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Mês do Orgulho: poeta paulista ousa em procedimentos de escrita, como uso de IA, para discutir questões políticas e eróticas da masculinidade


"Testoste-TRIP", estreia de Felipe Eduardo Lázaro Braga, é uma das primeiras obras brasileiras a experimentar com poesia gerada por Inteligência Artificial

“Pisar (com o pé direito) no acidentado e por vezes movediço campo da poesia brasileira contemporânea trazendo debaixo do braço elementos como a matemática, a psicanálise, Warhol & Wesley Safadão, Blue Space & Shakespeare, a deliciosa putaria conversada em aplicativos de encontros, diálogos com inteligências artificiais e tantos outros elementos magnificamente desconcertantes é tarefa arriscada. Lemos aqui uma espécie de Joaquim Cardozo atravessado pelo riso e pelas questões queer. Talvez do risco e do riso nasçam, justamente, os pontos altos deste alto livro”

Trecho da orelha de “testoste-TRIP", 

assinada por Matheus Guménin Barreto,

 poeta, editor da Revista Ruído Manifesto e tradutor


A capa de "testoste-TRIP" (150 págs., Kotter Editorial), livro de estreia do poeta paulista Felipe Eduardo Lázaro Braga, chama atenção não apenas pelo tom rosa-choque, mas pela ilustração, que sugere um movimento fálico e, de certa forma, violento. Em um olhar mais atento, percebe-se que a imagem chocante não vem despropositada — na verdade, ela referencia o obsceno gesto do goleiro Emiliano Martinez ao receber o Prêmio Luva de Ouro na Copa do Mundo de 2022, no Qatar. 


Para o autor, essa provocação da capa é, na verdade, a chave de leitura da obra. "Essa imagem sintetiza alguns dos pontos do livro e, mais do que tudo, o tom do livro: subjetividade fálica, muita imaturidade, certo homoerotismo (esse sujeito aí atrás tá com uma cara super engraçada), piada, política (o cara fez um gesto profundamente obsceno no Qatar, um dos lugares mais conservadores e homofóbicos do mundo)", explica Felipe.


O processo de escrita se iniciou durante o período pandêmico, em que Felipe observou um movimento em que a humanidade e o desrespeito pareciam caminhar juntos, seja na dimensão política do país, seja na dimensão afetiva. “As duas coisas se juntaram: estresse ideológico e estresse sexual, isolamento e incerteza. Acho que o livro tem os temas que tem, sexo e política, porque eram as angústias afetivas inerentes ao isolamento, a todos os sentidos de isolamento”, analisa.

Os poemas de "testoste-TRIP", dessa forma, abordam importantes discussões que tangenciam a sexualidade e a política, principalmente no âmbito da masculinidade, sendo enfaticamente direcionado ao público LGBTQIA+. Estes temas, porém, são trabalhados a partir de uma ampla liberdade de experimentação do autor, que concebe uma tessitura que se destaca por amarrar uma diversidade de referências, que vão de um universo erudito — como Andy Warhol e Álvaro de Campos —a figuras do cenário pop (caso do próprio Emiliano Martinez e do cantor sertanejo Wesley Safadão), perpassando também por eixos pouco convencionais, como a matemática.


Além disso, "testoste-TRIP" também se destaca ao trazer para jogo uma ferramenta amplamente debatida no universo artístico: a Inteligência Artificial. Segundo Felipe, alguns dos poemas têm inspiração ou foram integralmente produzidos por meio de IA, sendo uma das primeiras obras publicadas com o uso do recurso.

O autor, porém, optou por não sinalizar a autoria dos textos. "Se eu selecionar dez, quinze poemas do livro, e pedir para as pessoas tentarem adivinhar quais poemas foram escritos por mim, e quais poemas foram escritos pela IA, as pessoas dificilmente vão acertar", afirma. "Acho que isso já dá uma dimensão interessante para a leitura, uma meta-dimensão para a leitura, pensar quando não será mais possível distinguir a obra poética de um autor de carne e osso, da poesia, sensibilidade e criação de uma IA".


Felipe Eduardo Lázaro Braga: a escrita como libido 


Felipe Eduardo Lázaro Braga nasceu em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, em 1989. É filósofo e atualmente cursa pós-graduação no programa de Sociologia da USP (Universidade de São Paulo). Além de poesia, escreve sobre arte urbana, matemática e política, tendo textos publicados em veículos como Justificando, Caos Filosófico, Revista Híbrida, Money Times e Público.


Como escritor, já colaborou com diversas revistas literárias, como a Pixé, a SubVersa e a Desenredos. Possui textos publicados antologias e jornais impressos, como o jornal O Estado de São Paulo. 


Apesar disso, Felipe conta que seu processo criativo é pouco definido, sem metas ou prazos diários. "Se eu conseguir escrever uma frase bonita, que realmente faça sentido, o dia tá mais do que maravilhoso. Se eu não conseguir, também não fico muito desesperado não", expõe.


Para ele, a escrita deve ser sincera e partir de um desejo interno, sem ser movida pela pressão de publicar, por exemplo. E dá dicas para quem deseja seguir na escrita: "Escreva o que cair em cima da sua libido naquele momento, curta o próprio momento de escrever, de pensar, de sacar uma sequência legal de palavras", aconselha. "Acho que essa é a fronteira entre a honestidade e o texto meio postiço, afetado, artificial, que quer ser publicado, e não escrito.”


Confira o poema “Beijo livre III”, que integra “testoste-TRIP” :

"sei tanta coisa sobre você

entrecortada por dois passos

e uma volta


(geometria de vários pontos

sem nome: etc e eu)

\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/\/ eu \/\/\/\/


para que o próprio andar te desvie

do sol e de ser abrupto,

dois olhares irresistíveis:


ambos meus,

e um para cada glúteo

torneado de andar a esmo


(oxigenada musculatura de voltar bem, é partir sempre)"



Adquira “testoste-TRIP” na loja da Kotter Editorial: https://kotter.com.br/loja/testoste-trip-felipe-eduardo-lazaro-braga/ 

[RESENHA #569] Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê, de Hugo Bessa

APRESENTAÇÃO

Quando um advogado bem-sucedido, mas frustrado, e uma dona de casa infeliz se envolvem em um acidente de carro, não imaginam que aquele pequeno momento que os fez colidir é definitivo e, à sua maneira, fatal. Induzidos a manterem contato por situações nem sempre alheias às suas vontades, eles acabam se transformando, o que desperta sonhos antigos, novas possibilidades, mas também dores e segredos que preferiam deixar para trás.

Uma história sobre pequenos instantes que podem mudar um momento, um dia ou uma vida inteira.



RESENHA

Bessa, Hugo. Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê... / Hugo Bessa – Guaratinguetá, SP: Editora Penalux, 2023.

Roberto, 56, casado com Ivana, trabalha para uma construtora como gerente, na qual detesta, tudo o que ele mais gostaria era incendiar tudo e observar o caos e o desaparecimento de tudo aquilo enquanto aproveita uma deliciosa dose de cachaça, mas ele não pode. Tarde, rotina de trabalho, a tela de seu computador pisca - um novo e-mail. Era preciso enfrentar os feedbacks semestral sobre como precisava buscar uma tática de autodesenvolvimento e se relacionar com as outras áreas da empresa.

Aquele cargo servia para apenas uma coisa: invalidar os argumentos de seu chefe no feedback. Se galgar uma carreira de estagiário a gerente não era se desenvolver, o que poderia ser? (p.9)

Em contrapartida, conhecemos Joana, uma mulher de cinquenta anos casada com Raimundo, um homem dócil, meigo, amante da leitura e extremamente calmo, porém, calmo demais e isso à irritava. Junto com seu marido, Joana tem quatro filhos, que por um motivo ou outro, à irritam por igual. Ela estava irritada com a rotina, com o silêncio do marido, com o silêncio da casa, com tudo aquilo ao qual já estava cheia e habituada, ela queria mudanças e novos prazeres, até imaginou-se com outros homens, mesmo com seu marido no cômodo ao lado lendo, ela era a plena insatisfação em pessoa, sentia uma completa irritação com tudo e todos (p.17)

— Tá acabando aí, mamãe? 
Nenhum de seus filhos estava em casa. Seu marido tem mania de chamá-la daquela forma, e ela odeia. Já criou seus filhos, e não quer ser mãe de mais ninguém. Sempre que Edmundo faz isso, imagina-se amamentando o marido, colocando-o para arrotar e dormir. (p.16)

A história segue introduzindo novos personagens que acompanham e narram sua visão acerca dos encontros esporádicos entre os personagens, dentre eles, Berenice, uma mulher ávida de interesse pela vida alheia, uma fofoqueira humanizada, como costumam pensar a seu respeito. Era uma senhora aposentada que sabia a hora de falar e espalhar as novidades. O pontapé inicial mostra-nos a preocupação de Berenice em noticiar à irmã, uma curiosidade recém descoberta: sua sobrinha estava saindo com um novo rapaz, da qual claro, ela não gostava nenhum pouco da ideia, a partir dai, passou a ensaiar diversas formas de enfrentar a irmã e lhe contar, para que tudo fosse resolvido da melhor forma e não restassem mágoas, caso ela contasse algo errado ou pela metade.

Naquela manhã, Berenice retornava para casa quando presenciou um acidente entre dois carros, de um lado, estava Roberto, do outro, Joana. Roberto estava calmo, e apaziguou toda situação alegando pagar todo prejuízo derivado do ocorrido, já Joana estava aflita e desesperada, ela não sabia o que fazer ou como contar o marido o ocorrido. Naquele momento, algumas pessoas observavam o ocorrido e o diálogo dos dois, entre eles, Berenice.

Berenice logo tomou a frente e disse em alto e bom som que ‘sim, era testemunha’, fazendo todos olharem para ela. Aproximou-se da mulher, apresentou-se e passou o número do seu telefone, não sem antes lançar um olhar desafiador para o homem. Estava de olho nele! Viu a mulher digitar seu número com dificuldade, pois não parava de tremer. (p.25)
 
O encontro dos personagens marca o início de uma deliciosa série de acontecimentos dramáticos, ácidos e doçamente aflorados. De ambos os lados, podemos enxergar protagonistas da terceira idade com vidas e motivações distintas, mas iguais em insatisfação. Ele é completamente insatisfeito com seu trabalho, com seu patrão e com toda aquela rotina. Ela? mãe, casada e impaciente. A rotina havia transformado tudo em um grande mar de ódio e raiva, já não aguentava mais toda aquela rotina, todo aquele tempo perdido, precisa fazer algo a respeito. 

A narrativa tensiona os ocorridos em forma de relatos repleto de doses homeopáticas de humor, Bessa, conseguiu proeminentemente escrever e desenvolver uma escrita cativante, seu livro é facilmente devorado em poucas horas, haja vista que, toda sua trama e desenvolvimento possuem fortes traços de um grande escritor. A divisão escolhida pelo autor foi a de se desenvolver intercalações de acontecimentos por meio de narrativas curtas que abordam cada personagem de uma forma particular de forma à se conectar com maestria.

Um fato interessante à se mencionar, é que todos os envolvidos ligados nos acontecimentos dos protagonistas de forma direta ou indireta, travam suas próprias batalhas ligadas às suas famílias, enquanto observam os encontros acalorados entre Roberto e Joana, as personagens delineiam suas próprias visões sobre o pouco contato entre seus encontros esporádicos, tensionando entre entender a vida do outro e perder-se nos acontecimentos da sua.

Maurício, filho de Joana, era pintor e estava prestes à abrir uma galeria de exposição juntamente com um amigo e futuro sócio, porém, não enxergava nas rotinas estressantes da mãe um momento assertivo para falar sobre seus dias, sobretudo pelo fato de que andara ausente de casa por alguns dias, e nada de alguém perguntar sobre. Aquilo o entristeceu, que, não vendo a mãe oportunizar conversas saudáveis, passou à observa-la.

Assim que decidiu abrir a galeria, contou para a mãe, mas teve a impressão de nem ter sido escutado. E todas as vezes em que tocava no assunto, era respondido com acenos de cabeça e grunhidos desinteressados. (p.74)
A relação entre mãe e filho era extremamente  conturbada, sobretudo, pelo fato de Joana não ser uma mulher afetuosa, seu posicionamento perante a confissão do filho é de partir o coração:

— Eu não preciso saber dessas coisas. Você já arrumou a sua cama? Não quero nada bagunçado lá em cima. (p.75)


Podemos concluir que este é um livro de surpresas com um final inesperado, ou seja, uma obra deliciosamente enigmática, Bessa desenvolveu profundamente um enredo marcante e com reviravoltas que transformaram a leitura em uma aventura sem igual.

A obra em si é extremamente maravilhosa por diversos motivos, o principal, é, talvez, o fato de que ele fala sobre a vida, sobre as escolhas que fazemos e sobre as peças que a vida prega em nós, sobre caminhos tortuosos, sobre encontro e desencontros, sobre amores e sobre dores, a obra fala por si, ela apresenta-nos a possibilidade de entender mais a fundo a vida dos personagens que estão ao avesso com suas vidas, repleto de problemas e loucos para sairem da rotina, pessoas que assim como qualquer outra, realizam escolhas e precisam arcar com estas, a obra é o que é:uma primazia contemporânea da literatura brasileira.

Uma obra para ser lida por quem ama livros nacionais e instigantes.

[RESENHA #568] O poder do ultrajovem, de Carlos Drummond de Andrade

APRESENTAÇÃO

O poder ultrajovem reúne textos publicados por Carlos Drummond de Andrade na imprensa entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970. Trata-se de um poderoso conjunto de prosa e verso - sempre pendendo para os domínios da crônica, gênero que o grande escritor mineiro praticou como poucos -, em que o olhar maduro e algo desencantado (mas com muita ironia) do autor se debruça sobre os mais diversos aspectos da vida e da sociedade daquela época.

Temas como a amizade, a história do Brasil, a vida no Rio de Janeiro, as artes, o Carnaval, o futebol e até mesmo a ecologia aparecem no estilo leve e sempre afiado de Drummond. As crianças e os jovens ocupam um espaço à parte no livro, pois são agudos os apontamentos a respeito das transformações pelas quais meninos e meninas atravessavam naqueles tempos conturbados em que conviviam, ao menos no Brasil, os hippies e um regime antidemocrático instaurado em 1964 (tendo ficado ainda mais duro e violento justamente na passagem para os anos 1970), a pobreza e a exuberância econômica e cultural da Zona Sul do Rio de Janeiro.


RESENHA 

Pequeno livro de Carlos Drummond de Andrade, "O Poder do Ultrajovem" é uma obra que se destaca pelo seu estilo irreverente e humorístico. Publicado originalmente em 1986, o livro apresenta uma série de reflexões sobre a juventude e a cultura popular.

Os textos de “O poder ultrajovem” resistem à passagem do tempo, mostrando as diversas facetas de um país pelo olhar generoso e perspicaz deste gênio chamado Carlos Drummond de Andrade.

Ao longo das páginas deste livro curto mas intenso, encontramos vários ensaios breves que exploram temas como música pop, televisão e comportamento jovem. O autor utiliza sua habilidade literária para analisar criticamente esses fenômenos culturais contemporâneos com um olhar irônico e bem-humorado.

Embora seja um trabalho mais leve em comparação com outros livros clássicos do autor como "Sentimento do Mundo" ou "A Rosa do Povo", "O Poder do Ultrajovem" ainda mantém o toque poético característico da escrita de Drummond. Através dos seus textos descontraídos ele nos convida não apenas à reflexão crítica sobre os valores dominantes na sociedade moderna mas também ao riso franco diante das situações absurdas impostas aos ultrajovens (termo cunhado por ele próprio).

No poema gato na palmeira (p. 246):

"Gato na Palmeira" é um poema enigmático e intrigante de Carlos Drummond de Andrade. O poeta utiliza elementos naturais, como a palmeira e o gato, para criar uma atmosfera misteriosa que captura a atenção do leitor.

O título sugere uma imagem comum da vida cotidiana - um gato subindo em uma árvore -, mas o texto traz muito mais do que isso. A linguagem é repleta de metáforas e simbolismos que dão ao poema camadas adicionais de significado.

A figura do gato é associada à ideia de liberdade, habilidade e agilidade. Já a palmeira pode ser vista como um símbolo da resistência às intempéries da vida. Esses dois elementos juntos criam uma sensação de harmonia entre os opostos, onde a natureza se equilibra por si só.

No entanto, essa harmonia também pode ser interpretada como frágil ou ilusória - afinal, o gato está em cima da palmeira e não sabemos se ele conseguirá descer sem causar danos ou se arriscará sua própria vida pela busca incansável pela liberdade.

Drummond explora as tensões existentes entre esses conceitos aparentemente contraditórios para mostrar a complexidade das relações humanas com o mundo natural. Ele nos leva além da superfície das coisas familiares para revelar verdades ocultas sobre nós mesmos e nosso papel no universo.

Em resumo,"Gato na Palmeira" é um exemplo notável do talento literário excepcionalmente versátil de Carlos Drummond de Andrade. Ele consegue transmitir uma profunda reflexão sobre a vida, natureza e liberdade por meio de um poema aparentemente simples.

...Já no poema salvar passarinho (p.198):

"Salvar Passarinho" é um poema curto e emotivo de Carlos Drummond de Andrade que aborda a questão da crueldade humana em relação aos animais. O poeta utiliza uma linguagem simples, mas poderosa, para transmitir sua mensagem.

O tema central do poema é a necessidade de proteger os pássaros contra o perigo representado pelas pessoas que os caçam ou prendem em gaiolas. A imagem do passarinho indefeso contrasta com a força brutal dos seres humanos que o perseguem por diversão ou lucro.

Drummond usa várias figuras retóricas para enfatizar a ideia principal do poema. Por exemplo, ele usa repetições ("salva, salva") para criar um senso de urgência e apelo emocional ao leitor. Ele também cria uma atmosfera triste e opressiva através das palavras escolhidas - "choro", "soluço", "grito inútil".

No entanto, mesmo diante dessa situação desesperadora, há esperança no final do poema: "passarinho livre / recebe amor". Essas palavras sugerem que ainda há espaço para mudança positiva se as pessoas agirem com compaixão e responsabilidade em relação aos animais.

Em resumo,"Salvar Passarinho" é um chamado à consciência ambiental e defesa dos direitos dos animais. É uma reflexão sobre como nossas atitudes podem afetar negativamente o mundo natural ao nosso redor e nos incentivar a tomar medidas proativas para protegê-lo. Drummond mostra mais uma vez sua habilidade literária excepcionalmente sensível na comunicação desses temas complexos em um poema simples e comovente.

Em suma, este é um livro divertido e inteligente que oferece alguns insights interessantes sobre as relações entre juventude e cultura pop. É uma leitura ideal para quem procura algo mais leve na obra desse grande poeta brasileiro - sem perder a profundidade crítica tão presente em seus trabalhos literários mais conhecidos pela critica especializada.

O AUTOR

Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. "No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho" é um trecho de um de seus poemas mais conhecidos.

Drummond foi também cronista e contista, mas foi na poesia que mais se destacou. Foi o poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista com uma poesia de questionamento em torno da existência humana.

[RESENHA #567] Esquecer para lembrar, de Carlos Drummond de Andrade

APRESENTAÇÃO

Segundo volume da reunião de poemas memorialísticos de Drummond, Boitempo II: Esquecer para lembrar retorna em novo projeto, com posfácio de Heloisa Murgel Starling.

Em Boitempo II, Drummond se afasta da infância rural e ingressa em um mundo novo, o da tecnização forçada, onde só importa o que cada um produz ou comercializa: chapéu, gaiola, punhal, geleia, pão de queijo, caixão. O menino de Itabira, porém, nada fabrica: apenas assiste às fabricações.

É desse ponto de vista, de observador desconfi­ado, que vemos o progresso en­fim chegar ao Brasil do interior, impondo suas multas e restrições: é proibido galopar pelas ruas de pedra, estender roupa branca entre os túmulos do cemitério, rezar alto de madrugada. Mas, então, pergunta-se o futuro poeta: “Que fazer, para não morrer de paz?”

Carlos é mandado à escola, deixa a casa paterna, aventura-se no trem de ferro, estuda latim e gramática, destaca-se nos panfletos estudantis, ganha o apelido de Anarquista. Os padres o expulsam do colégio, acusando-o de “insubordinação mental”. Rejeitado, o adolescente perde a fé. Decide deixar de ser “santo” para tornar-se “barro e palavrão, / humana falha, signo terrestre”.

Cavalgando o tempo — “uma cadeira ao sol, e nada mais” —, o poeta cresce. De repente se vê moço e solto em Belo Horizonte. Bancado pela família, frequenta a vida literária, entre os modernistas do Café Estrela e da Livraria Alves. Forma-se em Farmácia, mas “apenas na moldura”.

Vadia, namora e dorme. Ouve o chamado da escrita e do serviço público, torna-se redator de jornal, escreve para o Partido Republicano Mineiro, mas algo o incomoda. É a “consciência suja”, o remorso de ser um “inconvicto escriba ofi­cial”. Ele ainda cultiva em si o menino Carlos, o do segundo ginasial, que sonhava “emitir clarões / de astro-rei literário”. Não demoraria a acontecer. Era só uma questão de tempo.

As novas edições da obra de Carlos Drummond de Andrade têm seus textos fixados por especialistas, com acesso inédito ao acervo de exemplares anotados e manuscritos que ele deixou. Em Boitempo II, o leitor encontrará o posfácio da historiadora Heloisa Murgel Starling; bibliografias selecionadas de e sobre Drummond; e a seção intitulada “Na época do lançamento”, uma cronologia dos três anos imediatamente anteriores e posteriores à primeira publicação do livro.

Bibliografias completas, uma cronologia de vida e obra do poeta e as variantes no processo de fixação dos textos encontram-se disponíveis por meio do código QR localizado na quarta capa deste volume.

Um poema curto e intrigante presente na obra é pavão (p.158):

PAVÃO 

A caminho do refeitório, admiramos pela vidraça

o leque vertical do pavão 

com toda a sua pompa 

solitária no jardim. 

De que vale esse luxo, se está preso 

entre dois blocos do edifício? 

O pavão é, como nós, interno do colégio.

O autor utiliza a figura do pavão para analisar o símbolo da vaidade humana, onde estamos presos à estereótipos ligados à imagem e os efeitos nocivos da beleza no ser humano, ao passo de que se segue, o autor analisa de forma profunda com uma crítica ao universo social e nossa relação com os preconceitos aos quais estamos arraigados, uma crítica social positivista acerca da concretização da beleza.

Em síntese, a obra é profunda em toda sua vertente e ao qual se propõe, sendo uma belíssima homenagem póstuma ao autor. Perfeito para amantes de poesias, poemas, crônicas, filosofia e literatura nacional.

RESENHA

Boitempo II: esquecer para lembrar, segundo volume de seus poemas memorialísticos, Drummond se afasta da infância rural e ingressa em um mundo novo, o da tecnização forçada, onde só importa o que cada um produz ou comercializa: chapéu, gaiola, pão de queijo, caixão. O menino de Itabira, porém, nada fabrica: apenas assiste às fabricações. Nesta edição, o leitor encontrará o posfácio da historiadora Heloisa Murgel Starling.

Este livro é o segundo volume de poesia de Carlos Drummond de Andrade e faz parte da grande homenagem que o poeta mineiro iniciou em 1968 com a publicação de Boitempo. Apesar da aparente simplicidade dos poemas, há uma profunda reflexão sobre as memórias do autor. Quando se trata de Itabira, Drummond lembra-se mais do seu passado, destacando-o como legado da escravidão em Minas Gerais e no Brasil. Ao descrever sua passagem pelo Colégio Friburgo, ele também reflete sobre sua relação com a religião. Seus anos de "juventude livre" falam tanto dos avanços quanto das limitações encontradas em Belo Horizonte: "Aqui ninguém bate palmas", observa o poeta entre surpresa e decepção.

Os poemas exploram as complexidades da vida cotidiana através das lentes críticas do escritor - fornecendo uma descrição realista dos desafios emocionais enfrentados pelos personagens nas situações mundanas do dia-a-dia. As crônicas incluídas no livro também refletem a perspicácia aguçada de Drummond sobre o mundo ao seu redor. Ele escreve com delicadeza sobre momentos triviais que muitas vezes passam despercebidos pela maioria das pessoas - mostrando-nos como até mesmo as pequenas coisas podem ser profundamente significativas quando vistas sob a luz certa da sensibilidade literária.De maneira geral, "Esquecer para Lembrar" é um livro belo e inspirador que nos leva numa jornada íntima rumo aos sentimentos humanos universais. Através desses textos sutis somos convidados pelo poeta mineiro a refletir sobre nossas próprias vidas e experiências pessoais - lembrando-nos sempre que os momentos mais simples muitas vezes guardam as maiores riquezas existenciais.


O AUTOR

Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. "No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho" é um trecho de um de seus poemas mais conhecidos.

Drummond foi também cronista e contista, mas foi na poesia que mais se destacou. Foi o poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista com uma poesia de questionamento em torno da existência humana.

[RESENHA#567] O menino antigo, de Carlos Drummond de Andrade

 


APRESENTAÇÃO

Primeiro volume da reunião de poemas memorialísticos de Drummond, Boitempo I: Menino antigo retorna em novo projeto, com posfácio de Carlos Bracher.

Originalmente publicada por Drummond em três volumes — em 1968, 1973 e 1979 —, a série Boitempo parece endossar, não sem ironia, dois de seus versos mais simples: “Viver é saudade / prévia.” Ao compô-la, o poeta admitia que voltava a ser criança em Itabira, e com volúpia”, embora uma voz não nomeada o exortasse, desde sempre, a calar tais lembranças bobocas de menino”.

Não calou. Ao revisitar o passado, alegou que apenas escrevia o seu presente. Na verdade, foi além. Recordando as impressões de infância no “mundo minas”, também deixou registrada parte da biografi­a de um Brasil de essência escravagista e predatória. A agritortura”, o garimpo, o comércio, tudo admirava o pequeno Carlos, atento às vontades daquilo que talvez já identifi­casse como “privilégio” e “propriedade” — aliás, Drummond dá esses títulos a dois poemas aqui reunidos.

Carlos floresceu sob a influência das leis arcaicas que ainda regiam, no início do século XX, as relações entre sociedade e natureza, fé e moral, terra e riqueza, fazenda e família. Cresceu admirando-se do poderoso avô coronel; do pai pecuarista, que ao fi­lho ensinou “o medo e a rir do medo”; da mãe, tão “mais fácil de enganar”; e dos irmãos, vivos e mortos, presenças “a decifrar mais tarde”.

Boitempo”, assim, foi o amálgama perfeito que encontrou para defi­nir sua origem híbrida, rural e de certa forma aristocrática, já que o boi, para ele, era um animal mágico fundamental, sempre a ruminar os mistérios que o nutriam: “o fubá da vida” moído pelo tempo, bem como suas primeiras letras e até a suspeita de que o próprio amor seria, talvez, “um espetáculo / oferecido às vacas / que não olham e pastam”.

As novas edições da obra de Carlos Drummond de Andrade têm seus textos fixados por especialistas, com acesso inédito ao acervo de exemplares anotados e manuscritos que ele deixou. Em Boitempo I, o leitor encontrará o posfácio do pintor, escultor e escritor Carlos Bracher; bibliografias selecionadas de e sobre Drummond; e a seção intitulada “Na época do lançamento”, uma cronologia dos três anos imediatamente anteriores e posteriores à primeira publicação do livro.

Bibliografias completas, uma cronologia de vida e obra do poeta e as variantes no processo de fixação dos textos encontram-se disponíveis por meio do código QR localizado na quarta capa deste volume.

RESENHA

Boitempo I: Menino antigo é o primeiro volume da reunião de poemas memorialísticos do poeta. Ao revisitar o passado, ele alegou que apenas escrevia sobre o seu presente.

Considerado o ponto mais alto da lírica memorialística de Carlos Drummond de Andrade, este livro é o primeiro das suas memórias poéticas. Ele se destaca pelo esforço em resgatar e reconstruir a infância perdida, juntamente com a mítica Itabira do Mato Dentro. O movimento próprio à rememoração desobedece qualquer linearidade temporal presente, sobrepõem-se animais e frutas da roça, móveis da casa patriarcal, figuras familiares, temores noturnos, causos de figuras célebres na cidade e histórias de forasteiros - muitas delas proibidas ao garoto que tudo observa com olhos e ouvidos atentos.

Drummond transita pela vila de sua infância até a mocidade e o vasto mundo que chega apenas pelo jornal "ilustrado e longínquo" com curiosidade - uma característica que o acompanhou por toda vida. Seu estilo antissentimental traz um retrato realista dos lugares descritos em suas memórias.

Alguns dos destaques do livro incluem "Poema de Sete Faces", um dos poemas mais famosos do autor; "No Meio do Caminho", um retrato vívido e evocativo das paisagens brasileiras; e "A Máquina do Mundo", considerado por muitos como um dos melhores trabalhos literários já produzidos na língua portuguesa.

De maneira geral, "O Menino Antigo" oferece aos leitores uma oportunidade única para apreciar alguns dos melhores trabalhos literários de Carlos Drummond de Andrade. Através destes textos poderosos somos levados numa jornada emocionante rumo às profundezas paradoxais da existência humana - suas angústias, desejos, esperanças e sonhos - tudo isso com muito lirismo e sensibilidade estilística próprias à grandeza deste poeta consagrado em todo mundo.

O AUTOR

Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. "No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho" é um trecho de um de seus poemas mais conhecidos.

Drummond foi também cronista e contista, mas foi na poesia que mais se destacou. Foi o poeta que melhor representou o espírito da Segunda Geração Modernista com uma poesia de questionamento em torno da existência humana.

[RESENHA #566] Em busca de um teatro pobre, de Grotowski


APRESENTAÇÃO

Quase 50 anos após a primeira publicação de Em busca de um teatro pobre no Brasil, a Civilização Brasileira, republica a principal obra que revoluciona as artes cênicas no século XX, de maneira tão inovadora que segue relevante e oportuna para os dias atuais.

Com prefácio de Peter Brook, renomado diretor de teatro e cinema, Em busca de um teatro pobre volta para as prateleiras das livrarias brasileiras em nova primeira edição com layout de capa igual à original publicada em 1976.

Segundo Yan Michalski, importante teatrólogo polaco-brasileiro, fundador da Casa de Artes das Laranjeiras (CAL), neste livro:

“A pobreza do teatro pobre de Grotowski nada tem a ver com a pobreza do teatro brasileiro. A nossa pobreza é uma realidade de força maior imposta pelo nosso subdesenvolvimento; e em certos casos ela se manifesta de paradoxais exibições de opulência material. A pobreza de Grotowski é uma opção quase metafísica, resultante de uma aristocrática riqueza de tradições contraditórias, e da necessidade de fiar, a partir dessa massa de tradições, um ascético e sintético fio condutor que leve a corrente da comunicação cênica das raízes arquetípicas à sensibilidade dos nossos dias. […] O lançamento de Towards a Poor Theatre em português vai permitir-nos, finalmente, conhecer mais de perto esse tão longínquo pai espiritual, penetrar na densa matéria das suas reflexões, enriquecer-nos com a iluminadora inteligência das suas investigações; e, mais do que qualquer outra coisa, vai permitir-nos dissipar alguns mal-entendidos e localizar aquelas partes do pensamento grotowskiano que possam dizer respeito ao teatro brasileiro não só como cultura geral (pois neste sentido o livro todo é fascinante), mas também como método suscetível de ser concretamente aproveitado, com as indispensáveis adaptações, em nosso próprio caminho de experimentação teatral.” — Yan Michalski. Ator, diretor e crítico teatral.

Grotowski mostra em detalhes que o fundamento principal do teatro é a relação de atores e atrizes com os espectadores. Ler esse livro é tão bom como ver teatro.
[Marcus Vinícius Faustini, diretor teatral, documentarista e escritor]


RESENHA

"Em Busca de um Teatro Pobre", escrito pelo renomado diretor teatral polonês, Jerzy Grotowski, é uma obra fundamental para aqueles que desejam entender o conceito do "teatro pobre". O livro apresenta a visão única e inovadora de Grotowski sobre o teatro como forma de arte.

Ao longo da leitura, somos conduzidos por uma série de reflexões profundas e provocativas. Entre os temas abordados estão as relações entre ator e público, a importância da presença física em cena e a busca pela verdade emocional no trabalho dos atores. Grotowski defende que o teatro deve ser simples e acessível ao público em geral. Para ele, não é necessário ter grandes cenários ou figurinos elaborados para criar uma experiência significativa para quem assiste à peça. Em vez disso, enfatiza-se a importância do trabalho do ator na criação da atmosfera cênica.

O autor também discute questões mais amplas relacionadas ao papel do artista na sociedade contemporânea. Ele argumenta que o objetivo final do teatro não deve ser apenas entreter ou distrair as pessoas - mas sim ajudá-las a compreender melhor sua própria existência.

"Em Busca de um Teatro Pobre" é uma leitura essencial tanto para estudantes quanto profissionais das artes cênicas. A obra oferece insights valiosos sobre como criar performances autênticas e significativas através da simplicidade e honestidade no palco.

Grotowski argumenta que a presença física do ator em cena é essencial para criar uma experiência significativa para o público. Ele defende que o teatro deve ser despojado de elementos desnecessários - como cenários elaborados e figurinos extravagantes - e se concentrar na interação direta entre atores e espectadores.

Para Grotowski, o papel fundamental do ator é estabelecer um contato autêntico com o público. Ele enfatiza que isso não pode ser alcançado apenas através da técnica ou habilidade vocal, mas também requer um compromisso emocional profundo por parte dos artistas.

O autor destaca ainda a importância da verdade emocional no trabalho dos atores. Segundo ele, os intérpretes devem explorar suas próprias emoções pessoais para criar performances autênticas e significativas.

O livro foi recebido com entusiasmo pela crítica especializada na época de seu lançamento e continua sendo estudado e debatido até hoje.O período histórico em que o livro foi escrito é marcado pelo movimento da contracultura dos anos 60, que questionava os valores estabelecidos da sociedade ocidental. Nesse contexto, as ideias apresentadas por Grotowski sobre um teatro mais simples e acessível ao público foram vistas como uma resposta à cultura do entretenimento superficial.

A recepção crítica da obra foi amplamente positiva, destacando a visão única e inovadora de Grotowski sobre o papel do ator no teatro. Muitos elogiaram sua ênfase na presença física dos artistas em cena como forma de criar uma conexão autêntica com o público. Além disso, a abordagem emocionalmente autêntica também recebeu elogios por sua honestidade artística.

No entanto, algumas críticas apontavam que as ideias apresentadas no livro eram difíceis de serem aplicadas na prática ou limitavam-se apenas às produções experimentais da época. Outras questões levantadas incluíram a possibilidade das técnicas propostas por Grotowski serem elitistas ou exclusivas demais para alcançar grandes públicos.

Apesar desses pontos negativos levantados pela crítica especializada, "Em Busca de um Teatro Pobre" permanece como uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada em entender a evolução do teatro moderno. A obra oferece uma visão única e provocativa sobre o papel do ator no palco, além de apresentar ideias que continuam influenciando as artes cênicas até hoje.

A obra republicada pela editora Civilização Brasileira, conta com as seguintes divisões: Em busca de um teatro pobre; o novo testamento do teatro; teatro é encontro; akropoles: tratamento do texto; doutor Fausto: montagem textual; o príncipe constante; ele não era inteiramente ele; investigação metódica; o treinamento do ator; a técnica do ator; o discurso de skara; o encontro americano e declaração de princípios.

A obra pode ser adquirida pelo preço R$59,90 no site do Grupo Editorial Record, ou por R$47,32, na Amazon.


O AUTOR

Jerzy Grotowski (1933-1999) foi um renomado diretor teatral polonês, conhecido especialmente pela sua obra "teatro pobre". Nascido em Rzeszów, na Polônia, ele estudou na Escola Superior de Teatro de Cracóvia antes de fundar seu próprio grupo experimental em 1957.

Ao longo dos anos 60 e 70, Grotowski tornou-se uma figura central no movimento da contracultura europeia. Ele desenvolveu técnicas inovadoras para o treinamento do ator e a criação de performances mais autênticas e significativas. Seus métodos enfatizavam a presença física dos artistas em cena e procuravam estabelecer uma relação autêntica com o público.

A principal obra associada ao conceito do "teatro pobre" é "Apocalypsis cum Figuris", encenada pelo Grupo Teatral Laboratório (Laboratorium Teatru), liderado por Grotowski. A peça foi apresentada pela primeira vez em Wrocław, na Polônia, em 1969. O espetáculo era composto apenas por sete atores sem cenários ou figurinos elaborados - um exemplo claro das ideias propostas pelo conceito do teatro pobre. Outras obras importantes do diretor incluem "Akropolis" (1962), baseada num texto de Stanislavsky; "Constant Prince" (1965); e "Dr Faustus Lights the Lights" (1967).

O trabalho revolucionário de Grotowski inspirou muitos outros artistas ao redor do mundo. Sua abordagem inovadora para o ensino da arte dramática criou uma nova maneira de pensar sobre o papel do ator no teatro moderno. Ele foi um defensor apaixonado da simplicidade cênica e da conexão emocional autêntica com o público.

Embora tenha deixado a cena teatral em meados dos anos 80, Grotowski continua sendo uma figura influente na história do teatro moderno. Sua obra "Em Busca de um Teatro Pobre" é considerada como uma das mais importantes reflexões sobre as artes cênicas já escritas, e seu legado continua a inspirar artistas ao redor do mundo até hoje.
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