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Resenha: O anticristo, de Friedrich Nietzsche

ISBN-10: 8525417912
Ano: 2008 / Páginas: 128
Idioma: português
Editora: L&PM

Escrito em 1888, último ano antes de Friedrich Nietzsche perder a lucidez, este ensaio é uma das mais afiadas análises de que o cristianismo já foi objeto. Dando continuidade ao exame sobre a moral praticado na maioria de seus livros, em "O anticristo" o autor firma sua posição sobre a doutrina religiosa. Ele mostra como o cristianismo – ao qual chama de maldição – é a vitória dos fracos, doentes e rancorosos sobre os fortes, orgulhosos e saudáveis, persuadindo e induzindo a massa por meio de ideias pré-fabricadas.

A partir da comparação com outras religiões, Nietzsche critica com veemência a mudança de foco que o cristianismo opera, uma vez que o centro da vida passa a ser o além e não o mundo presente. Até mesmo Jesus Cristo e o apóstolo Paulo são questionados, assim como grande parte de todos os dogmas cristãos, em um grande exercício filosófico.

Tradução, notas e apresentação de Renato Zwick.

Filosofia / Religião e Espiritualidade / Não-ficção / Literatura Estrangeira

RESENHA

NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo. São Paulo: Martin Claret, 2006, 112p. Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um grande e pensador alemão nascido em Röcken, no ano 15 de 1844, e tornou-se um dos mais importantes filósofos da Alemanha do século XIX. Criado em meio de uma família protestante – o pai e os dois avôs eram pastores -, ele cresceu praticamente direcionado para a mesma vocação, no entanto ao começar a estudar filologia, ganha novos olhares e seus pensamentos começam a mudar. Schopenhauer foi um dos colaboradores para que isso acontecesse, ficando atraído pelo ceticismo apresentado nos livros do autor. O livro em questão foi publicado pela primeira vez em 1895 por Fritz Koegel no tomo 8 das “Obras de Nietzsche”. Antes de morrer em 1990, o autor passa por um surto de loucura e não se sabe qual o motivo, podendo ser pela sífilis ou um tumor cerebral, durante esse período fica sob a guarda da irmã a qual se aproveita da sua incapacidade intelectual distorcendo seus textos a favor do nazismo sempre rejeitado por ele.

Logo no prefácio do livro Nietzsche deixa bem claro que o livro pertenceria e seria apenas para os homens mais raros e os mesmos talvez não pudesse estar presente entre nós, ou seja, os únicos denominados por ele capazes de entender seu livro pertenceria à classe dos pouquíssimos -na divisão proposta por ele ao longo do livro- pertenceriam ao futuro e esses seriam a verdadeira “elite” controladora das massas, com posições de pensamentos extrapolando os limites da intelectualidade, levando em pensamento idéias que parecem ser certas, em todo momento ele busca esse além-homem, um homem capaz de conviver com suas limitações e superações. Nietzsche fala que o homem moderno é um ser fraco, domesticado que tudo compreende e perdoa e não basta mais de que um sim e um não para ficar feliz.

Temos que destacar também que ao decorrer do livro o objetivo dele era abrir espaço para uma critica dos valores estabelecidos em dois mil anos de cristianismo – sendo esses valores representados pelo dualismo, criado pelo cristianismo ao longo do tempo, como por exemplo, corpo e alma, terra e céu, bom e mal entre outros- para ele tudo é apenas um fluxo de forças e a razão seria apenas um acaso.

No livro, o filosofo não ataca violentamente Cristo, ele o define como um romântico, o qual queria mudar o mundo, às vezes fazendo criticas e ate chamando de idiota, mas a principal questão levantada é sobre o que fizeram com a imagem de Cristo, e para ele foi o apóstolo Paulo, que modificou o real significado dos ensinamentos de Cristo, misturando certos tipos de culturas e institucionalizando o cristianismo da forma que quisesse, manipulando-a, voltando ao caso do dualismo, criando uma situação de juízo final, por isso o filosofo descreve em seu livro que o evangelho morreu na cruz, assim o sacerdote reina pela invenção do pecado.

No livro são citadas outras formas de religião em comparação com o cristianismo e uma delas é o budismo sendo a mais positiva na visão do autor, por que, não diz: Lute contra o pecado, mas sim contra o sofrimento. Sendo assim o budismo uma religião para homens em evoluídos e o cristianismo uma que pretendia dominar o homem comum e feroz os tornando “doente” e dependente de uma coisa platônica, buscando uma coisa para ser colocada a culpa do seu fracasso ou sofrimento, então desse modo foi criado em um importuno momento, a figura do diabo, novamente mostrando a figura do dualismo –bom e mal, divino e profano- que era combatido pelo o autor.

Outra questão colocada foi à compaixão na qual seria o pior mal do cristianismo, o sentimento da perda de força causado, o sofrimento acaba por multiplicar-se e esse sentimento acaba sendo contagioso através da compaixão.

Em certo momento Nietzsche afirma ter achado que o cristianismo acabaria com a chegada de Lutero, porém estava errado e ainda o critica dizendo “Que sucedeu? Um frade alemão, Lutero, chegou a Roma”, pois o mesmo acabou reforçando, criando a forma mais suja do cristianismo, o protestantismo.

Ao final desse livro podemos obter vários tipos de interpretação por ser um livro de linguagem complexa, contendo muitas informações sobre determinados assuntos relacionados com o mundo, podendo ou não satisfazer algumas pessoas com suas críticas. O livro em si deixa bem claro o real motivo para o qual Nietzsche escreveu, seria incentivar o espírito livre, apenas para vivermos sem pensar se estamos ou não cometendo pecados, livre para fazermos o que quisermos. Deus ser apenas um estado de espírito, pois Cristo não morreu na cruz por nós, mas sim para mostrar como devemos viver, sem preocupações, sem instituições que o manipule e diga o que fazer para ser aceito no juízo final. Afinal é melhor ser apenas um “romântico idiota” que mude o mundo com suas ações, do que ser um homem que no final segue uma farsa e não muda nada no mundo, nem na sua vida.

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