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Resenha: Doze dias, de Tiago Feijó

Imagem: Arte digital /Divulgação

APRESENTAÇÃO

Um pai e um filho que não se veem há quinze anos, separados por uma indiferença mútua e persistente, rompida apenas uma vez a cada ano, quando o pai telefona ao filho para felicitá-lo pelo seu aniversário. Mas o acaso tratará de pôr fim a este frio afastamento. Certa manhã, o senhor Raul acorda com uma estranha dor que o impede de se levantar da cama; sozinho e abandonado, não lhe resta outra alternativa senão ligar para o filho e lhe pedir ajuda. Antônio viaja duzentos quilômetros com o intuito de levar o pai ao hospital e retornar à mesmice de sua vida, mas o desenrolar dos fatos o mantém por doze dias no hospital, como único acompanhante do doente, na saga em que se transformará a enfermidade inesperada daquele seu desditoso progenitor. Nas palavras do narrador, “doze dias encavalados neste único e enormíssimo dia”. Neste romance de desbravamento dos medos e das dores do outro, estes dois personagens, durante os doze dias que permanecerão juntos, terão a derradeira oportunidade de se conhecerem a si mesmos e de se perdoarem um ao outro, numa jornada em busca do tempo perdido. A desconstrução do enredo, que salta de capítulo em capítulo para dias aleatórios, salienta e expõe o labirinto afetivo do qual somos todos feitos. Ao fim deste torvelinho varado em doze dias, nem o perdão nem a vingança estarão acima do milagre da aceitação do outro.

RESENHA

Imagem: Tiago Feijó / Ed. Penalux / Reprodução

Antônio, professor de língua portuguesa, estava planejando seus dias e aulas quando recebeu um pedido inusitado do pai por telefone: a urgência e incapacidade de se locomover devido a uma forte dor abdominal provocada por uma hemorroida. Ele pensa, relutante, e deixa um bilhete avisando para a mãe sobre sua viagem em auxílio ao pai adoentado, o que traz à tona inúmeras lembranças de sua infância no interior, em uma casa repleta de anotações de seu crescimento e desenvolvimento. Ele, por horas, transita entre os cômodos, relembrando todo o ar de nostalgia provocado pela casa, sem se dar conta de que aquela decisão mudaria os rumos de sua vida e de seu relacionamento com seu pai para sempre.

Antônio dorme exausto na poltrona de um quarto hospitalar enquanto seu pai, senhor Raul, acorda atormentado pela dor e tenta sair da cama, removendo os equipamentos médicos. Determinado a levantar-se, Raul enfrenta dificuldades devido à sua fraqueza, mas consegue pôr-se de pé, apenas para perceber sua vulnerabilidade. Ele chama por Antônio, que acorda confuso e tenta ajudar o pai, mas rapidamente compreende a gravidade da situação. Apesar dos esforços de Raul para convencer o filho de que estão liberados do hospital, Antônio chama as enfermeiras. Três delas vêm em socorro, mas Raul resiste, implorando para não ser amarrado. Antônio, desolado e sem saber como ajudar, acaba afastando-se e liga para pedir ajuda, mas não consegue verbalizar sua angústia, que culmina em um choro incontido e desesperado. A narrativa deixa clara a impotência e o sofrimento de ambos, resultando na intervenção das enfermeiras para cuidar de Raul e a desesperança de Antônio, que fica desolado no corredor do hospital. Em primeira instância, podemos perceber que Antônio se encontra arrependido da viagem, até revelando sua surpresa e insatisfação com sua mãe ao telefone, uma vez que seu pai jamais mantivera contato por quinze anos, exceto, claro, pela casualidade de um telefonema nos aniversários.

Os dias passam e Antônio vê seu pai cada vez mais debilitado, sofrendo de um quadro de fístula perianal com um abscesso rompido, agravado por cirrose e diabetes, o que complica o procedimento cirúrgico e torna os planos de retornar à sua cidade cada vez mais distantes. Apesar de tudo, é nítida a preocupação do filho com o quadro clínico do pai. Quando o pai, senhor Raul, acorda, ele e Antônio têm uma conversa breve e fria, marcando a distância emocional entre os dois. O pai pergunta sobre a casa e se Antônio regou as plantas, enquanto Antônio, cumprindo suas tarefas, mostra-se distante e relutante em expressar afeto. O relato termina com os dois presos em um silêncio incômodo, com Antônio questionando sobre as coisas da casa do pai e o pai, sem responder, bebendo água para evitar qualquer diálogo.

Antônio e seu pai, Raul, passam uma noite desconfortável e abafada em uma sala de espera no hospital, enquanto aguardam pelo atendimento de Raul, que está em condição grave. Após uma noite cheia de idas ao banheiro e preocupações, Antônio acorda na manhã seguinte cansado e sem paciência, vagando pela praça em frente ao hospital e tentando ler sem sucesso. Ao retornar, descobre que o pai foi levado para exames. Antônio aguarda ansioso até que os enfermeiros chegam para transferir seu pai para a clínica cirúrgica. No novo quarto, encontram o senhor Francisco e sua esposa, Teresa, surpreendentemente recuperados e cheios de vida, causando sentimentos mistos em Antônio e seu pai. Enquanto para Antônio isso traz uma sensação de esperança, para Raul, a recuperação de Francisco parece um mau presságio. Pouco depois, Raul é chamado para a cirurgia e, após um aperto de mão com o filho, é levado. O doutor José Pedro fala com Antônio no corredor, mas Teresa, sentindo um pressentimento ruim, observa inquieta. Quando Antônio retorna, seu rosto revela que há más notícias, confirmando os temores de Teresa.
 
Enquanto reflete sobre o passado e a figura paterna, Raul reconhece que não foi um bom pai, mas pede novamente para Antônio regar as plantas, alegando que elas precisam viver. Antônio quase cede à proposta, mas se dá conta da manipulação. Raul sugere que, se necessário, chamaria a irmã de Antônio, Alice, para cuidar dele, o que irrita ainda mais Antônio, já que Alice não está presente. A história segue abordando temas profundos como negligência, ressentimento e a busca pela redenção, além de explorar as dinâmicas familiares complicadas em tempos de doença e sofrimento.

Raul então começa a se questionar sobre o motivo de nunca ter conseguido construir um amor duradouro e se entrega a lembranças dolorosas, especialmente de um caso com a amiga de Noemi, que levou ao fim de seu casamento. Agora, ele se vê dominado por um sentimento de arrependimento e saudade do que nunca viveu. Os momentos finais da partida de Francisco e Teresa são marcados por despedidas afetuosas e palavras de fé. Após a saída do casal, Raul e seu filho Antônio sentem um vazio profundo. Raul enfrenta um misto de agonia e raiva ao saber da visita de familiares no domingo, demonstrando seu rancor e resistência a qualquer forma de reconciliação ou compaixão. Este dilema moral e emocional é exacerbado pelo estado deteriorado de Raul, tanto físico quanto mental. Raul, em meio a delírios, acredita que Antônio quer se vingar por falhas passadas e insiste que ele traga sua irmã, Alice, para uma última visita. Ao tentar processar esses acontecimentos, Antônio é assaltado por sentimentos conflitantes de culpa e compaixão. No final, Raul confunde uma enfermeira com Alice e, mesmo delirante, continua suplicando por um copo d'água. A narrativa explora o tema do desespero humano frente à impotência e à inexorabilidade da morte.

Na improvisada UTI onde Antônio e seu pai, Raul, estão há quase três dias, a primeira luz do dia surge. Raul, atento ao que deixará após a morte, lamenta sua herança insignificante – bares, amigos, contas, amores perdidos, objetos triviais e memórias dolorosas. Ele questiona Antônio sobre o que deixará de lembrança, refletindo sobre seus erros e acertos. Em um gesto de vulnerabilidade, Raul revela uma grave deformidade física. Desesperado, pede a Antônio que lhe prometa não deixá-lo morrer no hospital, mas sim levá-lo de volta para seus locais de vida, como a praça, a rua ou o bar. Antônio, atordoado, faz a promessa, embora saiba que é impraticável cumpri-la.

A história segue girando em torno de um Natal melancólico vivido em uma cidade interiorana, onde as ruas estão cheias de pessoas comprando presentes, e as iluminadas decorações espalham uma ilusória sensação de felicidade e abundância. No entanto, o foco se volta para os irmãos Antônio e Alice e o bebê Bento, que estão em frente ao hospital onde o pai adoece gravemente na UTI. Alice faz a primeira visita ao pai, levando uma carta e sapatinhos de lã que nunca serão usados. Ela se emociona, mas mantém o choro silencioso para não incomodar o pai. Posteriormente, é a vez de Antônio, que inicialmente hesita, mas depois de entrar e ver seu pai, sente uma compaixão universal. Ele também deixa um talismã com o pai e se despede em silêncio. Ao retornarem e observarem a movimentação natalina e a chegada de uma jardineira decorada como trenó de Papai Noel, os irmãos se consolam, conscientes da proximidade da morte do pai. Alice sugere que voltem para casa. Antônio, após levar a irmã e o sobrinho para casa, decide passar a noite na casa da infância, refletindo sobre as sombras e os silêncios deixados pela ausência do pai, antes de cair em um sono exausto e profundo.

A história se finaliza com um enredo repleto de nostalgia. A atmosfera evocada pelo personagem-protagonista é de missão cumprida, saudade, tristeza e satisfação em concluir os últimos desejos do pai. A história criada por Feijó é um misto de emoções entre idas e vindas das memórias e lembranças de uma vida tortuosa vivida por uma família distante emocionalmente, com fortes tendências narcisistas do pai, o que o afastou de seus filhos. A iniciativa do pai em buscar uma redenção por meio do perdão dos filhos é uma válvula forte que revela que estamos sempre prontos para ir, mas sempre receosos sobre nosso legado, no caso, a ausência de afetividade familiar. Os momentos no hospital e as inúmeras visitas de amigos, parentes, filhos e netos são uma reflexão à parte, que transformam todo nosso emocional em um caminho vasto de sentimentalismo, trabalhando com proeza o sentimento de perdão evocado nas páginas. Um enredo poderoso e merecedor de diversos prêmios.

Resenha: Breve inventário de pequenas solidões, de Tiago Feijó

APRESENTAÇÃO

Depois de estrear na literatura com o livro de contos “Insolitudes” (2015), vencedor do Prêmio Ideal Clube de Literatura, e ter publicado na sequência dois romances, “Diário da casa arruinada” (2017) e “Doze dias” (2022), ambos também premiados, Tiago Feijó volta ao gênero de estreia com esta belíssima coletânea de textos curtos, pelos quais o autor busca estabelecer uma temática definida: a solidão, ou melhor, aquelas pequenas solidões às quais todos nós estamos sujeitos.  Das “insolitudes” para as solitudes, o autor mantém a mesma acuidade na escrita, o mesmo cuidado na composição primorosa das frases e dos diálogos, a mesma preocupação em permear sua prosa com achados poéticos e sutis reflexões. Pelos contos enfeixados neste novo livro, um tênue fio vai costurando as histórias, enredando o leitor em várias tramas e texturas, nas quais os personagens, sejam pessoas ou animais, são marcados por algum tipo de isolamento, de perda ou incomunicabilidade. Em outras palavras, por suas solidões, pequenas solidões. Seja o que for, uma coisa é certa: quem se aventurar nesta obra estará em ótima companhia.

RESENHA

Tiago Feijó retorna ao seu gênero inicial com uma deslumbrante coletânea de textos breves. Com ela, o autor busca criar uma temática específica: a solidão, ou mais precisamente, aquelas pequenas solidões que afetam a todos nós. Migrando das "insolitudes" para as solitudes, Tiago mantém a mesma precisão na escrita, o esmero na composição das frases e diálogos, além da constante preocupação em imbuir sua prosa com toques poéticos e reflexões sutis. Ao longo dos contos reunidos neste novo livro, um delicado fio conecta as histórias, envolvendo o leitor em diversas tramas e texturas. Seja com pessoas ou animais, os personagens enfrentam algum tipo de isolamento, perda ou falta de comunicação, manifestando suas pequenas solidões. O certo é que quem decidir explorar esta obra encontrará excelente companhia.

O conto o destino de Beethoven narra a trajetória de um pássaro conhecido cientificamente como Thraupis Ornata e popularmente como sanhaçu-rei, desde o seu nascimento na Serra do Quebra Cangalha até seu infame destino. O pássaro nasce em um ninho artesanal em uma árvore embaúba e, aos dezoito dias, lança-se para seu primeiro voo ainda com penas acinzentadas. Em busca de alimento, ele acaba caindo em uma armadilha ao tentar comer um mamão e é capturado por humanos junto com outros pássaros.

O conto solenemente narra a inquietação de Dona Quitéria, uma observadora permanente da vizinhança, ao perceber o sumiço de seu vizinho, Sr. Orvílio, e seus trinta cachorros. Inicialmente, ela estranha o silêncio absoluto vindo da casa dele, ao contrário do habitual barulho dos cães e do homem que costumava falar sozinho. Com a ajuda da vizinhança, especialmente da moça Matilda e de uma mulher chique que fornecia ração mensalmente, Dona Quitéria investiga, mas não encontra sinais do Sr. Orvílio ou de seus cães.

O conto Ele é só um menino narra um episódio da vida do protagonista, um entregador de pizzas. No começo, ele chega ao apartamento 83, onde um homem apressado pega a pizza e desaparece para buscar o pagamento. Pressionado pela demora, o entregador relutantemente entra no apartamento, que está repleto de sinais de desordem e uso de drogas. A atmosfera é tensa, com música de Mick Jagger tocando ao fundo. Enquanto o entregador aguarda, um menino mascarado de Batman e armado com um sabre de luz de brinquedo aparece e ignora-o, imerso em suas brincadeiras. O narrador reflete sobre sua vida difícil: um irmão morto em um tiroteio, uma mãe doente em casa e um trabalho mal remunerado. Ele recorda a infância com seu irmão e os problemas que enfrentaram, incluindo o envolvimento do irmão com drogas.

O condenado narra a história de um homem que, após causar um trágico acidente de carro onde duas meninas gêmeas morreram, resolve se isolar em uma velha propriedade rural. Ele chega ao sítio em uma caminhonete, tranca a porteira e estaciona seu veículo em frente à casa, que foi do seu pai. Ao olhar ao redor, ele parece absorver a natureza ao seu redor, como se estivesse se despedindo do mundo.

O conto nossos mortos descreve uma cena doméstica de uma mãe e sua filha preparando e compartilhando o almoço de domingo. A narrativa começa com a mãe cozinhando, verificando a maciez da carne assada e sentindo-se tentada pelo cheiro do tempero. A filha, enquanto isso, arruma a mesa com uma leveza quase poética, criando um ambiente de expectativa e lembrança. A filha inicia uma conversa sobre o pai falecido, lembrando como ele gostava da comida feita pela mãe e os rituais que ele tinha ao comer. A lembrança inclui o modo peculiar como ele preparava seu prato com feijão e farinha, evocando uma memória vívida e carinhosa de um hábito familiar.

O conto Dueto narra a tumultuada e trágica experiência de duas mulheres intercalada entre duas histórias de abandono, violência, e redenção através do amor e da compaixão por animais. Na primeira parte, acompanhamos uma mãe que, em uma noite de desespero, escapa de casa com os filhos e a cadela Nequinha. Papai, furioso, alega que a responsabilidade de levar a cadela é dela, chamando-a de cadela “nojenta.” Ainda presa na dor e no caos emocional, a mãe joga Nequinha para fora do carro em uma estrada solitária. A filha observa, dilacerada pela crueldade do ato e pela compreensão tardia do significado do nome Nequinha, dado pelo pai em um momento de desprezo. Na segunda parte, uma mulher dirige pela estrada e quase atropela um animal pequeno e assustado, que descobre ser uma cadelinha. Ela recolhe a cadela e decide adotá-la, chamando-a Preciosa. O leitor é levado a vivenciar o crescimento da relação entre as duas, desde seu primeiro encontro até a formação de um vínculo profundo. No entanto, Preciosa adoece gravemente de cinomose, uma doença devastadora. O conto descreve a luta desesperada da mulher para salvar a cadela, uma batalha que se mostra infrutífera. Quando Preciosa morre, a mulher, determinada a fazer sentido do sofrimento e do amor que recebeu, começa a resgatar cães abandonados, um para cada dia da luta de Preciosa, como uma forma de dizer "eu te amo" na língua dos cachorros.

Um Instante Infinito de Paz é uma narrativa que começa numa noite calma, onde um pai e sua filha compartilham um momento tranquilo até que ele percebe que ela está com febre alta. Desatento, ele dá dipirona à menina seguindo as instruções da ex-mulher. O pai prepara a filha para dormir, ligando a TV num desenho animado enquanto seus pensamentos vagam por preocupações cotidianas, incluindo a vontade de fumar e a dívida do cartão de crédito. O cenário muda drasticamente quando a menina começa a ter uma convulsão. O pai fica inicialmente paralisado pelo choque e desespero, mas, em seguida, tenta agir rapidamente. Confuso, ele luta para segurar a filha e levá-la ao hospital. A situação é de extrema urgência; enquanto correm, ele enfrenta dificuldades em abrir portas e ligar o carro, mas a adrenalina o impulsiona a seguir em frente.

O Telefonema conta a história de um homem solitário refletindo sobre a difícil tarefa de telefonar para seu irmão com quem não tem contato há anos. A narrativa revela que a família desmoronou após o pai adoecer e morrer, e o irmão mais velho abandonar a casa após um intenso conflito com a mãe por causa de um novo homem que ela trouxe para viver com eles.

O conto "A anônima Maria Auxiliadora de Jesus narra a história de Maria Auxiliadora de Jesus, desde seu nascimento no sertão brasileiro até sua vida adulta. Maria nasceu com dificuldades e foi salva por uma velha parteira. Cresceu em uma família pobre e numerosa, sendo uma criança distinta, introspectiva e imersa em contemplações da natureza. Desde cedo, Maria mostrou-se diferente, admirada pelos irmãos e pais por suas habilidades e comportamentos diversos. Seus primeiros contatos com a escola foram precários e difíceis, mas a professora Benedita Formosa foi quem a introduziu ao mundo das letras. Aprender a ler e escrever abriu novos horizontes para Maria, que descobriu a magia das palavras e sua capacidade de atravessar o tempo e o espaço.

Balada do Impossível, amor através das páginas relata a intensa conexão entre uma personagem de um romance antigo e um leitor. A protagonista, cuja narrativa é contada em primeira pessoa, descreve como foi primeiramente observada por esse leitor. Ele a lê ansiosamente, revelando os detalhes de sua aparência e caráter. A protagonista sente o desejo do leitor e, com o tempo, esta atração se transforma em uma paixão profunda e desesperada.

"Breve Inventário de Pequenas Solidões" é uma obra que reafirma Tiago Feijó como um dos grandes mestres na arte de entrelaçar narrativa e emoção. Cada conto presente na coletânea é um testemunho tocante das solitárias nuances do cotidiano, capturado com uma habilidade literária impressionante. Uma obra que cativará amantes de bons contos e boas doses de reflexão.

[RESENHA #569] Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê, de Hugo Bessa

APRESENTAÇÃO

Quando um advogado bem-sucedido, mas frustrado, e uma dona de casa infeliz se envolvem em um acidente de carro, não imaginam que aquele pequeno momento que os fez colidir é definitivo e, à sua maneira, fatal. Induzidos a manterem contato por situações nem sempre alheias às suas vontades, eles acabam se transformando, o que desperta sonhos antigos, novas possibilidades, mas também dores e segredos que preferiam deixar para trás.

Uma história sobre pequenos instantes que podem mudar um momento, um dia ou uma vida inteira.



RESENHA

Bessa, Hugo. Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê... / Hugo Bessa – Guaratinguetá, SP: Editora Penalux, 2023.

Roberto, 56, casado com Ivana, trabalha para uma construtora como gerente, na qual detesta, tudo o que ele mais gostaria era incendiar tudo e observar o caos e o desaparecimento de tudo aquilo enquanto aproveita uma deliciosa dose de cachaça, mas ele não pode. Tarde, rotina de trabalho, a tela de seu computador pisca - um novo e-mail. Era preciso enfrentar os feedbacks semestral sobre como precisava buscar uma tática de autodesenvolvimento e se relacionar com as outras áreas da empresa.

Aquele cargo servia para apenas uma coisa: invalidar os argumentos de seu chefe no feedback. Se galgar uma carreira de estagiário a gerente não era se desenvolver, o que poderia ser? (p.9)

Em contrapartida, conhecemos Joana, uma mulher de cinquenta anos casada com Raimundo, um homem dócil, meigo, amante da leitura e extremamente calmo, porém, calmo demais e isso à irritava. Junto com seu marido, Joana tem quatro filhos, que por um motivo ou outro, à irritam por igual. Ela estava irritada com a rotina, com o silêncio do marido, com o silêncio da casa, com tudo aquilo ao qual já estava cheia e habituada, ela queria mudanças e novos prazeres, até imaginou-se com outros homens, mesmo com seu marido no cômodo ao lado lendo, ela era a plena insatisfação em pessoa, sentia uma completa irritação com tudo e todos (p.17)

— Tá acabando aí, mamãe? 
Nenhum de seus filhos estava em casa. Seu marido tem mania de chamá-la daquela forma, e ela odeia. Já criou seus filhos, e não quer ser mãe de mais ninguém. Sempre que Edmundo faz isso, imagina-se amamentando o marido, colocando-o para arrotar e dormir. (p.16)

A história segue introduzindo novos personagens que acompanham e narram sua visão acerca dos encontros esporádicos entre os personagens, dentre eles, Berenice, uma mulher ávida de interesse pela vida alheia, uma fofoqueira humanizada, como costumam pensar a seu respeito. Era uma senhora aposentada que sabia a hora de falar e espalhar as novidades. O pontapé inicial mostra-nos a preocupação de Berenice em noticiar à irmã, uma curiosidade recém descoberta: sua sobrinha estava saindo com um novo rapaz, da qual claro, ela não gostava nenhum pouco da ideia, a partir dai, passou a ensaiar diversas formas de enfrentar a irmã e lhe contar, para que tudo fosse resolvido da melhor forma e não restassem mágoas, caso ela contasse algo errado ou pela metade.

Naquela manhã, Berenice retornava para casa quando presenciou um acidente entre dois carros, de um lado, estava Roberto, do outro, Joana. Roberto estava calmo, e apaziguou toda situação alegando pagar todo prejuízo derivado do ocorrido, já Joana estava aflita e desesperada, ela não sabia o que fazer ou como contar o marido o ocorrido. Naquele momento, algumas pessoas observavam o ocorrido e o diálogo dos dois, entre eles, Berenice.

Berenice logo tomou a frente e disse em alto e bom som que ‘sim, era testemunha’, fazendo todos olharem para ela. Aproximou-se da mulher, apresentou-se e passou o número do seu telefone, não sem antes lançar um olhar desafiador para o homem. Estava de olho nele! Viu a mulher digitar seu número com dificuldade, pois não parava de tremer. (p.25)
 
O encontro dos personagens marca o início de uma deliciosa série de acontecimentos dramáticos, ácidos e doçamente aflorados. De ambos os lados, podemos enxergar protagonistas da terceira idade com vidas e motivações distintas, mas iguais em insatisfação. Ele é completamente insatisfeito com seu trabalho, com seu patrão e com toda aquela rotina. Ela? mãe, casada e impaciente. A rotina havia transformado tudo em um grande mar de ódio e raiva, já não aguentava mais toda aquela rotina, todo aquele tempo perdido, precisa fazer algo a respeito. 

A narrativa tensiona os ocorridos em forma de relatos repleto de doses homeopáticas de humor, Bessa, conseguiu proeminentemente escrever e desenvolver uma escrita cativante, seu livro é facilmente devorado em poucas horas, haja vista que, toda sua trama e desenvolvimento possuem fortes traços de um grande escritor. A divisão escolhida pelo autor foi a de se desenvolver intercalações de acontecimentos por meio de narrativas curtas que abordam cada personagem de uma forma particular de forma à se conectar com maestria.

Um fato interessante à se mencionar, é que todos os envolvidos ligados nos acontecimentos dos protagonistas de forma direta ou indireta, travam suas próprias batalhas ligadas às suas famílias, enquanto observam os encontros acalorados entre Roberto e Joana, as personagens delineiam suas próprias visões sobre o pouco contato entre seus encontros esporádicos, tensionando entre entender a vida do outro e perder-se nos acontecimentos da sua.

Maurício, filho de Joana, era pintor e estava prestes à abrir uma galeria de exposição juntamente com um amigo e futuro sócio, porém, não enxergava nas rotinas estressantes da mãe um momento assertivo para falar sobre seus dias, sobretudo pelo fato de que andara ausente de casa por alguns dias, e nada de alguém perguntar sobre. Aquilo o entristeceu, que, não vendo a mãe oportunizar conversas saudáveis, passou à observa-la.

Assim que decidiu abrir a galeria, contou para a mãe, mas teve a impressão de nem ter sido escutado. E todas as vezes em que tocava no assunto, era respondido com acenos de cabeça e grunhidos desinteressados. (p.74)
A relação entre mãe e filho era extremamente  conturbada, sobretudo, pelo fato de Joana não ser uma mulher afetuosa, seu posicionamento perante a confissão do filho é de partir o coração:

— Eu não preciso saber dessas coisas. Você já arrumou a sua cama? Não quero nada bagunçado lá em cima. (p.75)


Podemos concluir que este é um livro de surpresas com um final inesperado, ou seja, uma obra deliciosamente enigmática, Bessa desenvolveu profundamente um enredo marcante e com reviravoltas que transformaram a leitura em uma aventura sem igual.

A obra em si é extremamente maravilhosa por diversos motivos, o principal, é, talvez, o fato de que ele fala sobre a vida, sobre as escolhas que fazemos e sobre as peças que a vida prega em nós, sobre caminhos tortuosos, sobre encontro e desencontros, sobre amores e sobre dores, a obra fala por si, ela apresenta-nos a possibilidade de entender mais a fundo a vida dos personagens que estão ao avesso com suas vidas, repleto de problemas e loucos para sairem da rotina, pessoas que assim como qualquer outra, realizam escolhas e precisam arcar com estas, a obra é o que é:uma primazia contemporânea da literatura brasileira.

Uma obra para ser lida por quem ama livros nacionais e instigantes.

Theo G. Alves faz apanhado das miudezas da vida em ‘Inventário de tão pouco’

 

Em seu novo livro, o oitavo em 14 anos, o escritor potiguar continua exercitando a maneira de dizer as coisas que lhe compõem. Obra está em pré-venda com o autor.

Poesia como espólio. Em “Inventário de tão pouco”, seu novo livro — o oitavo de uma carreira literária que soma 14 anos —, o escritor potiguar Theo G. Alves, 42, tenta fazer um apanhado das coisas que parecem menores na urgência da vida cotidiana. Nessa miuçalha a que em geral o mundo é indiferente, estão os tais grandes temas da humanidade: o tempo, o amor, perdas, caminhos, cidades.

“Tudo o que compõe a pequena herança do que escrevo está nele. Continuo exercitando a maneira de dizer as coisas que me compõem. Então, de alguma forma, este inventário é algo que está dentro e fora de mim simultaneamente. É como recebo, transformo e devolvo ao mundo o que me toca”, diz Theo Alves, que nesse exercício de dizer as coisas que o compõem acaba por se ver diante de uma versão mais jovem de si mesmo, estreando como escritor com o livro “Pequeno manual prático de coisas inúteis”, também de poemas, publicado em 2009.

“De certa maneira, o manual e o inventário realizam uma espécie de encontro. Na verdade, meu primeiro livro representa a primeira vez em que consegui organizar o que escrevo para tentar entender os meus processos de relacionamento comigo mesmo e com o mundo. Acho que continuo tentando entender esses processos e espero nunca terminar de fazer isso, afinal nós mudamos o tempo todo e parar de tentar traduzir esse processo significa parar de lidar com o mundo. Para mim, o inventário marca um passo importante nessa compreensão, já que me parece um livro bonito. Oferecer algo bonito, mesmo que às vezes seja cruel, me parece um gesto de esperança pela vida.”

Theo começou a escrever os poemas do novo livro três ou quatro anos atrás, mas não os datou — ele sempre evita datar o que escreve — para não sentir a angústia que é ter de transformar tudo em alguma coisa porque o tempo está passando. “O ritmo absurdo da vida também foi me ensinando a cortar caminhos para um livro. O primeiro processo é sempre o de olhar para as coisas sem tentar entendê-las, mas as sentir. Isso se confunde muito com o que é viver”, diz. 

Questionado se o título “Inventário de tão pouco” seria uma forma irônica de refletir sobre a poesia e a arte em geral, vistas como coisas desimportantes diante do pragmatismo da vida, Theo responde à provocação como o escritor profundamente sensível que é: “Dizer que a arte não tem importância me parece muito duro. Não acho que ela, em especial a Literatura, tenha utilidade prática. Ainda bem. Nem tudo na vida precisa servir para trocar um pneu, erguer uma parede ou mapear as pessoas através de algoritmos. A razão de ser da poesia é a própria poesia e isso é naturalmente grandioso. Eu adoro ver, sentir e pensar essas coisas de pouca utilidade, desde besouros até Deus, passando pela vida, pela própria poesia.”

“Inventário de tão pouco” sai pela editora Penalux, de Guaratinguetá-SP, com orelha assinada por D.B. Frattini, escritor e especialista em Fundamentos Estruturais da Composição Artística; prefácio de Nélio Silzantov, escritor, crítico literário e professor; e quarta capa de Mar Becker, escritora e poeta. É a primeira obra de Theo Alves publicada pela editora paulista, depois de algum tempo de paquera. “Alguns projetos quase saíram por lá, mas só agora unimos as penas. Enviei os originais para os editores, que receberam o livro com muito carinho e cuidado. Isso é fundamental para um escritor que está construindo um espaço, mesmo já estando há tanto tempo escrevendo livros”, comenta Theo.

Em seu texto para a orelha do “Inventário”, D.B. Frattini destaca que “o poeta consegue estampar folhas delicadas de manjericão no meio de nossa caminhada apocalíptica”, e em certo trecho lhe diz: “Theo, seus poemas não são tristes, não são apenas lágrimas e sombras. Seu ‘Inventário’ nasceu clássico e celebra as perdas e os ganhos de nossas trajetórias sempre erráticas e efêmeras. Theo, quem lê sua poesia não precisa temer a crença. O autor deixa o leitor pensar em Deus e sangrar com Ele.”

TRECHO (poema do livro):


sob o pó


sobre os dias

uma camada de poeira

tão densa

que mal se pode ver o

presente


sob o pó

todos os móveis parecem 

fantasmas

cansados demais

para irem embora



SOBRE O AUTOR

Theo G. Alves nasceu em 1980, em Natal, capital do Rio Grande do Norte, mas cresceu em Currais Novos e hoje mora em Santa Cruz, ambas cidades do interior do estado. Além de escritor, é servidor público e professor de língua portuguesa e literatura brasileira. 

Coleciona algumas premiações em concursos literários de prosa e também de poesia, entre as quais se destaca a conquista do Prêmio Nacional de Contos Ignácio de Loyola Brandão 2017, com o conto “Por que não enterramos o cão?”. Publicou os livros “Pequeno manual prático de coisas inúteis” (poesia, 2009), “A Máquina de acessar os dias (poesia, 2015), “Doce azedo amaro (poesia, 2018), “Por que não enterramos o cão? (contos, 2021), “A cartomante que adivinha o presente” (crônicas, 2021), “Caderno de anotações breves e memórias tardias” (poesia, 2021) e “Barreiro das Almas” (romance, 2022).

Wilson Gorj volta à ativa depois de 10 anos com lançamento do livro ❝a inevitável fraqueza da carne❞


A INEVITÁVEL FRAQUEZA DA CARNE

Felino selvagem é metáfora para desejos reprimidos em novo livro de escritor paulista


Depois de uma década sem publicar, o escritor Wilson Gorj, que também é editor, está com um novo livro na praça. Trata-se do seu romance de estreia, “A inevitável fraqueza da carne” (Penalux), que o autor deve lançar no próximo dia 29, às 18h, no Museu Conselheiro Rodrigues Alves, em Guaratinguetá, cidade que é sede de sua editora.

Tempos atrás, Gorj ficou conhecido pelos seus livros de microcontos, gênero pelo qual militou durante um bom tempo, tendo, inclusive, comandado um selo específico do gênero, o 3x4: microficções (2010 a 2012), que foi um dos primeiros selos a se focar exclusivamente na prosa minimalista. 

Dessa vez, porém, o autor investe sua escrita numa narrativa de mais fôlego. “É um enredo relativamente simples”, relata o escritor à nossa entrevista, “mas que traz assuntos de interesse geral, como paixão, traição, conflitos familiares, entre outras abordagens humanas”.

A sinopse do romance nos dá a dimensão do que aborda o livro: Carlos é um contador que recebe uma inesperada herança do falecido pai, com quem não se relaciona desde a infância, em decorrência de uma traição que resultou no rompimento familiar. Essa herança é o ponto de virada na vida do personagem. Aos poucos, a chácara herdada vai se revelando um palco de tensões. A história, que é contada por um narrador pouco confiável, contempla temas candentes da condição humana: a morte; a solidão de não ter filhos; a traição; o incesto; os silêncios pessoais e os desdobramentos do passado na vida presente. Além de abordar a traição, a trama apresenta ainda, em menor medida, o tema da autoficção, explorando os limites entre sonho e realidade, desejos e lembranças, verdade e mentira. 

 “Muitos me perguntam o papel da jaguatirica na história, já que ela ilustra a capa do romance”, conta o escritor. Ele explica: “É um animal-símbolo no meu enredo. Ela aparece em algumas noites no quintal da chácara, tentando roubar alguma ave do galinheiro protegido por telas. Carlos, o protagonista do romance, estabelece com ela uma certa ligação e simpatia. A jaguatirica representa na trama uma metáfora às nossas paixões reprimidas, que tentam invadir a nossa rotina e de alguma forma saquear algo do nosso tempo, de nossas relações, de nossa vida.”

Outro ponto que desperta curiosidade no livro do Gorj é o título, que lembra o de outro livro, a famosa obra do tcheco Milan Kundera. O próprio autor elucida essa referência: “O livro inicialmente chamava-se ‘A carne é fraca’. Mas então, ainda no processo de concluir a trama, veio-me à mente este ‘A inevitável fraqueza da carne’. O novo título me fisgou, mas logo aquela voz crítica que todo autor tem (ou deveria ter) buzinou o alerta: isso lembra o livro do Kundera, ‘A insustentável leveza do ser’. Inicialmente essa constatação foi um desalento, tanto que pensei em deixar esse título de lado por conta dessa fácil associação a outro já existente e conhecido. Mas não demorou muito para que a ideia se tornasse um estímulo, porque vi a possibilidade de transformar o pastiche do título numa referência explícita, irônica, uma espécie de homenagem ao autor. Em outras palavras: eu poderia usar essa associação ao Kundera a favor do livro. Além do mais, entre os dois títulos parecidos há um contraponto interessante: o livro do escritor tcheco trata de questões do ser, o espírito humano, abarca questões mais elevadas, sendo assim, do outro lado, o meu – com menos competência, obviamente – trata de questões da carne, um tema mais ao chão, sem muitas pretensões filosóficas. Em resumo, a referência ao Kundera foi um tempero a mais à minha história”, finaliza Gorj.

Como ocorre em histórias permeadas por erros e perdas, da leitura desse romance também podemos tirar alguma lição: a de que toda rotina está sujeita à interferência do inesperado. E o inesperado pode se apresentar de várias formas, seja por meio de uma herança, uma revista ou, quem sabe, um felino... Afinal, mudar nem sempre é uma escolha. Às vezes é um imperativo inevitável.


TRECHO:

“Horas depois, já na cama, Carlos acordou com um barulho no quintal. Consultou no quintal. Consultou o relógio do celular. Era mais de meia-noite. Luísa roncava levemente ao lado. O barulho vinha da parte detrás da casa, próximo ao galinheiro. Àquela hora, certamente, não poderia ser o caseiro.

Carlos lembrou-se de ter visto uma lanterna na dispensa, quando Dona Marta abriu para pegar o arroz e os temperos.

Era uma lanterna pesada, a base de pilhas. Estava agora com ela nas mãos. Acionou o botão: acendeu. Um facho meio fraco, de pilhas que precisavam ser trocadas.

Vestiu um moletom por cima do short e saiu pela cozinha, avançando cautelosamente pela área coberta.

Os cães do caseiro, na casa ao lado, latiam sem parar. No galinheiro, as aves também pareciam alvoroçadas. Ele apontou a lanterna naquela direção e teve um sobressalto: a luz devolveu dois olhos vermelhos olhando fixos para ele. O animal estava imóvel, como que suspenso no gesto de fuga. Os dois, homem e felino, ficaram se mirando por um tempo, até que o bicho saltou sobre um monte de telhas acumuladas ali perto, depois galgou o muro e dali ganhou a árvore robusta cujo galho invadia um pouco a propriedade.

Muito pequena para ser uma onça, ele pensou, embora o pelo amarelo salpicado de manchas negras reforçasse essa impressão. Se não fosse um filhote, provavelmente tratava-se de algum gato selvagem.”


O livro do Wilson Gorj já recebeu algumas críticas. Abaixo deixamos o link para duas delas:

  1. https://aterraeredonda.com.br/a-inevitavel-fraqueza-da-carne/

  2. http://raulealiteratura.blogspot.com/2023/05/a-inevitavel-fraqueza-da-carne.html



O AUTOR

Wilson Gorj é natural de Aparecida, SP. É escritor e editor pela Penalux. Possui participações literárias em antologias, jornais, revistas e sites. Este romance de estreia é o seu quarto livro publicado. 


SERVIÇO

“A inevitável fraqueza da carne”, romance; p. 162; R$ 45 (Penalux, 2023).

Link para compra: 

https://www.editorapenalux.com.br/loja/romance/a-inevitavel-fraqueza-da-carne

Penalux completa 10 anos e objetiva ultrapassar 1500 títulos publicados em 2023 com chamada aberta de originais

Atuando fortemente com autores nacionais, editora abre chamada para originais a serem publicados em 2023; a editora está perto de fechar este ano com 150 obras publicadas

[Assessoria: Com.tato]

Consolidando sua atuação no cenário independente do mercado editorial, a editora Penalux completa 10 anos no mercado com o objetivo de ultrapassar, em 2023, 1500 títulos publicados. Até o final de 2022, a ideia é atingir 150 obras publicadas no ano. Para isso, uma chamada de originais foi aberta pela casa editorial, que se diferencia tanto pelo atendimento direto entre editores e autores quanto pela divulgação, em boa parte por conta de suas redes sociais, que somam mais de 300 mil seguidores.

TRAJETÓRIA

A Penalux surgiu em 2012 com a proposta inicial de investir em novos autores nacionais. Nesta trajetória, a editora conquistou uma excelente performance nos principais prêmios literários do país, como o Oceanos e o Jabuti —  por quatro anos seguidos (2018, 2019, 2020, 2021) contou com títulos seus entre os semifinalistas e finalistas. Entre os nomes publicados pela casa, estão a escritora Maria Valéria Rezende, dos poetas Antonio Carlos Secchin e Antonio Ciero, e do escritor Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos.

Autores estreantes aos mais experientes compõem a história da Penalux, tocada pelos editores e escritores Tonho França e Wilson Gorj. Seu catálogo é considerado um dos mais promissores e respeitados no cenário independente do mercado editorial. Entre os principais títulos que saíram ainda em 2022, estão os livros de poemas “Maví”, do imortal da Associação Brasileira de Letras Marco Lucchesi; “Vozes de mulher – Embates e contrastes”, de Marília Marcucci, obra selecionada pelo Edital ProAc/SP de 2022;  e “Tubos de ensaio”, do poeta Igor Fagundes, vencedor do Prêmio Ferreira Gullar 2022 promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE) do Rio de Janeiro. 


NACIONAIS E EM ESTRANGEIROS

Entre os títulos nacionais em destaque na história da Penalux,”A face serena”, coletânea de contos da escritora premiada Maria Valéria Rezende (livro finalista do Prêmio Jabuti 2018), “Embaixo das unhas”, do escritor Vitor Camargo de Melo (obra vencedora do International Latino Book Awards de 2022 como Melhor Livro de Ficção), e “Apenas por nós choramos”, coletânea poética da autora Anna Mariano (vencedor, em 2020, dos três principais prêmios da região Sul: Açorianos, Ages e Minuano). 

A Penalux também publicou títulos de vencedores do prêmio Cidade de Manaus (como “Tocaia do Norte”, romance da escritora Sandra Godinho; “Alguma certeza”, do poeta Nathan Sousa, e  “Zona de sombra”, do contista Daniel Amorim), além de ter seus títulos figurando como vencedores dos prêmios literários promovidos pela UBE/RJ.

Desde 2015 a editora investe também na tradução e publicação de clássicos desconhecidos (ou esquecidos) do público brasileiro — como os romances “Os papéis de Aspern”, de Henry James, “O grande deus Pã”, de Arthur Machen, e “Ethan Frome”, romance de Edith Warthon, “Mil Mortes”, coletânea de contos de Jack London, e “O mar não está mais”, coletânea do poeta croata Drago Štambuk  —, bem como na publicação de literatura estrangeira contemporânea, como o livro de contos “O homem que plantava aves”, do angola Gociante Patissa, e os livros de poesia “Remorsos para um cordeiro branco”, da cubana Reina María Rodríguez, e “A alma dança em seu berço”, do dinamarquês Niels Hav.

A HORA E A VEZ DA PUBLICAÇÃO

A editora está com chamada aberta para envio de originais, com preferência a romances, crônicas, poesia e contos. As obras selecionadas serão publicadas ainda no primeiro semestre de 2023. Originalidade, inventividade, propriedade e certo domínio sobre a arte de escrever são os principais critérios de avaliação para a avaliação dos originais. O contato para envio é via e-mail (originais@editorapenalux.com.br e penaluxeditora@gmail.com). Em resposta, a editora mandará um documento explicando seu modelo de publicação.  O prazo de envio termina em dezembro de 2022.

OS SELOS

A editora possui cinco selos: o Lustre, dedicado a trabalho acadêmicos relacionados à literatura (biografia de autores, ensaios, pesquisas, teses, etc); o Castiçal, dedicado a trabalhos ficcionais em prosa: contos, crônicas, romance; o Microlux, voltado para micronarrativas; o Candeeiro, dedicado à poesia; o Lampejos, para autores estreantes e livros de autores em formação; e o Auroras, voltado exclusivamente a mulheres e comandado pela escritora e editora Dani Costa Russo.



[LANÇAMENTO] Vidas entrelaçadas, de Raul Marques

Você já parou para pensar que uma simples camiseta pode circular pela vida de diversas pessoas, por obra do acaso ou por meio de pequenos gestos, e unir suas histórias particulares, sonhos, dificuldades e frustrações? Pois bem, esse é o fio condutor do lírico e poético livro Vidas entrelaçadas, de Raul Marques.

Editada pela Penalux, a obra tem apresentação do escritor e crítico literário Sérgio Tavares (Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2010), texto de quarta capa de Mailson Furtado (Vencedor de dois prêmios Jabuti em 2018) e ilustrações de Isabela Sancho (ilustradora, escritora e psicanalista).

“Intenso, fascinante e sensível, Vidas entrelaçadas irá envolver o leitor e conduzi-lo por personalidades e narrativas brasileiras”, afirmam seus editores, Wilson Gorj e Tonho França. “Um livro que fascina ao mesmo tempo que instiga um pensamento crítico, dotado de uma inventividade e rigor técnico reservados somente aos escritores que têm o controle pleno de sua arte”, escreveu Tavares.

“Raul Marques entrelaça vidas em crônicas mergulhadas em trivialidades a rasurarem o cotidiano”, escreve Mailson Furtado.  “Vidas tão pouco vistas, guardadas nas entrelinhas dos dias, tão distantes e tão próximas de todos(as) nós. Em inscrições em carne viva, Raul destila poesia numa voz prosaica em versos lotados de sutilezas, simultaneamente abraçando e sendo alheio às extra e infraordinariedades desse contemporâneo fluído e em embaço que nos traduz, através de rascunhos biográficos de/em não dizeres, moldando vias de uma cartografia de um hoje-sempre”.


APRESENTAÇÃO | Sérgio Tavares


“Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Carlos/ não seria uma rima, seria uma inspiração”, parece nos provocar Raul Marques nestas vidas entrelaçadas que evocam a quadrilha de Drummond. Tal qual nos versos do poeta itabirense, em que João amava Tereza que amava Raimundo, o engenho poético se constitui de um concêntrico movimento através do qual a associação das partes conecta a multiplicidade na unidade. São como peças de um puzzle volúvel que trazem as histórias de Maria, Ana, Antônio e Francisco, entre outros personagens de um cotidiano de durezas, num encaixe de situações e componentes líricos, narrativos e dramáticos, variando de tom conforme as características do relato, numa aliança conduzida por um elemento-chave. Trata-se da articulação criativa da sintaxe e da forma, na qual as experiências variadas da natureza humana operam para descortinar existências divergentes ou contrastantes que conduzem a ressonância dos fatos na alma, capturando retratos aparentemente aleatórios, mas que oferecem uma lógica interna, uma coerência no conjunto. Cabe então, ao leitor prestes a adentrar essas páginas, encontrar os pontos de convergência no trilho sinuoso das vivências dessas pessoas comuns que repercutem seus mundos internos pelas tensões do ambiente social. Um livro que fascina ao mesmo tempo que instiga um pensamento crítico, dotado de uma inventividade e rigor técnico reservados somente aos escritores que têm o controle pleno de sua arte.


LANÇAMENTO

A obra vai ser lançada no dia 26 de novembro, na Casa das Flores, das 9h às 11h. O espaço fica na Rua Dr. Raul Silva, 122, Vila Redentora, São José do Rio Preto.


SERVIÇO

“Vidas entrelaçadas”, poesia – Raul Marques (Penalux, 2022); 92 p.; R$44.

Onde comprar: www.editorapenalux.com.br/loja/vidas-entrelacadas

Disponível também pela Amazon.

 

O AUTOR

 Raul Marques nasceu em São Paulo, na primavera de 1980, e vive com a família em São José do Rio Preto (SP). É jornalista e escritor. Autor de biografias, textos poéticos, obras empresariais e histórias infantojuvenis, área com maior número de publicações, como o livro O caminho da escola (Aletria, 2021). Visitou o Haiti para produzir uma reportagem e escreve sobre refúgio, deslocamento e mudança forçada. É pai da Isabela e do João Pedro.

     

Contatos:

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