do amante, os sentimentos impulsivos e explosivos. Ele também tinha um gosto pelo tema da morte, que integra “Espumas Flutuantes” – mas sem o tom dos ultrarromânticos.

Em resumo, “Espumas Flutuantes” é uma obra lírica significativa que une experiência e inspiração, dando uma nova face à poesia amorosa. A linguagem da poesia de Castro Alves é saborosa, apresenta uma perspectiva crítica e revela alguns traços do Realismo.

“Espumas Flutuantes” é a única obra publicada em vida pelo poeta brasileiro Castro Alves. Publicada em 1870, o livro reúne 53 textos, incluindo versões de poesias de autores renomados como o francês Victor Hugo e o inglês Lord Byron.

Período Histórico

Castro Alves nasceu durante o Segundo Reinado, que durou de 1840 a 1889, sob o comando de Dom Pedro II. O debate sobre a escravidão teve avanços importantes nesse período. A abolição da escravatura só ocorreu em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel.

Relevância Cultural

Castro Alves é conhecido como o “Poeta dos Escravos”, expressando em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. Ele é o patrono da cadeira n.º 7 da Academia Brasileira de Letras.

Inspirações

As biografias do poeta mostram que a inspiração para muitos desses versos vem do romance com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Suas experiências e inspirações amorosas refletem-se, por exemplo, em “Boa-Noite”, “Adormecida” e “Hebreia”, três dos melhores poemas.

Sinopse da Obra

“Espumas Flutuantes” é uma coletânea de poemas que abrangem os mais variados temas de sua poética. A obra tematiza o amor, o erotismo e o lamento pela chegada da morte. Enquanto em outras obras predomina a poesia de cunho social, aqui o principal tema é o amor. Ao retratá-lo, Castro Alves segue caminhos diferentes dos poetas das gerações anteriores: em vez do amor espiritualizado de Gonçalves Dias ou do onírico de Álvares de Azevedo, retrata suas musas com sensualidade quase erótica, em cenas em que demonstra maturidade no trato do feminino.

A obra é notável por sua linguagem saborosa, perspectiva crítica e revela alguns traços do Realismo. No entanto, a linguagem desta coletânea de poemas é essencialmente romântica e muito carregada de emoção e paixão. A lírica amorosa de “Espumas Flutuantes” apresenta bem poucos poemas que contenham vestígios de um amor platônico e da idealização feminina. Em vez da “virgem pálida”, a mulher nos poemas de Castro Alves é um ser concreto e participa ativamente do envolvimento amoroso.

Resenha: O navio Negreiro, de Castro Alves

O Navio Negreiro (Tragédia no Mar) é um poema de Castro Alves e um dos mais conhecidos da literatura brasileira. O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios negreiros que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores.

“O Navio Negreiro” é a obra mais famosa de Castro Alves, um poeta brasileiro que se destacou como uma das principais vozes do abolicionismo durante a terceira fase do romantismo brasileiro. Escrito em 1868, o poema é um retrato vívido e angustiante da escravidão e do tráfico de escravos, que eram práticas comuns na época.

O contexto histórico da obra é marcado pela indignação do poeta em relação aos problemas sociais de seu tempo, especialmente a escravidão. O Brasil era o maior receptor de escravos da África, e a escravidão era um pilar fundamental da economia brasileira. Apesar da promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850, que proibia o tráfico de escravos, a lei não estava sendo cumprida, e o poema de Castro Alves é uma denúncia dessa realidade.

O período político em que a obra foi escrita também é relevante. O Brasil estava no meio do Segundo Reinado, sob o governo de Dom Pedro II, um período marcado por intensas mudanças sociais e políticas. O movimento abolicionista estava ganhando força, e a pressão internacional contra o tráfico de escravos estava aumentando.

As influências na obra de Castro Alves são diversas. Ele foi profundamente influenciado pelo pensamento liberal do final do século 19 e pelo movimento abolicionista. Além disso, Castro Alves foi um dos maiores representantes da Terceira Geração Romântica no Brasil (1870 a 1880), também conhecida como “Geração Condoreira” ou “Geração Hugoana”, que se dedicava a apresentar uma poesia social e libertária.

O enredo do poema é dividido em seis partes e descreve a jornada angustiante de africanos escravizados em um navio negreiro, rumo ao Brasil. O poema começa com uma descrição tranquila do mar e do céu, mas logo revela a realidade horrível dentro do navio. Castro Alves descreve em detalhes vívidos as condições desumanas enfrentadas pelos escravos, a crueldade dos marinheiros e a dor e o sofrimento dos escravizados.

A explicação do poema reside em sua denúncia da escravidão e do tráfico de escravos. Castro Alves usa uma linguagem expressiva e imagens poderosas para mostrar a realidade brutal da escravidão. Ele contrasta a beleza da natureza com os horrores da escravidão, criando um impacto emocional profundo no leitor. O poema termina com um apelo abolicionista, pedindo o fim da escravidão.

Em resumo, “O Navio Negreiro” é uma obra poderosa que usa a poesia para denunciar a injustiça da escravidão. É um testemunho da crueldade humana, mas também um chamado à ação para acabar com essa prática desumana. Através de sua poesia, Castro Alves conseguiu abrir os olhos da sociedade brasileira para os horrores da escravidão, contribuindo significativamente para o movimento abolicionista.

Análise do poema Navio negreiro


Parte I

Bem feliz quem ali pode nest'hora

Sentir deste painel a majestade!

Embaixo — o mar em cima — o firmamento...

E no mar e no céu — a imensidade! 

Parte I: Aqui, Castro Alves descreve a beleza do mar e do céu, criando uma atmosfera de tranquilidade e paz. Ele usa metáforas e comparações para descrever a natureza, como “o luar — dourada borboleta” e “o mar em troca acende as ardentias”. No entanto, essa tranquilidade é interrompida pela presença do navio negreiro, que é comparado a um “doudo cometa”.

Parte II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Parte II:
 Nesta parte, o poema muda de tom. Castro Alves começa a descrever a tripulação do navio, usando uma série de estereótipos nacionais para descrever os marinheiros. Ele também faz referências a várias tradições poéticas, como a poesia romântica italiana e a poesia épica grega.


Parte III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

Parte III:
 Aqui, o poema atinge um clímax emocional. Castro Alves descreve a visão horrível dos escravos no navio, usando uma linguagem forte e imagens chocantes. Ele descreve a cena como um “quadro d’amarguras” e um “canto funeral”.

Parte IV

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Qual um sonho dantesco as sombras voam!...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!...

Parte IV
 Esta parte do poema é uma descrição detalhada das condições terríveis a bordo do navio negreiro. Castro Alves descreve a violência e a crueldade dos marinheiros, bem como o sofrimento dos escravos. Ele usa uma série de imagens poderosas, como “o tombadilho que das luzernas avermelha o brilho” e “legiões de homens negros como a noite, horrendos a dançar”.


PARTE V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

Parte V
 Nesta parte, Castro Alves continua a descrever a cena horrível no navio. Ele fala sobre as mães negras amamentando seus filhos e as jovens escravas sendo arrastadas para o navio. Ele também descreve a música irônica tocada pelos marinheiros, que contrasta fortemente com a situação terrível dos escravos.

Parte VI

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Parte VI
Na última parte do poema, Castro Alves faz um apelo emocional ao leitor. Ele pede ao leitor para se colocar no lugar dos escravos e imaginar o seu sofrimento. Ele termina o poema com um chamado à ação, pedindo o fim da escravidão.


Publicação atualizada e complementada na data de 09/11/2023 às 21:30h
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