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Crítica: Ritual - Presença maligna, 2020

Imagem: Reprodução
SINOPSE
Não recomendado para menores de 14 anos

Após se mudarem para uma nova casa no interior da Inglaterra, Marianne, seu marido Lionel e sua filha Adelaide acabam percebendo que estranhos e assustadores eventos começam a acontecer, levantando as suspeitas de que as pessoas da cidade escondem um segredo terrível. Com a ajuda de um famoso ocultista, o casal vai testar toda a sua fé, buscando descobrir a aterrorizante verdade sobre a presença maligna que habita sua casa e deseja possuir sua filha Adelaide.

CRÍTICA

Imagem: Reprodução


Com uma premissa interessante, Ritual é uma obra que conta com uma trilha sonora instigante, bem como a atuação dos atores. Nota-se, entretanto, que em ao menos um ponto do filme houve uma tentativa de salvar o roteiro. No desenvolvimento, observa-se a tentativa do roteirista e do diretor de driblar os clichês dos filmes de terror e assombração, uma vez que todo enredo se desenvolve na casa do reverendo. No início do filme somos introduzidos a sons, imagens e descrições das mortes dos antigos moradores do local, mas são apresentadas sem foco e trabalhadas nas cenas seguintes com pouca informação, tornando o enredo um misto de cenas desconexas e sem sentido.

O filme poderia ter sido melhor se estivesse alinhado em uma premissa central que se desenvolvesse de forma satisfatória, mas isso não ocorre. Nota-se diversas nuances estranhas que não se conversam em nenhum instante, como o mistério envolvendo a empregada da casa, a morte dos antigos moradores, o envolvimento da filha que começa a agir como se estivesse possuída, mas isso não fica explícito em nenhum momento. Há também uma forte tendência em alinhar o roteiro com um cenário de guerra, que é falha e mencionada de forma superficial. Além disso, o forte cenário religioso envolvendo não apenas o padre e o bispo na história, mas também monges desnecessários, não contribui para o enredo. Tudo faz-nos acreditar que todo ocorrido era apenas uma forma da mãe e antiga moradora se vingar do ocorrido em relação à sua filha e sua morte, mas essa ideia não é bem desenvolvida.

Imagem: Reprodução


O roteiro claramente tentou trabalhar de forma que todas as histórias e enfoques conversassem entre si, mas isso não ocorre. A ambientação e fotografia merecem cinco estrelas, pois são impecáveis. Toda a atmosfera é altamente densa e poderia funcionar bem em um enredo elaborado com mais afinco e com menos acontecimentos interligados de forma tão confusa.

Enfim, o filme é interessante, mas não o suficiente para prender a atenção. Nota-se que a tentativa de fugir dos filmes de assombração e trazer um roteiro mais robusto foi falha. É uma pena, pois a premissa é interessante, mas a execução deixou a desejar.

[RESENHA #973] Drácula, de Bram Stoker

Um dos maiores clássicos do terror gótico e da literatura universal, Drácula, de Bram Stoker, é responsável por concretizar no imaginário coletivo o vampiro moderno. Utilizando-se do artifício de cartas, diários e telegramas, Stoker dá voz a Mina Harker, Jonathan Harker, John Sweard, Lucy Westenra e ao dr. Abraham Van Helsing, seus célebres personagens, responsáveis por transmitir a gerações de leitores a história do terrível conde.

Acredita-se que, para escrever sua opus magnum, Bram Stoker tenha se inspirado na história real de Vlad III, o infame e cruel nobre que viveu na região da Transilvânia no século XV. A semelhança entre o nome da família de Vlad, Dracul, e drac, demônio, é apontada como provável fonte de inspiração.

Todos os detalhes desta brilhante obra encantam e assombram o público há mais de 120 anos. A tradução de Lúcio Cardoso, um dos mais importantes escritores e poetas brasileiros, vencedor do Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua produção literária, é um deleite à parte. Somado a isso, esta edição especial apresenta ilustrações digitais do também premiado artista gráfico Gustavo Piqueira, que baseou-se em frames do icônico filme Drácula (1931), estrelado por Béla Lugosi – outro grande artista responsável por consolidar na cultura mundial a figura do maior vampiro de todos os tempos.

Leitura imperdível para todos, de colecionadores a curiosos.


RESENHA


O romance de Bram Stoker, Drácula, é uma obra fascinante que nos remete a diferenças notáveis na percepção moderna do livro. Um exemplo disso é o fato de o Conde Drácula não ser ferido pela luz solar, uma característica que só foi introduzida no filme Nosferatu, muitos anos após a publicação do livro. Essa diferença evidencia um problema que os leitores modernos enfrentam ao se depararem com o romance de Stoker: estamos imersos na cultura pop e, portanto, carregamos toda uma bagagem quando tentamos nos envolver com a história.

O que poderia ser considerado uma reviravolta surpreendente para os leitores da época de Stoker, nem sempre possui o mesmo impacto para nós, leitores contemporâneos. No entanto, isso confere à história um nível de ironia dramática, aumentando o sentimento arrepiante de profecias ignoradas e destino predeterminado. O aviso ignorado pelos habitantes locais condenando Jonathan Harker ao seu destino, que na história original era uma mera subtrama, adquire um peso importante que permeia todas as cenas do livro, já que todos nós conhecemos a história.

Além disso, o livro apresenta detalhes e pontos da trama desconhecidos para aqueles que conhecem Drácula apenas através da cultura pop. Isso proporciona ao leitor o melhor dos dois mundos, acrescentando um elemento de horror à abordagem misteriosa de Jonathan Harker ao castelo, ao mesmo tempo em que mantém surpresas e reviravoltas na trama. Pelo menos, essa foi a minha experiência ao lê-lo.

A história começa com a jornada de Jonathan Harker pela Transilvânia até o castelo do Drácula, mesmo após ser avisado por moradores locais de que Drácula não é alguém para se visitar depois do anoitecer. É nessa seção que todo o contexto mencionado anteriormente vem à tona.

A preparação dramática para o encontro com Drácula é tensa e assustadora, especialmente sabendo-se que o aparentemente amigável anfitrião de Jonathan é tudo menos isso. A primeira parte do livro, narrada por meio das anotações em diário, é um exercício de pavor, com Jonathan gradativamente percebendo que seu anfitrião é algo desumano e totalmente maligno. O livro nos permite adentrar a mente de Jonathan, acompanhando sua paranoia e a sensação de algo incompreensível. O leitor se torna parte da história ao vivenciar o medo e a paranóia, ao ser colocado no lugar de Jonathan.

Embora não haja muitos acontecimentos nessa primeira seção da história, é como se muitas coisas estivessem acontecendo ao mesmo tempo. Uma crítica comum aos livros mais antigos é que eles não conseguem prender tanto a atenção quanto os livros modernos. Porém, isso não ocorre com Drácula. Os avisos sobre a escuridão da noite começam nas primeiras páginas e a história nos agarra, aumentando nosso medo pela segurança de Jonathan a cada frase.

Após essa seção inicial, que ocupa cerca de sessenta páginas e nos permite respirar, somos levados de volta a Whitby, na Inglaterra, onde se estabelece uma correspondência entre Lucy Westenra e Mina Murray, nossas duas heroínas. É nessa parte que o livro enfraquece um pouco, com longas passagens que retratam a vida cotidiana durante a era vitoriana. Essa seção é narrada inteiramente por meio de cartas, o que nos oferece duas perspectivas diferentes, libertando-nos da tensa e pegajosa paranoia presente no diário de Jonathan. Isso nos faz ansiosos pelo destino de Jonathan, enquanto observamos sua noiva e sua amiga discutindo assuntos banais. Com o triângulo amoroso envolvendo Lucy, começa a se desenrolar uma trama romântica. No entanto, um navio naufraga e a história se inicia de fato.

Não vou adentrar mais detalhes sobre o enredo, uma vez que a maioria de vocês já conhece o básico e ainda há algumas surpresas que prefiro deixar para aqueles que não estão familiarizados com as nuances da história. Escolhi essa seção específica porque ela é representativa do livro como um todo, apresentando uma alternância entre seções tensas e paranóicas do diário em primeira pessoa e passagens mais leves através de cartas ou múltiplas entradas de diário. O fato de o livro ser contado inteiramente por meio desses documentos contribui para uma sensação de realidade, como se estivéssemos assistindo a imagens encontradas, cientes dos pensamentos de diferentes personagens e obtendo uma visão de como suas mentes funcionam. Isso confere à história um ar de presságio, nos fazendo questionar como todos esses fragmentos se unirão, algo que também é explorado em muitos filmes de terror modernos (como o Projeto Bruxa de Blair).

Além disso, é curioso ver como tantas histórias góticas utilizam esse dispositivo de enquadramento. Frankenstein, por exemplo, começa com cartas, e Confissões de um pecador justificado, de James Hogg, é contada de forma metalinguística por meio de um dispositivo semelhante. No entanto, isso é apenas uma curiosidade à parte. O uso de cartas em Drácula nos permite entender e simpatizar com os personagens, captando seus verdadeiros pensamentos enquanto lutam contra Drácula. O livro brinca com esse formato, contando a história por meio de telegramas, recortes de jornais e anotações de diário diretas.

Os personagens principais são bem construídos, cada um com personalidade, peculiaridades e papéis distintos a desempenhar na trama. A história em si é emocionante, repleta das emoções dos personagens ao lidarem com questões de vida, morte e amor, de forma belíssima. Drácula aborda diversos temas, como selvageria, amor, religião, tecnologia e xenofobia, para citar apenas alguns. Após a leitura, fica-se refletindo por muito tempo, tornando-o leitura obrigatória para qualquer fã de terror ou vampiros. Drácula é para o romance de vampiros o que A Study in Scarlet é para os romances policiais: uma das primeiras, maiores e a história que introduziu o personagem nesses gêneros. Drácula é O vampiro e o romance de vampiros por excelência.

Resenha: Drácula, Bram Stoker

ISBN-13: 9788566636222
ISBN-10: 8566636228
Ano: 2018 / Páginas: 580
Idioma: português
Editora: DarkSide Books

SINOPSE: Drácula, um clássico que ainda corre quente na veia de inúmeras gerações de leitores por todo o mundo e a mais celebrada narrativa de vampiros, continua a transcender fronteiras de espaço, história, memória e tempo. Mais de 120 anos após sua primeira publicação, o romance epistolar mobiliza estudiosos e leitores, confirmando o vigor perene de uma árvore cujas sólidas raízes respondem pela vitalidade de suas ramificações. Embora o famoso conde não tenha sido o primeiro vampiro literário, certamente é o mais popular, sugado e adaptado para inúmeros universos: brinquedos, cinemas, quadrinhos, séries e teatros, o semblante é reconhecido até mesmo por aqueles que nunca leram o romance. Ele está em todos os lugares. A obra atemporal de Bram Stoker narra, por meio de fragmentos de cartas, diários e notícias de jornal, a história de humanos lutando para sobreviver às investidas do vampiro Drácula. O grupo formado por doutor Van Helsing, doutor Seward e, Jonathan e Mina Harker ,tenta impedir que a vil criatura se alimente de sangue humano na Londres da época vitoriana, no final do século XIX. Um clássico absoluto do terror, Bram Stoker define em Drácula a forma como nós entendemos e pensamos os vampiros atualmente. Mais que isso, ele traz esse monstro para o centro do palco da cultura pop do nosso século e eterniza o vilão de comportamento sanguinário e modos refinados. Para fazer os leitores se arrepiarem, Marcia Heloisa assina a introdução tradução de Drácula. E como sangue tem poder, o descendente direto do autor, Dacre Stoker, escreve a preciosa apresentação dessa edição. Carlos Primati e Marcia Heloisa dão suas contribuições para a perpétua criatura. O leitor encontra textos de apoio que contam as relações entre a verdadeira Transilvânia e a aquela eternizada no livro, bem como a influência dos vampiros na cultura pop mundial. E como a DarkSide Books sabe o que faz o coração dos vivos leitores da editora bater mais forte, apresenta também o conto “O Hóspede de Drácula”, que fazia parte do texto de Stoker, mas foi retirado da primeira publicação. Todo esse conteúdo, planejado especialmente para os darksiders que sabem que existe uma razão para as coisas serem como são, é ornamentado com as belas e poderosas imagens de Samuel Casal, premiado ilustrador e quadrinista brasileiro, que fez uma releitura deslumbrante de personagens imortais. A coleção Medo Clássico da DarkSide se consolida a cada mestre que entra em sua casa, fazendo uma homenagem aos grandes nomes da literatura que já causaram pesadelos inenarráveis aos leitores, década após década. Para eternizar a experiência, sempre traz ilustradores convidados e tradutores que respiram e conhecem profundamente as obras originais. De fã para fã. Até o fim.

“Bem-vindo a minha casa! Venha livremente. Vá com segurança. E deixe um pouco da felicidade que você traz! ”


Com essas palavras, o Conde Drácula recebe leitores em seu castelo na Transilvânia há mais de 100 anos. Drácula não foi o primeiro vampiro da literatura, mas é facilmente o mais importante. O conde voou como um morcego do romance clássico de Bram Stoker e entrou em nossa imaginação cultural. Todos os vampiros da ficção de fantasia de hoje devem algo à contagem negra. No entanto, quando os leitores contemporâneos se voltam para o romance original de Stoker, eles podem se surpreender porque, com o perdão do trocadilho, é fácil para os revisores darem uma mordida neste horror imperfeito.

O Drácula no livro de Bram Stoker não é o vampiro que você esperava. Filmes e outras interpretações da cultura pop geralmente erram o alvo quando se trata do personagem central do romance. Mesmo o filme de 1992, o Drácula de Bram Stoker, não é realmente o Drácula de Bram Stoker. O Drácula original não é um herói romântico. Ele é um monstro, impulsionado por sua fome de sangue e seu desejo incontrolável de pegar o que ele quer.

Existem três coisas que irão surpreender os leitores contemporâneos quando pegarem neste romance clássico. A primeira é quão pouco horror realmente existe no livro. Pode parecer estranho dizer isso, mas a contagem de corpos é surpreendentemente baixa. Existem apenas alguns momentos de cenas reais de terrorismo. Meu favorito é a viagem marítima que Drácula faz para Londres. Durante a viagem, ele elimina os membros da tripulação, um por um, e você pode sentir o desespero e o medo crescendo a cada nova entrada nos registros do navio.

Também é surpreendente o quão pouco vemos o vampiro. Embora o livro seja chamado de "Drácula", o infame conde aparece apenas algumas vezes em suas páginas. Sim, ele é o foco de todas as discussões dos personagens principais. Mas, além de algumas conversas com seu corretor inglês Jonathon Harker no início do livro, ele não é nada mais do que uma sombra escura e assustadora à espreita no fundo. Ele é o mistério a ser resolvido e então se torna o foco da busca dos heróis por justiça.

O terceiro, e o mais surpreendente para mim durante esta leitura recente, é o quão religioso é o romance. Os amigos da primeira vítima do Drácula passam o livro em busca de vingança por seu amigo falecido. Cada membro da equipe vê seu trabalho como algo espiritual, parte de uma grande batalha entre o bem e o mal. Honestamente, pode ser um pouco pesado.

Se você tiver a capacidade de desligar tudo o que sabe sobre a contagem e apenas experimentar o livro como Stoker pretendia, é na verdade uma boa história com alguns pontos altos interessantes. Por exemplo, a narrativa é contada por meio de uma série de diários, diários e cartas. Isso nos dá uma visão em primeira mão interessante de todos os personagens conforme eles descobrem e vivenciam o horror das ações do Conde Drácula. Enquanto tentamos saber exatamente quem é Drácula, os personagens precisam ser convencidos do monstro. Esperamos as presas, eles não.

"Drácula", de Bram Stoker, pode não ser o livro que você acredita que seja. E como Harker parado na porta do castelo no início, você tem que decidir por si mesmo se deseja entrar ou não. Prossiga. É Halloween. O que você tem a perder?

Resenha: Escuro total, sem estrelas, Stephen King



ISBN-13: 9788581052755
ISBN-10: 8581052754
Ano: 2015 / Páginas: 392
Idioma: português
EditoraSuma de Letras

SINOPSE:Vencedor dos prêmios BRAM STOKER e BRITISH FANTASY


"Contos que fazem mais do que jus à qualidade literária desse autor prolífico. Instigantes? Sim. Brutais? Nem queira saber." The New York Times

"Reviravoltas sombrias guiam os quatro contos, que mostram como um talentoso contador de histórias pode fazer um livro inquietante e impossível de largar." Publishers Weekly

"King oferece quatro olhares que vão direto ao ponto, mostrando os limites da ganância, da vingança e do autoengano." Booklist

Na ausência da luz, o mundo assume formas sombrias, distorcidas, tenebrosas. Os crimes parecem inevitáveis; as punições, insuportáveis; as cumplicidades, misteriosas. Os personagens desses quatro contos passam por momentos de escuridão total, quando não existe nada - bom senso, piedade, justiça ou estrelas - para guiá-los. Suas histórias representam o modo como lidamos com o mundo e como o mundo lida conosco. São narrativas fortes e, cada uma a seu modo, profundamente chocantes.

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Reviravoltas misteriosas do destino conduzem as quatro longas histórias da primeira coleção de King desde Just After Sunset (2008). Em "1922", um fazendeiro mata sua esposa para manter as terras da família que ela espera vender, então vê sua vida se desfazer horrivelmente, enquanto as consequências do assassinato sugerem uma vingança quase sobrenatural. "Big Driver" conta a história de uma mulher comum que descobre sua extraordinária capacidade de retribuição depois de ser estuprada e deixada para morrer. "A Good Marriage" explora as consequências da descoberta de uma esposa da sinistra vida secreta de seu marido milquetoast, enquanto "Fair Extension", a história mais perturbadora do livro, segue a relação entre um homem e o melhor amigo em quem ele sobrenaturalmente transfere todos os seus males sorte e infortúnio. Como em Different Seasons (1982), King adota uma abordagem nada fantástica de temas sombrios. Agora, como então, esses contos mostram como um contador de histórias habilidoso com um bom conto para contar pode tornar uma ficção inquietante compulsivamente legível. (Novembro)

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