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[RESENHA #677] Linguística aplicada, de Ana Elisa Ribeiro e Carla Viana Coscarelli

APRESENTAÇÃO

O ensino da língua portuguesa está presente durante toda a trajetória da educação básica. Assim, é um tema inescapável para professores e futuros professores. A Linguística Aplicada, por sua vez, busca compreender os usos da linguagem (ou das linguagens) e como ela é adquirida e usada para resolver problemas e situações da nossa vida. Esta obra, repleta de exemplos e atividades, apresenta uma cronologia do desenvolvimento da Linguística Aplicada, mostrando como ela influenciou e segue influenciando nossas concepções de educação e, mais especificamente, de ensino de português nas escolas.

Sobre a coleção: A sala de aula é o principal campo de atuação tanto do profissional graduado em Letras quanto em Pedagogia. A coleção Linguagem na Universidade, coordenada por Kleber Silva e Stella Maris Bortoni-Ricardo (ambos da UnB), abrange as questões de linguagens e suas interseccionalidades a partir de disciplinas que são obrigatórias nos currículos desses dois cursos. Com linguagem didática, leve e acessível, as obras são voltadas para estudantes de graduação, auxiliando o futuro professor em sua prática pedagógica.


RESENHA

O livro Linguística aplicada — ensino de português é um manual de ensino escrito para professores de língua portuguesa como um farol de ensino metodológico acerca da importância da compreensão do ensino de linguística em sala de aula. A obra possui como foco o desmembramento das problemáticas arraigadas no ensino de forma estrutural, desmistifcando e identificando os problemas decorrentes no ensino de língua portuguesa em sala de aula. 


A introdução da obra compreende na explicação básica do que é de fato o campo de estudo da linguística aplicada, fomentando assim, uma maior compreensão acerca do seu real significado e valor. A linguística aplicada (LA) é um campo de estudo transdisciplinar, indisciplinar e intercultural que identifica, investiga e busca soluções para problemas relacionados à linguagem na vida real.


Os objetivos da LA são:


Identificar problemas relacionados à linguagem;

Investigar esses problemas a partir de uma perspectiva linguística;

Desenvolver soluções para esses problemas.


A LA é uma área de estudo ampla e diversificada, que abrange uma variedade de tópicos, incluindo:


Ensino de línguas;

Tradução e interpretação;

Linguística forense;

Linguística clínica;

Linguística aplicada à informática;

Linguística aplicada à educação;

Linguística aplicada à saúde;

Linguística aplicada ao direito;

Linguística aplicada à mídia;

Linguística aplicada à tecnologia.


A LA é uma área de estudo em constante crescimento, que se desenvolve a partir de um diálogo entre a linguística e outras disciplinas, como a psicologia, a sociologia, a antropologia, a educação e a tecnologia.


Alguns exemplos de problemas relacionados à linguagem que a LA pode investigar e solucionar:


Como ensinar uma língua estrangeira de forma eficaz?

Como traduzir um texto de forma fiel e natural?

Como identificar e corrigir erros de linguagem?

Como melhorar a comunicação entre pessoas de diferentes culturas?

Como usar a linguagem para promover a inclusão social?


A obra também fomenta debates acerca do ensino de língua materna na sala de aula, como sendo banalizada e fora do eixo com regras preestabelecidas de decoração de regras de gramática normativa. Para tal, descreve-se uma linha tênue de explicação e raciocínio acerca do atual método de ensino em paralelo ao ensino correto de compreensão das competências linguísticas do alunado em sala de aula, através da análise da gramática, texto e dos gêneros textuais existentes no mundo, bem como no meio digital. As autoras usam de exemplos de linguísticas e estudiosos que acreditam que a pauta de ensino deve ser mais livre levando em consideração as competências existentes no conhecimento do alunado, atribuindo, assim, ao ensino uma linha de ordem cronológica de investigação dos problemas existentes na escrita e fala nas situações sociais cotidianas:


Vários autores criticam o ensino baseado na concepção normativa da lingua, como Luft, mas também os linguistas Mário Perini, Sírio Possenti, Rodolfo Ilari [...] atentam para aspectos relaionados ao uso da linguagem nas situações da vida, como as variantes linguisticas, a adequação à a situação e o registro (grau de formalidade), a dinamicidade (mutabilidade) das línguas, a competência e a criatividade dos falantes. (p. 29).

A obra também realiza uma investigação meticulosa acerca da participação das redes sociais na criação de textos e vídeos que fomentam um maior debate dos linguistas na investigação dos fenômenos. A obra em si, é uma forma de explicar de forma clara e mais abrangente a língua e suas propriedades, não apenas para os profissionais de língua portuguesa, mas para todo alunado com mente fechada em relação à fala.


Será que devemos manter cegamente a tradição ou pode ser melhor repensar nossa abordagem, trazendo contribuições de pesquisas, de estudos, de transformações nas tecnologias de produção e de recepção de textos?  (Texto da autora no site da contexto)

A ideia de letramento é apresentada como uma forma de pensar nos usos da língua e das linguagens, reconhecendo que existem diferentes formas de se expressar e que cada uma delas pode ser adequada a determinada situação. Não se trata de certo ou errado, mas de adequação, uso, objetivo e nuance. A autora argumenta que a forma como os linguistas aplicados pensam a linguagem tem influência direta na forma como o ensino de língua portuguesa é abordado, e questiona se devemos manter cegamente a tradição ou repensar a abordagem, considerando contribuições de pesquisas, estudos e transformações tecnológicas.


As autoras destacam a importância das tecnologias digitais, que permitem a produção de textos em diferentes linguagens e o uso de recursos como a hipertextualidade. Ela defende a necessidade de desenvolver habilidades relacionadas à produção e compreensão de textos, além de promover o pensamento crítico, para que as pessoas se envolvam nas atividades propostas de forma reflexiva, dinâmica e autônoma.


também ressalta a relação entre as questões abordadas pelos linguistas aplicados e os problemas sociais, destacando que a alfabetização e o letramento são temas essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade. A autora questiona se o preconceito linguístico não é uma forma de exclusão social e discute a relação entre linguagem e identidade. Ela enfatiza a importância da Linguística Aplicada na sociedade e apresenta o livro como uma forma de familiarizar as pessoas com essa área e suas questões, convidando os leitores para a leitura e o diálogo.


AS AUTORAS


Ana Elisa Ribeiro é professora titular do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), onde atua no ensino médio, no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. É doutora em Linguística Aplicada e mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais, com alguns estágios pós-doutorais. É pesquisadora do CNPq e autora de diversos livros nos temas dos letramentos e da multimodalidade. 


Carla Viana Coscarelli é professora titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem mestrado e doutorado em Estudos Linguísticos pela UFMG. Fez pós-doutorado em Ciências Cognitivas pela University of California, San Diego, e em Educação pela University of Rhode Island. É coordenadora do Projeto de Extensão Redigir UFMG e desenvolve pesquisas sobre a leitura em ambientes digitais e letramento digital.

[RESENHA #608] Variação linguística na escola, Orgs. Joyce Elaine e Stella Maris

APRESENTAÇÃO

Este livro, voltado a professores da educação básica, traz propostas inovadoras para o trabalho com o português em sala de aula. Visando romper com o preconceito linguístico e apresentar a diversidade de nossa língua, o manual divide-se em uma parte teórica e em uma parte prática com questões para serem aplicadas aos alunos. Uma ferramenta importante para um ensino que respeite as diferenças e não crie estigmas em relação às várias línguas que falamos e ouvimos.

RESENHA


A obra "Variação Linguística na Escola", organizada por Joyce Elaine de Almeida e Stella Maris Bortoni-Ricardo, destaca a importância do ensino inclusivo das diferentes variedades linguísticas encontradas no ambiente escolar. Lançada pela editora Contexto em 2023, a obra explora a complexidade da variação linguística e a necessidade de uma prática docente mais abrangente para lidar com essa diversidade.

A introdução da obra ressalta que a língua brasileira não é inflexível, mas sim passível de transformação e adaptação. O desconhecimento e a falta de reconhecimento das variedades linguísticas presentes no Brasil resultam em uma violência simbólica contra os falantes de formas não convencionais de fala. Portanto, é fundamental implementar metodologias educativas que abordem e explicitem essa diversidade linguística no ambiente escolar.

A questão da variação linguística também está relacionada com a desigualdade social, visto que crianças de diferentes contextos socioeconômicos podem apresentar habilidades comunicativas distintas. A obra também aborda a teoria da deficiência cultural, que atribui às crianças das camadas populares uma suposta deficiência linguística que as impede de ter sucesso na aprendizagem. No entanto, a equivalência funcional entre as diferentes variedades linguísticas ressalta a complexidade e igualdade das línguas em uso.

As autoras, Stella Maris Bortoni-Ricardo e Joyce Elaine de Almeida, são especialistas em linguística e sociolinguística, com vasta experiência acadêmica e pesquisas na área educacional. Seu trabalho busca promover a reflexão e o reconhecimento das variedades linguísticas presentes no Brasil, contribuindo para uma educação mais inclusiva e respeitosa da diversidade cultural e linguística do país.

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