Numa espécie de boas-vindas a Os dragões não conhecem o paraíso, Caio Fernando Abreu nos fornece um leque de possibilidades de leitura para este livro vencedor do prêmio Jabuti em 1988: “Se o leitor quiser, este pode ser um livro de contos. Um livro com 13 histórias independentes, girando sempre em torno de um mesmo tema: amor. Amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria, amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o leitor também quiser, este pode ser uma espécie de romance-móbile. Um romance desmontável, onde essas 13 peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas às outras, para formarem uma espécie de todo. Aparentemente fragmentado, mas de algum modo ― suponho ― completo.”
[RESENHA #761] Os dragões não conhecem o paraíso, de Caio Fernando Abreu
[RESENHA #492] O segundo sexo, de Simone de Beauvoir
O segundo sexo foi publicado originalmente em 1949 e consagrou Simone de Beauvoir na filosofia mundial. A obra, no entanto, não ficou datada e tornou-se atemporal e definitiva. Este boxe traz a divisão original em dois volumes. No primeiro volume, a autora aborda os fatos e os mitos da condição da mulher numa reflexão fascinante. Já no segundo, Simone de Beauvoir analisa a condição da mulher em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade.
Os dois livros aqui resenhados situam-se dentro das comemorações do cinquentenário da publicação da obra de Simone de Beauvoir – O Segundo Sexo –, o primeiro, uma coletânea de artigos de diversas autoras discutindo os capítulos que compõem a obra de Simone de Beauvoir e o segundo uma coletânea de documentos da época da publicação da primeira edição do livro de Beauvoir. As obras foram publicadas em 2004 por duas editoras de Paris e dirigidas por Ingrid Galster, professora de literatura francesa, espanhola e hispano-americana da Univertität Poderborn, na Alemanha, e especializada no impacto da obra de Simone de Beauvoir no contexto alemão; autora, também, de inúmeros textos sobre Jean-Paul Sartre.
[RESENHA #490] O auto da compadecida, de Ariano Suassuna
O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".
Ficção / Drama / Literatura Estrangeira
SUASSUNA, Ariano: O auto da compadecida. São Paulo: Nova Fronteira: 2018, 165p ISBN B07CHYVT6F
Auto da Compadecida de Ariano Suassuna combina elementos da cultura pop com automóveis medievais e livros de cordas, aproximando-se de apresentações circenses e da cultura pop em vez de cinemas modernos. Pensada para apresentar, a obra utiliza, por escrito, recursos orais regionalmente relevantes, destacando a situação do Nordeste. Os personagens da obra são simbólicos, representam mais do que indivíduos, estruturas sociais. Assim, é fácil perceber que a peça é uma crítica social, insultando os bons costumes, costumes, religião, dificuldades e costumes da sociedade nordestina.
A crítica à religião está muito presente em todas as profissões. Desde o início, na primeira fala do personagem de Palhaço, o final carece de moral religiosa: “Auto da Compadecida! O julgamento de outros canalhas, inclusive padres, padres e bispos, pelo uso de boa ação” (SUASSUNA, 1975, 2). Há um palhaço como representante do próprio escritor, que ao escrever esta peça se deparou com a questão da nacionalidade de sua igreja. Dessa forma, ele percebe que sua alma está cheia de estupidez e palavras doces, como qualquer outra pessoa.
No caso das figuras religiosas, temos o padre João, guarda da igreja e bispo. O primeiro só está interessado em ganhar dinheiro para a aposentadoria; a segunda e a terceira telas, cheias de orgulho e más intenções, ajudam a completar o quadro da igreja em ruínas que Suassuna pintou em sua obra.
O protagonista de todas as aventuras é João Grilo, um homem magro e pobre que depende da sua astúcia para sobreviver. Em algumas críticas literárias, João Grilo é frequentemente comparado a Macunaíma, personagem de Mário de Andrade, porém, ao contrário deste, João trabalha muito e ajuda seu amigo Chicó, e suas travessuras, sendo seu palhaço justificado por sua extrema pobreza.
Chicó é um típico contador de histórias. Ele é um mentiroso puro que inventa histórias para satisfazer seus próprios desejos. Trabalha com João Grilo numa padaria e juntos formam uma dupla de palhaços. Seus patrões (o padeiro e sua esposa) representam capitalistas que só estão interessados em acumular dinheiro e explorar seus trabalhadores. Completando o esquadrão capitalista está Antônio de Moraes, um fazendeiro comprometido com a violência, o medo e o dinheiro.
Também é possível analisar aspectos da cultura pop nordestina ao longo do jogo. Além das palavras, interações e jogos de ideologias sociais (extremamente pobres/ultra-ricos), o autor também inclui crenças nordestinas, como o Encourado.
Os navios de guerra são maus. Segundo a crença, ele veste todo couro, como um cowboy. Ele é um promotor e não tem piedade. No trabalho, é retratado como rival de João Grilo, mas vence no final.
Auto da Compadecida foi escrito em 1955 e continua sendo uma referência literária. Seu conteúdo condena a imoralidade religiosa, a violência humana, o racismo e as lutas pelo poder. Por ser um documento teatral e ter maioria regional, Ariano Suassuna pôde tornar públicos seus julgamentos, permitindo a veiculação de seus julgamentos.
[RESENHA #480] A Mulher desiludida, de Simone de Beauvoir
"A Mulher Desiludida" de Simone de Beauvoir é o primeiro livro da autora aqui neste espaço. Devo dizer que gostei desde o início, antes de entrar na história real. Li dois volumes de "O outro sexo" desse autor quando tinha vinte e poucos anos. Às vezes me pergunto se não é hora de reler esse livro que fez história nas décadas de 1960 e 1970.
"The Disappointed Woman" apresenta três estilos narrativos entre as histórias que Beauvoir experimentou. Diferentes modos ficcionais até certo ponto, tentando nos convencer a ver as três heroínas de diferentes ângulos. Quando a vida dessas três mulheres começa a desmoronar, tudo o que elas pensaram, pelo qual lutaram, se transforma em inimizade.
A primeira história "The Age of Discretion" é sobre uma escritora idosa que teme que a velhice limite sua criatividade na escrita. Ela não suporta que seu filho escolha um caminho diferente daquele que ela sempre pensou para ele, que é o caminho da universidade. O que se segue são lutas entre mãe e filho, esposa e marido, mãe e filha, os vários estados de espírito que podem fazer uma mulher se sentir traída ao se recusar a "ver" a verdade quando ela é apresentada. Em outras palavras, auto ilusão. E a velhice sublinha toda a história.
Em "O Monólogo", o estilo de Beauvoir assume tons amargos, as divagações de uma mulher rica que mora sozinha na véspera de Ano-Novo. Numa narrativa raivosa, implacável em relação às pessoas com quem convive e a quem acusa. Depois dos quarenta, a consciência do narrador muda quando descobrimos a terrível verdade. Apesar das situações difíceis descritas neste conto, a mudança no estilo da narrativa chama a atenção. É impressionante. Este é o resultado das reflexões noturnas de uma mãe privada dos cuidados com o filho. Uma mãe que deixa seu veneno sobre tudo e todos, que despeja ódio e vingança sobre seus parentes e seus filhos, que são suas próprias vítimas. É uma história intensa e fragmentada.
"Meu Deus! Mostre-me que existe um Senhor! Mostre-me que existe um céu e um inferno Eu andarei pelas ruas do céu com meu garotinho e minha querida filha E todos eles estarão se contorcendo nas chamas da inveja Eu assistirei eles assam e gemem eu vou rir As crianças vão rir comigo. Você me deve esta vingança, meu Deus. Eu peço que ela seja dada a mim." (página 82)
A terceira história é o título do livro "A Mulher Desiludida", escrito em forma de diário. Monique relata o declínio diário de seu casamento. Depois que o marido de vinte anos de casamento lhe conta que está tendo um caso com uma mulher mais jovem, o mundo de Monique vira literalmente de cabeça para baixo. Só um detalhe: na época em que Simone de Beauvoir escrevia essas histórias, as mulheres eram totalmente dependentes de seus maridos. Monique construiu sua vida em torno deste homem e sua vida está sofrendo com esta notícia dele. Toda a sua vida está ameaçada por esta notícia. Simone de Beauvoir escreve um relato honesto de algo que foi muito mais devastador em uma época em que as mulheres não conseguiam se sustentar financeiramente, principalmente uma mulher de meia-idade que não usufruía dos benefícios da juventude ao seu lado.
Ao lermos a história, vemos como essa mulher tenta manter um certo grau de normalidade com tudo o que está acontecendo. Simone de Beauvoir toca o coração da existência humana. Este tema é universal, em que os medos humanos, o envelhecimento, a perda, o desespero assumem algo de íntimo e pessoal. Escrito em primeira pessoa, como mencionado, a história consiste em uma série de diários de Monique, uma mulher de meia-idade cujo marido é médico trabalhador e cujas duas filhas adultas não moram mais em casa.
Quando Maurice, marido de Monique, sai de cena por completo, sentimos um lugar escuro e vazio. No quarto fechado de seu ex-marido, que eles compartilharam por tanto tempo, agora habita uma sensação de futuro solitário, que ela teme muito.
"A mulher decepcionada" de Simone de Beauvoir ainda é relevante, apesar da diferença de épocas. Uma história universal condensada em um livro maravilhoso. E merece um lugar de destaque na sua estante.
[RESENHA] O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues
ISBN-10: 8520943942
Ano: 2019 / Páginas: 160
Idioma: português
Editora: Nova Fronteira
Ficção / Literatura Brasileira
senhora dos afogados, de Nelson Rodrigues
ISBN-13: 9788520931417
ISBN-10: 8520931413
Ano: 2012 / Páginas: 123
Idioma: português
Editora: Nova Fronteira
Uma das peças mais polêmicas e provocantes de Nelson Rodrigues, Senhora dos afogados conta a trágica história da família Drummond, que vê suas mulheres morrerem afogadas no mar. Escrita em 1947, a peça foi interditada pela censura e só chegou aos palcos em 1954, causando incômodo na plateia, o que explica por que seu autor a caracterizava como “teatro desagradável” — aquele tipo de peça que sempre instiga e perturba o espectador.
Ficção / Literatura Brasileira
Pensando em como homenagear o centenário de Nelson Rodrigues (nascido em 23 de agosto de 1912), e levando em conta a multiplicidade de sua produção —romances folhetinescos, crônicas, memórias[1] —, apesar de uma certa superestimação tão ao gosto da autocentrada cultura carioca (embora ele fosse de origem pernambucana), logo percebi que seria tarefa vã dar conta de todos os aspectos.
Mesmo na área em que sua contribuição revela-se mais essencial (pois ainda é nosso maior dramaturgo), como abordar 17 peças, boa parte delas extremamente marcante, com um expressivo número de adaptações para o cinema (a maioria, horrorosa) e para a televisão? Afinal, com a sua segunda obra para o palco, Vestido de noiva (1943), ele se valeu de um experimentalismo formal que até hoje impressiona e coloca a peça entre os grandes momentos do alto modernismo (tanto que é praxe comparar seu impacto sobre o nosso teatro com o de Cidadão Kane no cinema comercial norte-americano)
E Vestido de noiva só era o início do percurso. Em uma sequência inacreditável (de 1946 a 1949), escreveu as quatro peças alucinadas e alucinantes, hoje arroladas como míticas (no segundo volume do Teatro Completo, organizado por Sábato Magaldi), que representam o lado mais radical do seu teatro: Álbum de família, Anjo negro, Senhora dos afogados e Doroteia.
A mais poética delas, possivelmente a sua obra-prima suprema, Senhora dos afogados, também é a mais comentada em anos recentes, pois os dois encenadores de maior renome do país, José Celso Martinez Correa e o grande Antunes Filho, resolveram montá-la quase que ao mesmo tempo, em 2008. O trabalho de Antunes é admirável e rigoroso, o de Martinez Correa não veria nem amarrado, pois sempre tive uma aversão incontornável pelo seu dionisismo institucionalizado (creio que até financiado por verbas públicas; assim, é fácil ser orgíaco).
Quando a peça começa, os Drummond (uma família de três séculos, com mulheres que se gabam da fidelidade conjugal: “nunca houve um adultério” por parte de uma esposa do clã[2]: “Pudor têm todas as mulheres da família”) choram a morte por afogamento de Clarinha. Ao mesmo tempo, prostitutas do cais interrompem suas atividades para lamentar o 19º. ano de impunidade do assassinato de uma das suas.Acontece que o assassino é Misael Drummond, pai de Clarinha: ele matara a “mulher da vida” com quem tivera um caso porque ela insistia em experimentar o leito conjugal antes da esposa (era o dia do seu casamento).
Antes mesmo de saber que a sua filha morrera, Misael—num banquete em sua homenagem—vê o fantasma da prostituta morta lhe aparecer, e foge da cerimônia: “Ela tornou o banquete maldito… Todos sentiram que havia uma morta entre os convidados. Eduarda, quando essa mulher apareceu, houve no banquete um cheiro de mar…”
Enquanto isso as duas Drummond sobreviventes (há uma terceira, a avó, que ficara louca ao testemunhar o crime do filho), Eduarda e Moema, mãe e filha, se digladiam em torno da questão do pudor e da honra da mulher, núcleo do universo burguês tradicional tão bem caracterizado na obra rodriguiana, hostilizando-se devido a um ódio primordial. Moema, que gostaria de viver sozinha com o pai (e por isso matou as irmãs), urde um plano de forma a fazer com que a mãe o traia com o próprio noivo, um ex-marinheiro que na verdade queria seduzi-la para se vingar do pai (de ambos, já que ele é o fruto dos amores de Misael com a prostituta assassinada)…
Estamos aqui, já pelas ligações incestuosas entre os personagens, e pela obsessão com os polos da respeitabilidade e da transgressão, no cerne das pulsões arcaicas, no primordial, nos confins do lógico, do racional, do consciente. Todas as amarras foram rompidas, e os personagens se movem num tempo verdadeiramente mítico, que só pode ser o do inconsciente. Não é a toa que a peça se aproxima das tragédias gregas, em que os clãs familiares se entredevoram num inferno de culpas e desmedidas. Evocando a mãe assassinada, o Noivo diz (respondendo à afirmação da Vizinha de que ela devia ser linda): “Muito. E não sei há quantos anos não envelhece nada; não envelhecerá nunca. A mesma idade sempre—nem um minuto a mais, nem um minuto a menos…” E ainda: “Os outros podem morrer. Tudo mais pode morrer. Menos minha mãe” (evidentemente o fato de ela já estar morta não tem a menor importância na economia psíquica do personagem).
Mas isso ainda é dizer pouco, uma vez que nunca Nelson Rodrigues, nem mesmo em Vestido de noiva e Anjo negro, nem nas posteriores A falecida (1953) e Beijo no asfalto (1960), escreveu ou escreveria não apenas falas da mais absoluta beleza e precisão, nada faltando, nada sobrando, como também “deixas” de um lirismo único, que no teatro contemporâneo só se encontra talvez num Eugene O´Neill (“Só estão em cena os espectrais vizinhos. Cochicham entre si. É ainda a casa dos Drummond, sempre a casa dos Drummond”; outros exemplos: “Em cena, também os vizinhos. São figuras espectrais. Um farol remoto cria, na família, a obsessão da sombra e da luz. Há também um personagem invisível: o mar próximo e profético, que parece estar sempre chamando os Drummond, sobretudo as suas mulheres”).[3]
É lógico que as revelações bombásticas de crimes e disposições incestuosas beirariam o cômico não fosse a genialidade do autor de Toda nudez será castigada (1965), que domou o excesso com a perícia cirúrgica do seu texto. Todas as vezes que o li , não conseguia imaginar como seria no palco, que tom poderia ser adotado para não ficar como nas ridículas versões de cinema (especialmente a de Álbum de família, escrita na mesma toada), as quais resvalavam para o chanchadesco. Foi preciso esperar por Antunes Filho para constatar que sim, era possível, e que o Nelson Rodrigues de Senhora dos afogados é um ponto-limite no dizer teatral e na forma cênica.
Em tempo: a peça foi interditada pela censura em 1948, liberada apenas em 1953. Na estreia (montagem dirigida por Bibi Ferreira), um ano depois, houve vaias, e a estreante Nathalia Thimberg, aterrada com o tumulto, testemunhou o autor enfrentando a plateia. Nelson Rodrigues, longe do tom das homenagens do seu centenário, era tido então como tarado e degenerado. [4}
Resenha: O senhor das moscas, de William Golding
Um grupo de jovens é retirado de uma cidade atingida por um bombardeio atômico. Eles passam a viver numa ilha deserta do Pacífico e lá reconstituem os valores da sociedade em que viveram. Este romance é considerado a obra-prima do prêmio Nobel de 1983.
Resenha: Os irmãos Karamazov, de Dostoiévski
Crime / Ficção / Literatura Estrangeira / Romance
Rússia, século XIX. Um palco de intensos debates e conflitos sociais. O niilismo e o ateísmo são os principais elementos responsáveis pela degeneração familiar dos Karamazov, culminando na tragédia de um parricídio. O crime ocorrera há trinta anos. A vítima do crime, Fiódor Pávlovitch Karamazov, conhecido como "fazendeiro", apesar de mal freqüentar a propriedade. Um burguês mau, devasso, egoísta e pobre de espírito, que fora casado duas vezes e tivera três filhos: Dmítri Fiódorovich Karamazov, da primeira esposa, e Ivã Karamazov e Alieksiéi Karamazov, da segunda. Além da suspeita de um quarto filho, Smierdiákov, um criado imbecil que sofria de epilepsia, mas que não era tão imbecil, já que conhecia o esconderijo na casa, onde o velho Karamazov guardava o dinheiro.
Resenha: Laços de família, de Clarice Lispector
Análise: Agosto, de Rubem Fonseca
A trama se desenrola em um contexto histórico turbulento, o Brasil de 1954, marcado por uma forte crise política e social. O país está sob o governo de Getúlio Vargas, que enfrenta uma oposição cada vez mais forte. O jornalista Castilho é um dos principais críticos do governo, e seu assassinato é visto como um crime político.
O romance é dividido em 12 capítulos, que narram os diferentes passos da investigação de Mattos. O comissário é um homem experiente e perspicaz, mas a investigação é complexa e cheia de obstáculos. Mattos precisa lidar com a corrupção policial, a indiferença das autoridades e a pressão da opinião pública.
Ao longo da investigação, Mattos vai descobrindo que o assassinato de Castilho está ligado a uma série de outros crimes, incluindo o assassinato de um político, o suicídio de uma atriz e o desaparecimento de uma jovem. O comissário também vai se deparar com a violência e a corrupção que dominam a sociedade brasileira.
Agosto é um romance policial clássico, mas também é uma obra que vai além do gênero. O romance é um retrato da sociedade brasileira do século XX, com suas contradições e violência. A obra também é uma crítica ao poder, à corrupção e à falta de justiça.
Análise da obra
Contexto histórico
Agosto é uma obra que está inserida no contexto histórico do Brasil de 1954. O país está sob o governo de Getúlio Vargas, que enfrenta uma forte oposição cada vez mais radicalizada. O jornalista Castilho é um dos principais críticos do governo, e seu assassinato é visto como um crime político.
O contexto histórico da obra é importante para a compreensão da trama. O assassinato de Castilho é um evento que simboliza a crise política e social que o Brasil enfrentava na época. O romance também reflete a intolerância e a violência que dominavam a sociedade brasileira.
Narrativa
Agosto é narrado em terceira pessoa, com um narrador onisciente. O narrador acompanha a investigação do comissário Mattos, revelando os diferentes passos da investigação e os pensamentos dos personagens.
A narrativa é fluida e envolvente. O leitor é levado a acompanhar a investigação de Mattos, sentindo a tensão e o suspense da trama.
Personagens
Alberto Mattos é o personagem central da obra. Ele é um comissário de polícia experiente e perspicaz, mas também é um homem cínico e desiludido. Mattos é um dos poucos personagens que se preocupa com a verdade, e ele está determinado a resolver o caso do assassinato de Castilho.
Carlos Castilho é o jornalista assassinado. Ele é um homem honesto e corajoso, que não tem medo de denunciar os crimes do governo. Castilho é um símbolo da luta pela liberdade e pela justiça.
Outros personagens
- O coronel Sarno é o comandante da polícia. Ele é um homem corrupto e incompetente, que está disposto a tudo para encobrir o caso Castilho.
- A atriz Maria Luiza é uma mulher misteriosa que está ligada ao caso Castilho. Ela é uma personagem complexa e fascinante, que esconde muitos segredos.
- A jovem Beatriz é uma menina que desapareceu misteriosamente. Seu desaparecimento está ligado ao caso Castilho.
Temas
Agosto é uma obra que aborda uma série de temas, incluindo:
- A violência é um tema recorrente na obra. A violência está presente em todos os níveis da sociedade, desde a violência política até a violência doméstica.
- A corrupção é outro tema importante na obra. A corrupção está presente em todas as esferas do poder, desde o governo até a polícia.
- A falta de justiça é um tema que permeia toda a obra. O assassinato de Castilho é um crime impune, que reflete a falta de justiça no Brasil.
Conclusão
Agosto é um romance policial clássico, mas também é uma obra que vai além do gênero. O romance é um retrato da sociedade brasileira do século XX, com suas contradições e violência. A obra também é uma crítica ao poder, à corrupção e à falta de justiça.