Um clássico da literatura mundial, esta obra é uma poderosa denúncia a todos os tipos de injustiça humana. Narra a emocionante história de Jean Valjean ― o homem que, por ter roubado um pão, é condenado a dezenove anos de prisão. Os miseráveis é um livro inquietantemente religioso e político, com uma das narrativas mais envolventes já criadas.
RESENHA
A história se passa na França, durante a primeira metade do século XIX. Neste período, o país está imerso em um clima de profundo descontentamento social devido à restauração da monarquia na França após a queda do Império Napoleônico na Batalha de Waterloo. A Revolução Francesa de 1789 havia consolidado na sociedade a ideia de um país mais equitativo, baseado nos princípios de "igualdade, fraternidade e liberdade". A reintrodução de um sistema antiquado como a monarquia é acrescida de uma situação de extrema pobreza e desigualdade social. Neste contexto, algumas células revolucionárias começam a surgir gradualmente buscando acabar de uma vez por todas com a monarquia na França.
Os miseráveis começam com a história de Jean Valjean, um ex-presidiário que foi encarcerado por roubar um pão. Após ser libertado, ele percebe que é tratado como um pária onde quer que vá, até que o bispo Myriel o ajuda a reconstruir sua vida. Valjean adota o nome de Senhor Magdalena e se torna um bem-sucedido dono de fábrica. No entanto, ele é perseguido pelo obstinado oficial de polícia Javert, que acredita que nenhum criminoso pode se reformar.
Fantine é uma jovem pobre e bonita que se apaixona por um jovem estudante presunçoso, que a abandona logo após ela dar à luz sua filha. Fantine chama esta menina de Cosette e a deixa aos cuidados dos Thenardier para poder procurar trabalho. Os Thenardier tratam Cosette com crueldade e exigem de Fantine grandes somas de dinheiro pelo cuidado de sua filha. Após descobrirem que sua filha é ilegítima, Fantine perde seu emprego na fábrica de Valjean e é obrigada a se prostituir.
O oficial Javert prende Fantine depois dela agredir um jovem que lhe atirou uma bola de neve na blusa. Valjean intercede e leva Fantine a um hospital; após o incidente da bola de neve, ela adoece gravemente. Valjean promete a Fantine que cuidará de sua filha Cosette, mas logo descobre que um homem chamado Champmathieu foi erroneamente identificado como ele e foi condenado à prisão perpétua por ser um criminoso reincidente. Depois de refletir muito sobre isso, Valjean decide testemunhar no tribunal e esclarecer que na verdade ele é Valjean. Fantine falece e Valjean é novamente preso.
Valjean foge da prisão após cair de uma corda e resgata Cosette dos malvados Thenardier. Juntos, eles começam uma nova vida em Paris, mas logo são interrompidos por Javert, que descobre que Valjean conseguiu escapar da prisão com vida. Os dois se refugiam no convento de Petit-Picpus, e Cosette cresce para se tornar uma jovem.
Marius é um jovem rico que adora seu avô Gillenormand. No entanto, Gillenormand separou Marius de seu pai, Georges Pontmercy, devido às diferenças políticas irreconciliáveis entre os dois homens. Marius achava que seu pai o havia abandonado, mas o gentil porteiro Mabeuf revela a verdade a ele, e Marius começa a idolatrar seu pai (que já está morto). Isso resulta em uma briga entre Marius e seu avô Gillenormand, e Marius começa uma nova vida. Ele se torna amigo da sociedade revolucionária ABC e se apaixona por uma bela jovem que vê em um jardim de Luxemburgo (Cosette). Marius não consegue encontrar essa jovem novamente e fica desesperado.
Valjean e Cosette tentam levar uma vida tranquila, longe dos problemas do passado. No entanto, eles não conseguem: os Thenardier tentam extorquir Valjean sequestrando-o, mas Marius intervém e o salva. A filha mais velha dos Thenardier, Eponine, se apaixonou por ele. Marius só tem olhos para Cosette, e os dois iniciam um relacionamento quando Marius deixa um caderno com cartas de amor no jardim dela. Seu romance é interrompido quando Valjean decide que ele e Cosette devem deixar a França e se mudar para a Inglaterra, devido à agitação social.
Desesperado, Marius se junta a um levante contra o governo. Ele encontra seus amigos da sociedade ABC em uma barricada, onde estão lutando contra a polícia e o exército. Javert tentou se infiltrar em suas fileiras como espião, mas foi descoberto e amarrado a um poste. Eponine morre protegendo Marius na barricada.
Valjean, que descobriu o amor de Marius por Cosette, se junta ao grupo na barricada. Ele se oferece como voluntário para executar Javert, mas depois o deixa ir, deixando Javert desconcertado. Valjean volta justo quando o exército está sitiando a barricada. Valjean pega Marius, que está gravemente ferido, e os dois escapam pelos esgotos. Javert está esperando Valjean na saída, mas em vez de prendê-lo, ele mostra misericórdia e permite que Valjean leve o ferido Marius para um lugar seguro (Marius nunca descobre a identidade do homem que o salvou). Desgostoso e horrorizado por ter falhado em sua missão, Javert comete suicídio.
Marius se recupera de seus ferimentos e, com a bênção de Gillenormand e Valjean, casa-se com Cosette. Valjean confessou seu passado criminoso a Marius, que não consegue acreditar que o homem tenha sido um criminoso. À medida que Valjean e Cosette se distanciam um do outro, Marius e Cosette consolidam sua união. A vida de Valjean perde sentido sem Cosette e sua saúde se deteriora. No entanto, o heroísmo de Valjean é revelado para Marius quando o Sr. Thenardier, sem saber, revela que foi Valjean quem o salvou na noite em que a barricada caiu. Marius e Cosette chegam a tempo de consolar Valjean em seu leito de morte, e o idoso falece em paz, com a satisfação de ter vivido uma boa vida.
"Os Miseráveis" é uma obra-prima da literatura que aborda temas profundos como redenção, misericórdia e bondade. Victor Hugo conseguiu capturar de forma magistral a essência da natureza humana em meio a uma sociedade marcada pela desigualdade social e injustiças. A complexidade dos personagens, suas lutas internas e a evolução ao longo da narrativa são incrivelmente bem construídas, cativando o leitor do início ao fim. O enredo envolvente, os dilemas morais enfrentados pelos protagonistas e a descrição vívida da Paris da época transportam o leitor para dentro da história de forma emocionante. Uma leitura obrigatória para todos que apreciam uma trama envolvente e reflexiva.