Foto: Arte digital |
APRESENTAÇÃO
Um ex-professor, ex-alcoólatra, ex-pai de família.Um homem atormentado pelo passado encontra num bilhete de loteria premiado a oportunidade de vingança que sempre almejou. Seu algoz? Ninguém menos que o Presidente da República. Uma jornada arriscada onde uma prostituta suicida, um amigo sem memória, um advogado assassino e um traficante vaidoso embaralham os conceitos de certo e errado; onde a morte não é a última das consequências, mas, sim, o início de um longo caminho. Afinal, como bem disse Shakespeare, é a tentativa, e não o ato, o que nos aniquila.
RESENHA
A obra o homem que explodiu o presidente é uma obra de ficção escrita por Thiago Barroso, publicado pela editora flyve. O enredo se inicia com um enunciado provocante, sobre como o personagem, Otelo, matou o presidente e a si próprio usando explosivos, ele documentou tudo de forma antecipada em fitas de audio documentadas em um estojo de alumínio dentro da gaveta de uma mesa.
Bom, se você está ouvindo esta gravação é porque encontrou as fitas no estojo de alumínio dentro da gaveta da mesa. Elas estão numeradas e é melhor escutá-las na sequência. Você pode ouvir fora de ordem se quiser, mas garanto que vai ser mais difícil desse jeito.
Otelo narra que sua jornada começou após ter ido comprar uma roupa de presente para o aniversário de seu amigo, Celembra, no brechó de Maria Flor, onde, por coincidência, encontrou um bilhete premiado da mega-sena e um cartão com um número rabiscado.
Se tivesse escolhido o outro botão, jamais encontraria o comprovante da Mega-Sena. Nem o com-provante, nem o cartão com um número de telefone rabiscado à mão.
Otelo esconde um passado acerca de um acidente que ocorrera consigo, sobretudo, com seu amigo Celembra, que sofreu com um linchamento que o fez desenvolver uma amnésia retrógrada.
Hoje ele é uma espécie de irmão mais novo pra mim, mas houve um tempo em que ele entendia das coisas. Um tempo em que o Pátio do Colégio era nossa casa e ninguém me chamava de Otelo, Eu era simplesmente "o Novato". Você nunca esquece a primeira noite na rua. O frio da madrugada, o movimento das sombras, a superfície áspera da calçada. Leva um tempo até você fechar os olhos e conseguir relaxar. Um tempo ou uma garrafa de Corote - o que seu corpo absorver primeiro.
Após confirmar os números do bilhete, Otelo, decide procurar pelo dono da camisa para descobrir quem era o ganhador do bilhete premiado, porém, Dona Flor não conhecia o proprietário doador da camiseta, o que o fez tomar partido e ligar para o número que estava junto ao bilhete. Quem atendeu ao número foi Vivian, uma mulher grávida com pensamentos suicidas que estava em um envolvimento com Robson, o dono do bilhete, que, não por coincidência, estava desaparecido desde sua viagem à Itália. Vivian vivia escondida a mando de Robson para se proteger dos inimigos que ele fez, sobretudo, de um homem chamado Salvatore. Otelo então decide reencontrá-la outras vezes até levá-la em uma das suas visitas para casa de Dona Flor, dizendo-a ser sua prima.
Em uma noite, Dona Flor e Otelo assistem ao fantástico e veem uma notícia acerca da morte de Robson no exterior, onde Vivian deseja a morte de Salvatore. Otelo e Salvatore não se conheciam de fato, eles apenas se envolveram em um acidente de trânsito, onde ele e o até então, senador, Fernando Messias Cardoso, que dirigia sozinho um Pajero blindado preto quando bateu contra o Ford Ka vermelho de Otelo após ser flagrado dirigindo bêbado. O acidente ocasionou em Otelo ferimentos graves na cabeça, mas não em punições para o senador, levando em consideração que ele teve Salvatore como seu advogado na defesa, o que o fez sair ileso. Este acontecimento foi o primeiro ponto para Otelo desejar a morte de Fernando Messias Cardoso, pelo menos até o segundo momento em que Robson fora morto, deixando Vivian desamparada e grávida.
Após todos estes acontecimentos, ocorre na história outros desdobramentos que fazem a narrativa ganhar forma visceral. A forma como o autor trabalhou o desejo de vingança, de Otelo, seu passado, a história de Robson e Vivian, a relação de afeto e cumplicidade de Celembra, Dona Flor, Bira e o Francês são pontos fortes na narrativa, eles são responsáveis por amenizar os acontecimentos e desenhar contornos entre os conflitos, o que torna a história mais palpável, mais próxima da realidade. O mais impressionante no enredo é, que, saber que Otelo mata o presidente nas primeiras páginas e a arma do crime, não influenciam em nada na história, apenas torna-a melhor, alimentando a curiosidade do leitor em desbravar cada uma das fitas para entender todos os percursos de Otelo até a consumação. Uma história instigante e cativante, difícil não ler.