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Resenha: Lucíola, José de Alencar


ISBN-13: 9788572325295
ISBN-10: 8572325298
Ano: 2012 / Páginas: 152
Idioma: português
EditoraMartin Claret

Numa festa da Corte, Paulo, recém-chegado ao Rio de Janeiro, defronta-se com a beleza de uma jovem dama. Ao cortejá-la, é zombado pelo amigo, pois ela é Lúcia, a mais bela e requisitada cortesã da cidade. Ainda que envergonhado por sua ingenuidade, Paulo não consegue tirar a imagem de Lúcia de sua mente. Repleto de ardilosas tramas amorosas, o romance de José de Alencar, inspirado em “A dama das camélias”, de Alexandre Dumas, traça um esboço da frivolidade da sociedade carioca do Segundo Reinado, marcada pela hipocrisia e pela promiscuidade.

Literatura Brasileira / Romance / Ficção

RESENHA

A obra Lucíola, de José de Alencar, conta a história romântica de Lucíola (Lúcia) e Paulo. Lucíola é uma cortesã de luxo do RJ em 1855. E Paulo um rapaz do interior que veio para o Rio para conhecer a Corte. Na primeira vez que Paulo viu Lúcia, julgou ela como meiga e angélica, mesmo seu amigo Couto contando barbaridades sobre ela e revelando a sua verdadeira profissão, Paulo manteve essa imagem em seu coração.

Descobrindo sua casa, Paulo foi visitá-la, e sendo as circunstâncias favoráveis, ela entregou-se a ele como no mais belo ato. Depois disto, Lúcia passou a ser vulgar e mesquinha, desprezando o amor de Paulo, bem como havia dito Couto a respeito dos modos da moça. Paulo então viu Lúcia com outros homens, como Jacinto, e sentiu ciúmes, mas Lúcia justificou alegando ser ele apenas um negociante. 

Em uma festa a que tanto Paulo quanto Lúcia estavam presentes, todos os convidados beberam e jogaram a vontade, tanto os homens quanto as mulheres. Nas paredes havia quadros de mulheres nuas, e como era Lúcia uma prostituta, a pedido e pagamento dos cavalheiros, ela ficou nua diante dos presentes. 

Para Paulo aquela não era a imagem que ele havia visto na casa e na cama de Lúcia, esta era repugnante e vulgar, aquela bela e fantástica, não era Lúcia que ali estava, aquela jovem meiga que conhecera, e sim Lucíola, a prostituta mais cobiçada do Rio de Janeiro, então Paulo retirou-se, alegando que já havia visto paisagens melhores. 

Lúcia arrependeu-se do que fez e eles se reconciliaram. Paulo a amava desesperadamente de forma bela e pura, Lúcia em seus conturbados sentimentos, decidiu então dedicar-se inteiramente a esse amor para que sua alma fosse purificada por ele.

Então vendeu sua luxuosa casa e foi morar em uma menor e mais modesta. E contou a Paulo sua história:
Seu nome verdadeiro era Maria da Glória e, quando em 1850 houve um surto de febre amarela, toda sua família caiu doente, do pai à irmãzinha. 

Para poder pagar os medicamentos necessários para salvá-los, Lúcia se deixou levar por Couto, quem a partir disso ela passou a desprezar profundamente. Nessa época ela tinha 14 anos, e seu pai, ao descobrir, a expulsou de casa. Ela fingiu então sua própria morte quando sua amiga Lúcia morreu, e assumiu este nome.

Agora, com o dinheiro que conseguia, pagava os estudos de Ana, sua irmã mais nova. Paulo ficou muito comovido com a historia de Lúcia. Ele sempre a visitava e numa noite de amor ela engravidou, mas adoeceu. Lúcia acreditava que a doença era devido ao fato de seu corpo não ser puro. 

Confessou seu amor a Paulo e que pertencia a ele, queria que Paulo casasse com Ana, que tinha vindo morar com eles. Paulo recusou-se assim como Lúcia também recusou o aborto. E por isso ela morreu.

Após 5 anos, Ana passou a ser como uma filha para Paulo, que a amparava. E 6 anos depois da morte de Lúcia, Ana casou-se com um homem de bem e Paulo continuou triste com a morte do único amor da sua vida.

Lucíola é um romance urbano, em que Alencar transforma a cortesã em heroína, esta purifica sua alma com o amor de Paulo. Ela não se permite amar, por seu corpo ser sujo e vergonhoso, e ao fim da vida, quando admite seu amor, declara-se pertencente a Paulo. É a submissão do amor romântico, onde a castidade valorizada.

Percebe-se também uma crítica social e moral ao preconceito. O romance causou comentários na sociedade. Paulo se viu dividido entre o amor e o preconceito. A atração física superou essa barreira, mas até o final ela se sentia indigna do amor de Paulo e do sentimento de igualdade que deveria existir entre os amantes. 

Resenha: Cinco minutos, de José de Alencar

Um rapaz perde seu ônibus por cinco minutos e, ao entrar no seguinte, senta-se casualmente ao lado de uma mulher cujo rosto estava coberto por um véu. A moça permite que ele lhe segure as mãos e lhe beije o ombro. A fim de localizar sua amada misteriosa, o narrador vai descobrindo mais detalhes sobre sua musa e espanta-se com os recursos da moça para permanecer incógnita. Várias viagens são necessárias até que o mistério se resolva e o casal possa encontrar a felicidade.


Romance / Literatura Brasileira

RESENHA

A história começa no Rio de Janeiro, quando o narrador-personagem perde o ônibus e é obrigado a pegar o próximo, ele entra e procura um lugar no fundo do carro, mas os lugares já estavam ocupados, mas uma moça afastou-se um pouco e deu lugar a ele, minutos depois, ele tenta ver o rosto da moça, mas foi impossível por conta de um véu que cobria sua face, ele temeu que a mesma fosse feia. Instantes depois, o braço macio dela encosta-se ao braço dele, juntamente com sua mão delicada, ele se apaixonou de uma maneira irreverente, mas momentos depois a moça desce do carro sem que ele percebesse, a partir daí ele faz de tudo pra ver a amada novamente. Depois de um mês tentando descobrir a identidade da amada, ele a encontra numa ópera. Declara-se, mas ela foge deixando um lenço cheio de lágrimas. Depois de outros desencontros, finalmente ele conhece a mulher. Por carta, ela revela que já o observava nos bailes, amava-o há tempos, mas não podiam ficar juntos porque ela tinha uma doença incurável, ele se entristece com a notícia e ela pede para que ele a esqueça, mas isso se torna difícil, pois ele já está apaixonado. Para prolongar seus dias de vida Carlota teria que viajar, nisso ela mandou uma carta para ele comunicando sobre sua viajem com a sua mãe, ele assim que recebeu a carta fez de tudo para achá-la, indo até a Europa ao seu encontro, lá ele a achou e começaram a viver um amor puro á espera da morte de Carlota.

Uma tarde em que ela estava ainda mais fraca, eles foram para a varanda da casa em que estavam ela não tinha forças nem para sorrir, parecia que estava dando adeus á vida; depois de instantes, Lúcio sentiu a respiração de Carlota parar e a mão gelar; ele a abraçou e encostou seus lábios no dela, dando-lhe um beijo; nesse momento ocorreu um milagre, ela ergueu a cabeça com um ar de felicidade, e dias após já tinha recuperado sua saúde e sua força, ambos estavam felizes desfrutando essa alegria. Eles se casaram e passar a viajar bastante durante um ano consecutivo, vivendo de um amor e alimentando-se de contemplações, depois resolveram morar em uma casa fixa; levavam uma vida normal e apaixonante. No fim, a retrospectiva de sua vida amorosa é toda relatada em uma carta escrita por Lúcio para sua prima.

Senhora, de José de Alencar


ISBN-13: 9788532205872
ISBN-10: 8532205879
Ano: 1999 / Páginas: 162
Idioma: português
Editora: FTD

Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira e órfã de pai, apaixonou-se por Fernando Seixas – homem ambicioso - a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade de se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral, e pelo dote ao qual teria direito de receber.

Passado algum tempo, Aurélia, já órfã de mãe também, recebe uma grande herança do avô e ascende socialmente.Passa, pois, a ser figura de destaque nos eventos da sociedade da época. Dividida entre o amor e o orgulho ferido, ela encarrega seu tutor e tio, Lemos, de negociar seu casamento com Fernando por um dote de cem contos de réis. O acordo realizado inclui, como uma de suas cláusulas, o desconhecimento da identidade da noiva por parte do contratado até as vésperas do casamento. Ao descobrir que sua noiva é Aurélia, Fernando se sente um felizardo, pois, na verdade, nunca deixara de amá-la. E abre seu coração para ela. A jovem, porém, na noite de núpcias, deixa claro: "comprou-o" para representar o papel de marido que uma mulher na sua posição social deve ter. Dormiram em quartos separados. Aurélia não só não pretende entregar-se a ele, como aproveita as oportunidades que o cotidiano lhe oferece para criticá-lo com ironia. Durante meses, uma relação conjugal marcada pelas ofensas e o sarcasmo se desenvolve entre os dois.

RESENHA

Senhora de José de Alencar é um livro do período Romântico que teve um papel muito importante para a sociedade do século XIX, trazendo criticas e inovação em muitos aspectos da literatura.

O grande destaque está em sua protagonista feminina que se recusa a aceitar o papel da mulher na sociedade do século XIX. Aurélia se mostra uma mulher forte e muito a frente do seu tempo, zomba da hipocrisia em que as pessoas vivem e controla seu destino ao recusar casar-se apenas por dinheiro, tendo grande senso de justiça. Ao tanto que não perde sua características românticas ao orquestrar seu casamento com Simão, aonde ela é movida pelos sentimentos de raiva e vingança mas também o de esperança ao acreditar que ele recusaria sua proposta pois estava realmente apaixonado por Adelaide e não apenas pelo seu dote.

O livro também apresenta inovação no modo de narração da história ao começar com Aurélia já rica e aos poucos contar sua trajetória até o momento e justificar seus atos ao se casar com Simão. Simão é o personagem que maior apresenta mudança durante toda a trama, começando extremamente superficial e vaidoso, ao final do livro se mostra um homem honrado ao quitar sua divida com a amada. Marcando a transição do período Romântico para o período Realista, Senhora apresenta uma diferença aos outros livros românticos a apresentar um final feliz e não uma história trágica, mostrando que Alencar mesmo criticando muito a sociedade em que vivia também acreditava no poder de mudança e mostrando isso através de seus personagens principais.

A mudança de Simão, sendo a mais impactante, só é possível através de toda a humilhação que ele passa e todo o sentimento que ele descobre ter por Aurélia, apenas a noção de sua realidade e a força de vontade de se tornar uma pessoa honrada e conquistar sua amada possibilita tal mudança, neste personagem podemos ver a metáfora do que seria a sociedade da época e que a mudança era necessária para conseguir chegar ao ponto de honra e bons valores.

Muito importante em sua critica social Senhora é um livro atemporal que pode ser facilmente encaixado na sociedade atual e representou muito bem o terceiro período Romântico no qual começam a aparecer qualidades Realistas.

Análise: O Guaraní, de José de Alencar


ISBN-13: 9788594318848
ISBN-10: 8594318847
Ano: 2019 / Páginas: 288
Idioma: português
Editora: Principis

O Guarani conta a história de Peri, um índio forte e leal da Nação Goitacá e sua relação com a família de dom Antônio de Mariz, um fidalgo português. Peri é o protetor de Cecília, uma bela donzela filha de dom Antônio. Com a morte acidental de uma índia aimoré pelo irmão de Cecília, dom Diogo e sua família correm perigo, pois a tribo busca vingança. Assim, Ceci e sua família contarão com a ajuda e proteção de Peri, o bravo herói brasileiro desta importante obra do Romantismo.

Ficção / História do Brasil / Literatura Brasileira / Romance


RESENHA

Escrito originalmente em folhetim, entre fevereiro e abril de 1857, com 54 capítulos, O Guarani teve tal êxito na edição folhetinesca que, antes do fim do ano de 1857, foi publicado em livro, com alterações mínimas em relação ao que fora publicado em jornal. O livro é dividido em quatro partes: "Os Aventureiros", "Peri", "Os Aimorés" e "A Catástrofe". O romance se compõe, em grande parte, de personagens e episódios, mas as imagens permanecem na memória e amarram os fios mais importantes da narrativa. São imagens poderosas, que se impõem por seu caráter plástico. A narrativa de O Guarani é simples, mas não simplista. Trabalha habilidosamente as possibilidades e contradições do romance romântico


Características do enredo

 O relato é feito em 3ª pessoa por um narrador onisciente, capaz de ver e saber tudo o que se passa no ambiente da narrativa, desde as cenas visíveis até os sentimentos e pensamentos mais profundos dos diversos personagens, incluindo o passado, que ajuda na compreensão da história, ficando mais fácil compreender os personagens e suas ações. Baseando-se nas características da primeira geração do Romantismo no Brasil José de Alencar elaborou várias obras literárias de cunho indianista, nas quais o índio assume o papel principal da narrativa, ou seja, o protagonista. De fato, a obra O Guarani é um dos romances do autor que reúne boa parte destas características. Entre as quais vale destacar o nacionalismo exacerbado e ufanista e a valorização da cultura brasileira, inclusive os costumes e a cultura indígena.
Na obra em questão José de Alencar debruça-se sobre a personalidade do índio brasileiro, o qual era visto e comparado com um ser perfeito e sem defeitos. Em primeiro plano se destaca o amor despertado entre a jovem Cecília e o índio Peri, um Guarani que pertencia à tribo dos Goitacás. Peri um índio forte e bom tornou-se amigo de Cecília e do pai da moça, o fidalgo português Dom Antônio, logo após salvá-la de uma pedra que rolava em sua direção, conquistando assim a confiança do fidalgo. Cecília morava em uma casa localizada no alto de um rochedo juntamente com a sua família e com os aventureiros de seu pai. A casa foi estrategicamente construída ao redor de precipícios para evitar ataques inimigos. Álvaro chefe dos aventureiros, inicialmente apaixona-se por Cecília, mas logo depois descobre que está apaixonado pela prima que na verdade era irmã de Cecília, ou seja, Isabel. Certo dia o irmão de Cecília, Dom Diogo, acerta acidentalmente um tiro em uma das índias da tribo aimorés, tribo esta muito violenta que vivia nos modos primitivos do canibalismo. Por vingança os aimorés atacam os aventureiros e a família de Dom Antônio. No entanto, o índio Peri sempre se sacrificava para satisfazer as vontades de Cecília, e lutou juntamente com os novos amigos para livrá-los dos ataques inimigos. Peri foge com Cecília em uma canoa para longe e veem a casa sendo destruída e em seguida explodindo; matando todos que ali se encontravam, sobretudo, a família de Cecília. Durante a fuga ambos enfrentam uma enorme enchente, na qual Peri salva a amada sobre uma palmeira. Cecília percebe que ama Peri e levados pelas águas da enchente se beijam e somem no horizonte.

Características do autor
José de Alencar nasceu em 1829, em Macejana, Ceará. Recebeu o mesmo nome do pai, José Martiniano de Alencar, fruto da união ilícita de seu pai com sua prima: Ana Josefina de Alencar. Quando tinha 13 anos, foi para São Paulo com um primo, para frequentar o curso preparatório de Direito. Na escola preparatória discutia-se tudo: Política, Arte, Filosofia, Direito, e, sobretudo, Literatura. Era a época do Romantismo, estilo artístico importado da França. Com 17 anos, matriculou-se na Faculdade de Direito, em 1846. Os estudantes eram muito boêmios, porém, José de Alencar se manteve alheio, sempre estudando e lendo os principais romances franceses da época. Em 1854 começou a escrever um folhetim para o "Correio Mercantil". Mais tarde, em 1855, comprou o "Diário do Rio de Janeiro", junto com alguns amigos, onde escreveu a maioria de suas obras. Em 1856, Alencar criticou duramente o poema "A confederação dos Tamoios", epopeia indianista de Gonçalves de Magalhães, discordando do poeta quando este afirma ser o poema a grande epopéia brasileira, provocando a famosa polêmica sobre a Confederação dos Tamoios. A repercussão de suas críticas teria criado para Alencar a "obrigação moral" de produzir uma epopeia na qual se corrigissem as falhas que ele apontara no poema de Magalhães. Essa teria sido a motivação inicial de "O Guarani", que em 1857, através do "Diário do Rio de Janeiro", foi publicado. Foi o primeiro de um grupo de personagens incomuns que invadiram o terreno da cultura brasileira. Por ser um romance de folhetim, Alencar escrevia um capítulo diariamente, onde sua família (principalmente a esposa e as filhas) palpitava sobre o desenrolar da história. Alencar levava em conta a repercussão do público leitor, como nas telenovelas de hoje em dia. Por isso, ao invés de levar a cabo sua ideia inicial, com um final trágico, onde Peri morreria, Alencar optou por um final feliz, para agradar o público leitor. Devido ao sucesso desse romance, passa a se dedicar mais intensamente à literatura, bem como à política. Alencar morreu em 1877, vítima de tuberculose.

Espaço e tempo

Espaço:
    O cenário principal é a casa de D. Antônio de Mariz e seus arredores, que se localiza na Serra dos Órgãos, às margens do Rio Paquequer, no interior do Rio de Janeiro, mostrando um Brasil "primitivo" e endêmico. A paisagem, pintada pela poesia, é um recanto de salvação. A casa é uma fortificação que ocupa o topo de uma montanha, à beira de um precipício. Separados da casa principal, grande, senhorial e confortável, por uma cerca, encontram-se dois armazéns, habitados pelos aventureiros. A arquitetura pode ser comparada à dos castelos medievais. Na parte mais baixa da montanha, separada por uma muralha, começa o "espaço selvagem", o sertão que é descrito com exuberância da flora, fauna e dos rios. A natureza é apresentada num espaço privilegiado, onde D. Antônio e sua família se integram à ela, vivendo numa nítida simbiose. O espaço físico pode ser relacionado com o espaço simbólico; numa distribuição vertical do espaço, que representa a superioridade dos brancos, que estão no topo de uma montanha, sobre os índios, que estão no sertão. O ponto mais alto, onde mora a família Mariz, representa a cultura branca, como sendo a exemplar, pois eles possuem a honra, coragem, lealdade, justiça, generosidade e devoção cristã. A separação entre a casa dos armazéns simboliza a diferença social e moral que existe entre os conquistadores e aventureiros.
Tempo:

    A história se passa no início do século XVII, no ano de 1604, na época do domínio espanhol sobre Portugal. A duração da idéia central é de aproximadamente dois meses, porém o autor narra "flashbacks" que ocorreram há até dois anos antes da idéia principal, como a transformação de Loredano.

Personagens

Dom Antônio de Mariz: Fidalgo português que participou da fundação do Rio de Janeiro e possui uma vida dedicada à coroa portuguesa, razão pela qual mudou-se para o Brasil, onde construiu uma espécie de fortaleza nas Serras dos Órgãos tendo a seu serviço aventureiros que desbravavam as mata brasileiras, após o domínio espanhol em Portugal. Era um homem que valorizava acima de tudo, a honra, a lealdade e a religião.

Dona Lauriana: Esposa do fidalgo é uma católica fervorosa e fanática, razão pela qual não gosta de Peri, considerando-o um gentio. Apesar de um tanto egoísta, tem um bom coração.

Cecília: Filha de D. Antônio, é uma menina meiga, alegre, graciosa, pura, infantil, inocente e mimada. Têm cabelos loiros e anelados, pele alva e olhos azuis, possuidora de uma beleza inigualável que encanta todos ao seu redor, especialmente três homens: Peri, Álvaro e Loredano, que ao longo da trama cometem grandes heroísmos pelo seu amor. Tinha afeições por Álvaro, mas nunca soube da paixão de Loredano.

Isabel: Filha ilegítima de D. Antônio com uma índia, que vive na casa como sua sobrinha. É a melhor amiga de Cecília e sente uma paixão arrebatadora por Álvaro. É um grande exemplo do Romantismo, pois essa personagem possui o heroísmo amoroso, desprovido de qualquer egoísmo, pois abre mão do objeto amado (Álvaro) em nome da felicidade dele e de Ceci. Ela representa a beleza brasileira.

Álvaro: Jovem fidalgo e chefe dos aventureiros de D. Antônio, que o considerava como filho. Assim como este, tinha a honra e a lealdade como princípios fundamentais. Amava Cecília, e via-se obrigado, como um compromisso de honra, mantê-la como seu primeiro e último amor.

Peri: O outro protagonista do romance simboliza as nossas raízes indígenas. Guerreiro chefe da tribo Goitacá, da nação Guarani, ele é o protótipo das perfeições, tais como a força, a beleza e a juventude, além da valentia. Ele abandona sua tribo após salvar Cecília, pois via nela a personificação da Virgem Maria, que aparecia constantemente em seus sonhos, após ver sua imagem numa igreja destruída. Devido à essa "santificação" de Cecília, ele a servia como escravo, protegendo-a e satisfazendo seus menores desejos. Sua dedicação por ela sobrepuja tudo. Ao abandonar a vida selvagem para viver com os brancos, lhe são transmitidos os fundamentos da cultura civilizada, caracterizando-o com um homem superior.
Loredano: ex-frei Ângelo de Lucca, que durante o sacerdócio roubou de um moribundo um mapa de uma incrível mina de prata, e se apresentou à D. Antônio como um aventureiro, aguardando a melhor oportunidade para obter o tesouro. Durante esse tempo, ele se apaixona por Cecília, e esse desejo carnal somado à sua ambição o leva a planejar matar toda a família e os homens fiéis à Dom Antônio, poupando apenas a menina, que seria levada por ele em sua busca pelas minas de prata.
Aimorés : eles são reduzidos à condição subumana de vida instintiva, que mais se assemelham com homens primitivos. O ideal romântico em Peri como herói não se aplica aos Aimorés, o que explica a caracterização diferenciada, embora contradigam a idealização indianista.

Conclusão

Gostei muito do livro e do estilo narrativo que o autor usou para criar a expectativa do final, as raças indígenas são exaltadas na sua cultura e costumes, línguas e valores, que podem ser vistos nas atitudes de Peri, tendo também heroísmo forte, liberdade e a clássica luta do bem contra o mal. Com a leitura do livro “O Guarani” eu passei a entender melhor e a respeitar mais a figura do índio e gostar mais desse clássico da literatura romancista brasileira.

Resenha: Til, Jose de Alencar

“Til” é uma obra de José de Alencar publicada inicialmente em 1872. O romance, que faz parte da fase regionalista do autor, documenta o cotidiano de uma fazenda do interior paulista do século XIX.

A história gira em torno de Berta, também conhecida pelo apelido Til, uma heroína romântica de alma bondosa que se sacrifica em prol de todos. A trama é complexa e envolve vários personagens, incluindo Besitxa, uma moça pobre e bela, Luis Galvão, um jovem fazendeiro, e Jão, um órfão criado junto com Luis.

A narrativa é marcada por conflitos, desejos, traições e vinganças. Besita, por exemplo, acaba se casando com Ribeiro, mas ele parte em viagem logo após a noite de núpcias e fica anos afastado. Durante sua ausência, Luis procura Besita, e desse encontro nasce Berta. Quando Ribeiro retorna e descobre a filha, ele assassina Besita.

A obra também aborda temas como a luta de classes e a exploração dos pobres pelos ricos. Jão, por exemplo, torna-se capanga dos ricos da região, cometendo várias mortes e tornando-se o temido Jão Fera.

“Til” é uma obra que retrata a realidade brasileira do século XIX, com suas contradições e conflitos. Através de seus personagens complexos e de sua narrativa envolvente, José de Alencar oferece um retrato vívido e crítico da sociedade brasileira da época.

“Til” é uma obra de José de Alencar publicada inicialmente em 1872. O romance, que faz parte da fase regionalista do autor, documenta o cotidiano de uma fazenda do interior paulista do século XIX.

A importância política e cultural de “Til” e das outras obras de Alencar é imensa. Alencar é considerado um dos mais importantes escritores brasileiros e um dos principais representantes do romantismo, movimento artístico-literário que vigorou no Brasil no século XIX. Com sua obra, Alencar contribuiu substancialmente para dar consistência aos denominadores comuns do período romântico no Brasil, por investir na criação de temáticas que consolidassem as bases da expressão literária nacional. Ele buscou mostrar os valores nacionais, a exaltação desse sentimento convergente ao Romantismo, que trazia características como a valorização do passado, liberdade criadora, emoções, olhar subjetivo, espiritualidade, idealismo e individualismo.

Além disso, a obra “Til” é um retrato das características encontradas na vida do campo e nas tradições rurais da época em que foi lançada. O romance é considerado como parte de sua fase regionalista, pois demonstra apego às descrições da vida campesina. A personagem principal da obra é Berta, que é apelidada de Til. Ela é o símbolo da heroína romântica idealizada, sua beleza é enfatizada por diversas vezes por José de Alencar, assim como sua compaixão e empatia com João Fera, o vilão da história.

Portanto, “Til” não apenas reflete o período histórico em que foi escrito, mas também desempenha um papel importante na formação da identidade cultural e literária brasileira.


O AUTOR
José de Alencar (1829-1877) foi um romancista, dramaturgo, jornalista, advogado e político brasileiro. Foi um dos maiores representantes da corrente literária indianista e o principal romancista brasileiro da fase romântica. Entre seus romances destacam-se "Iracema" e "Senhora".

Resenha: Diva, de José de Alencar

ISBN-13: 9788536801735
ISBN-10: 8536801735
/ Páginas: 72
Idioma: português
Editora: DC

Romance lançado em 1864, pertence aos chamados romances urbanos de Alencar. Nele é narrada a história de paixão de Augusto pela bela e fatal Emília e tem-se o panorama da sociedade fluminense do século XIX, a qual está repleta de convenções e relações humanas baseadas no interesse.


RESENHA
Quando doutor Augusto conheceu Emília ela era ainda uma menina por volta dos seus catorze anos, feia e recatada. Ele iniciava sua carreira de médico e ela recebeu toda sua dedicação, incluindo horas sem dormir para que a menina fosse curada do mal que quase lhe levou a vida. Mas desde esse período Emília tratava o médico com uma grande hostilidade. Ele, que se dedicara tanto ao caso, nem quis receber, afinal valia mais o mérito de ter salvado a vida da filha de uma, até mesmo, importante família. E assim o pai da menina deixou em aberto essa dívida que tinha para com Dr. Augusto.

Anos mais tarde, Emília já se tornara uma moça e, por mais inesperado que fosse, era a mais bela da corte. Sua chegada no baile desanimava as demais moças que não podiam com a beleza dela e inspirava nos rapazes inúmeros galanteios. A família dela sempre insistia em uma reconciliação da menina com o seu salvador, no entanto, ela satisfazia-se em humilhar e constrangê-lo.

Se ele, por insistência dos demais, vinha lhe pedir o prazer de uma quadrilha, ela negava dizendo já ter parceiros para a quantia de danças que pretendia ter e seguidamente, ainda na frente dele, concedia a quarta ou a sexta valsa a outro cavalheiro.

Porém todo o desprezo da menina despertou no médico um grande amor. Mas ao mesmo tempo em que ele a amava, sentia seu orgulho muito mais que ferido... Entretanto ele continuava a lhe pedir valsas e ela a negá-las. Foi nesse contexto que ele, extremamente aniquilado pelos maus tratos da moça, decidiu por fim vingar-se e esquecê-la de vez.

A sua sorte foi que Geraldo, irmão de Emília, tinha que ajudar a uma órfã por pedido da irmã que tinha um bom coração tratando-se de caridades. Geraldo, sem ânimo nenhum para a boa ação, pediu ajuda ao doutor, que viu a sua chance e se disponibilizou a ajudá-lo.

O dinheiro para ajudar a menina era uma quantia pequena, e ele foi pedí-la ao pai de Emília como pagamento pela vez que salvara a vida da menina. Ele chegou a lhe oferecer maior quantia e até mesmo a recusar-se a pagar tão pouco, mas ali estava a vingança do médico. Visto que Emília estava presente afirmou que era aquela singela quantia que era merecida pelo seu trabalho, o que implicitamente era dar o mesmo valor à vida da moça.

Recebendo o dinheiro, foi embora satisfeito e decidido a abandonar de vez o convívio com aquela família. Mandou a ajuda à órfã no nome de Geraldo e assim concretizou sua ação. Porém logo depois desse ato foi chamado à casa de Emília. Surpreendentemente ambos e mais a tia da menina seguiram em um passeio que acabou mais cedo para a tia dela intencionalmente, por parte de Emília.

A sós a moça abriu-lhe o coração. Tratava-o com tamanho desprezo e indiferença por temê-lo. Desconhecia em seu coração o amor e o único sentimento que nutria era uma gratidão e admiração imensa pelo médico, mas o tratava de tal forma porque temia que o conhecendo pudesse frustrar o coração quanto a esses sentimentos. Mas quando notou o quanto o feria resolveu dizer-lhe toda a verdade.

Assim, de pazes feitas passaram ao convívio. Já nos bailes ela lhe concedia danças e até mesmo fazia da quadrilha com ele a última da noite. Ela ainda não o amava, ele só sentia o amor crescer-lhe e assim também o ciúme, este último fez em certa ocasião os dois brigarem, pois a ela não faltavam admiradores e declarações.

No entanto, eles acabavam por superá-las. Dr. Augusto chegou a se mudar para a vizinhança da moça e durante a noite os dois a sós se encontravam nos jardins e conversavam. Ele chegou a se declarar e ela pedia-lhe calma, pois ainda não o amava, mas o sentimento com o caminhar do tempo estava mais prestes a nascer do que nunca.

No entanto o amor de Emília que não nascia frustrava o médico, a essa altura os admiradores já haviam sido afastados e ela diferente da menina orgulhosa que era já se dobrava a uma submissão. No entanto um se submetia à vontade do outro trazendo para a relação, no ponto de vista dela, uma terrível monotonia. 

Foi em uma tarde que o médico, chegando à casa dela, a encontrou pronta para uma ida ao teatro, o ciúme instantaneamente vibrou no peito de Augusto, e ele lhe pediu que finalmente, até mesmo para acalmá-lo, ela dissesse que o amava. Porém, segundo ela ainda era cedo, mas o doutor não suportou e rompeu definitivamente o romance – pelo menos era o que pensava.

Um mês depois se reencontraram e ela lhe questionou sobre o amor que ele tinha por ela, ele negou sua atual existência. Três dias depois estavam na chácara da família dela um grande grupo a passear, Emília se afastou e logo Augusto foi ter com ela. Ali tiveram sua conversa fatal. 

Ele declarou a ela que todo o amor que afirmava sentir, crescera e apenas vivera devido ao sucesso econômico do pai de Emília e que só por isso ele se interessava por ela, nada mais que os benefícios que o ganhador da mão dela teria. Ela, depois de tal declaração, afirmou que aquilo não passava de uma confirmação do seu amor. Augusto, enfurecido, concordou, mas disse que o amor adorador que sentia agora tinha sido substituído por uma vontade de possuí-la contra a própria vontade dela.

Feito isso, a menina o desprezou. Ele tentou-lhe dar um beijo, mas ela esquivou-se e quando Augusto percebeu tinha posto a menina a seus pés. Vendo a sua ação pediu-lhe perdão e recebeu em troca uma declaração de amor. Sua resposta foi ir embora.

No dia seguinte recebeu de Emília uma carta afirmando todo o seu amor e devoção que só agora ela percebera. O médico ainda tentou resistir a ela, mas foi inútil. Amavam-se e naturalmente o passo seguinte foi o casamento. 

Resenha: O sertanejo, de José de Alencar

Foto: Arte Digital

Num Brasil desconhecido, de paisagens coloridas e exuberantes contrastando com uma pobreza evidente, um amor proibido dá início a uma saga de lutas e aventuras. Arnaldo — um sertanejo de hábitos simples, filho de um local onde o sol queima e a água falta — apaixona-se por Flor — filha de seu patrão; um fazendeiro capitão-mor, conhecido como o maior homem do Ceará. Apesar de simples, Arnaldo é destemido e determinado e lutará contra diversas barreiras para viver seu amor genuíno. Em O Sertanejo , publicado em 1875, José de Alencar nos leva para um local de natureza bruta, ainda pouco desbravado no final do século XIX: o sertão no nordeste do país. Alencar povoa nossas mentes, mexendo o caldeirão de nosso imaginário com seus ricos personagens e locais detalhadamente descritos. ¨*¨

O Sertanejo, Num Brasil desconhecido, de paisagens coloridas e exuberantes contrastando com uma pobreza evidente, um amor proibido dá início a uma saga de lutas e aventuras. Arnaldo – um sertanejo de hábitos simples, filho de um local onde o sol queima e a água falta – apaixona-se por Flor – filha de seu patrão; um fazendeiro capitão-mor, conhecido como o maior homem do Ceará. Apesar de simples, Arnaldo e destemido e determinado e lutará contra diversas barreiras para viver seu amor genuíno.



RESENHA 

Foto: Arte digital


Nos primeiros capítulos do livro, o narrador descreve a paisagem árida do sertão antes de introduzir o personagem principal e o enredo. A história de "O Sertanejo" se desenrola no nordeste do Brasil, com Severino sendo o protagonista-narrador que representa o povo sofrido da região. Arnaldo Loureiro, um humilde vaqueiro cearense, é o personagem principal que luta incansavelmente por seus ideais e pelo amor. Trabalhando para o capitão-mor Arnaldo Campelo, ele enfrenta desafios e perigos para conquistar o coração de Dona Flor, a meia irmã do capitão-mor. 

Arnaldo é retratado como um homem simples, arredio e bondoso, cuja submissão é reconhecida como digna. Seu único rival é Marcos Fragoso, enquanto Dona Flor está prometida a Leandro Barbilho. No dia do casamento, uma reviravolta trágica ocorre quando Leandro é morto durante um tiroteio causado por inimigos do capitão-mor. Arnaldo consola Dona Flor em seu luto, revelando-se como um homem corajoso e digno de respeito. A história se passa nas terras áridas de Quixeramobim, no Ceará. No desfecho, o capitão-mor reconhece a bravura de Arnaldo e permite que ele adote seu sobrenome, Campelo.


O romance "O Sertanejo", de José de Alencar, nos transporta para o interior nordestino do século XVIII, onde conhecemos a história de Arnaldo, um vaqueiro cearense corajoso e determinado, que enfrenta todos os desafios por amor e por seus princípios. Através de sua jornada, somos apresentados a um painel completo do Nordeste do Brasil, com todos os seus costumes e peculiaridades.

Seu companheiro de narrativa, Severino, tenta se definir ao longo do texto, representando de forma genérica o povo sofrido pelas dificuldades da região, como a fome, sede e miséria. Junto a eles, encontramos outros personagens marcantes, como o enigmático Arnaldo Loureiro, o poderoso capitão-mor Gonçalo Pires Campelo, e as belas Dona Genoveva, Dona Flor e Alina.
Cada personagem contribui para a riqueza da trama, que retrata com cores vivas a paisagem e o folclore sertanejo. Com Alencar, a prosa se enche de vida, capturando não apenas a beleza natural da região, mas também as relações pessoais e os desafios enfrentados por aqueles que habitam o sertão brasileiro.

Na região do nordeste, a comitiva do capitão-mor, uma figura importante no Ceará, retornava à fazenda com sua esposa Genoveva e sua filha Flor. Quando Flor decidiu tomar outro caminho, ela foi surpreendida por um incêndio e desmaiou. Arnaldo, um sertanejo que não seguia as ordens do capitão, mas que zelava por sua família, salvou a jovem e a levou para casa, partindo logo em seguida.

A mãe de Flor, preocupada com a situação, encontrou a filha em segurança em casa. Enquanto Arnaldo procurava pelo responsável pelo incêndio na mata, Jô foi erroneamente culpado. Arnaldo confrontou Moirão, alertando-o sobre as consequências de qualquer ameaça à família do capitão.

Moirão tentou se justificar, dizendo que fora humilhado pelo pai de Flor por uma questão de amor. Arnaldo não aceitou as desculpas e avisou que o mataria se tentasse qualquer vingança. Os homens do capitão interrogaram Arnaldo sobre Jô, mas ele se recusou a falar sem a presença do capitão.

Quando o capitão retornou, exigiu saber quem provocara o incêndio, mas Arnaldo permaneceu em silêncio, desobedecendo-o. Com a intervenção de Flor, o capitão ofereceu perdão se Arnaldo pedisse desculpas, mas ele se recusou. Por muitos dias, ele permaneceu afastado da fazenda, sem dar notícias.

O novilho de Flor também havia sumido e foi assim que Arnaldo voltou à fazenda trazendo o animal de volta. Ao chegar, o capitão-mor o nomeou vaqueiro da fazenda, cargo vago desde a morte do pai de Arnaldo, que fora o melhor vaqueiro daquela época, superado apenas por seu próprio filho.

Enquanto isso, Marcos Fragoso, dono da fazenda vizinha, veio para se instalar na região com o objetivo de se casar com Flor. Arnaldo, informado por Jó, vigiava a casa de Fragoso e estava a par de tudo o que lá se passava. O capitão-mor e Genoveva resolveram que Marcos Fragoso seria um bom noivo para Flor.

Marcos convidou todos para um almoço, e o capitão aceitou para não perder o pretendente de Flor. Na comitiva, além de Arnaldo e do capitão, estavam Flor, Genoveva e Alina. Durante o caminho, surgiu a história do boi Dourado, o mais valioso da região, que ninguém ainda havia conseguido capturar.

Fragoso se ofereceu para capturar o boi e fazer sandálias de seu couro para a moça mais bela. Arnaldo não participou da caçada, apenas observava. Durante a perseguição ao boi, Flor e outros membros da comitiva se divertiam com a caça de pequenos novilhos. Arnaldo acabou salvando Flor de um boi desgarrado e depois se lançou na busca pelo Dourado.

Conseguiu capturá-lo, mas sabia que um animal daquele porte não podia ser mantido cativo, então deixou sua marca no boi como um símbolo de Flor. Ao retornar para o almoço, Arnaldo descobriu que Fragoso planejava sequestrar Flor caso sua proposta de casamento fosse rejeitada. Jó e Arnaldo agiram juntos para desarmar a emboscada.

Após libertar o Dourado e frustrar o plano de Fragoso, Arnaldo narrou suas ações para o capitão-mor, que apoiou suas decisões. Em seguida, o grupo partiu, deixando Fragoso para trás. Quando este finalmente pediu a mão de Flor em casamento, o capitão recusou a proposta, o que enfureceu o poderoso homem.

Fragoso deu o sinal para que Flor fosse sequestrada, mas Jó e Arnaldo agiram prontamente para frustrar seus planos e proteger a donzela.

No entanto, Arnaldo testemunhou tudo e foi ele quem respondeu ao sinal, fazendo com que Fragoso e seus homens acreditassem que tinham Flor em seu poder. Entretanto, a jovem chegou em segurança em sua casa. Furioso com o ocorrido, Fragoso elaborou um novo plano.

Rosinha, uma das empregadas, e José foram até a casa do capitão, e lá inventaram uma história sobre Flor ser viúva, tendo seu marido sido assassinado por glorificar o capitão que o odiava.

O plano consistia em fazer o capitão sair à procura do homem inventado para evitar ser desonrado, mas ele enviou a maioria de seus homens em seu lugar. Enquanto isso, Fragoso retornava com uma armada para capturar a moça. Em uma manhã, Rosinha, por quem Flor desenvolvera afeto, convidou-a para um passeio, enquanto José avisava aos homens na floresta que era hora de agir. No entanto, Arnaldo, que sempre vigiava Flor, conseguiu salvá-la.

Fragoso chegou à fazenda com quatrocentos homens, prontos para capturar a moça, mas o capitão-mor só tinha cinquenta homens, pois o restante estava em busca do homem inventado por Rosinha. Preocupados com o perigo iminente, Jó foi procurar a tribo Jucás, enquanto Arnaldo avisava aos homens do capitão para retornarem o mais rápido possível, pois a família estava em perigo.

Após duas tentativas frustradas de ter a mão de Flor de forma pacífica, Fragoso recebeu uma carta do capitão-mor prometendo uma resposta na manhã seguinte.

A resposta foi o casamento de Flor com seu primo Leandro Barbalho. Antes que o casamento fosse consumado, Fragoso percebeu o que estava acontecendo e iniciou o combate armado. Enquanto isso, o padre Teles realizava a cerimônia, mas foi interrompido por uma flecha que o matou. Arnaldo aproveitou o momento para agir, pedindo ajuda à tribo Jucás e aos recém-chegados empregados para derrotar Fragoso e seus homens.

Ao final, o capitão-mor reconheceu a ajuda de Arnaldo na vitória e ofereceu-lhe o que desejasse. Em vez de pedir a mão de Flor, Arnaldo solicitou a mão de Alina para Agrelaum, um dos empregados da casa, e apenas isso.

Resenha: Iracema, de José de Alencar

Dois romances de um dos grandes patriarcas da literatura brasileira, "Iracema" e "Cinco minutos" são clássicos do nosso Romantismo. "Iracema" é mais do que um romance sobre "a virgem dos lábios de mel", a índia cujo nome é um anagrama que simboliza a própria América. "Iracema" representa o nascimento lendário do Ceará. Trata-se de uma alegoria genial à história da colonização do Brasil pelos invasores portugueses, e, por que não dizer, à história da colonização de toda a América pelo povo europeu. "Cinco minutos" é um romance urbano da primeira fase do Romantismo - e o primeiro de José de Alencar -, que revela o ideal de amor romântico: puro, casto e regenerador, sentido por duas almas que lutam e enfrentam obstáculos aparentemente intransponíveis para que possam concretizá-lo.

RESENHA

Iracema estava a ser banhar a sobra da oiticica, ao sair do banho ela se depara com uma guerreiro observando-a, ele tinha o rosto branco e olhos azuis. A jovem índia rapidamente atira uma flecha no guerreiro acertando ele, o guerreiro caiu e Iracema correu ao seu encontro arrependida. Ela com sua mão estancou o sangue e quebrou a flecha. Esse ato para os indígenas era uma maneira simbólica de estabelecer a paz. Iracema o leva a cabana de seu pai, o velho pajé Araquém que recebe o guerreiro com todo a hospitalidade e carinho. No outro dia a índia leva Martim pelo bosque de jurema sagrado, em certo ponto ela faz gesto para que ele espere em silencio e penetra ainda mais no bosque, ao anoitecer ela volta com uma folha cheia de gotas verdes e manda Martin tomar, ele sente o sono da morte, mais a luz enche sua alma e seu coração e reviveu o passado, ele estava sonhando.

De repente Iracema pega seu arco e ver uma sombra, era Irapuã, um espirito mau da floresta, ele queria beber o sangue do estrangeiro branco mas Iracema jamais permitiria isso, ela rapidamente atinge o chefe guerreiros no coração antes que ele acertasse seu tacape em Iracema. Ele fala que ela não conseguirá proteger Martim e some na floresta. O amor deles é forte mais eles não podem ficar juntos.Ao acordar Martim encontra Iracema na saída do bosque e ele o fala que seu irmão Caubi logo chegará e ele poderá voltar pra casa. O guerreiro Caubi guia Martin de volta pra casa mas no meio do caminho são atacados por guerreiros liderados por Irapuã, e eles voltam para a cabana do pajé. Quando Irapuã entra na cabana o pajé Araquém diz que se ele der mais um passo a ira de Tupã o esmagarão mais Irapuã não acredita, então o velho pajé vai ao meio da cabana e ergue uma grande pedra e bate o pé no chão abrindo-se uma rachadura no chão por onde sai das profundezas da terra um gemido horroroso e Irapuã não sentiu medo mais sentiu luz dos olhos tremerem e ele sai e vai embora. A noite ouve-se o grito da gaivota, logo Martim sabia que era seu amigo Poti. Iracema foi ao encontro dele para lhe dizer que Martim iria com ele, antes ela ouve de seu pai a recomendação de que se os guerreiros de Irapuã tentassem matar Martim ela o escondesse no subterrâneo da cabana. Quando Iracema volta do encontro com Poti ela percebe várias sombras na floresta, depois de contar a Martim o que seu amigo lhe disseram o guerreiro Caubi entra avisando que os guerreiros de Irapuã vem chegando. Iracema remove a grande pedra e entra no esconderijo com Martim e Caubi fica de guarda. A noite Iracema se deita mais Martim, logo ela havia envergonhado sua tribo, pois ela era a virgem que guardava o segredo da jurema. No momento que ela perdeu sua virgindade ela perdeu o direito sobre o segredo. Ao decorrer da história Iracema vai para uma caba afastada com Martim e Poti. Eles viviam em harmonia e tranquilos. A gravida Iracema se banhava todo dia no lago da beleza que tinha esse nome porque ela se banhava lá. A alegria reinava na cabana de Iracema até o dia que Martin teve que ir ajudar seus irmãos, ele saiu sem se despedir mais deixou a flor do maracujá símbolo da lembrança. Martin não voltou logo, Iracema ficou muito triste por dias e dias. Certo dia seu filho nasceu e ela o deu nome de Moacir, filho da dor. Um dia ao acordar ela se deparou com seu irmão Caubi que veio em paz visita-la, ele admirou a criança mais se surpreendeu com a tristeza da irmã e a chamou pra voltarem juntos para casa. De tanto chorar pela saudade do seu amado e do seu pai, Iracema perdeu o leite para alimentar seu filho, então ela foi a mata e amamentou alguns cachorrinhos que retiram dela o leite grosso, depois que os cachorrinhos sugam de Iracema o leite sujo ela amamenta seu filho deixando ele nutrido, então ele é agora duas vezes seu filho da dor. Quando Martim volta com Poti ele se enche de alegria ao ver sua ­esposa amada, ao ver seu filho ai que ele fica ainda mais alegre, então Iracema o entrega seu filho e morre. Seu último pedido foi que fosse enterrada ao pé do coqueiro. Martim enterrar sua amada e parti com seu filho e as terras em que ela foi enterrado passaram a se chamar Ceará.
O livro Iracema é uma obra bem interessante mais um pouco complicado de entender, porque ele tem uma linguagem muito formal diferente da linguagem que estou acostumado a ver nos livros. Nos primeiros capítulos ele não envolve muito o leitor mais fiquei tentado a ler ele porque eu queria descobrir o segredo da jurema que a índia Iracema era guardiã. Pelo que conseguir entender apenas uma virgem poderia preparar o licor da jurema, esse licor era uma espécie de alucinógeno que quem o bebesse tinha um sono delirante mais bom. No momento que Iracema perdeu sua virgindade ela envergonhou sua tribo e não podia mais guarda o segredo, Tupã que era o Deus dele abandono a jovem índia.


Uma coisa interessante foi a esperteza do pajé Araquém: “Araquém proferindo essa palavra terrível avançou a o meio da cabana, ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abriu-se a terra. Do antro profundo saiu um medonho gemido, que parecia arrancado das entranhas do rochedo.” A cabana do pajé ficava no alto de uma colina que tinha uma galeria subterrânea que se comunicava com a floresta por uma estreita abertura, o pajé tampara as duas aberturas com grandes pedras, quando ele retirou uma das pedras o barulho que eles ouviram semelhante ao de um trovão era apenas os ar passando. O pajé foi esperto e utilizou isso para fazer medo ao guerreiro Irapuã.


O amor de Iracema e Martim era algo forte, tanto que quando Martim saiu para a luta com Poti sem se despedir dela, ela ficou muito triste que nem se banhava mais no seu lago mas passava o dia todo na praia esperando seu marido volta. Para Iracema saber que ele voltaria ele usou símbolos que ela saberia o significado: “...da aljava de setas que Iracema emplumara com penas vermelhas e pretas e suspendera aos ombros do esposo, tirou uma. O chefe pitiguara vibrou o arco; a seta rápida atravessou um goiamum que discorria pelas margens do lago; só parou onde a pluma não a deixou mais entrar. Fincou o guerreiro no chão a flecha com a presa atravessada e tornou para para Coatiabo”. “...Martim sorriu; e quebrando um ramo do maracujá, a flor da lembrança, o entrelaçou na haste da seta, e partiu enfim, seguido por Poti”. Ao ver o que o marido deixará ela sabia que ele queria que ela voltasse pra casa e guarde a lembrança dele e que ele voltará.


Algo que eu gostei muito no livro foi o ato de amor de Iracema com seu filho, de tanta tristeza ela ficou com o leite dos seios sujo e amamentou um cachorrinhos para que eles tirassem o sangue dos seus seios e que ficasse somente o leite puro, isso doeu muito nela, quando ela amamentou seu filho ela já estava muito fraca e não se alimentava mais, ela morreu de tão fraca, pois ela preferiu nutrir seu filho do que vê-lo morre e isso custou a própria vida dela.


Alencar deu a Iracema o nome de virgem dos lábios de mel. Ele queria retratar o índio como seres bonitos e não que o que a maioria dos viajantes descrevia, como povos decadentes.
O livro pode ser considerado um romance indianista e regionalista. Ele retrata os costumes dos índios e o índio como herói. No livro Iracema enfrenta Irapuã pra proteger Martim e isso é um ato de heroísmo. Ele é regionalista pois o romance acontece longe da cidade, destacando características da região.


Na minha opinião alguma editora deveria pegar o livro e reescreve-lo utilizando palavras de fácil entendimento, algumas pessoas achariam que isso tiraria a essência de certo modo sim, mas ajudaria as pessoas a lerem sem se preocuparem em terem que procuram em dicionários ou na internet o significado de várias coisas. E acho que os livro deveria virar filme.

Resenha: A viuvinha, de José de Alencar

ISBN-10: 8500005777
Ano: 2001 / Páginas: 152
Idioma: português
Editora: Ediouro

Coleção Super Prestígio. Biografia por M. Cavalcanti Proença, Introdução e notas por Ivan Cavalcanti Proença.

A viuvinha e Cinco Minutos são exemplos do brilhantismo com que o autor descreve tipos e dramas da sociedade carioca. Na primeira, a felicidade de Carolina é bruscamente interrompida quando Jorge faz-se passar por morto. Em Cinco minutos, o acaso impede que o personagem leve uma vida melancólica, sem conhecer a paixão.

Literatura Brasileira / Biografia, Autobiografia, Memórias / Crônicas / Drama / Aventura / Comunicação / Romance / Suspense e Mistério

RESENHA

“A viuvinha” (Folhetim, 1860), do romancista José de Alencar, autor de obras brilhantes que fazem sucesso até os dias atuais, é um livro que fora publicado em folhetim na época, que conta não só a história de dois jovens que conheceram o amor cedo, mas também a esperança de um amante ao perder seu amado e os dois lados do amor, enfatiza a ‘força’ deste sentimento e também os valores da época e crítica a burguesia de outrora (A história se passa no ano de 1844).
Como nem tudo são flores, o livro tem seus defeitos aos olhos de leitores contemporâneos, que não estão acostumados a este tipo de leitura. É um livro possuinte de muitas descrições, característica da época, muitas cansativas e demasiadas longas, o que desprende o leitor e os faz perderem-se na leitura, tendo que reler novamente a narrativa.
Não só as descrições da narrativa são complexas para os jovens leitores por ser um livro de uma época distante, mas também o seu vocabulário, os leitores necessitam buscar o significado de diversas palavras, que não tem mais lugar no nosso vocabulário depois de tanto tempo.
Entretanto, novos conhecimentos e reflexões são sempre aceitos por aqueles que compartilham o amor pela leitura, e isto não falta no livro. O livro nos coloca a refletir a cada parágrafo, cada atitude do protagonista acompanha uma profunda reflexão do narrador, e consequentemente nossa, discordando ou não dele.
O próprio narrador, em 3ª pessoa onisciente e onipresente, critica as atitudes do protagonista durante o livro, e parece concordar com as atitudes extremas que o mesmo tem que tomar para reparar seus erros. Atitudes vindas de um burguês, que nunca precisou trabalhar, pois herdou a fortuna que seu pai construiu durante toda a vida, o narrador mostra-se incomodado com a falta de valor que o protagonista dá ao dinheiro.
É inovador aos jovens leitores, o antagonista do livro, José de Alencar implementa ao próprio valor da honra o papel de antagonista, tornando-o demasiado importante e deixando explícito que era de suma importância que o protagonista reparasse seus erros pois o livro mostra que na época era inaceitável a desonra.
O tempo no livro não é definido exatamente, no início é dito que a história acontecera há dez anos, e durante a história o tempo varia e é um pouco confuso, o livro “começa” no meio da história, o “meio” conta o começo da mesma, e volta a concluir o meio que vem a ser interrompido para contar o início, o que de certa forma deixa o leitor confuso e ao mesmo tempo intrigado para saber o que está acontecendo, mas ao terminar tudo se encaixa como um belíssimo quebra-cabeça.

Mesmo com descrições imensas, palavras rebuscadas, críticas a burguesia e a não definição exata do tempo, o livro é excelente e ensina aos leitores os dois lados do amor, o valor da honra e da vida, e mesmo sendo um livro de outra ‘sociedade’ por conta do tempo, é tão bom quanto obras que possuem características semelhantes. A trilogia “O Senhor dos Anéis”, de J. R. R. Tolkien, sequência do livro “O Hobbit”, de mesmo autor, possui também narrativas extensas, palavras rebuscadas e críticas, e mesmo hoje assim como “A Viuvinha” é adorado por diversos tipos de leitores, incluindo os jovens.

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