DONLEA, Charlie. Faro Editoria. 356p, 2021.
Victoria Ford é acusada de assassinar seu amante, o famoso escritor Cameron Young. Ele será facilmente condenada, pois todas as evidências apontam para ela, não há como escapar. No entanto, o caso foi subitamente encerrado quando ele morreu no ataque às torres gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001.
Vinte anos depois, porém, novas tecnologias permitem avanços nas análises para identificar as vítimas, por meio da análise precisa do DNA das partes do corpo encontradas. E uma delas levou à confirmação de que Victoria Ford foi uma das que perderam a vida, o que teria encerrado sua história, não fosse o aguçado senso de investigação de Avery Mason.
Avery Mason rapidamente ganhou fama como apresentadora de um dos programas de maior audiência da América. Ela é uma mulher que sabe que importa, como ser humano e como profissional, por isso, quando seu contrato está prestes a ser renovado, ela não aceita um corte de salário só por isso, ela é uma apresentadora. Assim, ao saber da descoberta do DNA de outra vítima, Avery chega a Nova York determinada a investigar a história e realizar seu trabalho como repórter investigativa. Mas ele acaba recebendo mais do que esperava e colide com seu passado conturbado e secreto.
À medida que Avery se aprofunda na vida de Victoria, ele é cada vez mais forçado a reconsiderar seu caso, acreditando que a polícia na época não estava prestando atenção suficiente. Mas como provar a inocência de alguém que morreu há 20 anos e desapareceu sob as cinzas de um atentado terrorista?
O livro começa com uma narração lenta, o que pode ser um pouco incômodo para o leitor, pois ao mesmo tempo sentimos que a narração não vai acrescentar nada importante ao enredo que o resumo faz. Mas quando as páginas são fechadas, fica claro que a jogada é da autora: detalhar os personagens e os acontecimentos, com uma estratégia inteligente para nos deixar na dúvida e assim nos despertar para a trama.
A trama não gira apenas em torno do mistério do assassinato de Cameron Young e da inocência de Victoria; o autor passou a incluir personagens e ligar suas histórias para criar tramas parecidas, e quem acompanha suas histórias sabe que isso é algo que nunca aconteceu com o autor, muitas vezes ele foca nos personagens participam da trama central, mas esses detalhes acrescentam novas nuances de mistério à história, acrescentando suspense ao jornalismo investigativo do protagonista. Esta também é a primeira vez que Donlea inclui a criação de amor entre os personagens em sua história.
E entre esses personagens, Avery Mason realmente se destaca. Ela é uma personagem forte e determinada e, ao criá-la, Donlea abordou a questão da valorização profissional das mulheres em um mundo dominado pelos homens. O elenco de apoio está estrategicamente posicionado, aumentando os mistérios que surgem à medida que a trama se desenrola.
E justamente quando o leitor pensa: "Uau, é mesmo?" Charlie Donlea parecia pular das últimas páginas, dizendo, eu enganei você, não foi? Pois bem, mais uma vez ele consegue surpreender, sua escrita nos envolve de uma forma que nos leva a nos perdermos em um labirinto de ideias, por meio de uma trama complicada, de forma que no final devemos surpreender.
Para quem gosta de romances com aquela fórmula básica enigmática e investigativa, mas sem a clareza que desperta a curiosidade do leitor até o fim, este romance tem a estrutura certa: combinado com emoções e descobertas poderosas e surpreendentes, com um intelecto ousado. Claro, uma olhada no Ashes garantirá que você o leu bem.