Mostrando postagens com marcador machado de assis. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador machado de assis. Mostrar todas as postagens

Traiu ou não traiu? Uma análise do enredo de Dom Casmurro, de Machado de Assis

Foto: Centro educacional Leonardo Da Vinci



Publicado em 1899 pela Livraria Garnier, Dom Casmurro é um dos livros mais aclamados da escrita de Machado de Assis. Escrito originalmente para ser lançado como livro completo - diferentemente das demais obras do autor que eram divididas em capítulos -, completa a trilogia realista composta também por Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.

A história é narrada pelo personagem principal, Bento Santiago, que cria um paradoxo ao escrever sobre sua juventude em velhice (54 anos). Ele comenta suas experiências na casa do Engenho Novo onde morava e as aventuras vividas lá. Também fala sobre a época de sua vida no seminário e como conheceu seu melhor amigo Ezequiel. Além disso, ele menciona o amor incondicional por Capitu que era mais humilde vizinho dele... No entanto esse foi também o motivo da raiva futura sentida por ela!

A quebra da monotonia nos contos de adultério de Machado de Assis é representada pelo fato do narrador ser Bentinho (Bento Santiago), cuja motivação é advém do sentimento nocivo e ciumento.

Na infância, Bento Santiago frequentou um seminário devido a uma promessa feita por sua mãe viúva. Embora não tivesse decidido para o assunto, ele aceitou seu destino e aprendeu na esperança de se tornar um clérigo no futuro. Foi lá que conheceu Ezequiel de Sousa Escobar, filho de um advogado curitibano com quem fez amizade e juntos decidiram abandonar o seminário.

Após ser libertado e influenciado pela presença de Ezequiel, Bentinho se forma em Direito em São Paulo, e sua relação com Capitu só se intensifica. Como resultado, os dois eventualmente se casam. Enquanto isso, Ezequiel torna-se um comerciante excepcional e casa-se com uma amiga de Capitu: Sancha; juntos têm uma filha a quem carinhosamente chamam de Capitolina (nome verdadeiro de Capitu). Na mesma época em que isso acontece, Capitu e Bentinho também têm um filho que deram o nome de Ezequiel.

As famílias dos amigos moravam próximas e tudo ia bem. No entanto, em 1871, Escobar morreu afogado tragicamente, apesar de ser um excelente nadador. Durante o funeral, Bentinho percebeu a profundidade com que Capitu olhava para o falecido: "Houve um momento em que os olhos de Capitu se fixaram no morto como os de uma viúva [...], assim como as ondas quebram na praia tentando engolir o que aquela manhã nadador."

É a partir desse momento que Bentinho começa a desconfiar da infidelidade da esposa. A única lágrima que cai dos “olhos ciganos” de Capitu no funeral parece culpada, arrependida e apaixonada.

A trama principal do romance se torna clara. Bento apresenta ciúmes incontroláveis ​​conforme seu filho (Ezequiel) cresce e traços cada vez mais semelhantes ao amigo falecido acidentalmente a aparecer nele.

Nesse instante, o avanço alcançou seu ápice: Ele chegou à conclusão de que Capitu havia traído-o com seu melhor amigo, sendo Ezequiel a prova disso. Como consequência, ele mandou ambos para a Europa e lá perdeu suas vidas alguns anos depois.

Ao término de sua existência, Bentinho é visto como uma pessoa amargurada e isolada. Devido ao fato de preferir escrever durante suas viagens ferroviárias a interagir com os demais passageiros, ele passou a ser chamado de Dom Casmurro, nome que viria acompanhado da conversa pouco animada descrita acima. Aos poucos seus vizinhos e amigos o conheceram por este pseudônimo enquanto residiam no Engenho Novo na Rua Matacavalos antiga.

Uma análise da obra

Uma vez que o autor e a história já são conhecidos, é sensato realizar uma análise crítica da obra apresentada. Dom Casmurro é considerado a principal obra realista de Machado de Assis em conjunto com outras duas histórias semelhantes. A linguagem utilizada por Machado é culta dentro das normas do português (considerada muito elevada para grande parte da população) e contém elementos metalinguísticos, intertextuais, pessimismo e ironia. Para os leitores ávidos, este se trata de um livro silencioso para ser lido por vontade própria porque sua narrativa flui divertidamente com excelente estruturação na construção dos personagens. Entretanto há aqueles que apenas lêem livros obrigatórios escolarmente referendam este trabalho como sendo algo sublime mas suavizado quando comparando-se ao estilo Eça; no entanto sabemos que o gosto varia entre as pessoas individualmente desta forma não se pode generalizar tal assertiva sobre obras literárias refletindo meras opiniões pessoais.


Bento Santiago, personagem principal, também é o narrador da história. Esse fato fica evidente logo no primeiro capítulo deste livro.

“Recentemente, em uma viagem noturna da cidade ao Engenho Novo, encontrei num trem da Central, um jovem deste bairro que reconheço de vista e de chapéu.”

Na narrativa de "Dom Casmurro", o Narrador Personagem é quem relata todos os acontecimentos, pois faz parte da história. Com isso, vemos as situações por meio do ponto de vista de Bentinho e suas interações com personagens marcantes como Capitu e Ezequiel.

O tema principal de Dom Casmurro é baseado no sentimento incontrolável de ciúme experimentado por Bentinho em relação à sua esposa. Tal sensação acaba se tornando o foco central da narrativa, como podemos observar na passagem: "Finalmente chegou a hora do enterro e partida. Sancha queria despedir-se do marido e aquela cena devastadora entristeceu todos os presentes. Muitos homens choraram também, assim como todas as mulheres. Somente Capitu parecia conseguir conter suas próprias emoções enquanto apoiava a viúva e tentava tirá-la dali abruptamente para fora daquele ambiente agitado. Tudo estava confuso ao redor mas mesmo assim Capitu fixou seu olhar sobre o cadáver durante alguns momentos tão intensamente apaixonados que não surpreenderia ninguém se algumas lágrimas furtivas caíram pela face dela...”

Outro tema significativo é a suposta traição, característica atribuída ao desenvolvimento humano.

Conforme já mencionado, o Realismo Machadiano é o movimento literário predominante na obra Dom Casmurro. Podemos notar a abordagem pessimista e irônica que Assis utiliza por meio do personagem narrador Bentinho em determinadas passagens:

Não consulte dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que lhe dão, mas sim na forma como foi apresentado como um rótulo para alguém silencioso e introvertido. O título Dom surgiu ironicamente, deixando-me com ar de nobre. Tudo porque eu estava cochilando! Eu não poderia encontrar um título melhor para minha história – se não houver outro até o final do livro, então este será suficiente. Meu poeta ferroviário sabe que não guardo rancor dele. E com apenas um pequeno esforço de sua parte para criar seu próprio título, ele pode até acreditar que este trabalho será verdadeiramente sua própria criação algum dia, em breve. Existem livros que levam apenas os nomes de seus autores; alguns dificilmente conseguem tal conquista.”

"A definição de que José Dias deles havia dado, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada', me veio à mente. Eu não sabia o significado exato de obliqua, mas entendia o sentido por trás da palavra dissipulada, então decido verificar se essa descrição também poderia ser aplicável."

Ao longo do livro, é oferecida a presença de intertextualidade que faz referência tanto à obra de Schopenhauer quanto à peça Otelo, escrita por Shakespeare. O personagem Bentinho não busca esclarecer suas dúvidas sobre as atitudes do protagonista Capitu e se deixar levar pelo ciúme puro. Isso ilustra como a imaginação pode desencadear sentimentos mundanos associados à inferioridade masculina.

No capítulo 72, a intertextualidade com a tragédia de Shakespeare; Otelo é retomado para introduzir uma reforma dramática na trama. No entanto, Assis optou pelo caminho tradicional em sua continuação do drama realista.

Dom Casmurro não se arrisca a ser transparente, e às vezes sua ansiedade beira uma crise de nervos, chegando até mesmo a ter impulsos agressivos em relação a Capitu.

O livro apresenta excelentes trabalhos em cada elemento, mas é a irresponsabilidade do final deixado por Machado de Assis que confere encanto e perfeição à obra que acabou culminando em uma série de análises acadêmicas, filmes e livros variados atribuídos aos sentimentos de seus personagens, se tornando o livro mais conhecido ao redor do globo e um dos mais editados do mundo.

Conclusão

Depois de ler Dom Casmurro e conhecer a metodologia de Machado de Assis, bem como sua história pessoal, podemos perceber certas conexões entre as razões para descrever elementos de maneiras particulares. Apesar de não ter nascido rico e ter testemunhado a transição do Brasil de império para república durante seu sistema político, ele viveu uma época complicada. Embora possa parecer distante agora, percebo claramente como a realidade não alterou o seu ponto de foco.

Com que frequência vemos problemas como desonestidade, traição e sentimentos hediondos que levam a atos terríveis na televisão todos os dias? E quantas vezes ficamos decepcionados com alguém que amamos – sejam nossos filhos ou pais, marido ou esposa, irmãos – quer sejam conhecidos por nós ou não? Os relacionamentos são construídos sobre uma base de desconfiança que não pode ser negada, pois é uma parte inata da natureza humana. A sociedade em 1899 era exatamente a mesma que temos agora! Machado de Assis retratou a descrição da humanidade com tanta maestria que os pilares da nossa moral permanecem precisamente inalterados!

Ao ser o narrador da história, o protagonista é capaz de nos apresentar sua própria perspectiva e permite que nossa imaginação flua livremente; assim como ele mesmo experimentou esse processo. Como humanos, temos a capacidade empática de compartilhar sentimentos semelhantes aos outros, pois já surgiram por situações semelhantes em nossas vidas.

No capítulo CXIII, encontramos um exemplo dessa situação particular em que o narrador começa a suspeitar de Capitu. Esta última se recusa acompanhar seu marido ao teatro alegando estar doente. Bentinho acaba por ir sozinho e retorna para casa no final do primeiro ato somente para encontrar Escobar no corredor de sua residência... A forma como esse episódio é descrita pelo autor transpira ironia gelada deixando espaço à interpretação pessoal dos leitores sobre possível conexão entre mal -estar sentido pela esposa com visita surpresa do amigo. É natural que tomemos partido de Bentinho já que este possui voz na história; não temos ideia de alguma motivação ou perspectivas ligadas aos personagens secundários citados (Capitu, Ezequiel ou Sancha). Não podemos esperar surpresas brechas informativas também!

Ao longo dos anos, a mente de Bentinho foi envenenada por alguém que não possuía boas intenções - um indivíduo chamado José Dias. Este rapaz ciumento teve sua vida e o protagonista Capitu infernizado pelo manipulador, responsável por semear discórdia no coração do herói nem tão renomado assim.

Eu o chamo de herói porque, ao contrário dos reis romanos mencionados no início do livro - aqueles que eram conhecidos como assassinos de suas esposas -, ele apenas invejou sua esposa e filho para a Europa antes de morrer sozinho. Pelo menos Bento Santiago foi diferente de Vilela (do conto A Cartomante), que assassinou sua esposa e melhor amigo enquanto Camilo mantinha um caso com ela.

Frequentemente, a obra literária de Machado de Assis aborda conflitos amorosos complexos, atitudes adúlteras e mortes. Também são retratados sentimentos egocêntricos e o desejo de isolamento social...Possivelmente porque esses temas refletem experiências que muitas pessoas enfrentam diariamente. É identificar em cada um de nós personagens como Bentinho, Brás Cubas e Quincas Borba pois somos seres humanos com vivências semelhantes profundas descritas na obra possível do autor brasileiro renomado..

Esse é exatamente o cerne de Dom Casmurro. Uma emoção humana que o corrompeu profundamente.

Links:

[RESENHA #511] Instinto de nacionalidade, de Machado de Assis



Resenha Crítica: ASSIS, Machado de. Notícia da atual literatura brasileira. Instinto de nacionalidade. Nova York: Revista Novo Mundo, 24/03/1873.

Um retrato importante e reflexivo de Machado de Assis

Nesse panorama da cultura literária brasileira, Machado de Assis não apenas pretende revelar “os defeitos e a beleza da literatura brasileira contemporânea”, mas também busca explorar um sentido natural do mundo, país existe na arte em questão. . . Ele divide cuidadosamente seu tópico em seções e explica cada parte. São eles: Romance, Poesia, Teatro e Linguagem.

A princípio, citou outros autores épicos do Arcadismo, Santa Rita Durão e Basílio da Gama, cujas obras eram consideradas nacionais na época, devido à temática indígena. Isso os torna considerados os pioneiros da poesia brasileira. Para comparação, Machado notou Tomaz Antônio Gonzaga, "o pastor da Arcádia"; mas, para o crítico de Assis, não é totalmente laica, não abandona o malandro do pastor e tem temas e valores puramente europeus nas letras.

Machado de Assis também cita Gonçalves Dias e José de Alencar como os principais pioneiros da ficção indígena. E com isso abriu espaço para a exibição do estilo de escrita muito presente na elite brasileira da época: o Romance. No entanto, ele argumentou habilmente que o conteúdo geral desses romances era, como dizemos hoje, coberto de açúcar. Não há romances de crítica social, mas romances que produzem e preservam a cultura comum do povo brasileiro, do centro ao litoral.

No que diz respeito à divulgação da literatura e da cultura, Machado de Assis valorizava muito as obras que falavam da cultura dos índios Tupiniquim. Para ele, porém, “nossos escritores não se limitam a essa única fonte de inspiração”. O patrimônio literário precisava de um legado universal, inspirado nos grandes clássicos europeus, talvez porque naquela época fosse reconhecido um grande número de ancestrais que compunham os brasileiros.

Como Machado escreve para um público estrangeiro, é importante para ele suprir a falta de produção de obras sobre filosofia, linguística, crítica histórica e assim por diante. E desta vez, ele deixou claro que havia preocupações.

Quanto à linguagem contida no livro, entende-se o tipo erudito e lusitano de linguagem escrita: “Uma ideia que admite todas as mudanças de linguagem, mesmo aquelas que destroem as regras sintáticas e a pureza essencial da palavra não me parece aceitável para mim. A influência popular tem imitação. Sem pestanejar, Machado de Assis disse isso claramente. Ele argumentou que "as obras clássicas não são muito estudadas no Brasil." pelo que eles escreveram, muitas vezes encontrados no estilo clássico E aqui temos, novamente: Machado de Assis se concentra no classicismo.

Segundo Machado, um sentimento de nacionalismo pode se transformar em um sentimento de proximidade que pode tornar um escritor "um homem de seu tempo e de sua pátria", independentemente do tema e da temática em questão. criar independência". “.

Por exemplo, sua análise mostra moderação em seu apreço pelo indianismo e pelo estilo europeu. No entanto, alguns vestígios de apreço pela escrita clássica devem ser notados. Isso é perceptível em O Teatro e A Língua. "Hoje, quando o gosto do público atingiu os extremos da decadência e da distorção, não há mais esperança de que alguém se sinta chamado a criar obras de arte difíceis." Sem dúvida, Machado deixou aqui um provável descontentamento com o privilégio cada vez menor do teatro na época. Mas, para equilibrar sua análise, não esqueceu de citar as peças de seu amado José de Alencar, talvez para "salvar" a imagem da cultura brasileira que ele mesmo contribuiu para manchar os contornos anteriores.

Machado de Assis nunca pareceu barato. Ele é moderado em apontar erros e citar qualidades existentes na escrita brasileira. Acima de tudo, pode transmitir a esperança de que num futuro próximo possam surgir obras mais sérias, com obras mais literárias e ainda carregadas de sentimento nacional, valorização da cor e da tradição. Sistema do Brasil.

O AUTOR

Biografia. Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras.

Análise/resenha: Esaú e Jacó, de Machado de Assis


ISBN-13: 9788508045303
ISBN-10: 8508045301
Ano: 1904 / Páginas: 192
Idioma: português
Editora: Ática

O título é extraído da Bíblia, remetendo-nos ao Gênesis, é à história de Rebeca, que privilegia o filho Jacó, em detrimento do outro filho, Esaú, fazendo-os inimigos irreconciliáveis. A inimizade dos gêmeos Pedro e Paulo, do romance de Machado, não tem causa explícita, daí a denominação de romance "AB OVO" (desde o ovo). É o romance da ambigüidade, narrado em 3ª pessoa, pelo Conselheiro Aires. Pedro e Paulo seriam "os dois lados da verdade". À medida que vão crescendo, os irmãos começam a definir seus temperamentos diversos: são rivais em tudo. Paulo é impulsivo, arrebatado, Pedro é dissimulado e conservador - o que vem a ser motivo de brigas entre os dois. Já adultos, a causa principal de suas divergências passa a ser de ordem política - Paulo é republicano e Pedro, monarquista. Estamos em plena época da Proclamação da República, quando decorre a ação do romance. Até em seus amores, os gêmeos são competitivos. Flora, a moça de quem ambos gostam, se entretém com um e outro, sem se decidir por nenhum dos dois: é retraída, modesta, e seu temperamento avesso a festas e alegrias levou o Conselheiro Aires a dizer que ela era "inexplicável". O conselheiro é mais um grande personagem da galeria machadiana, que reaparecerá como memorialista no próximo e último romance do autor: velho diplomata aposentado, de hábitos discretos e gosto requintado, amante de citações eruditas, muitas vezes interpreta o pensamento do próprio romancista. As divergências entre os irmãos continuam, muito embora, com a morte de Flora, tenham jurado junto a seu túmulo uma reconciliação perpétua. Continuam a se desentender, agora em plena tribuna, depois que ambos se elegeram deputados, e só se reconciliam ao fim do livro com novo juramento de amizade eterna, este feito junto ao leito da mãe agonizante. 

Ficção / Literatura Brasileira / Romance / Suspense e Mistério

ANÁLISE

Esaú e Jacó foi um romance publicado em 1904, na época foi considerado um livro de Segunda linha de Machado de Assis, comparando com outros publicados anteriormente. Os críticos da época achavam que o autor neste romance teria suavizado o seu realismo tornando o menos explicito e contundente diminuindo com isso, o seu humor acido, e seus criticas mortas da sociedade do seu tempo e o seu homem burguês.

Hoje, porém já se admite que esse romance é o mais bem elaborado de Machado e o de mais difícil compreensão e interpretação. Neste livro o autor se considera apenas o editor do romance na verdade o escritor é o conselheiro Aires no qual é personagem do livro e narrador da historia. Nesta obra nota-se claramente que a narrativa vem sendo feita por um narrador esterno a historia, ou seja, que não atua como personagem, que sabe tudo sobre a vida externa e interna dos personagens e que de cima tem a visão total da sociedade e dos lugares onde ela se move.

Ele chega a ponto de falar do conselheiro em 3º pessoa, ao qual o próprio Machado (editor fictício) apropria-se da narrativa e torna-se narrador e personagem fazendo a invenção de si mesmo. Muitos críticos consideram o conselheiro Aires um autohego de Machado de Assis, ou seja, seu dublê, um porta voz de sua opiniões. Nesta linha de raciocínio posso dizer que Machado é o autor real e conselheiro Aires autor fictício e personagem.
No romance Esaú e Jacó percebe-se bem que foi escrito sob a visão de mundo do Conselheiro e os fatos são contados através de seu ponto de vista e sua posição ideológica que é fundamentada na narrativa, ele é quem opina sobre a significância da matéria narrada, mesmoque não possa esclarecer todos os enigmas. Podemos dizer que em Esaú e Jacó, Machado de Assis Inovou o elemento mais importante da narrativa o narrador algo novo para o seu tempo, traços de sua modernidade.

BIOGRAFIA
Nascido no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, filho de mulato em uma sociedade ainda escravocrata, paupérrimo, sofrendo de gagueira e epilepsia, nada indicaria que Joaquim Maria Machado de Assis teria, ao morrer em 1908, um enterro de estadista, seguido por milhares de admiradores pelas ruas da cidade em que nasceu, viveu e morreu. Autodidata, aos 15 começa a trabalhar em tipografias, onde conhece escritores importantes, como Manuel Antônio de Almeida. Em 1855 inicia sua carreira literária com a publicação de um poema na revista Marmota Fluminense. Consegue, logo depois, um emprego na Secretaria da Fazenda. Trabalha a vida toda na burocracia, na qual vai galgando posições até ser Ministro substituto. Mas a carreira burocrática é apenas uma forma de ganhar o sustento, ainda que humilde, que o possibilita escrever. Contribui com diversos jornais e revistas e, com a publicação de seus livros de poesia, contos e romances, só vai ganhando em notoriedade e respeito. Em 1869, casa-se, enfrentando grave preconceito racial da família, com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais. Em 1876, antes mesmo de publicar a parcela de sua obra mais significativa, já é considerado, na companhia de José de Alencar, um dos maiores escritores brasileiros. Em 1881 inicia a publicação dos seus romances realistas. Em 1896 é um dos principais responsáveis pela fundação da Academia Brasileira de Letras, do qual é eleito presidente vitalício. Em 1904 morre Carolina. Quatro anos depois, Machado de Assis, consagrado como o maior escritor brasileiro, é enterrado com pompa no Rio de Janeiro. O mulato paupérrimo do Morro do Livramento tornara-se um dos homens mais respeitados do país.

O poeta

Machado de Assis iniciou sua carreira literária como poeta. Seu livro de estréia foi Crisálidas (1864), que lhe conferiu imediata notoriedade. Embora sua poesia esteja muito aquém da prosa que o imortalizou, nunca deixou de escrever poemas. Em 1870 lança Falenas, em 1875, Americanas  e, em 1901, as suas Poesias Completas, que ainda não incluem um dos seus mais famosos poemas, o belo soneto A Carolina, escrito após a morte da esposa, em 1904.

O cronista

Seguindo a linha dos textos de Ao Correr da Pena, de José de Alencar, Machado de Assis contribuiu durante toda a sua carreira com textos breves para jornais, em que comenta os mais variados assuntos da vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves, de temática cotidiana, podem ser considerados os precursores da crônica moderna, em que se haveriam de destacar, no século seguinte, escritores como Rubem Braga, Fernando Sabino e Carlos Drummond de Andrade. A produção do Machado cronista se inicia já em 1859 e se estende até 1904, com raras interrupções. Sua produção mais madura foi publicada nas colunas do jornal  Gazeta de Notícias, em que contribui de 1881 a 1904: Balas de Estalo (1883-1885), Bons Dias! (1888-1889) e principalmente em A Semana (1892-1897).
 
O crítico
Também para os jornais, Machado de Assis escreveu durante toda a vida textos críticos. Sua produção infindável envolve ensaios teóricos, como O passado, o presente e o futuro da nossa literatura (1858), O ideal do crítico (1865) e Notícia da atual literatura brasileira - instinto de nacionalidade (1873), diversas resenhas críticas importantes, como aquela ao livro O Primo Basílio, de Eça de Queirós (1878) e inúmeras críticas de teatro.
 
O contista
Muitos das centenas de contos que Machado de Assis escreveu ao longo da vida se perderam, com o desaparecimento dos números dos jornais em que foram publicados. Outros estão apenas agora sendo republicados em livro. Sua versatilidade como contista é imensa. Escreveu tanto para os jornais mais sentimentalóides quanto para publicações seriíssimas. A qualidade dos contos varia de acordo com a publicação e o público leitor a que se destinavam. Entre as coletâneas de contos que publicou, destacam-se Papéis Avulsos (1882), com o grande conto, ou novela, O Alienista, Teoria do Medalhão e O Espelho, e Várias Histórias (1896) em que se encontram, entre outras obras-primas da concisão e do impacto narrativo, A Causa Secreta, A Cartomante e Um Homem Célebre.

CONTEXTO SOCIAL
AUTOR
Machado de Assis foi um dos mais geniais escritores. Prolífico, produziu crônica, poesia, contos, romances, crítica e peças de teatro. Seu estilo é marcado pela ironia, pela digressão, metalinguagem e profunda análise psicológica, mergulhando na alma humana e revelando seus cantos mais escuros e ocultos.
Destacou-se principalmente como contista e romancista. Entre seus mais famosos romances destacamos Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, D. Casmurro. Entre os livros de contos, vale citar Papéis Avulsos, Histórias sem Data, Várias Histórias e Relíquias da Casa Velha

OBRA

A obra esta inserida em uma época de grande divergência política, de um lado as pessoas que eram republicanas e de outro os monarquistas. E numa ascensão rápida de uma burguesia industrial ascendente no qual o autor conhecia muito bem, e os fazendeiros barões do café em grave crise, os quais ocasionam grandes conflitos políticos.
A historia se passa no Brasil durante a sua proclamação da republica em que os ideais políticos vindos da Europa, principalmente da França se deparam juntamente com a cultura e as crendices deste país.
Os personagens são burgueses vivem dentro do contexto político brasileiro.
O autor da um duplo sentido na obra indo do realismo até o irrealismo total, nem tudo que está escrito é o espelho fiel e exato da vida real, e o autor não faz questão que seja, e nem tenta explicar porque.

RESUMO

O título é extraído da Bíblia, remetendo-nos ao Gênesis, é à história de Rebeca, que privilegia o filho Jacó, em detrimento do outro filho, Esaú, fazendo-os inimigos irreconciliáveis. A inimizade dos gêmeos Pedro e Paulo, do romance de Machado, não tem causa explícita, daí a denominação de romance "AB OVO" (desde o ovo).
É o romance da ambigüidade, narrado em 3ª pessoa, pelo Conselheiro Aires. Pedro e Paulo seriam "os dois lados da verdade". À medida que vão crescendo, os irmãos começam a definir seus temperamentos diversos: são rivais em tudo. Paulo é impulsivo, arrebatado, Pedro é dissimulado e conservador - o que vem a ser motivo de brigas entre os dois. Já adultos, a causa principal de suas divergências passa a ser de ordem política - Paulo é republicano e Pedro, monarquista. Estamos em plena época da Proclamação da República, quando decorre a ação do romance.
Até em seus amores, os gêmeos são competitivos. Flora, a moça de quem ambos gostam, se entretém com um e outro, sem se decidir por nenhum dos dois: é retraída, modesta, e seu temperamento avesso a festas e alegrias levou o Conselheiro Aires a dizer que ela era "inexplicável". O conselheiro é mais um grande personagem da galeria machadiana, que reaparecerá como memorialista no próximo e último romance do autor: velho diplomata aposentado, de hábitos discretos e gosto requintado, amante de citações eruditas, muitas vezes interpretam o pensamento do próprio romancista.

As divergências entre os irmãos continuam, muito embora, com a morte de Flora, tenham jurado junto a seu túmulo uma reconciliação perpétua. Continuam a se desentender, agora em plena tribuna, depois que ambos se elegeram deputados, e só se reconciliam ao fim do livro com novo juramento de amizade eterna, este feito junto ao leito da mãe agonizante.

CRITICA
DIÁRIO DO NORDESTE

Dos escritores brasileiros, poucos podem se comparar ao mestre do Realismo, Machado de Assis. Sua prosa recheada de ironia, ceticismo e crítica aos valores burgueses é imortal e universal. Um dos clássicos da chamada primeira fase de Machado, “Helena”, obra-prima lançada pouco antes dos três livros que marcaram o realismo machadiano - “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Don Casmurro”, “Helena” faz parte da série Clássicos para o Vestibular do Diário do Nordeste, lançada pela editora ABC e indispensável para responder as questões de literatura e português de qualquer vestibular. “A trama do romance é acidentada, constituindo uma exceção na sobriedade dos enredos machadianos”, explica Vera Moraes, mestre em teoria da literatura e professora-assistente do Departamento de Literatura da UFC. “É sua única narrativa longa romanesca e pode, do ponto de vista da surpresa e do suspense, ser considerada uma obra bem realizada”. O livro conta às desventuras da personagem título, uma moça pobre que o destino coloca como falsa herdeira de uma família rica. Ela sustenta o equívoco, mas não consegue tirar proveito da situação e apaixona-se por Estácio, seu suposto irmão. Decorre daí um enredo envolvente. A história passa-se na chácara do Conselheiro Vale, no bairro da Tijuca.
Pode-se resumir o romance “Helena” como um retrato da família patriarcal brasileira. Tanto cultiva a dignidade pessoal e toda sorte de valores espirituais, no que é auxiliado pela Igreja Católica, como a escravidão e as desigualdades sociais, mantidas pela mesma Igreja. A personagem principal é a mulher romântica por excelência e personagem condenada por antecipação, fatalmente fadada a intrometer-se de maneira equivocada na família.
Carioca, o mulato Machado de Assis nasceu no Morro do Livramento, em 1839. Passou sua infância na chácara de sua madrinha onde seus pais eram agregados. Após a morte da irmã e da mãe, o pai casa-se com Maria Inês e muda-se para São Cristóvão. Segundo críticos literários contemporâneos, o mito de que o escritor era gago, tinha sífilis e era extremamente pobre não se sustenta. Como também é inconsistente a tese de que teria aprendido francês com um forneiro de padaria. A rua e a padaria não existiram.
Após 1872, Machado iniciou sua obra romanesca, com “Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena” e “Iaiá Garcia”. Mesmo presos ainda à linguagem que caracteriza o Romantismo, já nesses escritos pode-se encontrar temas constantes em Machado: o interesse de ascensão social a todo custo e a crítica da moral burguesa. Em 1881, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi publicado, sendo posteriormente considerado o marco zero do Realismo. Vieram então “Quincas Borba” e “Don Casmurro”. Nesses três o tema central é o pessimismo corrosivo e a hipocrisia social. Nesse sentido, Machado criou uma galeria de tipos inesquecíveis, para quem o interesse é a mola mestra do mundo.
Paralelo aos livros, Machado também era um mestre da crônica e do conto. Nos últimos livros, de acordo com a crítica, “Esaú e Jacó” (1904) e “Memorial de Aires” (1908), predomina a sobriedade, o apaziguamento, a inexistência da ironia e do pessimismo e, sobretudo no último, temos de maneira sensível a noção do tempo que passa, a memória proustiana que é despertada pelos pregões da rua, e que ilumina a vida do narrador Aires.

CRÍTICA
PROF. TEOTÔNIO MARQUES FILHO
Ao estudar a obra de Machado de Assis, a crítica divide-a em duas fases bem distintas cujo marco delimitado é o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881. Até essa data, a obra machadiana é marcadamente romântica, onde sobressaem poesia, contos e os romances Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e laiá Garcia (1878).
  A partir de 1881, com a publicação das Memórias, Machado de Assis muda de tal forma, que Lúcia Miguel Pereira, chega a afirmar que “tal obra não podia ter saído de tal homem”. A partir daí, “Machado liberou o demônio interior e começa uma nova aventura”: a análise de caracteres, numa verdadeira dissecação da alma humana. É a segunda fase - fase marcadamente realista, sem a qual “não teríamos Machado de Assis”.
  Além de contos, poesia, teatro, crítica, integram essa fase os romances seguintes, entre os quais está o nosso Esaú e Jacó (1904): Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908), seu último romance.
  Criticamente, Esaú e Jacó não é o melhor romance de Machado de Assis, chegando Massaud Moisés a colocá-lo como “um declínio”, principalmente se comparado aos outros romances da segunda fase: “Esaú e Jacó é simples, mas simples por fora e por dentro”, conclui o crítico.
  Entretanto, vale a pena ler o livro não só pelas virtuosidades do estilo de Machado de Assis como pela história narrada e outras pérolas que o escritor vai jogando ao longo do romance.
  Como já ficou situado, Esaú e Jacó se enquadra no estilo realista, o que procuraremos mostrar a seguir.

  O ESTILO DE ÉPOCA
Cronologicamente, Esaú e Jacó é um livro que surgiu nos fins do Realismo (1904), estando fora da fase áurea do Realismo brasileiro e da ficção machadiana (1880-1900). Isso quer dizer que se torna difícil enquadrar o romance nos moldes realistas, como quer a crítica, ao situá-lo na segunda fase de Machado de Assis. Talvez mais correto seria localizá-lo numa terceira fase... Além do mais, por essa época (1893), surgia um novo estilo - o Simbolismo, que, apesar de ser um movimento essencialmente poético, vai manifestar-se no livro de Machado de Assis.

CRÍTICA
MANUEL BANDEIRA
Poeta modernista e ensaísta e tradutor.Tem a sedução dos pormenores. Uma ironia displicente. Um sorriso tão discreto. E sabe ver sempre as grandes franjas de algodão que remontam os mantos de veludo das virtudes, como escreveu inexcedivelmente em A Igreja do Diabo, nas Histórias Sem Data. Machado de Assis cronista quer capturar o tempo. Sim, "o desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma", como está em Esaú e Jacó. E ele nos diz, naquele seu estilo tão dele, que há homens cujo olho "serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio" (Esaú e Jacó)
Cronista e contista se completam. Há uma perfeita unidade na sua obra. Leiam-se Papeis Avulsos , História sem data, Páginas recolhidas, Várias histórias, Memórias de casa velha, com aquelas notáveis páginas que são O espelho, O alienista, A Igreja do Diabo, Cantiga de Esponsais, Um Homem Célebre, Idéias de Cenário, Missa do Galo, Uns Braços, A Causa Secreta, Surge-se gordo!, Noite de Almirante. E leiam-se as levíssimas crônicas, em que Machado se condensa, com a sua volúpia, a sua agilidade, o seu recato. O despudor e o pudor da inteligência.
Trata com leveza os assuntos graves. E com gravidade os assuntos leves. A teoria da alma exterior se insinua no cronista, a da equivalência das janelas, a Teoria do Medalhão, tudo aqui está, maliciosamente, gracejantemente, entre um bocejo e um piparote, com a leveza absoluta da imponderabilidade total.
E mistura tudo. E faz a sua salada. Muito à maneira de Montaigne, um falar simples e espontâneo, tal no papel como na boca, suculento e nervoso. Breve e denso, longe de afetação a artifício, desordenado, descosido e audaz. Um humor ávido de coisas desconhecidas, de coisas novas.

Um mozartiniano. A graça. A desenvoltura. Um não sei quê de trêfego. Uma vivacidade quase excessiva. Há o divertimento e há o delírio. As desconexões desaparecem. Tudo se aproxima. "Unidade impalpável e obscura."

Podemos dizer que Machado de Assis é a mais alta expressão do humorista brasileiro. A mais autêntica. Ele e Nabuco representam as expressões mais nítidas desse humanismo universalista brasileiro, que tem no Dom Casmurro e na Minha formação – ambos de 1900 – as suas imagens mais puras. Graça Aranha os aproximou na sua página mais bela, o prefácio enternecido e objetivo à Correspondência entre Machado e Nabuco, que ele conhecera tão bem.

O paralelo entre os dois amigos – um mais moço dez anos que o outro – nos lança em cheio naquela atmosfera de aticismo do Segundo Reinado, de que eles foram projeções aladas na República dos Conselheiros.
Escreve com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, como ele próprio disse nas Memórias Póstumas. Elíptico e reticente.

Machado de Assis:
Em seus contos, crônicas e romances, certos temas aparecem com bastante freqüência:
1-  a relatividade dos conceitos morais
2-  o tédio
3-  a transitoriedade da vida
4-  a loucura (como o Alienista)
5-  a vaidade
6-  a inconstância do ser humano
7-  a predominância do mal sobre o bem
8-  o adultério (tema suposto em Dom Casmurro)
9-  a contradição entre a aparência e a essência
10-  a inconstância do ser humano.

ANALISE DA OBRA
O texto literário realiza-se como um espaço no qual se cruzam diversas linguagens, variadas vozes, diferentes discursos. O procedimento pelo qual se estabelece esse múltiplo diálogo é a intertextualidade. Ora, as vozes que se cruzam nesse espaço intertextual são vozes diferentes e às vezes opostas - caracterizando-se portanto o fenômeno da polifonia.
O romance Esaú e Jacó é rico nesses dois procedimentos. Sirva de modelo o capítulo I. Natividade e sua irmã Perpétua sobem o Morro do Castelo para consultar Bárbara, a cabocla vidente. Essa motivação e a cena da entrevista com a adivinha caracterizam o discurso mítico, a esfera da religiosidade e da crendice. Nesse caso, relacionado a um contexto popular. Mas o narrador faz referência a Ésquilo, considerado o criador da tragédia grega, a sua peça As eumênides e à personagem Pítia, sacerdotisa do templo de Apolo que pronunciava oráculos. Temos aqui novamente o discurso mítico, só que agora no contexto da antiguidade clássica, ambientado na sofisticada Grécia.
A referência ao teatro, por sua vez, remete a uma outra linguagem, e temos então a voz narrativa do romance dialogando com a voz da personagem teatral.
Observe-se, ainda, que durante a consulta, lá fora o pai da advinha tocava viola e cantarolava "uma cantiga do sertão do Norte" - portanto, outra voz / outro discurso se cruzando com os demais: a música e a poesia sertaneja.
E assim vamos encontrar ao longo do romance inúmeras referências, alusões, citações (inclusive em francês e latim), situações... - relacionadas com a Bíblia, com personagens famosos do mundo da política, da literatura, do teatro, da filosofia, da mitologia.
É bom salientar que um dos procedimentos intertextuais mais curiosos é o fato de, com certa freqüência, o narrador transcreve trechos do romance Memorial de Aires - uma espécie de diário do diplomata aposentado, e que ainda não havia sido publicado!

CONCLUSÃO

A obra Esaú e Jacó de Machado de Assis foi uma obra significativa para a leitura e importante por trazer traços de uma historia passada a muito tempo atrás, mas que transformada e trazida para os novos tempos mostra que outras historias ou romances passados podem servir como exemplo e modelo para os nossos dias.
Esaú e Jacó ou Pedro e Paulo mostram as divergência que acontecem entre irmãos, famílias e na política, como Machado de Assis utilizou a obra em relação a Esaú e Jacó duas nações divididas assim Pedro e Paulo por dois partidos distintos e opostos um ao outro.
No romance Esaú e Jacó percebe-se que podemos ter pontos significativos de passado e trazidos para a atualidade.

Resenha

Em Esaú e Jacó machado de Assis conta a historia de dois meninos gêmeos que tem uma inimizade, desde o útero e sem motivo aparente, parecido com a historia da Bíblia em que Rebeca privilegia o filho Jacó em detrimento ao outro filho Esaú, o qual segundo o autor e que deu origem ao nome do livro.
O romance da ambigüidade, narrada em 3ª pessoa, pelo Conselheiro Aires, o qual é autor e personagem do livro, ele mostra durante toda a narrativa, os dois lados da verdade tanto de Pedro como a de Paulo.
Os dois Personagens à medida que vão crescendo, começam a definir seus temperamentos, rivais em tudo. Paulo é impulsivo progressista e já na idade adulta se torna Republicano, Pedro é dissimulado e conservador e na idade adulta se torna Monarquista. Não podemos deixar de lembrar que esta historia acontece em plena Proclamação da republica.
Até no amor os gêmeos são competitivos, os dois gostam da mesma mulher. Flora moça indecisa que não sabe com quem quer ficar, e não consegue se decidir por nem um dos dois, a qual o conselheiro Aires descreve como “inexplicável”.
Neste livro o autor faz uma critica, as divergências políticas da época, e que dois irmãos, gêmeos, filhos da mesma mãe “Brasil”, briguem tanto por coisas bobas e sem explicação.
As brigas e as diferenças de opiniões dos dois irmãos seguem embora tenha jurado junto ao tumulo de sua mulher amada (Flora), uma reconciliação eterna, mas eles continuam a se desentender, eleitos deputados um por cada Partidos, agora os seus desentendimentos partem para as tribunas, acabam se reconciliam novamente no leito agonizante de sua mãe, o que não dura muito tempo. E segue suas divergências até o final do livro.
O autor do livro deixa bem claro o seu estilo contemporânea, o qual é um dos primeiros escritores a escreve um romance em terceira pessoa, mostrando as mazelas da sociedade, e da política do Brasil da época da Proclamação da Republica, o autor não fez questão de explicar as coisas, ele descreva as coisas daquele modo porque são assim, e não tem explicação, por isso não as tenta explicar.

Resenha: O alienista, de Machado de Assis


ISBN-13: 9788502065673
ISBN-10: 850206567X
Ano: 2007 / Páginas: 108
Idioma: português
Editora: Saraiva

As crônicas de Itaguaí, contam que viveu ali em tempos remotos um certo médico o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza do lugar e o maior dos médicos do Brasil, Portugal e Espanha. Com o fim de estudar a loucura, ele trancafia no asilo que construíra e dera o nome de Casa Verde, um quinto da população da vila. Para ele o normal seria algo homogêneo repetido ao infinito, qualquer pessoa com um gesto ou pensamento que fugisse a rotina era objeto de seus estudos. A população aterrorizada se revolta, e aí outros tantos passam a morar no asilo. Mas, Simão Bacamarte tão atento às estatísticas, lembra que a norma está sempre com a maioria, e que é esta afinal quem tem razão. Refaz a teoria, solta os recolhidos e sai ao encalço daqueles poucos que, possuíam coerência moral. Em pouco tempo ele cura a todos, ninguém mais possuía nobres sentimos morais. Só um. Ele o próprio alienista era o único digno de ser trancafiado na Casa

RESENHA

“O cientificismo é uma religião tanto quanto as que essa crença pretende combater.” (ROUDINESCOU, 2000, p. 60)


O livro “O Alienista” de Machado de Assis conta a história de um médico chamado Simão Bacamarte, amante da ciência que vive na cidade de Itaguaí no interior. Simão era casado com D. Evarista, casamento que, segundo ele, foi feito porque D. Evarista, apesar de não ser bonita, tinha as características que ele considerava necessárias para produzir bons filhos, mas eles não o tiveram. Passaram-se um ano, depois outro e depois outro, mas os filhos não vieram.

Simão Bacamarte, então, começa a estudar as questões dos males psíquicos. Consegue um apoio do governo para criar uma casa que abrigasse os loucos da cidade. Esta casa, por ter janelas verdes, é chamada de casa verde. Simão Bacamarte passa muito tempo estudando seus loucos e a esposa começa a se preocupar. Mas Simão a manda ao Rio de Janeiro para fazer compras e se distrair.

A questão é que, enquanto D. Evarista está fora, Simão Bacamarte passa a considerar, baseado em seus estudos, que várias pessoas são doentes ou loucos. A casa verde fica lotada. Simão Bocamante começa a ser visto com desconfiança pela população. A esperança deles é que quando D. Evarista voltasse da sua viagem pudesse dar um jeito na situação e acalmar o alienista. Assim, deu-se uma grande festa em sua volta, mas não atendeu ao desejo da população, pois D. Evarista apenas se preocupava com seus vestidos e objetos que trouxe do Rio. Tanto que, em pouco tempo, até mesmo ela se encontrava na Casa Verde. A situação chegou a tal ponto, que se instaurou em Itaguaí uma revolta chama de a revolução dos canjicas. Eles foram à rua pedindo a morte do alienista, que as pessoas fossem libertadas e a Casa Verde destruída. Foram liderados pelo açougueiro, mas a revolução mudou de rumo e terminou com o açougueiro no poder.

Porém, quando ele assume o comando, não cumpre com os ideais da revolução dos canjicas e firma um acordo com o alienista, contrariando todos os desejos da população. Mas, depois, ele também é destituído do cargo e volta à função de açougueiro. Depois disto, o alienista toma uma atitude considerada inesperada. Ele segue até o prédio da prefeitura e diz que vai soltar todos os que residem na Casa Verde e destituir-lhes os valores pagos pelas estadias. Ele alega que havia errado que os loucos não eram pessoas que tinham comportamentos estranho, mas sim quem tinha uma postura reta e, assim, eram eles que deveriam ir para a Casa Verde.

A reviravolta da história do alienista teve o mesmo efeito que a situação anterior. Logo muitos estavam enclausurados na casa verde por serem “ajuizados demais”. O que não foi muito complicado de se consertar. O alienista deixava eles em situações que faziam com que algum desequilíbrio fosse desencadeado e, então, eram considerados curados.
Ao final da história, Simão Bacamarte tem um insight e ele mesmo é internado na Casa Verde. Dizia-se ajuizado, um cara de bom senso, chegou até a perguntar aos conhecidos e amigos seus defeitos. Estes, já esquecidos do seu ato de internar praticamente a cidade inteira na Casa verde, disseram-lhe que não possuía defeitos. Assim, morreu o alienista: trancado na Casa Verde e se dedicando ao estudo de sua própria cura.

A Psicologia é, muitas vezes, definida como uma ciência diferente das demais. Há quem alegue que isto não está certo, que ela é igual a todas as outras e há quem alegue que nem ciência ela é, mas, se ficarmos do lado de que ela é uma ciência, é muito mais preferível que defendamos que seja uma ciência diferente. A Psicologia, quando enquadrada nos moldes de quem define, normatiza e cataloga, perde por completo seu aspecto mais essencial, o de que é uma ciência humana, porque lida com humanos. Skinner (1981) defende que o homem é um objeto como outro qualquer, que a ciência pode estuda-lo como a qualquer átomo ou estrutura. Posição ingênua essa. Ingênua porque não importa como abordamos o homem, sempre parece nos escapar algo, algo que quando parecemos estar perto o suficiente para encará-lo face a face, foge. Sempre há um aspecto para ser visto, uma palavra para ser ouvida e uma vida para ser sentida. Este algo, para Freud (1915) é o inconsciente. Este por si só é inabordável, fugitivo, mas fundamental para entender a cisão que parece acompanhar o homem do dia do seu nascimento ao dia de sua morte.

Todas as tentativas de estabelecer padrões, entender os determinantes ou enclausurar a loucura humana em uma categoria que implica necessariamente em um padrão de ser humano, terminaria, ou igual ou parecido, a história de Machado de Assis. Por que, afinal, o que é ser humano? Como ser homem? Quem pode responder a isso sem nem mesmo quem o é sabe? Estamos, a cada momento, nos criando e recriando. Cada qual, a sua maneira, cria sua categoria de louco ou não louco, normal ou patológico. A Psicologia, mais especificadamente a Psicanálise, surge para ouvir quando essas definições não são suficientes, para tentar captar o vulto do inconsciente que é deixando quando este, que detém as verdades, insiste em nos deixar com as mentiras.

Resenha: Memória Póstuma de Brás Cubas, de Machado de Assis

É após a morte que Brás Cubas decide narrar suas memórias. Nesta condição, nada pode suavizar seu ponto de vista irônico e mordaz sobre uma sociedade em que as instituições se baseiam na hipocrisia. O casamento, o adultério, os comportamentos individuais e sociais não escapam à sua visão aguda e implacável, nesta obra fundamental de Machado de Assis.

ISBN-13: 9788572322942
ISBN-10: 8572322949
Ano: 1999 / Páginas: 224
Idioma: português
Editora: Principis

RESENHA

MACHADO, Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ed, 2009. Brás Cubas é um defunto autor que resolve escrever sua história depois de morto, contando de forma irônica suas regalias e privilégios da elite de sua época.
A obra é dividida em mais de cem capítulos, não obedecendo a mesma regra dos outros romances, pois a mesma não apresenta (início, meio e fim) sem seguir uma ordem temporal, a sua morte é contada antes do seu nascimento. Narração em primeira pessoa Brás Cubas é o narrador e ao mesmo tempo observador e protagonista de sua história.

O livro nos surpreende com um defunto autor que resolve depois de morto escrever sobre sua vida. Ele começa dedicando suas memórias ao primeiro verme que roeu seu cadáver. O autor fala de sua infância e seus privilégios patrocinados pelos seus pais. Em sua juventude teve um caso com Marcela, uma prostituta de luxo no qual Brás Cubas fala que lhe amou por quinze meses e onze contos de réis. Apaixonado por Marcela Brás Cubas gasta o dinheiro de seu pai lhe dando presentes caros. Seu pai tentando acabar com essa situação resolve mandar o filho para Coimbra na Europa para estudar.

Depois de se formar Brás Cubas volta ao Brasil e conhece Virgília seu segundo amor. Virgília era parente de um membro da corte, porém desta vez seu pai apoia o namoro dos dois com interesse na carreira política de Brás Cubas. Ele não se casa com Virgília, ela se casa com Lobo Neves e os dois se tornam amantes. Os personagens da obra são: Brás Cubas, filho abastardo da família Cubas, narrador da história; Virgília o grande amor de Brás Cubas; Marcela que foi seu amor na adolescência; Eugênia outra namorada do autor a qual não foi levada a sério; Nhã Lo Ló pretendente de Brás Cubas mas morre aos 19 anos de febre amarela; Lobo Neves marido de Virgília e político; Quincas Borba seu amigo de infância; Dona Plácida representante da classe média e Prudêncio que foi escravo de Brás Cubas na infância.

Esse romance é caracterizado pelas não realizações de Brás Cubas, nascido em família rica da classe burguesa, mas teve poucas realizações. Brás Cubas não se casa, não consegue concluir o empasto e não tem filhos. Mas o diferencial da obra é exatamente às suas não realizações.

Esta obra machadiana revolucionou o romance brasileiro, escrita em 1880 faz parte do período literário do Realismo. O Realismo é uma reação contra o Romantismo, novas formas de pensamento, é a crítica do homem. A obra caracteriza bem este período literário por conter claramente todos os aspectos necessários do estilo de época no qual o romance foi escrito. Uma obra riquíssima de extrema importância na composição da literatura brasileira.

Memórias Póstumas de Brás Cubas recomenda-se sua leitura para jovens que tenham concluído o ensino fundamental. A obra é uma narrativa lenta e de linguagem culta e direta. Sendo necessária conhecer o objetivo do autor e as características do estilo da época para o seu total entendimento. Por conter palavras que não estão em nosso cotidiano, palavras que não estamos mais acostumados a ouvir, sua leitura se torna um pouco mais complicada. Por isso a obra é indicada para jovens que já estejam cursando o ensino médio ou jovens que estejam acostumado com esse tipo de leitura.

Memórias Póstumas de Brás Cubas foi escrito por Joaquim Maria Machado de Assis, que nasceu no dia 21 de junho de 1839 na cidade do Rio de Janeiro. Foi um dos principais autores do Realismo brasileiro, escreveu diversas obras que fazem parte da nossa literatura dentre elas estão: “A mão e a Luva”, “Helena”, ”Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e etc. além das obras compôs poemas, contos e peças teatrais. Considerado um dos maiores gênios da história da literatura. Machado de Assis morreu no dia 29 de setembro de 1908.

Resenha: Quincas Borba, de Machado de Assis


ISBN-13: 9788594318855
ISBN-10: 8594318855
Ano: 2019 / Páginas: 240
Idioma: português
Editora: Principis

O romance trata da ascensão social de Rubião que, após receber toda a herança do filósofo louco Quincas Borba - criador da filosofia "Humanitas" - muda-se para a Corte no final do século XlX. Numa viagem de trem rumo à capital, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que percebe estar diante de um ingênuo - e agora rico - provinciano: impressão que também é compartilhada por todos os que estão ao seu redor. As desventuras de Rubião e sua relação com os amigos parasitários dão a tônica da obra, que critica o convívio social e os valores morais e éticos vigentes na época.

Resenha Crítica:
Quincas Borba, Machado de Assis

Quincas Borba foi escrito em 1891, é um livro de Romance que tem um foco narrativo em terceira pessoa é uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à sociedade a partir do comportamento de determinados personagens e tem como tema a loucura despertada através de um processo que ativa fatores ocultos e ela é composta de inicio, meio e fim bem delineados. O narrador se distancia para observar os personagens, contudo em muitas ocasiões se aproxima para fazer zombaria do leitor.

O ambiente em que o livro é escrito inicia e termina em Barbacena, Minas Gerais. Sendo que todos os fatos intermediários ocorrem na cidade do Rio de Janeiro. A sociedade sofre alteração conforme o ambiente. Em Barbacena a sociedade era uma sociedade pacata, em Rio de Janeiro estavam os maiores, a elite, e lá havia mais uma variedade de pessoas. A Corte, durante o segundo reinado, era a Capital do Rio de Janeiro, cuja a moda era ditada pela tendência Francesa.

O enredo é organizado, mas há episódios que destacam apenas um assunto, embora tenham relação entre si. O clímax se inicia quando Rubião se declara a Sofia e é rejeitado, daí em diante começam os “parasitas” a rodear seus bens. Quando Carlos Maria se introduz no contexto, isso faz com que Rubião se abale, ele começa a desejar a amada com enormes ciúmes do galanteador que a rodeava, se associa com Camacho e começa a perder dinheiro. O desfecho mostra Rubião iludido e explorado, ao fim, com sua cabeça totalmente confusa, ele desaparece e aparece em Barbacena totalmente desamparado. Recolhido por uma dona, ele falece na casa desta.

Nesta obra o mais importante é o caráter dos personagens. Eles não estão presos à trama da narrativa. Movimentam-se em um ambiente mais de reflexões do que de ação. Os personagens ficam sempre passivos, e esta força determina-lhes as ações.
O personagem principal é Rubião protagonista da história, é indeciso, volúvel, ambicioso, megalomaníaco, obsessivo, conflituoso, ciumento, ingênuo, herda uma fortuna de um amigo, Quincas Borba, em favor de cuidar de seu cão.

Joaquim Borba dos Santos conhecido como Quincas Borba, Filósofo doido, esquisito, com freqüente alteração de humor, extravagante, bom, alegre, lutava contra o pessimismo filósofo, tinha um cachorro com o mesmo apelido “Quincas Borba”. Ele herdara de um tio uma fortuna, que mais adiante é passada a Rubião.
Sofia é vaidosa, orgulhosa, dominadora, fria, ambiciosa, caráter ambivalente, frívola, sensual e dissimulada. Mulher de Cristiano se une com o marido a fim de explorar Rubião. È por ela quem Rubião se encanta e acaba sendo iludido

Cristiano de Almeida Palha é egocêntrico, bajulador, interesseiro, parasita, desonesto, astuto, capitalista e infiel amigo de Rubião, quer explorar as riquezas herdadas de Rubião. Maria Benedita é prima de Sofia que acaba se casando com Carlos Maria, homem por quem Sofia se encanta.

Maria da Piedade é irmã viúva de Rubião, na qual chama a atenção de Joaquim Borba dos Santos. Recusa a declaração do mesmo e acaba falecendo.
Carlos Maria é chamado de rival por Rubião, ele conquista o coração de Sofia, com seu típico modo galanteador. Ao final das contas, Carlos Maria casa-se com Maria Benedita, prima de Sofia. Camacho é advogado e falso Jornalista, aproveita a ingenuidade de Rubião para levar a assuntos políticos.

Quincas Borba, o cachorro: de meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto, era cachorro de Joaquim Borba de Santos, também Quincas Borba. O dono dera ao cachorro esse nome, em razão de quê se ele falecesse, o cão estaria presente para representar o dono, com o mesmo nome.

A linguagem do livro é pomposa e enriquecida com constante uso do vocabulário latino. É um livro realista, pois mostra a realidade de uma sociedade onde cada um quer ser melhor que o outro, ter mais do que o outro, retratando o homem em sua sociedade criticando seus comportamentos. A obra se concentra na filosofia de Quincas Borba “Ao vencedor, as batatas”. Que pode ser interpretada, “somente os mais fortes sobreviverão”, e Rubião, ingênuo e “fraco”, estava num meio social diferente do que ele vivia, com interesses capitalistas, os mais “fortes” tiraram proveito de sua fraqueza.

A análise psicológica dos personagens feitas por Machado de Assis é minuciosa. Nenhuma palavra, nenhum adjetivo é empregado por acaso. Ele descreve os detalhes sem ser cansativo. Esse livro expõe a teoria do filósofo Quincas Borba (Ao vencedor, as batatas!), a fragilidade psicológica de Rubião, seu relacionamento com Sofia e Cristiano Palha, enfim, a trajetória de Rubião desde que recebeu a herança do seu amigo filósofo - que lhe deixou entre as riquezas seu cão homônimo. Um bom livro, um clássico da literatura brasileira, na minha há opinião valeu a pena, pois a história relata como as pessoas abusam uma das outras sem piedade, ainda mais quando se trata de dinheiro.

Resenha: Dom Casmurro, de Machado de Assis

Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiuçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambigüidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.

RESENHA

A obra de Machado de Assis cujo nome é Dom Casmurro fala sobre um homem, Bento, que faz um livro contando sobre a sua vida, especificamente amorosa, onde fala de forma psicológica fazendo uma retrospectiva ao passado desde a infância até cerca de seus 54 anos de idade.

A história de Bento de Albuquerque Santiago ou como é mais conhecido como Bentinho, mora na rua de mata-cavalos no Rio de Janeiro toda a sua infância, seu pai faleceu quando ainda era muito jovem e vive com sua mãe Dona Maria da Glória Fernandes Santiago, seu tio Cosme e sua tia Justina e o agregado José Dias, todos os irmãos eram viúvos, tanto sua mãe, como seu tio, como sua tia.

Bentinho sempre teve uma amizade muito forte com Capitolina, mais conhecida como Capitu e mora com seus pais o senhor pádua e sua mãe Fortunata; Bentinho e Capitu são amigos de infância e quando o livro se inicia eles possuem 15 e 14 anos respectivamente e começa a florescer entre essa amizade muito forte um romance, porém esse romance era impossível aos olhos da família de Bentinho, pois ao nascer sua mãe havia feito uma promessa que se o seu filho nascesse com saúde ele iria servir à Deus, como padre, pois a mãe de Bentinho já havia perdido seu primeiro filho na gravidez.

Todos sabiam da impossibilidade de Bentinho se relacionar com alguma garota e ao ver seu filho se aproximar de Capitu D. Maria se apressa para leva-lo ao seminário. Bentinho e Capitu começam a se apaixonar até que um certo dia enquanto Bentinho observava os olhos de ressaca e oblíquos de Capitu acabam se beijando e logo depois a mãe de Capitu está no quarto em que estavam, porém Capitu tinha uma grande habilidade de disfarçar o que estava ocorrendo e agiu naturalmente a frente de sua mãe sendo que enquanto isso Bentinho não conseguia nem se mover de tão nervoso diante daquela situação.

Após o primeiro beijo entre os dois o amor entre eles floresceu e Bentinho se decidiu, mais do que nunca que definitivamente não seria padre, primeirou procurou ajuda de Capitu e depois de José Dias dizendo que gostaria de ser um advogado e que estudaria na Europa, o que era o ponto fraco de José Dias, pois amava as leis e também a Europa, através desse pedido José Dias concorda em tentar ajuda Bentinho, após José Dias, Bentinho procura sua tia Justina que também concorda em lhe ajudar. Porém Bentinho não escuta os adultos que recorre e acaba falando pra sua mãe que não deseja ir para o seminário e ela logo começa a discutir com ele e fala que ele vai sim e ponto final.

Bentinho vai para o seminário e lá conhece Escobar, que acaba virando o seu melhor amigo e depois de um tempo no seminário Bentinho com a ajuda do padre Carlos que diz para sua mãe que se colocar um órfão no lugar de Bentinho para se tornar padre não ocorrerá problema algum, e é o que acontece e Bentinho vai estudar direito na Europa após isso e com 22 anos volta para o Rio de Janeiro, porém, antes de ir, ele e Capitu fazem uma promessa que eles terão que se guardar um para o outro e se casarem. E a promessa é cumprida quando Bentinho volta ao Rio e seu amigo Escobar se casa com Sancha que era amiga de infância de Capitu.

Os dois casais eram muito unidos por suas amizades serem muito fortes e Escobar e Sancha têm seu primeiro filho primeiro que Capitu e Bentinho, depois de um tempo o filho de Capitu e Bentinho nasce, recebendo o primeiro nome de Escobar, cujo era Ezequiel e a amizade entre os casais só aumenta, Escobar vivia na casa de Bentinho e muitas vezes foi pego sozinho em casa com Capitu, uma vez Bentinho foi à uma peça de teatro e voltou antes do termino da peça e quando chegou em casa encontrou Escobar na porta de sua casa e Capitu não tinha ido por dizer que estava doente e ela mesmo afirmou para Bentinho não estar doente, que não queria era ir à peça.

Um tempo depois seu amigo Escobar morre se aventurando no mar forte e no velório de seu amigo Bentinho desconfia de que sua esposa estava o traindo esse tempo todo, e começa a perceber fatores que comprovam essa traição de Capitu, pois ele já havia encontrado Escobar nervoso em sua casa quando chegara e encontrara os dois a sós e Capitu estava a agir naturalmente, igual quando jovem quando algum adulto quase pegava ela aos beijos com Bentinho; Seu filho, Ezequiel era a cara de Escobar, era idêntico e também Escobar vivia na casa de Bentinho sozinho com Capitu. Dentre esses fatores Bentinho começou a acusar Capitu de estar o traindo com o falecido Escobar, com isso ele tenta matar "seu" filho envenenando sua bebida, porém não possui tamanha coragem de fazer isto.

Bentinho, Capitu e Ezequiel vão para Suíça, para poderem se distanciar um pouco destes fatos e Bentinho se separa de Capitu e volta ao Brasil. Ele recebe diversas cartas de Capitu, carinhosas e tudo mais, porém não responde nenhuma e alguns anos depois seu filho Ezequiel vai visitá-lo e conta que Capitu morreu na Suíça e que estava indo viajar para a Ásia estudar as civilizações antigas e segue sua viagem, um tempo depois Bentinho descobre que seu filho morreu de febre tifóide em fora enterrado em Jerusalém.

Bentinho acabou sozinho, não se casou com nenhuma outra mulher, teve muitas aventuras amorosas, mas nenhuma conseguiu tomar o lugar da sua única amada, a senhorita Capitu, de olhos oblíquos, de ressaca.

O livro Dom Casmurro, conseguiu me surpreender, não espera que fosse um livro tão bom, eu tinha um certo preconceito por ser um livro antigo e tudo mais, porém quando comecei a ler não consegui mais parar, a história me comoveu muito e a minha crítica a história é que Capitu traía sim Bentinho, pois apesar de ela sem dúvida amar ele, ela conseguia se demonstrar feliz, mesmo estando muito triste por dentro, conseguia desfarçar muito bem as situações complicadas, era Bentinho quem sempre corria atrás de Capitu, ela nunca o procurava, Escobar vivia na casa de Bentinho, sendo que quase todas as vezes ele era encontrado sozinho com Capitu, o dia do teatro foi crucial para perceber que eles planejavam fazer algo antes de Bentinho chegar em casa, também o seu filho Ezequiel ser uma cópia cuspida de Escobar. Todos esses fatores influenciam para eu pensar desta maneira.

© all rights reserved
made with by templateszoo