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Resenha: A tempestade, de William Shakespeare


SINOPSE: Última peça escrita por Shakespeare, A tempestade é uma história de vingança, é uma história de amor, é uma história de conspirações oportunistas e é uma história que contrapõe a figura disforme, selvagem, pesada dos instintos animais que habitam o homem à figura etérea, incorpórea, espiritualizada de altas aspirações humanas, como o desejo de liberdade e a lealdade grata e servil.

Uma Ilha é habitada por Próspero, Duque de Milão, mago de amplos poderes, e sua filha Miranda, que para lá foram levados à força, num ato de traição política. Próspero tem a seu serviço Caliban, um escravo em terra, homem adulto e disforme, e Ariel, o espírito servil e assexuado que pode se metamorfosear em ar, água ou fogo. Os poderes eruditos e mágicos de Próspero e Ariel combinam-se e, depois de criar um naufrágio, Próspero coloca na Ilha seus desafetos (no intuito de levá-los à insanidade mental) e um príncipe, noivo em potencial para a filha. Se o amor acontece entre os dois jovens, se a vingança de Próspero é bem-sucedida, se Caliban modifica-se quando conhece os poderes inebriantes do vinho numa cena cômica com outros dois bêbados, tudo isso Shakespeare nos revela no enredo desta que por muitos é considerada sua obra-prima – uma história de dor e reconciliação.

Drama / Aventura / Crônicas / Entretenimento / Fábula / Fantasia / Ficção / História / Literatura Estrangeira / Política

Doze anos antes da acção da peça, António, irmão de Próspero, o duque de Milão, aproveitou-se da dedicação daquele pelos seus livros de magia e ciências ocultas para seduzir os cortesãos e organizar um golpe de Estado e, assim, tomar a coroa do Ducado.

Próspero é desterrado, com a filha ainda bebé, numa remota ilha e, durante longos anos, apurou as suas artes num plano de vingança.

A peça abre com uma tempestade no mar, provocada por um “espírito dos ares” comandado por Próspero, chamado Ariel, servo leal e dedicado. Miranda, a mesma que em bebé chegara à ilha, agora donzela, observa a tempestade com terror.

Próspero e Miranda vivem nesta ilha encantada, que vamos descobrindo. Conhecemos um outro habitante do lugar, Calibã, filho de uma bruxa, Sycorax, que outrora ali também tinha sido abandonada. Ariel tinha sido prisioneiro da bruxa. Próspero libertou-o e ganhou a sua lealdade, como a de muitos espíritos daquela ilha “cheia de cores e sons”. Calibã, verdadeiro herdeiro da ilha, tornara-se o serviçal de Próspero. Um passado de afecto entre os dois, em que Calibã aprendera a falar, fora destruído no dia em que Calibã, escravo dos instintos, tentou violar Miranda.

Permanentemente castigado, retorce-se de rancores e tem saudades da antiga liberdade. Outro que quer ser livre é o servo leal, Ariel, mas ainda está preso ao compromisso de ajudar Próspero a cumprir o seu plano.

Próspero, sabendo da proximidade da embarcação dos seus inimigos, António e seus cúmplices, o rei de Nápoles, Alonso, e seu irmão, Sebastiano, causa o naufrágio que os traz à ilha, separados do príncipe Ferdinando e dos outros navegantes. Ariel atormenta-os com visões e segue-os até impedir a sua conspiração ambiciosa contra o rei Alonso, para “herdarem aquele lugar”.

Ferdinando, filho de Alonso, é seduzido pela música de Ariel e encaminhado até encontrar-se com Miranda. Numa redoma de artifício, apaixonam-se. Mas Próspero faz de Ferdinando um escravo, e obriga-o a trabalhar para testar a sua índole.

Entretanto, noutra parte da ilha, Calibã, Trínculo, o bobo da corte, e Stéfano, o mordomo beberrão, encontram-se com Calibã. Este, depois de beber vinho pela primeira vez, ‘endeusa’ Stéfano e torna-se o seu novo súbdito. Calibã incita os dois a matarem Próspero. Mas, Ariel encaminha-os numa série de aventuras desastrosas que os conduzem, bêbados, à gruta onde vive Próspero. Ao descobrir a conspiração de Calibã e dos seus novos confederados, Próspero envia Ariel para os afugentar com espíritos disfarçados de cães de guarda.

Os nobres Alonso, António e Sebastiano, paralisados com terror pelas palavras de Ariel, são obrigados a contemplar o mal que fizeram doze anos atrás.

Ferdinando prova que o seu amor por Miranda supera a escravidão a que foi reduzido. Próspero consente o noivado e apresenta-lhes um espectáculo de máscaras cujo tema é o amor.

Ariel implora a mercê de Próspero para os viajantes com a mesma paixão com que pedira a sua própria liberdade. Então, Próspero restaura a harmonia, decide abdicar da sua ‘arte’ e poderes mágicos, esquecer a vingança e render-se ao espírito da generosidade. Todos reganham as forças para regressar a Nápoles, onde Miranda e Ferdinando serão a esperança de um futuro melhor.

Próspero liberta Ariel e dá a ilha a Calibã. A história acaba com Próspero pedindo aos espectadores que por intermédio de amor e perdão o libertem a ele...


Resenha: O navio Negreiro, de Castro Alves

O Navio Negreiro (Tragédia no Mar) é um poema de Castro Alves e um dos mais conhecidos da literatura brasileira. O poema descreve com imagens e expressões terríveis a situação dos africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios negreiros que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar sob as ordens dos feitores.

“O Navio Negreiro” é a obra mais famosa de Castro Alves, um poeta brasileiro que se destacou como uma das principais vozes do abolicionismo durante a terceira fase do romantismo brasileiro. Escrito em 1868, o poema é um retrato vívido e angustiante da escravidão e do tráfico de escravos, que eram práticas comuns na época.

O contexto histórico da obra é marcado pela indignação do poeta em relação aos problemas sociais de seu tempo, especialmente a escravidão. O Brasil era o maior receptor de escravos da África, e a escravidão era um pilar fundamental da economia brasileira. Apesar da promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850, que proibia o tráfico de escravos, a lei não estava sendo cumprida, e o poema de Castro Alves é uma denúncia dessa realidade.

O período político em que a obra foi escrita também é relevante. O Brasil estava no meio do Segundo Reinado, sob o governo de Dom Pedro II, um período marcado por intensas mudanças sociais e políticas. O movimento abolicionista estava ganhando força, e a pressão internacional contra o tráfico de escravos estava aumentando.

As influências na obra de Castro Alves são diversas. Ele foi profundamente influenciado pelo pensamento liberal do final do século 19 e pelo movimento abolicionista. Além disso, Castro Alves foi um dos maiores representantes da Terceira Geração Romântica no Brasil (1870 a 1880), também conhecida como “Geração Condoreira” ou “Geração Hugoana”, que se dedicava a apresentar uma poesia social e libertária.

O enredo do poema é dividido em seis partes e descreve a jornada angustiante de africanos escravizados em um navio negreiro, rumo ao Brasil. O poema começa com uma descrição tranquila do mar e do céu, mas logo revela a realidade horrível dentro do navio. Castro Alves descreve em detalhes vívidos as condições desumanas enfrentadas pelos escravos, a crueldade dos marinheiros e a dor e o sofrimento dos escravizados.

A explicação do poema reside em sua denúncia da escravidão e do tráfico de escravos. Castro Alves usa uma linguagem expressiva e imagens poderosas para mostrar a realidade brutal da escravidão. Ele contrasta a beleza da natureza com os horrores da escravidão, criando um impacto emocional profundo no leitor. O poema termina com um apelo abolicionista, pedindo o fim da escravidão.

Em resumo, “O Navio Negreiro” é uma obra poderosa que usa a poesia para denunciar a injustiça da escravidão. É um testemunho da crueldade humana, mas também um chamado à ação para acabar com essa prática desumana. Através de sua poesia, Castro Alves conseguiu abrir os olhos da sociedade brasileira para os horrores da escravidão, contribuindo significativamente para o movimento abolicionista.

Análise do poema Navio negreiro


Parte I

Bem feliz quem ali pode nest'hora

Sentir deste painel a majestade!

Embaixo — o mar em cima — o firmamento...

E no mar e no céu — a imensidade! 

Parte I: Aqui, Castro Alves descreve a beleza do mar e do céu, criando uma atmosfera de tranquilidade e paz. Ele usa metáforas e comparações para descrever a natureza, como “o luar — dourada borboleta” e “o mar em troca acende as ardentias”. No entanto, essa tranquilidade é interrompida pela presença do navio negreiro, que é comparado a um “doudo cometa”.

Parte II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Parte II:
 Nesta parte, o poema muda de tom. Castro Alves começa a descrever a tripulação do navio, usando uma série de estereótipos nacionais para descrever os marinheiros. Ele também faz referências a várias tradições poéticas, como a poesia romântica italiana e a poesia épica grega.


Parte III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

Parte III:
 Aqui, o poema atinge um clímax emocional. Castro Alves descreve a visão horrível dos escravos no navio, usando uma linguagem forte e imagens chocantes. Ele descreve a cena como um “quadro d’amarguras” e um “canto funeral”.

Parte IV

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Qual um sonho dantesco as sombras voam!...

Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E ri-se Satanás!...

Parte IV
 Esta parte do poema é uma descrição detalhada das condições terríveis a bordo do navio negreiro. Castro Alves descreve a violência e a crueldade dos marinheiros, bem como o sofrimento dos escravos. Ele usa uma série de imagens poderosas, como “o tombadilho que das luzernas avermelha o brilho” e “legiões de homens negros como a noite, horrendos a dançar”.


PARTE V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

Parte V
 Nesta parte, Castro Alves continua a descrever a cena horrível no navio. Ele fala sobre as mães negras amamentando seus filhos e as jovens escravas sendo arrastadas para o navio. Ele também descreve a música irônica tocada pelos marinheiros, que contrasta fortemente com a situação terrível dos escravos.

Parte VI

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Parte VI
Na última parte do poema, Castro Alves faz um apelo emocional ao leitor. Ele pede ao leitor para se colocar no lugar dos escravos e imaginar o seu sofrimento. Ele termina o poema com um chamado à ação, pedindo o fim da escravidão.


Publicação atualizada e complementada na data de 09/11/2023 às 21:30h
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