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Primeira Cruzada: Contexto e desdobramentos


A Primeira Cruzada (1096–1099) foi a primeira de uma série de conflitos religiosos promovidos pela Igreja Católica durante a Idade Média, com o objetivo principal de reconquistar a Terra Santa, que estava sob controle islâmico. No século XI, a ocupação da região pelos seljúcidas representava uma ameaça para as comunidades cristãs locais, peregrinos ocidentais, e o Império Bizantino. A Primeira Cruzada teve início em 1095, quando Aleixo I Comneno, imperador bizantino, solicitou, durante o Concílio de Placência, apoio militar contra os turcos seljúcidas. Posteriormente, no Concílio de Clermont, o papa Urbano II endossou o pedido de ajuda bizantino e incentivou os cristãos a ir à Terra Santa.

O apelo foi amplamente aceito por diversas classes sociais na Europa Ocidental, resultando em um grande contingente de cristãos pobres liderados pelo padre francês Pedro, o Eremita. Esta mobilização inicial, chamada de Cruzada Popular, passou pelo Sacro Império Romano-Germânico, onde se envolveram em massacres antijudaicos na Renânia, e acabou dizimada em uma emboscada turca na Batalha de Cibotos, em outubro de 1096.

Posteriormente, a Cruzada dos Príncipes contou com a participação da alta nobreza europeia e seus seguidores, que partiram rumo a Constantinopla entre finais de 1096 e início de 1097. Os cruzados incluíam forças do sul da França lideradas por Raimundo IV de Tolosa e Ademar de Monteil, guerreiros da Alta e Baixa Lorena sob Godofredo de Bulhão e Balduíno de Bolonha, tropas ítalo-normandas comandadas por Boemundo de Tarento e seu sobrinho Tancredo, além de contingentes flamengos e do norte da França liderados por Roberto II da Normandia, Estêvão II de Blois, Hugo I de Vermandois e Roberto II de Flandres. Estima-se que este exército contava com cerca de 100.000 combatentes e não combatentes.

Os cruzados avançaram pela Anatólia e, aproveitando a ausência de Quilije Arslã, conseguiram uma vitória inicial durante o Cerco de Niceia em junho de 1097, seguida pela Batalha de Dorileia em julho. Contudo, a despeito de suas vitórias militares, enfrentaram dificuldades devido à fome, sede e doenças durante a marcha. O Cerco de Antioquia, travado no fim de 1097, resultou na captura da cidade em junho de 1098. Em junho de 1099, os cruzados chegaram a Jerusalém, onde, após um cerco que durou de 7 de junho a 15 de julho, tomaram a cidade de assalto e massacraram seus defensores. O Reino de Jerusalém foi então estabelecido como um Estado secular sob o comando de Godofredo de Bulhão, que recusou o título de "rei". Um contra-ataque islâmico foi repelido na Batalha de Ascalão em 1099, encerrando oficialmente a Primeira Cruzada, após a qual a maioria dos cruzados retornou à Europa.

Quatro Estados cruzados foram estabelecidos na região: o Reino de Jerusalém, o Condado de Edessa, o Principado de Antioquia e o Condado de Trípoli. A presença cruzada na Terra Santa durou, de alguma forma, até 1291, com a queda da última grande fortaleza cruzada em Acre, marcando o fim das tentativas significativas de recuperar a Terra Santa.

Contexto

Desde a fundação do Islã no século VII, houve conflitos entre cristãos e muçulmanos. Em 638, seis anos após a morte do profeta Maomé, os muçulmanos começaram a ocupar o Levante, incluindo Jerusalém, e décadas depois alcançaram a Península Ibérica. No século XI, o controle islâmico sobre a Península foi gradualmente diminuído pela Reconquista, enquanto a situação na Terra Santa se complicava. O Califado Fatímida, que governava desde 969 o Norte da África e partes da Ásia Ocidental, incluindo Jerusalém, Damasco e porções da costa mediterrânea, mantinha uma relativa paz com o ocidente. No entanto, essa paz foi interrompida em 1071 com a derrota do Império Bizantino na Batalha de Manziquerta e a subsequente perda de Jerusalém para o Império Seljúcida dois anos depois.

As causas desse conflito são variadas e continuam a ser discutidas. A Primeira Cruzada, por exemplo, teve origem em uma combinação de fatores que surgiram no início do século XI tanto na Europa quanto no Oriente Próximo. Em Jerusalém, cada vez mais vista na Europa Ocidental como um destino de peregrinação penitencial, os relatos de peregrinos que retornavam destacavam as dificuldades e a repressão aos cristãos sob o domínio seljúcida, que posteriormente perdeu a cidade para os fatímidas. Simultaneamente, o pedido de apoio militar do Império Bizantino coincidiu com uma maior disposição da classe guerreira da Europa Ocidental em aceitar a liderança militar papal.


Segunda Cruzada: Contexto e desdobramentos

A Segunda Cruzada foi uma campanha militar dos cristãos ocidentais, convocada pelo Papa Eugênio III em resposta à tomada de Edessa pelo governador muçulmano Zengui em 1144. Liderada pelo influente São Bernardo de Claraval, ocorreu entre 1147 e 1149 e foi a primeira cruzada conduzida por monarcas europeus, incluindo Luís VII da França, Leonor da Aquitânia e Conrado III da Germânia.

Muitos estudiosos a consideram um fracasso, pois os cruzados não conseguiram recuperar Edessa ou qualquer outra cidade, e deixaram o Reino de Jerusalém politicamente mais vulnerável. Ao atacar a cidade-estado independente de Damasco, que ocasionalmente se aliava aos ocidentais contra outros líderes muçulmanos mais poderosos, contribuíram para a unificação do mundo islâmico no Levante sob o apelo à jihad. Esse movimento acabou fortalecendo líderes como Noradine e Saladino, resultando na conquista de Jerusalém por este último. O único êxito cristão na Segunda Cruzada foi durante a Reconquista da Península Ibérica, com a participação de uma frota que ajudou na conquista de Lisboa em 1147, a pedido de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.

Consequências

A falha na ofensiva em Damasco aumentou a discórdia entre os diferentes grupos cruzados, que se sentiam traídos entre si. Conrado III tentou tomar Ascalão, mas sem o apoio dos outros dois reis, ele acabou retornando a Constantinopla para renovar uma aliança com Manuel I Comneno. Luís VII de França permaneceu em Jerusalém até 1149.

A Segunda Cruzada teve efeitos devastadores a longo prazo para os estados cruzados. Em 1154, Damasco ficou sob o controle de Noradine. Balduíno III de Jerusalém tomou Ascalão em 1153, elevando as tensões com o Califado Fatímida do Egito. Os cruzados chegaram a ocupar Cairo na década de 1160, mas de forma breve.

Após os fracassos dessa cruzada, poucos reforços vieram da Europa. A travessia da Anatólia foi bloqueada pelos turcos, deixando apenas a rota marítima disponível, utilizando navios das cidades-estado italianas. As relações com o Império Bizantino permaneceram conturbadas, misturando alianças frequentes com tentativas de dominação bizantina sobre os estados cruzados.

Em 1171, Saladino foi proclamado sultão do Egito e unificou o território egípcio à Síria, cercando completamente os estados cruzados. A morte de Manuel I Comneno em 1180 enfraqueceu o Império Bizantino na região, e em 1187, Saladino conquistou Jerusalém e a maioria dos territórios cruzados, dando início à Terceira Cruzada.

Reinaldo de Châtillon, um europeu que participou da Segunda Cruzada, tornou-se príncipe de Antioquia por casamento após a morte de Raimundo de Poitiers. Depois de passar várias décadas como prisioneiro dos muçulmanos, retornou ao Reino de Jerusalém. Sua imprudência, que provocou os estados muçulmanos e incitou a jihad, contribuiu significativamente para a erradicação da presença ocidental no Levante.

Na Europa, Bernardo de Claraval sentiu-se na obrigação de enviar um pedido de desculpas ao papa, atribuindo o fracasso dos cruzados aos seus pecados. Tentou ainda proclamar uma nova cruzada, e, após não conseguir, tentou desvincular sua imagem da Segunda Cruzada, falecendo em 1153.

A cruzada contra os eslavos enfraqueceu as tribos pagãs, mas levou a vários conflitos na região, inclusive entre os poderes cristãos. A única vitória significativa da Segunda Cruzada foi a participação dos cruzados na Reconquista da Península Ibérica, especialmente no cerco de Lisboa em 1147.

Terceira Cruzada: Contexto e desdobramentos

A Terceira Cruzada (1189-1192), convocada pelo Papa Gregório VIII em resposta à captura de Jerusalém por Saladino em 1187, recebeu o nome de Cruzada dos Reis. Esse título deve-se à participação dos três monarcas mais influentes da Europa na época: Filipe Augusto da França, Frederico Barba Ruiva do Sacro Império Romano-Germânico e Ricardo Coração de Leão da Inglaterra. Eles reuniram a maior força cruzada desde 1095. Uma característica distintiva dessa cruzada foi a inclusão dos Cavaleiros Teutônicos.

Causas

Após 25 anos de intensas lutas internas e ofensivas maometanas subsequentes à Segunda Cruzada, os estados cruzados do Oriente enfrentaram uma crise política e militar. Paradoxalmente, essa fase também trouxe um desenvolvimento econômico e patrimonial. No século XIII, surgiu o código Assises de Jerusalém (Fundamentos do Reino de Jerusalém), que formalizou o sistema feudal na região. Durante esse período, duas ordens militares cristãs, os cavaleiros de São João de Jerusalém e os templários, ampliaram sua influência. O regime feudal foi amplamente adotado pelos diversos povos europeus que ali se estabeleceram, o que ocasionou desentendimentos entre os estados e os próprios cristãos, além de um novo perigo: o sultão aiúbida Saladino. A Igreja foi totalmente latinizada, e se consolidou uma população com origem em quase toda a Europa.

Na década de 1180, o Reino Latino de Jerusalém vivenciava tempos difíceis. O rei Balduíno IV, enfraquecido pela lepra, enfrentava um baronato cada vez mais insubordinado. Percebendo essa fragilidade, os muçulmanos intensificavam a pressão. Neste cenário tenso, um passo em falso poderia ser desastroso. Ele veio pelas mãos do cavaleiro Reinaldo de Châtillon, que atacou uma caravana transportando a irmã de Saladino, levando o sultão a convocar uma jihad.

Saladino conquistou Damasco em 1174 e Alepo em 1183. Em 1187, avançou pela Galileia e, na região dos Cornos de Hatim, enfrentou as forças cristãs na Batalha de Hatim. O lado cristão era liderado por Guido de Lusignan, rei consorte de Jerusalém, e Raimundo III de Trípoli, príncipe da Galileia, totalizando cerca de 60 mil homens, incluindo cavaleiros, soldados e mercenários muçulmanos. A dinastia aiúbida, sob o comando de Saladino, reunia cerca de 70 mil guerreiros. Quando os cruzados acamparam em um campo aberto após um longo dia de combates, os homens de Saladino atearam fogo ao redor, cortando o acesso dos cristãos à água fresca. A cortina de fumaça tornou difícil evitar a chuva de flechas muçulmanas. Com a sede tomando conta, muitos cruzados desertaram. Aqueles que permaneceram foram massacrados, e Jerusalém foi capturada por Saladino em outubro de 1187. Guido teve sua vida poupada, enquanto Raimundo conseguiu escapar da batalha. Isso gerou uma nova onda de preocupação entre os cristãos sobre a condição da Terra Santa. Em 1189, Guido de Lusignan tentou recapturar Jerusalém, num conflito prolongado que só terminaria com a chegada de Ricardo Coração de Leão, o rei da Inglaterra.

A cruzada

O imperador Frederico Barbarossa, atendendo aos apelos do papa, partiu com um contingente alemão de Ratisbona e seguiu o caminho pelo Danúbio através da Europa Oriental, atravessando com sucesso a península da Ásia Menor. Na Cilícia, ao atravessar o rio Sélef (hoje Goksu), um dos rios da Anatólia Oriental, Frederico caiu do cavalo e, não conseguindo se levantar devido ao peso da armadura, morreu afogado. Sua morte resultou, na prática, no fim dessa expedição.

Os franceses e ingleses seguiram pelo mar em direção a Acre, na costa norte da Terra Santa. Em abril de 1191, os franceses alcançaram Acre, e dois meses depois foram seguidos por Ricardo. Após um mês de cerco, os cruzados tomaram a cidade e seguiram para Jerusalém, agora sem o rei francês, que retornara a seu país após o cerco de Acre. Ainda em 1191, em Arsuf, Ricardo Coração de Leão derrotou as forças muçulmanas e retomou Jafa (atual Telavive).

Ricardo Coração de Leão conseguiu feitos notáveis como a conquista de Chipre (que se tornou um reino latino em 1197), Acre, Jafa e várias vitórias contra forças superiores. Conquistando a cidade de São João de Acre para a cristandade, ele adquiriu o título de Coração de Leão. Teve como adversário Saladino, com quem travou uma batalha tática intensa. Embora nunca tenham se encontrado pessoalmente, eles se respeitavam mutuamente, trocando presentes e honrarias. Em 1192, um acordo foi firmado: os cristãos mantinham o território conquistado na Palestina e obtinham o direito de peregrinar (desarmados) a Jerusalém, que permaneceria sob controle muçulmano. Isso transformou São João de Acre na capital dos Estados Latinos na Terra Santa. Apesar de não conquistar Jerusalém, a Terceira Cruzada obteve outros resultados: Saladino viu sua série de vitórias iniciais serem interrompidas e o território de Ultramar sobreviveu. Assim, terminou a Terceira Cruzada, que consolidou os estados cristãos no Oriente.

Após a trégua com Saladino, Ricardo voltou à Inglaterra sem jamais ter entrado em Jerusalém. Porém, durante o retorno, seu navio naufragou e ele foi capturado pelo Duque da Áustria, cujo estandarte ele havia removido das muralhas de Acre durante a conquista. Posteriormente, Ricardo foi vendido ao imperador germânico, que o libertou mediante pagamento de resgate.

Quarta Cruzada: Contexto e desdobramentos

A Quarta Cruzada, ocorrida entre 1202 e 1204, foi inicialmente planejada para retomar a Terra Santa, que estava sob controle muçulmano, através da invasão do Egito. No entanto, essa cruzada desviou-se de seu objetivo principal. Em parceria com os venezianos, os cruzados invadiram e saquearam Constantinopla, a capital cristã do Império Bizantino. Esse acontecimento resultou na criação do Império Latino e na intensificação do Grande Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e as Igrejas Bizantinas.

Contexto

A partir de 1198, o papa Inocêncio III começou a motivar a cristandade para iniciar uma nova cruzada, recebendo grande apoio da nobreza europeia. Suas habilidades de liderança e competência organizacional conferiam a seu pontificado uma considerável confiança popular.

A Quarta Cruzada foi liderada por Balduíno IX, Conde de Flandres, e Bonifácio II, Marquês de Monferrato. O transporte dos exércitos ocorreu a partir de Veneza, uma república comercial que enfrentava tensões crescentes com Constantinopla após o massacre de mercadores venezianos em 1182, devido aos privilégios comerciais que possuíam. Enquanto o objetivo do papa era destruir o poderio muçulmano no Egito, a rivalidade entre Veneza e os bizantinos acabou alterando o rumo das operações militares, que passaram a focar em Constantinopla, influenciados pelo desejo veneziano de vingar o massacre de seus mercadores. Além disso, Veneza mantinha boas relações comerciais e diplomáticas com o Egito.

A grande tomada da Constantinopla

Em 1204, os cruzados invadiram Constantinopla e coroaram Aleixo IV Ângelo como imperador bizantino, ao lado de seu pai, Isaac II Ângelo. Inocêncio III aceitou a situação, esperando uma reaproximação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. No entanto, novos impostos foram impostos para cobrir as promessas feitas aos cruzados, o que rapidamente deixou a população à beira da revolta.

Aleixo acabou sendo assassinado pelos bizantinos, levando Veneza a tentar retomar o controle do Bósforo. Com o apoio dos cruzados, em abril de 1204, Constantinopla foi novamente atacada, sofrendo três dias de massacres e saques. Estátuas, mosaicos, relíquias e riquezas acumuladas ao longo de quase um milênio foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios.

Embora enfraquecido, o Império Bizantino não desapareceu, recuperando sua força em 1261 sob o comando de Miguel VIII Paleólogo. Enquanto isso, os cruzados haviam estabelecido diversos principados latinos na Grécia, como o ducado de Atenas.

A trégua firmada por Ricardo Coração de Leão em 1191 permaneceu, apesar da desastrosa quarta cruzada no século XIII, garantindo a existência dos estados latinos no Levante (Armênia, Jerusalém, Acre, Trípoli e Chipre) e a presença dos próprios cruzados.

Quinta Cruzada: Contexto e desdobramentos


A Quinta Cruzada (1217-1221) surgiu por iniciativa do papa Inocêncio III, que a propôs em 1215 durante o Quarto Concílio de Latrão. No entanto, foi o seu sucessor, Honório III, quem efetivamente a colocou em prática. O papado havia contribuído para descredibilizar o ideal das cruzadas ao usá-las para suprimir cristãos heterodoxos no sul da França, na chamada Cruzada albigense. Mesmo assim, o papa Honório III conseguiu apoio para uma nova expedição.

Entre os líderes da cruzada estavam André II da Hungria, Leopold VI, duque da Áustria, João I de Brienne, titular do reino de Jerusalém, e Frederico II, imperador do Sacro Império. Foi Frederico II quem decidiu organizar a expedição.

Decidiu-se que, para conquistar Jerusalém, o Egito deveria ser tomado primeiro, pois controlava esse território. Em maio de 1218, as tropas de Frederico II partiram para o Egito sob o comando de João de Brienne. Desembarcaram em São João D'Acre e resolveram atacar Damieta (Dumyat), cidade que servia de acesso ao Cairo, a capital. Em agosto de 1218, começaram o ataque a Damieta. Após conquistar uma pequena fortaleza, esperaram por reforços. Em junho, receberam o apoio das tropas papais lideradas pelo cardeal Pelágio (também conhecido como Paio Galvão). Pelágio, sendo autoritário, recusou-se a se subordinar a Brienne e interferiu constantemente nos assuntos militares.

Depois de algumas batalhas e quando tudo parecia perdido, uma série de crises na liderança egípcia permitiu aos cruzados ocupar o campo inimigo. Em uma paz negociada em 1219 com os muçulmanos, Jerusalém foi oferecida aos cristãos, junto com outras cidades, em troca da retirada do Egito. No entanto, os líderes cruzados, especialmente o cardeal Pelágio, rejeitaram a oferta, acreditando que os muçulmanos não conseguiriam resistir aos cruzados quando Frederico II chegasse com seus exércitos.

Cercaram o porto egípcio de Damieta, mas depois de algumas batalhas sofreram uma derrota. O sultão renovou a oferta, que novamente foi recusada. Após um longo cerco de fevereiro a novembro de 1219, a cidade caiu. A estratégia seguinte requeria assegurar o controle da península do Sinai. Os conflitos entre os cruzados aumentaram, e perdeu-se tanto tempo que os egípcios conseguiram se reorganizar. Em julho de 1221, o cardeal ordenou uma ofensiva contra o Cairo. No entanto, os muçulmanos retiraram-se estrategicamente, levando os cruzados a uma armadilha; sem comida e cercados, os cruzados foram forçados a negociar: retiraram-se do Egito e salvaram suas vidas, aceitando também uma trégua de oito anos.

Os cruzados não alcançaram todos os seus objetivos, uma vez que os reforços prometidos por Frederico II não chegaram, o que levou à sua excomunhão pelo papa Gregório IX. Essa foi a última cruzada na qual o papado enviou suas próprias tropas.

Sétima Cruzada: Contexto e desdobramentos


Após o término da trégua de 1229, firmada durante a Sexta Cruzada, uma expedição militar cristã com recursos limitados e liderada por Ricardo de Cornualha e Teobaldo IV de Champanhe dirigiu-se à Palestina para reforçar a presença cristã nos locais sagrados. Mesmo assim, em 1244 Jerusalém caiu sob controle dos turcos muçulmanos. Em 1255 ocorreu o desastre de Gaza.

Nesse período, o papa Inocêncio IV convocou o Primeiro Concílio de Lyon, onde o rei da França Luís IX, mais tarde canonizado como São Luís, expressou seu desejo de ajudar os cristãos no Levante. Luís IX passou três anos se preparando, mas partiu com um numeroso exército de 35.000 homens. O monarca francês aproveitou as perturbações causadas pelos mongóis no Oriente e embarcou de Aigues-Mortes para o Egito em 1248. Fez uma parada em Chipre em setembro desse ano, antes de atacar o Egito.

Em junho de 1249, Damieta foi recapturada pelos cristãos, servindo como base para futuras operações de conquista na Palestina. Em 1250, quase conseguiu conquistar o Cairo, mas a inundação do Nilo e a perda de provisões alimentares para os muçulmanos resultaram em fome e doenças, incluindo o escorbuto, entre as tropas de São Luís. Simultaneamente, seu irmão Roberto de Artois quase foi vitorioso em Almançora, mas sua imprudência levou à derrota.

Com o exército dizimado por doenças como o tifo, São Luís foi forçado a bater em retirada. O rei foi capturado em Almançora e posteriormente libertado após o pagamento de um alto resgate de 800 mil peças de ouro e a devolução de Damieta em maio de 1250. Apenas a resistência da rainha francesa em Damieta possibilitou negociações com os egípcios.

Após ser libertado, São Luís seguiu para a Palestina com seu irmão Carlos D'Anjou, onde permaneceu por quatro anos. Só deixou a Terra Santa em 1254, após recuperar todos os prisioneiros cristãos e concluir a fortificação das cidades francas no Levante, em parte graças às invasões mongóis. Ao retornar, recebeu a notícia da morte de sua mãe, Blanca de Castela, que era regente.

Oitava Cruzada: Contexto e desfecho


Em 1265, os egípcios da dinastia mameluca conquistaram Cesareia Marítima, Haifa e Arçufe. No ano seguinte, ocuparam a Galileia e parte da Armênia, e em 1268, tomaram Antioquia. O Oriente Médio passava por uma fase de desordem entre as ordens religiosas encarregadas de sua defesa, bem como entre comerciantes genoveses e venezianos.

O rei francês Luís IX (São Luís) revigorou o espírito das cruzadas e lançou a Oitava Cruzada em 1270, embora sem grande ressonância na Europa. Desta vez, os objetivos eram diferentes: ao invés do Levante, o foco era Túnis, e o propósito era mais religioso do que militar, visando à conversão do emir local.

Luís IX inicialmente planejou ir ao Egito, que estava sendo devastado pelo sultão Baibars. Em seguida, direcionou-se para Túnis na esperança de converter o governador da cidade ao Cristianismo. No entanto, o governador Mostanser o recebeu com resistência armada. A expedição de São Luís resultou em tragédia, a exemplo de muitas outras. As forças francesas não conseguiram sequer entrar em combate, pois logo após desembarcarem em Túnis, foram atingidas por uma peste que devastava a região, ceifando muitas vidas, incluindo a de São Luís e um de seus filhos. O outro filho do rei, Filipe, o Audaz, firmou um tratado de paz com o sultão ainda em 1270 e retornou à Europa. Ele chegou a Paris em maio de 1271 e foi coroado rei em Reims, em agosto do mesmo ano.

Nona Cruzada: Causas e desdobramentos


A Nona Cruzada é frequentemente vista como uma continuação da Oitava Cruzada.

Alguns meses após a Oitava Cruzada, o príncipe Eduardo da Inglaterra, que mais tarde se tornaria Eduardo I, liderou seus seguidores até Acre, mas sem grandes resultados.

Em 1268, Baybars, sultão mameluco do Egito, reduziu o Reino de Jerusalém, o mais significativo dos estados cruzados, a uma estreita faixa de terra entre Sídon e Acre. A paz foi mantida graças aos esforços do rei Eduardo I, com o apoio do Papa Nicolau IV.

Em 1271 e início de 1272, Eduardo conseguiu enfrentar Baybars, após firmar alianças com alguns de seus opositores. Em 1272, iniciou negociações para estabelecer uma trégua, porém Baybars tentou assassiná-lo ao enviar homens que fingiam querer se converter ao cristianismo. Eduardo então começou os preparativos para atacar Jerusalém, mas foi informado sobre a morte de seu pai, Henrique III. Como herdeiro ao trono, Eduardo decidiu retornar à Inglaterra e firmou um tratado com Baybars, permitindo assim seu retorno e encerrando a Nona Cruzada.

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